Este documento discute a evolução dos paradigmas da ciência e suas influências na constituição do sujeito. Apresenta como os paradigmas mudaram ao longo da história, passando de explicações sobrenaturais para abordagens racionais e, posteriormente, positivistas. Argumenta que o paradigma atual precisa superar a fragmentação do conhecimento produzida pelos paradigmas anteriores para entender a constituição do sujeito na intersubjetividade.
1. O documento discute as raízes marxistas do pensamento de Vigotski e como o marxismo influenciou seu desenvolvimento da psicologia histórico-cultural.
2. Vigotski incorporou métodos e princípios marxistas como o materialismo histórico-dialético e a noção de mediação por ferramentas e signos.
3. Tentativas de separar Vigotski do marxismo subestimam suas escolhas metodológicas e desrespeitam suas convicções teóricas.
O documento apresenta um resumo da proposta da psicologia sócio-histórica de Vygotsky, um dos principais autores na fundamentação do trabalho educacional. O texto discute o contexto histórico no qual surgiu o projeto de Vygotsky na Rússia após a revolução de 1917 e as bases da sua teoria, que enfatiza o desenvolvimento cultural do ser humano por meio da linguagem e outros instrumentos mediados socialmente.
1) O documento discute a evolução da Psicologia Social e como ela passou de uma abordagem positivista para uma perspectiva materialista-histórica.
2) Inicialmente, a Psicologia Social focava em descrever comportamentos de forma isolada, sem considerar fatores sociais e históricos, o que levava a reproduzir a ideologia dominante.
3) Posteriormente, passou-se a entender que o ser humano deve ser visto como produto e produtor da história da sociedade, e não apenas de estímulos individuais,
1) A Psicologia Social na América Latina passou por uma "crise teórica e metodológica" na década de 1970, levando a uma revisão crítica dos conceitos e métodos.
2) Isso resultou no desenvolvimento de novas abordagens como a Psicologia Comunitária e o estudo do "Processo Grupal", focando em questões sociais e de poder.
3) Experiências nessas novas abordagens ajudaram a avançar tanto a teoria quanto a prática da Psicologia Social na região.
O documento discute a evolução histórica da Psicologia Social, desde sua fundação por Wundt até as teorias contemporâneas. Ao longo do tempo, houve debates sobre se a Psicologia Social deveria ser vista como parte da Psicologia ou da Sociologia. Teóricos como Ramos, Rodrigues e Lane debateram como compreender a relação entre indivíduo e sociedade, com visões diferentes sobre o grau em que o indivíduo é influenciado ou pode influenciar a sociedade.
Este documento discute como o método dialético pode auxiliar na análise do real ao permitir uma visão totalizante que integra os diferentes elementos da sociedade. A dialética rompe com uma visão fragmentada da realidade, entendendo que todos os aspectos estão interligados, e ajuda a perceber como as condições sociais e históricas influenciam os fenômenos observáveis.
1) O documento apresenta uma introdução ao marxismo, abordando a biografia de Marx, seu método de análise, a crítica ao capitalismo e ao Estado, a influência no estudo da história e uma interpretação da relação entre Estado e sociedade no Brasil a partir da teoria marxista.
2) A biografia de Marx é resumida, destacando que ele nasceu na Alemanha no século XIX e se envolveu com o movimento dos Jovens Hegelianos, criticando o cristianismo e a autocracia pruss
1) O artigo discute como a perspectiva histórico-cultural de Vigotski pode contribuir para a práxis do psicólogo comunitário.
2) A perspectiva de Vigotski enfatiza a natureza social e mediada dos processos psicológicos, o método de investigação genético e a zona de desenvolvimento proximal.
3) Essas abordagens podem ajudar a superar dicotomias entre social e individual e enfatizar as interações dinâmicas em comunidades.
1. O documento discute as raízes marxistas do pensamento de Vigotski e como o marxismo influenciou seu desenvolvimento da psicologia histórico-cultural.
2. Vigotski incorporou métodos e princípios marxistas como o materialismo histórico-dialético e a noção de mediação por ferramentas e signos.
3. Tentativas de separar Vigotski do marxismo subestimam suas escolhas metodológicas e desrespeitam suas convicções teóricas.
O documento apresenta um resumo da proposta da psicologia sócio-histórica de Vygotsky, um dos principais autores na fundamentação do trabalho educacional. O texto discute o contexto histórico no qual surgiu o projeto de Vygotsky na Rússia após a revolução de 1917 e as bases da sua teoria, que enfatiza o desenvolvimento cultural do ser humano por meio da linguagem e outros instrumentos mediados socialmente.
1) O documento discute a evolução da Psicologia Social e como ela passou de uma abordagem positivista para uma perspectiva materialista-histórica.
2) Inicialmente, a Psicologia Social focava em descrever comportamentos de forma isolada, sem considerar fatores sociais e históricos, o que levava a reproduzir a ideologia dominante.
3) Posteriormente, passou-se a entender que o ser humano deve ser visto como produto e produtor da história da sociedade, e não apenas de estímulos individuais,
1) A Psicologia Social na América Latina passou por uma "crise teórica e metodológica" na década de 1970, levando a uma revisão crítica dos conceitos e métodos.
2) Isso resultou no desenvolvimento de novas abordagens como a Psicologia Comunitária e o estudo do "Processo Grupal", focando em questões sociais e de poder.
3) Experiências nessas novas abordagens ajudaram a avançar tanto a teoria quanto a prática da Psicologia Social na região.
O documento discute a evolução histórica da Psicologia Social, desde sua fundação por Wundt até as teorias contemporâneas. Ao longo do tempo, houve debates sobre se a Psicologia Social deveria ser vista como parte da Psicologia ou da Sociologia. Teóricos como Ramos, Rodrigues e Lane debateram como compreender a relação entre indivíduo e sociedade, com visões diferentes sobre o grau em que o indivíduo é influenciado ou pode influenciar a sociedade.
Este documento discute como o método dialético pode auxiliar na análise do real ao permitir uma visão totalizante que integra os diferentes elementos da sociedade. A dialética rompe com uma visão fragmentada da realidade, entendendo que todos os aspectos estão interligados, e ajuda a perceber como as condições sociais e históricas influenciam os fenômenos observáveis.
1) O documento apresenta uma introdução ao marxismo, abordando a biografia de Marx, seu método de análise, a crítica ao capitalismo e ao Estado, a influência no estudo da história e uma interpretação da relação entre Estado e sociedade no Brasil a partir da teoria marxista.
2) A biografia de Marx é resumida, destacando que ele nasceu na Alemanha no século XIX e se envolveu com o movimento dos Jovens Hegelianos, criticando o cristianismo e a autocracia pruss
1) O artigo discute como a perspectiva histórico-cultural de Vigotski pode contribuir para a práxis do psicólogo comunitário.
2) A perspectiva de Vigotski enfatiza a natureza social e mediada dos processos psicológicos, o método de investigação genético e a zona de desenvolvimento proximal.
3) Essas abordagens podem ajudar a superar dicotomias entre social e individual e enfatizar as interações dinâmicas em comunidades.
1) O documento descreve a evolução histórica e as principais vertentes da psicologia social, incluindo a psicologia social psicológica, sociológica e crítica.
2) Analisa as características atuais da psicologia social na América do Norte, Europa e América Latina, e a produção brasileira recente na área.
3) Discute os desafios futuros da produção brasileira em psicologia social, especialmente no que diz respeito ao seu impacto no cenário acadêmico internacional.
Slide de uma aula de minha Monitoria para a Disciplina de Psicologia Social I; Texto A Psicologia Social e uma nova concepção do homem para a psicologia. Livro O homem e Movimento, da Autora Silvia Lane
1) O documento discute as contribuições de Vigotski para a compreensão do psiquismo humano, especificamente sua concepção das Funções Psicológicas Superiores como um sistema de nexos.
2) Vigotski via o desenvolvimento humano como um processo revolucionário mediado culturalmente, no qual as funções psicológicas passam de natural a cultural através da atividade e interação social.
3) As Funções Psicológicas Superiores como memória, pensamento, fala, entre outras, formam um sistema psicológico complex
O documento discute os fundamentos da psicologia social e apresenta diferentes abordagens teóricas, como o reducionismo, o complementarismo e o sistematismo. O complementarismo propõe que os fenômenos sociais devem ser estudados a partir de múltiplas perspectivas, como a biológica, cognitiva e social. Já o sistematismo defende uma abordagem que considere a composição dos sistemas sociais, sua organização estrutural e o contexto em que estão inseridos.
