O documento discute a evolução histórica do conhecimento acadêmico, desde os ancestrais antigos até as visões científicas modernas. Apresenta os principais marcos como a Antiguidade Clássica, a Idade Média, o Renascimento Científico e a Revolução Científica, além de abordar perspectivas como o positivismo, pós-positivismo e interdisciplinaridade.
"Para que uma verdadeira sociologia possa existir, é necessário que se produzam, em cada sociedade, fenômenos dos quais esta sociedade seja a causa específica, e que não existiriam se ela não existisse, que são o que são porque ela se constituiu enquanto tal. Uma ciência só pode ser fundada se possuir por matéria fatos sui generis, distintos daqueles que constituem o objeto de estudo das outras ciências" (Durkheim, 1975b, p. 23) . Há um termo que reaparece insistentemente na escrita durkheimiana: sui generis. A recorrência com que Durkheim o utiliza manifesta a tenacidade com que persegue seu objetivo. Bachelard dizia que a física se erigiu como ciência somente no momento em que rompeu com a alquimia e a explicação religiosa do mundo. Isto é, quando se constituiu em corpus teórico autônomo. A inteligibilidade dos fenômenos naturais se dá, portanto, no interior de um quadro que a própria disciplina delimita, independentemente das demandas e das especulações de ordem externa. Durkheim aspira ao mesmo: explicar o social pelo social. O que ele admira em Condorcet, Saint-Simon, Spencer, Comte, é justamente o fato de terem percebido esta especificidade. Sobre os economistas clássicos ele dirá que "foram os primeiros a proclamar que as leis sociais são necessárias como as leis físicas e a fazer deste axioma a base de uma ciência" (Durkheim, 1975a, p. 78). Sua análise de autores do século XVIII realça a mesma problemática. Inclusive em Rousseau, cuja doutrina do contrato social privilegia um entendimento racional entre indivíduos, sua leitura revela que a "sociedade não é natural, mas é artificial em segundo grau" (Durkheim, 1966, p. 135). Ela formaria um reino à parte do "estado de natureza" em que se encontrava mergulhada a individualidade a-social das pessoas. Se Durkheim valoriza Saint-Simon e Comte como precursores da sociologia, é pela mesma razão: a de terem explicitado o que há de particular na sociedade, ambos, abrindo o caminho para uma nova esfera do conhecimento (fisiologia social e sociologia).
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