Roteiro de aula: Psicologia Social ContemporâneaLucas Rodrigues
O documento resume um texto de Silvia Lane que critica a abordagem positivista da psicologia social tradicional e propõe uma abordagem baseada no materialismo histórico-dialético, entendendo o ser humano como produtor e produto de suas condições históricas. O documento também discute outros autores relevantes e conclui que toda psicologia é social, não podendo comportamentos serem compreendidos isoladamente de seu contexto histórico-social.
Este documento apresenta uma introdução à psicologia como ciência independente de forma panorâmica e crítica. Inicialmente, explica que só no século XIX surgiram os primeiros projetos de psicologia como ciência autônoma, com objetos e métodos próprios. No entanto, muitos aspectos estudados pela psicologia já eram abordados por outras áreas, como a filosofia e ciências biológicas e sociais. Finalmente, discute que, apesar dos esforços para se firmar como ciência autônoma, a
O conceito de subjetividade nas teorias sócio-históricasJuliana Soares
Neste estudo são analisadas as
concepções de subjetividade de três autores que
se inserem no campo da psicologia sóciohistórica:
Fernando Gonzalez Rey, Odair Furtado
e Maria da Graça Marchina Gonçalves. A
pesquisa realizada, de natureza teórica, teve por
objetivo identificar semelhanças e diferenças que
estão na base do conceito de subjetividade
destes diferentes autores, ainda que se situem
em uma mesma corrente teórica, como forma de
demonstrar a necessidade de avanço na
conceituação desta categoria. Adotou-se como
procedimento o modelo de Thomas Kuhn para a
análise de paradigmas da ciência. Para tanto,
foram selecionados textos dos três autores, em
que se observava uma preocupação com a
definição do conceito de subjetividade e fez-se
uma leitura aprofundada, buscando em suas
concepções os quatro principais aspectos que
caracterizam um paradigma: generalizações
simbólicas, paradigma metafísico, exemplares e
valores. Como resultado, constatou-se o
compartilhamento de idéias na maioria dos
aspectos analisados, revelando que o avanço na
postulação da categoria subjetividade dentro da
perspectiva da psicologia histórico-cultural ou
sócio-histórica parece promissor, o que confere a
esta abordagem teórica lastro para a sustentação
das investigações sobre a subjetividade,
oferecendo possibilidades de explicação dos
fenômenos observados. Contudo, também
aparecem divergências entre os autores, o que
pode estar relacionado ao enfoque que cada um
tem dado às pesquisas que vem realizando.
A professora Sílvia Tatiana Maurer Lane teve uma trajetória importante no desenvolvimento da Psicologia Social no Brasil e na América Latina. Seu trabalho na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo contribuiu para o desenvolvimento da perspectiva sócio-histórica na Psicologia Social brasileira e para a criação da Psicologia Social Comunitária. Sua ênfase na importância do contexto social e do compromisso com a transformação da realidade fizeram dela uma influência fundamental no novo projeto de Psicologia Comprometida Socialmente.
[1] O documento discute a evolução da Sociologia como ciência, desde seus fundadores como Comte e Durkheim até teóricos contemporâneos como Wallerstein. [2] Apresenta as principais abordagens teóricas da Sociologia, como o funcionalismo de Comte e Durkheim, a compreensão de Weber e o materialismo dialético de Marx. [3] Destaca a teoria do sistema-mundo de Wallerstein, que propõe analisar a sociedade globalmente ao invés de apenas os Estados-nação.
O documento discute a contribuição da filosofia para a educação. A filosofia sempre esteve intimamente ligada à educação desde a Grécia antiga, quando surgiu com uma intenção pedagógica. A filosofia contribui para a educação em três frentes: 1) por meio de uma reflexão antropológica que constrói uma imagem do ser humano; 2) questionando os fins e valores da educação; 3) integrando os conhecimentos das ciências humanas em uma visão totalizante do ser humano.
1) O documento discute a influência da sociologia funcionalista, especialmente de Durkheim, nos estudos organizacionais.
2) Analisa a emergência das ciências sociais a partir do século XVIII e como Durkheim desenvolveu uma abordagem funcionalista influenciada pelo positivismo.
3) Discute os principais expoentes iniciais do funcionalismo como Comte e Spencer e como isso influenciou o pensamento de Durkheim e o desenvolvimento da sociologia como disciplina.
O documento discute as perspectivas atuais do ensino das ciências cognitivas em 3 frases:
1) Aborda as concepções alternativas dos alunos, como teorias bem articuladas sobre como o mundo funciona, e estratégias para promover a mudança conceptual.
2) Explora o conhecimento do professor e do aluno, e como as estratégias de ensino devem se basear em um processo de resolução de problemas de natureza construtivista.
3) Discutem condições para a mudança conceptual, como insatisfação
Este documento discute as distinções entre o preceito desantropomorfizador e antropomorfizador na filosofia de G. Lukács e na ciência. Apresenta dois momentos históricos que ilustram o preceito desantropomorfizador: a Antiguidade tardia e os cientistas do Renascimento que lutaram contra concepções antropomórficas. Também destaca que o trabalho humano está na origem do desenvolvimento da ciência segundo a perspectiva marxiana.
A Psicologia Social estuda o comportamento humano e como ele é influenciado pelo contexto social e grupal. Ela analisa como a interação com outros indivíduos desde o nascimento molda a visão de mundo e as ações das pessoas. A Psicologia Social se desenvolveu como ciência após a Primeira Guerra Mundial para compreender crises sociais e fenômenos como liderança, opinião pública e preconceito.
O documento discute a evolução da psicologia como ciência independente. Afirma que a psicologia só emergiu como disciplina autônoma no século XIX, quando cientistas passaram a estudar a mente e o comportamento humanos como objetos de estudo próprios. No entanto, reconhece que os estudos psicológicos permanecem intimamente ligados a outras áreas como a biologia e as ciências sociais.
Este documento discute as ideias do filósofo Michel Foucault sobre poder e sujeito. Foucault acreditava que o poder não é centralizado, mas acontece em redes de dispositivos e mecanismos que produzem saberes, normas e subjetividades. Ele estudou como as formas de poder mudaram ao longo da história, do sistema de punição corporal para a vigilância e o confinamento na era moderna. Foucault também analisou como o poder atua de forma sutil e produtiva nas instituições por meio de técnic
O documento descreve um resumo de dois capítulos de um livro sobre psicologia. O resumo discute a diferença entre psicologia de senso comum e ciência, e como a psicologia evoluiu de especulações filosóficas na Grécia Antiga para uma disciplina científica moderna dividida em abordagens como behaviorismo, Gestalt e psicanálise. O documento também discute a importância de estudar o passado para entender o desenvolvimento da psicologia.
O documento discute a contribuição da filosofia para a educação. A filosofia sempre esteve intimamente ligada à educação desde a Grécia antiga, quando surgiu com uma intenção pedagógica. A filosofia contribui para a educação em três frentes: 1) por meio de uma reflexão antropológica que constrói uma imagem do ser humano; 2) questionando os fins e valores da educação; 3) integrando os conhecimentos das ciências humanas em uma visão totalizante do ser humano.
Este documento discute as contribuições da filosofia para a educação. A filosofia pode contribuir de três maneiras principais: 1) Fornecendo uma reflexão crítica sobre a educação que ajuda a esclarecer seus objetivos e relação com outras áreas; 2) Atuando como vigilância crítica sobre a prática educacional para evitar desvios burocráticos; 3) Dando acesso aos pensamentos clássicos que formulam soluções conceituais para os grandes problemas de cada época.
O documento fornece orientações e dicas práticas para trabalhos acadêmicos, abordando a história da construção do conhecimento científico e a estrutura desse tipo de trabalho. Apresenta ainda normas para escrita de números, formatação e exemplos de trabalhos como resumos, projetos de pesquisa e monografias.
O documento fornece orientações e dicas práticas para trabalhos acadêmicos, abordando a história da construção do conhecimento científico e a estrutura desse tipo de trabalho. Apresenta ainda normas para escrita de números, formatação e exemplos de trabalhos como resumos, projetos de pesquisa e monografias.
O documento apresenta uma síntese da evolução da ciência no mundo ocidental desde a Grécia Antiga até os dias atuais. Discute os principais marcos históricos como o surgimento da filosofia pré-socrática e da cosmologia, o desenvolvimento da ciência moderna a partir dos séculos XVI-XVII e as características das ciências da natureza e humanas. Também aborda temas como os diferentes paradigmas de verdade e conhecimento ao longo do tempo.
1) O documento descreve a evolução histórica e as principais vertentes da psicologia social, incluindo a psicologia social psicológica, sociológica e crítica.
2) Analisa as características atuais da psicologia social na América do Norte, Europa e América Latina, e a produção brasileira recente na área.
3) Discute os desafios futuros da produção brasileira em psicologia social, especialmente no que diz respeito ao seu impacto no cenário acadêmico internacional.
Slide de uma aula de minha Monitoria para a Disciplina de Psicologia Social I; Texto A Psicologia Social e uma nova concepção do homem para a psicologia. Livro O homem e Movimento, da Autora Silvia Lane
1) O documento discute as contribuições de Vigotski para a compreensão do psiquismo humano, especificamente sua concepção das Funções Psicológicas Superiores como um sistema de nexos.
2) Vigotski via o desenvolvimento humano como um processo revolucionário mediado culturalmente, no qual as funções psicológicas passam de natural a cultural através da atividade e interação social.
3) As Funções Psicológicas Superiores como memória, pensamento, fala, entre outras, formam um sistema psicológico complex
O documento discute os fundamentos da psicologia social e apresenta diferentes abordagens teóricas, como o reducionismo, o complementarismo e o sistematismo. O complementarismo propõe que os fenômenos sociais devem ser estudados a partir de múltiplas perspectivas, como a biológica, cognitiva e social. Já o sistematismo defende uma abordagem que considere a composição dos sistemas sociais, sua organização estrutural e o contexto em que estão inseridos.
Roteiro de aula: Psicologia Social ContemporâneaLucas Rodrigues
O documento resume um texto de Silvia Lane que critica a abordagem positivista da psicologia social tradicional e propõe uma abordagem baseada no materialismo histórico-dialético, entendendo o ser humano como produtor e produto de suas condições históricas. O documento também discute outros autores relevantes e conclui que toda psicologia é social, não podendo comportamentos serem compreendidos isoladamente de seu contexto histórico-social.
Este documento apresenta uma introdução à psicologia como ciência independente de forma panorâmica e crítica. Inicialmente, explica que só no século XIX surgiram os primeiros projetos de psicologia como ciência autônoma, com objetos e métodos próprios. No entanto, muitos aspectos estudados pela psicologia já eram abordados por outras áreas, como a filosofia e ciências biológicas e sociais. Finalmente, discute que, apesar dos esforços para se firmar como ciência autônoma, a
O conceito de subjetividade nas teorias sócio-históricasJuliana Soares
Neste estudo são analisadas as
concepções de subjetividade de três autores que
se inserem no campo da psicologia sóciohistórica:
Fernando Gonzalez Rey, Odair Furtado
e Maria da Graça Marchina Gonçalves. A
pesquisa realizada, de natureza teórica, teve por
objetivo identificar semelhanças e diferenças que
estão na base do conceito de subjetividade
destes diferentes autores, ainda que se situem
em uma mesma corrente teórica, como forma de
demonstrar a necessidade de avanço na
conceituação desta categoria. Adotou-se como
procedimento o modelo de Thomas Kuhn para a
análise de paradigmas da ciência. Para tanto,
foram selecionados textos dos três autores, em
que se observava uma preocupação com a
definição do conceito de subjetividade e fez-se
uma leitura aprofundada, buscando em suas
concepções os quatro principais aspectos que
caracterizam um paradigma: generalizações
simbólicas, paradigma metafísico, exemplares e
valores. Como resultado, constatou-se o
compartilhamento de idéias na maioria dos
aspectos analisados, revelando que o avanço na
postulação da categoria subjetividade dentro da
perspectiva da psicologia histórico-cultural ou
sócio-histórica parece promissor, o que confere a
esta abordagem teórica lastro para a sustentação
das investigações sobre a subjetividade,
oferecendo possibilidades de explicação dos
fenômenos observados. Contudo, também
aparecem divergências entre os autores, o que
pode estar relacionado ao enfoque que cada um
tem dado às pesquisas que vem realizando.
A professora Sílvia Tatiana Maurer Lane teve uma trajetória importante no desenvolvimento da Psicologia Social no Brasil e na América Latina. Seu trabalho na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo contribuiu para o desenvolvimento da perspectiva sócio-histórica na Psicologia Social brasileira e para a criação da Psicologia Social Comunitária. Sua ênfase na importância do contexto social e do compromisso com a transformação da realidade fizeram dela uma influência fundamental no novo projeto de Psicologia Comprometida Socialmente.
[1] O documento discute a evolução da Sociologia como ciência, desde seus fundadores como Comte e Durkheim até teóricos contemporâneos como Wallerstein. [2] Apresenta as principais abordagens teóricas da Sociologia, como o funcionalismo de Comte e Durkheim, a compreensão de Weber e o materialismo dialético de Marx. [3] Destaca a teoria do sistema-mundo de Wallerstein, que propõe analisar a sociedade globalmente ao invés de apenas os Estados-nação.
O documento discute a contribuição da filosofia para a educação. A filosofia sempre esteve intimamente ligada à educação desde a Grécia antiga, quando surgiu com uma intenção pedagógica. A filosofia contribui para a educação em três frentes: 1) por meio de uma reflexão antropológica que constrói uma imagem do ser humano; 2) questionando os fins e valores da educação; 3) integrando os conhecimentos das ciências humanas em uma visão totalizante do ser humano.
1) O documento discute a influência da sociologia funcionalista, especialmente de Durkheim, nos estudos organizacionais.
2) Analisa a emergência das ciências sociais a partir do século XVIII e como Durkheim desenvolveu uma abordagem funcionalista influenciada pelo positivismo.
3) Discute os principais expoentes iniciais do funcionalismo como Comte e Spencer e como isso influenciou o pensamento de Durkheim e o desenvolvimento da sociologia como disciplina.
O documento discute as perspectivas atuais do ensino das ciências cognitivas em 3 frases:
1) Aborda as concepções alternativas dos alunos, como teorias bem articuladas sobre como o mundo funciona, e estratégias para promover a mudança conceptual.
2) Explora o conhecimento do professor e do aluno, e como as estratégias de ensino devem se basear em um processo de resolução de problemas de natureza construtivista.
3) Discutem condições para a mudança conceptual, como insatisfação
Este documento discute as distinções entre o preceito desantropomorfizador e antropomorfizador na filosofia de G. Lukács e na ciência. Apresenta dois momentos históricos que ilustram o preceito desantropomorfizador: a Antiguidade tardia e os cientistas do Renascimento que lutaram contra concepções antropomórficas. Também destaca que o trabalho humano está na origem do desenvolvimento da ciência segundo a perspectiva marxiana.
A Psicologia Social estuda o comportamento humano e como ele é influenciado pelo contexto social e grupal. Ela analisa como a interação com outros indivíduos desde o nascimento molda a visão de mundo e as ações das pessoas. A Psicologia Social se desenvolveu como ciência após a Primeira Guerra Mundial para compreender crises sociais e fenômenos como liderança, opinião pública e preconceito.
O documento discute a evolução da psicologia como ciência independente. Afirma que a psicologia só emergiu como disciplina autônoma no século XIX, quando cientistas passaram a estudar a mente e o comportamento humanos como objetos de estudo próprios. No entanto, reconhece que os estudos psicológicos permanecem intimamente ligados a outras áreas como a biologia e as ciências sociais.
Este documento discute as ideias do filósofo Michel Foucault sobre poder e sujeito. Foucault acreditava que o poder não é centralizado, mas acontece em redes de dispositivos e mecanismos que produzem saberes, normas e subjetividades. Ele estudou como as formas de poder mudaram ao longo da história, do sistema de punição corporal para a vigilância e o confinamento na era moderna. Foucault também analisou como o poder atua de forma sutil e produtiva nas instituições por meio de técnic
O documento descreve um resumo de dois capítulos de um livro sobre psicologia. O resumo discute a diferença entre psicologia de senso comum e ciência, e como a psicologia evoluiu de especulações filosóficas na Grécia Antiga para uma disciplina científica moderna dividida em abordagens como behaviorismo, Gestalt e psicanálise. O documento também discute a importância de estudar o passado para entender o desenvolvimento da psicologia.
O documento discute a contribuição da filosofia para a educação. A filosofia sempre esteve intimamente ligada à educação desde a Grécia antiga, quando surgiu com uma intenção pedagógica. A filosofia contribui para a educação em três frentes: 1) por meio de uma reflexão antropológica que constrói uma imagem do ser humano; 2) questionando os fins e valores da educação; 3) integrando os conhecimentos das ciências humanas em uma visão totalizante do ser humano.
Este documento discute as contribuições da filosofia para a educação. A filosofia pode contribuir de três maneiras principais: 1) Fornecendo uma reflexão crítica sobre a educação que ajuda a esclarecer seus objetivos e relação com outras áreas; 2) Atuando como vigilância crítica sobre a prática educacional para evitar desvios burocráticos; 3) Dando acesso aos pensamentos clássicos que formulam soluções conceituais para os grandes problemas de cada época.
O documento fornece orientações e dicas práticas para trabalhos acadêmicos, abordando a história da construção do conhecimento científico e a estrutura desse tipo de trabalho. Apresenta ainda normas para escrita de números, formatação e exemplos de trabalhos como resumos, projetos de pesquisa e monografias.
O documento fornece orientações e dicas práticas para trabalhos acadêmicos, abordando a história da construção do conhecimento científico e a estrutura desse tipo de trabalho. Apresenta ainda normas para escrita de números, formatação e exemplos de trabalhos como resumos, projetos de pesquisa e monografias.
O documento apresenta uma síntese da evolução da ciência no mundo ocidental desde a Grécia Antiga até os dias atuais. Discute os principais marcos históricos como o surgimento da filosofia pré-socrática e da cosmologia, o desenvolvimento da ciência moderna a partir dos séculos XVI-XVII e as características das ciências da natureza e humanas. Também aborda temas como os diferentes paradigmas de verdade e conhecimento ao longo do tempo.
A gênese da ciência... - artigo-Renato A. AfonsoRenato Afonso
1) A ciência moderna surgiu no século XVII com o desenvolvimento de métodos formais que permitiram um conhecimento sistemático e objetivo.
2) Pensadores como Francis Bacon e René Descartes rejeitaram concepções tradicionais e enfatizaram a observação empírica e a experimentação como caminho para o conhecimento.
3) Isso marcou o início de uma nova era no pensamento ocidental e uma mudança no foco para o conhecimento descoberto por meio da prática em vez da especulação.
Imaginário e ciênciaImaginário e ciência: novas perspectivas do conhecimento ...Marta Caregnato
O documento discute as novas perspectivas do conhecimento na contemporaneidade, comparando o paradigma científico cartesiano com o emergente. O novo paradigma integra a subjetividade e emoção na construção do conhecimento, enxergando razão, paixão e emoção como estratégias para compreender a realidade de forma conectada. Ele também valoriza a transdisciplinaridade sobre a disciplinaridade, unindo diferentes saberes.
A crise de paradigmas e os modelos paradigmáticos educacionaisAndréa Kochhann
O presente artigo faz parte das escritas do GEFOPI - Grupo de Estudos em Formação de Professores e Interdisciplinaridade, coordenado pela Prof. Ms. Andréa Kochhann e reflete as análises teóricas sobre o tema paradigmas educacionais. O conceito de paradigma apresentado enquanto regras ou modelo a ser seguindo, que predominou por mais de quatrocentos anos foi o cartesiano-newtoniano. Esse paradigma passou a ser questionado por sua linearidade e mediante uma crise paradigmática, o modelo holístico passa a compor os debates. Nesse paradigmática o processo de ensinagem coloca o aluno como ator e autor de seu conhecimento, mediado pela postura docente. Esse artigo é usado para as discussões que o GEFOPI realiza.
Sobre a pesquisa ação na educação a11v1133Martha Hoppe
Este artigo discute a relação entre teoria e prática no contexto da pesquisa-ação na educação. Primeiro, aborda a produção do conhecimento no mundo moderno e a tensão entre sujeito e objeto. Em seguida, analisa diferentes perspectivas sobre a pesquisa-ação, destacando a importância da articulação entre reflexão e ação. Por fim, aponta riscos como a instrumentalização da teoria e o praticismo na educação.
Contribuições do marxismo para a atividade de pesquisa da educação matemática...Everaldo Gomes
Este documento discute as contribuições do marxismo para a pesquisa em Educação Matemática na perspectiva lógico-histórica. Primeiro, analisa a crítica de Marx e Engels ao idealismo hegeliano e o desenvolvimento de uma postura materialista. Segundo, aborda a dialética marxista como fundamento teórico para pesquisa e para entender o processo lógico-histórico. Por fim, discute como o marxismo pode contribuir para pesquisas brasileiras nessa perspectiva.
Este documento discute as conexões entre ciência, epistemologia e pesquisa educacional em três frases:
1) A ciência, epistemologia e pesquisa educacional estão interconectadas e a epistemologia serve como veículo para reflexão crítica sobre a ciência e seu desenvolvimento.
2) A questão epistemológica na pesquisa educacional possibilita a reflexão necessária neste campo e transforma, revisa e repensa o universo estudado.
3) A pesquisa epistemológica deve ser trabalhada a partir dos aspectos hist
1) O documento discute as perspectivas da ciência espírita, analisando a relação entre ciência e espiritismo.
2) Apresenta definições de ciência, destacando a importância da metodologia científica. A ciência busca formular leis que expliquem a natureza de forma racional e passível de experimentação.
3) Discute a classificação das ciências em formal e factual, e como estas podem ser divididas em ideográficas e nomotéticas. Isso leva em conta a natureza dos objetos estudados e os
1) O documento discute as perspectivas da ciência espírita, analisando a relação entre ciência e espiritismo.
2) Apresenta definições de ciência, destacando a importância da metodologia científica. A ciência busca explicar a realidade de forma racional e metódica.
3) Discute classificações das ciências, dividindo-as entre formais e factuais, ideográficas e nomotéticas. O objetivo é entender a natureza dos fenômenos estudados e a metodologia aplicada a cada tipo de
O documento discute como a ciência se desenvolveu ao longo da história, inicialmente enfrentando oposição da Igreja Católica durante a Idade Média, mas depois florescendo durante o Renascimento. Também descreve o desenvolvimento das ciências sociais para estudar a sociedade e o homem, e como a realidade científica depende da percepção de cada cientista.
Este documento discute as teorias do currículo no contexto da modernidade. Apresenta como as primeiras teorias do currículo foram influenciadas pela racionalidade científica e técnica da modernidade, levando a uma visão do currículo como um plano racional e objetivo (currículo-como-plano). Também discute como as visões pós-estruturalistas rejeitam a ideia de que o currículo pode ser descoberto objetivamente, vendo-o como uma construção social e cultural.
Este documento apresenta uma introdução à disciplina de Antropologia Teológica no Centro Universitário Claretiano. A disciplina abordará diferentes concepções de ser humano ao longo da história, como a pessoa é tratada na sociedade atual e a proposta de pessoa defendida pela instituição. O objetivo é ajudar os estudantes a compreenderem melhor as pessoas e terem uma atuação ética e responsável, independente de sua área de formação.
1. O documento discute como as teorias científicas atuais enfatizam que o conhecimento está ligado ao conhecedor e à cultura na qual está inserido.
2. O construtivismo é apresentado como uma concepção epistemológica que assume que o conhecimento é uma construção do sujeito cognoscente.
3. O autor reflete se o construtivismo representa uma continuidade ou ruptura com concepções anteriores sobre o conhecimento.
Ciencia e epistemologia: reflexões necessárias à Pesquisa Educacional - Revi...Paulo Lima
Este documento discute as interfaces entre ciência, epistemologia e pesquisa educacional. A ciência é entendida como a produção do conhecimento humano que se amplia e refaz constantemente. A epistemologia fornece ferramentas para analisar criticamente a ciência. A pesquisa educacional estuda o fenômeno da educação e como objeto em construção, reunindo contribuições científicas e epistemológicas.
Este documento discute as concepções de estudantes do ensino médio sobre ciência e cientistas. Ele apresenta ideias de filósofos sobre epistemologia das ciências e defende a necessidade de introduzir elementos da cultura científica no ensino de ciências nas escolas.
O documento discute a evolução da psicologia como ciência independente no século XIX. Apresenta os desafios enfrentados pela psicologia em estabelecer seu objeto e métodos próprios, já que conceitos psicológicos eram estudados por outras áreas. Também descreve as condições sócio-culturais necessárias para o surgimento da psicologia científica, como a experiência da subjetividade privada em sociedades de crise e a constituição do sujeito moderno na passagem do Renascimento para a Idade Moderna.
Slides Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança, A Marca do Cristão, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
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Atividade letra da música - Espalhe Amor, Anavitória.Mary Alvarenga
A música 'Espalhe Amor', interpretada pela cantora Anavitória é uma celebração do amor e de sua capacidade de transformar e conectar as pessoas. A letra sugere uma reflexão sobre como o amor, quando verdadeiramente compartilhado, pode ultrapassar barreiras alcançando outros corações e provocando mudanças positivas.
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Joseph Murphy ensina como re-apropriar do pode da mente.
Cada ser humano é fruto dos pensamentos e sentimentos que cria, cultiva e coloca em pratica todos os dias.
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Telepsiquismo Utilize seu poder extrassensorial para atrair prosperidade (Jos...
Texto 2 paradigmas
1. 6)o i-á - W-0*-&
f/U â l ■' á J ^ U y y v jÇ jO
editora
unesp
Os paradigmas da ciência e suas influências na constituição do
sujeito:
a intersubjetividade na construção conhecimento
Renata Rodrigues de Araujo
SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros
CAMARGO, MRRM., org., SANTOS, VCC, collab. Leitura e escrita como espaços autobiográficos
deformação [online], São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. 140 p. ISBN
978-85-7983-126-3. Available from SciELO Books <http.7/books.scielo.org>.
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2. O S PARADIGMAS DA CIÊNCIA E SUAS
INFLUÊNCIAS NA CONSTITUIÇÃO DO
s u j e it o : a in t e r s u b j e t iv id a d e n a
CONSTRUÇÃO CONHECIM ENTO
Renata Rodrigues de Araújo1
6
Introdução
Tendo em vista a possibilidade de contribuir com uma publi
cação que se aproximasse de uma perspectiva autobiográfica, ao
elaborar este artigo, volto, de certa forma, a ouvir e repensar naque
las vozes que nortearam meus pensamentos em tomo da questão
da constituição de sujeitos. De um lado, as vozes daquelas mu
lheres que muito gentilmente contribuíram para a realização da
minha pesquisa e, de outro, as sábias palavras da minha professora
orientadora, que me proporcionaram o encontro com as ideias de
Bakhtin, Vygotsky e Morin, entre outros.
Minhas reflexões iniciais, então, ao conceber este artigo, reca
íram sobre o que os sujeitos envolvidos em minha pesquisa2de
ram-me a ver. Hoje, como professora do Ensino Fundamental e do
1 Possui mestrado em Educação pela Unesp (2006). Atualmente é docente
da Faculdade Padre João Bagozzi, professora de Metodologia Científica na
Faculdade Studium Teologicum e professora do Ensino Fundamental na rede
pública municipal de Curitiba.
2 Pesquisa de mestrado intitulada: Sobre noções de constituição do sujeito: mulhe
resalfabetizandas têm a palavra, defendida em março de 2006, sob aorientação
da professora Maria Rosa R. M. Camargo
3. 92 MARIA R. R. M. DE CAMARGO (ORG.) •VIVIAN C. C. DOS SANTOS (COLAB.)
Ensino Superior, estou convencida de que não há outra maneira de
repensar a constituição desses sujeitos, situados no tempo e no es
paço, por outra via que não a dos paradigmas epistemológicos que
norteiam a prática docente, objeto de preocupação das disciplinas
que ministro, Pesquisa em Educação e Metodologia Científica.
O retomo do olhar sobre algumas questões, com as quais mc
preocupei por ocasião do mestrado, e a possibilidade de fazê-lo,
com base em minha experiência como professora, remetem-me à
seguinte indagação: que paradigma epistemológico da ciência daria
conta de conceber uma relação, mediada pela linguagem, entre os
conhecimentos científicos e os conhecimentos que aquelas mulhe
res, sujeitos da pesquisa, demonstravam na resolução de problemas
cotidianos e que, ao fazê-lo, me davam subsídios para pensar sobre
noções de sujeito?
Recordando as empolgantes atividades desenvolvidas pelo Pro
jeto de Educação de Jovens e Adultos (PEJA)’ e percebendo as
interações que ali se realizavam, por um lado, educandos, bolsistas
e pesquisadora e por outro, bolsistas, pesquisadora e orientadora,
proponho-me o prazeroso trabalho de aprofundar a reflexão de tais
questões.
Sendo assim, tentarei uma reaproximação com o tema da pes
quisa, lançando um olhar paia as mudanças dos paradigmas da
ciência e o papel da linguagem na mediação desse processo. Para
tanto, inicio minha reflexão percorrendo o caminho histórico das
mudanças paradigmáticas da ciência.
A evolução dos paradigmas epistemológicos
Sabemos que a sociedade de hoje é fruto de históricas transfor
mações vividas pelos paradigmas da ciência. Assim como a história
da humanidade, aciência também é um processo dinâmico e inaca-3
3 Projeto de Educação de Jovens e Adultos (PEJA), coordenado por Maria Rosa
R. M. Camargo.
4. LEITURA E ESCRITA COMO ESPAÇOS AUTOBIOGRÁFICOS DE FORMAÇÃO 93
bado, que promove constantes mudanças de valores, crenças, con
ceitos e ideias. Neste sentido, é notória a dificuldade de se acom
panhar tal processo. O que seria da sociedade hoje se a ciência não
tivesse passado por tantas transformações? Se a forma como conce
bemos a verdade ainda estivesse calcada nas origens sobrenaturais,
religiosas, ou até mesmo na descrição matemática dos fenômenos?
Como perceberíamos nossa constituição no contato com o outro?
Como explicaríamos nossas incertezas, inseguranças e angústias
frente às imprevisibilidades da vida contemporânea?
A palavra paradigma, segundo Vasconcelos (2002), tem sua
origem do grego parádeima, que significa modelo ou padrão. Assim
sendo, o homem lê o mundo conforme seus paradigmas e consegue,
com essa "lente”, distinguir o certo e o errado, ou ainda, saber o que
é cientificamente aceito ou não pela comunidade. Os paradigmas
sempre orientaram nossas escolhas, nossos olhares.
A ciência é uma das formas, não a única, do conhecimento pro
duzido pelo homem no decorrer de sua história, sendo, portanto,
determinada pelas condições materiais do homem. Nas sociedades
mais remotas, a ciência caracteriza-se por ser a tentativa do homem
compreender e explicar racionalmente a natureza. Esta forma de
compreender e explicar é que muda de tempos em tempos.
O primeiro paradigma da ciência é marcado por um período ca
racterizado pelos mitos, cujas explicações dos fenômenos naturais
eram atribuídos ao divino, aos deuses, e a verdade era uma revela
ção divina incontestável. Segundo Cardoso (1995), nesse momento,
o homem acreditou ser "capaz de explicar e organizar a natureza, a
vida social e o mundo psíquico, tendo como bases paradigmáticas a
existência de dois mundos: o mundo real e outro sobrenatural.
Posteriormente, esse paradigma deu lugar a outro pensamento
que marcou os séculos VIII a VI a.C. na Grécia Antiga, denomi
nado de Era da Teoria do Conhecimento Clássico. Nesse período
acreditava-se que natureza tem uma ordem, uma causa e um efeito
e tudo podia ser explicado como parte dela, pois a verdade está nela
contida. A verdade, portanto, se daria pelo uso da razão. Desta
forma, a ciência caracteriza-se pela abordagem racional, discur-
5. 94 MARIA R. R. M. DE CAMARGO (ORG ) •VIVIAN C. C DOS SANTOS (COLAB.)
siva e demonstrativa. Nesta perspectiva, o sujeito desaparece por
completo, na medida em que a razão elimina o mundo sensível e o
mundo das percepções, desconsidera as circunstâncias e o contexto.
Com o surgimento da Teoria do Conhecimento, do século I ao
século XIII, na Idade Média, o homem é concebido como criatura
de Deus e se define na relação como absoluto. A verdade se dá pela
fé, pelas Escrituras Sagradas.
Essa visão Teocêntrica é substituída no momento seguinte pela
visão Antropocêntrica. Com as ideias de Copérnico e Galileu acon
tece a revolução científica em que, segundo Capra (1982), a ciência
enfrenta a Igreja em um dogma de mais de mil anos. Sua maior con
tribuição assenta-se na premissa de que o homem e a Terra não eram
o centro do Universo e que aTerra era quem girava em volta do Sol.
Acaba, portanto, com a visão de que o homem é o centro absolu
to do Universo e dá origem a uma abordagem empírica de ciência.
Abordagem esta calcada nos princípios positivistas, em que só é
verdade o que pode ser observado, mensurado, quantificado, con
trolado e reproduzido. Visão caracterizada pela descrição matemá
tica dos fenômenos. A subjetividade era considerada como projeção
mental. O universo material e os seres vivos são reduzidos à visão de
uma máquina com funcionamento e engrenagens perfeitas, sendo
governado por leis matemáticas exatas, de acordo com Capra (1996).
Essa concepção linear e mecanicista do Universo, proposta por
René Descartes e Isaac Newton, passa a se edificar na lógica ra-
cionalista, negando a lógica do sagrado e a subjetividade. Nesse
modelo de ciência, segundo Capra (1996), o homem é o senhor do
mundo, pois se dá o direito de transformar, explorar, servir-se e
escravizar a natureza.
Somente no final do século XVIII e início do século XIX é que se
buscou, com o apoio da psicologia, compreender a personalidade e
inteligência humanas, dando origem à teoria comportamental.
Com essa abertura, a sociologia também tenta explicar o com
portamento social do homem, a partir da proposta de Augusto
Comte, na qual o conhecimento está fundamentado no objeto e não
no sujeito. Desta forma, as verdades devem ser fornecidas pela ex-
6. LEITURA E ESCRITA COMO ESPAÇOS AUTOBIOGRÁFICOS DE FORMAÇÃO 95
periência e por fontes seguras e fidedignas, e devem ser, portanto,
objetivas, impessoais e neutras.
A crença na objetividade concebe uma versão única do conheci
mento (universo) e lança um olhar objetivo do fenômeno tal com
ele se apresenta na realidade. Para tanto, o cientista deve observar
os fenômenos de maneira isenta, com uma visão abrangente e obje
tiva, não se envolvendo com sua subjetividade, ocultando suas opi
niões. A separação entre o conhecedor e o objeto de conhecimento
permitiria a constituição de uma subjetividade reduzida ao uso da
razão, tomando o cientista o fiador de todas as certezas.
Este paradigma levou à supervalorização da razão e consequen
temente, à fragmentação do conhecimento. Esta fragmentação atin
giu a educação de tal forma que até hoje não conseguimos superar
essa visão. Qualquer tentativa de superação enfrenta dificuldades
imensas frente à departamentalização das instituições educacio
nais, a divisão dos conhecimentos em áreas, disciplinas e cursos,
produzindo assim, os especialistas, os detentores do saber. Saber
este que só é válido se institucionalizado.
O paradigma tradicional na educação
Por influência do modelo newtoniano-cartesiano, as práticas
pedagógicas docentes ainda consideram o sujeito que aprende, o
aluno, como aquele ser desprovido de luz, e a tarefa do professor
resume-se em transmitir o conhecimento. A pedagogia tradicional,
tão bem denominada por Paulo Freire como educação bancária,
desconsidera o aluno como sujeito e passa a considerá-lo como
um ser subserviente, obediente e destituído de qualquer forma de
expressão. Ele é reduzido ao espaço de sua carteira, silenciando sua
fala, impedido de expressar suas ideias.
A ação docente ocupa-se ainda em desenvolvei' mecanismos que
levem o aluno a reproduzir o conhecimento historicamente acu
mulado e repassado como verdade absoluta. A fragmentação dos
conhecimentos, expressa nos currículos lineares, leva o professor
7. 96 MARIA R. R. M. DE CAMARGO (ORG.) •VIVIAN C C. DOS SANTOS (COLAB.)
a ocupar o centro do processo de ensino e aprendizagem, ou seja,
ela é o detentor do saber, o dono da verdade absoluta e, portanto,
inquestionável. O aluno, por conseguinte, acaba sendo premiado
por seguir as regras, impostas pelo professor e pela “boa conduta’’.
Ao mesmo tempo, ao desobedecer às regras, é reprimido e punido
pelos “erros” e, em alguns casos, com esta visão austera, o docente
chega a torturar o aluno de maneira física ou psicológica:
O que eu lembro é que tinha palmatória. Eu lembro que che
guei a ficar de castigo. A professora me colocou de joelho em cima
do milho, né? Eu acho que eu fiquei de castigo umas duas vezes
no mês. [...] Eu acho que é por isso que eu não fui mais pra escola,
porque nos primeiros dias que eu fui eu sofri muito nas mãos da
quela professora. Ela era terrível e é piorisso que eu não voltei mais.
[...] Eu vi aquela régua grande, redonda e não fui mais, fiquei com
medo. (entrevista com Francisca em 17nov. 2004)
A fala de Francisca expressa uma concepção de educação abso
lutamente pautada no modelo tradicional que não nos cabe mais
reproduzir. Hoje, o sujeito e tudo que ele traz consigo, também
devem ser assumidos como critérios de validade científica.
Não obstante, alunos e professores, dentro deste padrão, passa
ram a ser vistos como máquinas ou como partes de uma engrena
gem. Concepção caracterizada pela desumanização da educação.
O reducionismo e a linearidade do processo educativo provocaram
a p>erda da sensibilidade, da estética, dos sentimentos e valores que
norteiam a construção do conhecimento em função da supervalori-
zação do uso da razão. Gerou, portanto, uma concepição de vida em
sociedade pautada na competitividade, isolamento, individualismo
e materialismo exacerbado.
Também ruíram os alicerces religiosos que davam sustentação
aos valores, repercutindo num modelo de vida e de ciência materia
lista, determinista, destruidora, cheia de certezas, que ignora o diá
logo e as interações que existem entre os indivíduos, entre ciência e
sociedade, técnica e pxdítica. (Moraes, p.43)
8. LEITURA E ESCRITA COMO ESPAÇOS AUTOBIOGRÁFICOS DE FORMAÇÃO 97
A humanidade mergulhou num processo de fragmentação, de
automatização e desvinculação, alienando-se da natureza, do traba
lho e de si mesmo, deixando o conhecimento, a cultura e os valores
divididos, fragmentados.
Contudo, não podemos negar que esse mesmo modelo de pen
samento foi a grande mola propulsora do desenvolvimento cien
tífico-tecnológico da humanidade. Apesar de muito questionado,
principalmente no âmbito da educação, o pensamento cartesiano
ou visão tradicional - possibilitou grandes saltos evolutivos na his
tória das civilizações. Neste sentido, permitiu a democratização
dos conhecimentos científicos, seja pelas técnicas de construção de
conhecimentos novos ou pelo surgimento do espírito investigativo,
cuja objetividade proporcionou a validação científica e pública do
conhecimento.
No entanto, há uma concepção de ciência que não se encerra
no conhecimento, mas, se estende à constituição do sujeito, que o
paradigma tradicional não deu conta de compreender, ou ainda,
não se preocupou em considerar, um sujeito sócio-histórico do
conhecimento. Isto posto, cabe indagar novamente: que paradigma
epistemológico da ciência conceberia esta relação sujeito-objeto e
conhecimento?
Pelas limitações do modelo tradicional de ciência, que marca
grande parte do século XIX e início do século XX, desencadearam-
se muitos conflitos que colocaram em xeque os padrões de cienti-
ficidade e a produção do conhecimento. Algumas explicações da
realidade, a partir destes conflitos, nos parecem mais palatáveis,
cujas reflexões tentarei expor no item seguinte.
O sujeito, o objeto e o conhecimento: que
paradigma?
Muitos educadores e pesquisadores já perceberam que, além
dos conhecimentos e seus critérios de validade, há de se considerar
nesta relação o sujeito e o objeto como elementos indispensáveis no
9. 98 MARIA R. R. M. DE CAMARGO (ORG.) •VMAN C. C DOS SANTOS (COLAB.)
processo de construção do conhecimento. Nasce com essa percep
ção uma nova visão de educação, múltipla, contextuai, ligada às
condições históricas concretas do homem.
Na produção do conhecimento, o homem não se isenta do pro
cesso representando alguma coisa externa, algo da realidade lá fora,
tampouco traduz os objetos exteriores sem qualquer significação
subjetiva. A construção do conhecimento pressupõe a objetivação
resultante das características, das convenções e das práticas linguís
ticas que tornam possíveis as operações de pensar.
Passamos então a pensar em outro paradigma, que alguns auto
res vão chamar de paradigma emergente ou da complexidade. Esta
forma de pensar considera o sujeito um ser complexo e integral,
ainda que ele não se mostre por inteiro. Segundo Zabala (2002),
esta depende do avanço do paradigma da ciência que impulsiona
a revisão do processo fragmentado do conhecimento na busca de
reintegração do todo.
O sujeito, quando imerso em um mundo cheio de incertezas,
contradições, conflitos, desejos e desafios só pode ser concebido,
visto com a lente da teoria da complexidade:
Porque se não partimos da organização biológica, da dimensão
cognitiva, da computação, do computo, do princípio de exclusão,
do princípio da identidade, etc., não chegaremos a enraizar o con
ceito de sujeito de maneira empírica, lógica como fenômeno. (Mo-
rin, p.55)
A realidade complexa depende da reforma do pensamento, de
modo que ele se torne multidimensional, contextualizado e mul-
tidisciplinar. E necessário, portanto, renunciar ao posicionamento
estanque e reducionista da relação do sujeito com o universo, acei
tando o questionamento intermitente dos problemas e possibilida
des de resolução. Buscar-se, nesta perspectiva, ou neste paradigma,
uma transformação na maneira de pensar, de se relacionar e de agir
para investigar e integrar novas percepções. O conhecimento, neste
sentido, é concebido como mudança de percepção. E esta percepção
não muda só no espaço consagrado da escola:
10. LEITURA E ESCRITA COMO ESPAÇOS AUTOBIOGRÁFICOS DE FORMAÇÃO 99
Eu parei de estudar porque não tinha mais condições de con
tinuar, não tinha a 5*série e meu pai não ia deixar a gente sair pra
estudar longe de casa. [...] Tudo que eu sei, eu posso dizer que eu
aprendi lá, naquela escola. [...] E gosto até hoje de matemática, mas
é umacoisaque sevocênão prática, vocêacabaesquecendo, né? Mas
eu acho quejá estou melhorando, por ser tesoureira da cooperativa,
mexo muito com conta, porque eu estou sempre precisandocalcular
alguma coisa. Estou relembrando muita coisa que estava esquecen
do, esse ponto que eu acho tão importante, que é a matemática, eu
estava ficandoesquecidajá. Pra mim está sendo muito bom. É como
se fosse uma escola mesmo. Eu estou aqui na cooperativa como se
estivesseestudando, porque a gente não está recebendo, né? Então é
como seestivesse numa escola, eu aprendo muitas coisas. E também
assim, aprender a parte financeira, isso pra mim está sendo muito
bom, cada dia eu estou aprendendo uma coisa a mais. Então é como
se eu estivesse na escola, porque eu estou aprendendo muito aqui,
muitas coisas que eu não sabia. E uma coisa que eu vou poder levar
comigo, (entrevista com Erautina, em 25 nov. 2004)
E possível entender o relato acima recorrendo às palavras
de Capra (1996), quando diz que: "Há redes aninhadas dentro de
outras redes”. Neste sentido, o mundo é concebido como uma rede
de relações envolvendo conexões, interconexões, movimento, flu
xo de energia, inter-relações em constante processo de mudança
e transformação. Portanto, o pensamento complexo, dinâmico e
processual acompanha a noção de rede, que tem sido a chave para
os recentes avanços científicos.
Buscar a perspectiva do sujeito que vive nesta rede é uma pos
sibilidade de compreender as mudanças paradigmáticas e chegar
a uma proximidade maior ao paradigma emergente. Para tanto é
necessário refletir sobre o processo que permite a efetivação desta
rede de relações, o processo linguístico.
Isso nos leva a uma aproximação com as ideias de Bakhtin,
quando este nos diz que o homem só existe se inserido nas condi
ções socioeconômicas objetivas, como um membro de um grupo
11. social, de uma classe. O fato de ele simplesmente nascer (fisiolo-
gicamente) não garante seu ingresso na história, ele precisa nascer
novamente, isto é, nascer socialmente. Assim, é por meio dessa
ligação social e histórica, mediada pela linguagem, que se define o
conteúdo da ligação histórica do homem à vida.
Na constituição da consciência, Bakhtin considera como ele
mento central da vida mental a linguagem, enfatizando o discurso
interior. Ele destaca o valor da palavra na interação entre os indiví
duos. Consciência e pensamento para ele são tecidos com palavras e
ideias que se lançam na interação com o outro.
Nesse sentido, o eu só existe a partir do diálogo com os outros
eus. Ele depende dos outros eus para definir-se e ser autor de si
mesmo:
Acontecem muitas coisas boas porque cada dia eu aprendo uma
coisa nova. Hoje é muito diferente daquela época, eu adoro ir pra
escola. Eu já fiz muitas amizades na escola. As minhas professoras
são maravilhosas, graças a Deus.[...]Eu não tive estudo, também
não tive infância porque a gente só tem infância quando a gente
tem escola, tem estudo. É na escola que a gente faz amizade, você
conhece muita gente e se você não vai pra escola, você não conhece
ninguém. Se você só fica em casa, não vai pra escola, não faz amiza
des. Fica sozinho, (entrevista com Francisca em 17 nov. 2004)
1 0 0 MARIA R. R. M. DE CAMARGO (ORG.) •VMAN C. C DOS SANTOS (COLAB.)
Do sujeito: capacidade interacional e a linguagem
O sistema da maior importância dentre todos os signos é a lin
guagem humana. A língua, do ponto de vista bakhtiniano, é um
fenômeno histórico e não pode, de forma alguma, ser estudada
fora do contexto social, sem suas vinculações sociais. Para Bakhtin
(1988), a língua tem sua vida e evolução histórica na comunicação
verbal concreta.
Só há compreensão da língua dentro da sua qualidade contex
tuai: No contexto real da sua enunciação é que acontece a concreti-
12. LEITURA E ESCRITA COMO ESPAÇOS AUTOBIOGRÁFICOS DE FORMAÇÃO 1 0 1
zação da palavra. O sentido da palavra é determinado pelo seu con
texto. Como existem infinitos contextos, existem também infinitos
significados de uma palavra.
A língua enquanto meio vivo e concreto onde vive a consciên
cia do artista da palavra, nunca é única. Ela é única somente como
sistema gramatical abstrato de formas normativas, abstraída das
percepções ideológicas concretas que a preenche e da contínua evo
lução histórica da linguagem viva. A vida social e a evolução histó
ricacriam, nos limitesde uma língua nacional abstratamente única,
uma pluralidade de mundos concretos, de perspectivas literárias
ideológicas e sociais, fechadas... (Bakhtin, 1993, p.96)
A dinâmica da língua acompanha a dinâmica da vida social. A
vida social determina, dentro das possibilidades da língua, a emer
gência de vários mundos e esses mundos são organizados na e pela
linguagem.
Para Bakhtin (1992), a linguagem é condição primeira para o
desenvolvimento da consciência, seja ela verbal ou não verbal e
constitui uma complexa e intrincada rede de relações sociais.
A linguagem, para Vygotsky (2001), tem a finalidade de promo
ver a relação do homem consigo mesmo e com o outro.
Bakhtin (1992) e Vygotsky (2001) concordam que o discurso
constitui a consciência a partir do diálogo e, portanto, da construção
conjunta das significações. Essa construção só é possível na inter-
locução com o outro, interlocução que pressupõe complexidade e
construção de novos conhecimentos. Encontro marcado pela lin
guagem na interação de sujeitos, objeto e conhecimento.
Considerações finais
O homem, como ser social, constrói significado para sua exis
tência a partir de suas experiências com o mundo, estabelecen
do assim, a relação do EU com o TU. Relação esta carregada de
13. 1 0 2 MARIA R. R. M DE CAMARGO (ORG ) •VIVIAN C C. DOS SANTOS (COLAB.)
complexidade e ideologias. O conhecimento, neste sentido, requer
processos de construção e reconstrução de saberes mediante a ação
do sujeito sobre o ambiente e pela relação intersubjetiva mediada
pela linguagem.
O resgate da relação sujeito - objeto - conhecimento implica
numa visão paradigmática da complexidade, resultando em proces
sos educativos pautados em princípios da solidariedade e coopera
ção humanas.
Não obstante, é necessário pensar em práticas pedagógicas que
considerem a diversidade de fenômenos da natureza e o ser humano
em suas multidimensionalidades, isto é, um ser dotado de múltiplas
inteligências e diferentes formas de aprender. Considerar, sobre
tudo, não apenas o conhecimento dito científico, mas também os
que não obtiveram o “certificado de validade”, conferido por ins
tituições científicas e que, nem por isso, deixam de existir e ou de
serem utilizados para a resolução de problemas cotidianos, tal como
são empregados pelas mulheres, sujeitos da pesquisa, para quem a
escola não é apenas um lugar destinado ao saber elaborado, mas re
presenta também um importante espaço de interação social, onde o
eu encontra-se com o tu, numa relação constitutiva do sujeito. Ape
sar de aquelas mulheres terem dito, no início do ano, não saberem
nada, no decorrer do período fui percebendo que elas conseguiam
resolver os problemas matemáticos propostos pelos colaboradores
do PEJA e pela pesquisadora e, além disso, escreviam e liam o tem
po todo. Apresentavam sim, algumas, várias, significativas dificul
dades, mas, dizer que não sabiam nada é ignorar a riqueza de trocas
que aconteceram ao longo do projeto
Além de acompanharem, a seu modo, a maior parte dos conteú
dos abordados em sala de aula, elas traziam sugestões para as aulas
subsequentes, o que demonstra certos conhecimentos de sua parte.
Acredito que, também eu, apesar do olhar lançado ao outro,
tenha me constituído sujeito, como aquelas mulheres, pois, na inte
ração com aquele grupo social, lancei minha palavra, voltei a minha
própria condição e pensei, pensei muito sobre minha construção,
também como sujeito da pesquisa e a do meu “ser” pesquisadora
naquele espaço.
14. LEITURA E ESCRITA COMO ESPAÇOS AUTOBIOGRÁFICOS DE FORMAÇÃO 103
Todas as reflexões propiciadas pela pesquisa permitiram-me
concluir que a escola deve pensar no conhecimento trazido pelos
sujeitos e levar o que lhe é próprio, o científico, não para se sobrepor
ao primeiro, mas, proporcionar o encontro de ambos na construção
de um novo saber. Para tanto, é necessário incorporar um paradig
ma científico que envolva, com subsídio de um sistema Linguístico,
o sujeito - objeto - conhecimento numa relação intersubjetiva na
produção de novos significados.
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15. T t v t a -1
A evolução dosparadigmas tia educação. dopetisametUo científico tradiciotial à complexidade
A EVOLUÇÃO DOS PARADIGMAS NA
EDUCAÇÃO: DO PENSAMENTO
CIENTIFICO TRADICIONALA
COMPLEXIDADE
The Evolution o fthe Paradigms in the
Education: Ofthe Traditional Scientific Thought
To the Complexity
Matilda Aparecida Behrens’
Anadir Luiza Thomé Oliari2
Resumo
Oartigo trata da investigação sobre os paradigmas da ciência que caracterizam
o conhecimento e, por consequência, a prática docente e profissional.
Apresenta a evolução do pensamento científico ao longo da história da
humanidade, em especial no que se refere aos paradigmas da ciência e de sua
influência na Educação. Contempla a reflexão sobre as mudanças
paradigmáticas na evolução da ciência do pensamento cartesiano ao
pensamento complexo. A partir desta evolução histórica, propõe a
caracterização dos pressupostas do paradigma tradicional e da complexidade
e suas implicações no contexto da educação.
Palavras-chave: Evolução do pensamento científico; Paradigma tradicional;
Paradigma da complexidade; Educação.
1 Mestre e doutora em Educação- PUCSP. Diretora e professora do Programa de Pós-graduação
em Educação da PUCPR. e-mail: marilda.aparecida@pucpr.br
2 Mestre em Educação - PUCPK. Psicóloga e psicoterapeuta de família, casal e individual.
Professora e supervisora no ISBl/Londrina. e-mail: wanadir@terra.com.br
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16. M arilda Aparecida Behrens, A nadir Luiza Thomé Oliari
Abstract
The article isabout the investigation or. the science paradigms that characterize
the knowledge and, consequently, the academic and professional practice. It
presents the evolution of the scientific thought along the history of humanity,
specially, in what refers to the science paradigms and its influence on
education. It contemplates the reflection about the paradigmatic changes on
the evolution of the science from the Cartesian thought to the complex
thought. Since this historical evolution it proposes the characterization of the
presupposed matters of the traditional paradigm and the complexity and its
implications on the context of education.
Keywords:Evolutionofthescientificthought; Traditional paradigm; Paradigm
of complexity; Education.
Introdução
A sociedade na qual se vive é fruto de um longo processo histórico
influenciado pelas mudanças paradigm áticas da ciência. Para m elhor
contextualizar o tema, optou-se por conceituar o que vem a ser paradigma, bem
como apresentar as diferentes abordagens paradigmáticas da ciência juntamente
com os pressupostos e os fatores que contribuíram para o seu surgimento.
A busca pelo significado de paradigma permite apontar a trajetória
do desenvolvimento das ciências e do pensamento científico. E, neste processo,
assinalar as mudanças paradigmáticas que ocorreram nas diferentes eras da
história da hum anidade. A presentam -se, tam bém , os p ressupostos
epistemológicos que caracterizaram o paradigma tradicional e da complexidade,
com algumas de suas implicações no contexto educacional.
A evolução do pensamento científico
A evolução histórica mostra que os paradigmas científicos vão se
modificando constantemente no universo. Segundo Assmann (1998), não há
paradigma permanente, pois eles são historicamente mutáveis, relativos e
naturalmente seletivos. A evolução da humanidade é continua e dinâmica,
assim modificam-se os valores, as crenças, os conceitos e as idéias acerca da
realidade. Essas mudanças paradigmáticas estão diretamente relacionadas ao
olhar e à vivência do observador. Os paradigmas são necessários, pois fornecem
um referencial que possibilita a organização da sociedade, em especial da
comunidade científica quando propõe continuamente novos modelos para
entender a realidade. For outro lado, pode limitar nossa visão de mundo,
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17. A evolução das paradigmas tia educação do pensamento científico tradicional à complexidade
quando os homens e mulheres resistem ao processo de mudança e insistem
em se manter no paradigma conservador. A aceitação ou resistência a um
paradigma reflete diretamente na abordagem teórica e prática da atuação dos
profissionais em todas às áreas de conhecimento.
A palavra paradigma tem sua origem do grego parádeima que significa
modelo ou padrão (VASCONCELLOS, 2002). O ser humano constrói seus
paradigmas e olha o mundo por meio deles, pois eles funcionam como os
"óculos” com que se efetua a leitura da realidade. Essa leitura paradigmática
possibilita o discernimento entre o "certo” e o “errado” ou do que é aceito ou
não pela comunidade científica e pela população em geral.
O termo paradigma aparece com distinção na década de setenta, por
meio da obra de Thomas Kuhn, intitulada A estruturas das revoluções científica,
na qual propõe: "Considero ‘paradigm as’ as realizações científicas
universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas
e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência”
(KUHN, 2001, p. 13). Em outro momento, refere-se ao conjunto de crenças e
valores subjacentes à prática científica. Segundo o autor, quando os fenômenos
não se encaixam dentro deste padrão ou modelo, ocorrem as anomalias,
gerando crise na ciência, condições para as revoluções científicas. Decorrentes
do sinal de maturidade científica surgem as novas descobertas que podem
gerar o surgimento de um novo paradigma (KUHN, 2001).
Essa mesma idéia foi reforçada por Cardoso (1995), quando afirma
que a crise paradigmática provoca mal-estar na comunidade científica, mas,
por outro lado, faz emergir para alguns cientistas a consciência do momento
oportuno para uma profunda renovação de suas concepções. A mudança de
paradigma é um processo difícil, lento e a adesão ao novo modelo não pode
ser forçada, pois implica na mudança e até na ruptura de idéias, conceitos e
antigos valores. Segundo Morin (2000, p. 25), o processo de mudança provoca
o colapso de toda uma estrutura de idéias, pois "O paradigma efetua a seleção
e a determinação da conceptualização e das operações lógicas. Designa as
categorias fundamentais da inteligibilidade e opera o controle de seu emprego”
c, acrescenta "Assim, os indivíduos conhecem, pensam e agem segundo
paradigmas inscritos culturalmente neles”.
Caminhada histórica dosparadigmas da ciência e seus reflexos no
conhecimento
As mudanças de paradigmas ocorrem de tempos em tempos e
acompanham a linha histórica da humanidade. Para melhor compreender estas
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18. Marüda Aparecida Behrens, Auadir íuxza Tbomé Oliari
mudanças, optou-se por apresentar as diferentes visões históricas do
conhecimento e sua influência na ciência e na educação.
Na Pré-história, todos os fenômenos da natureza eram atribuídos aos
deuses, logo, a verdade era sobrenatural, revelada por inspiração divina. O
acesso à verdade era desencadeado por meio de ritos ordenados por alguns
poucos iniciados. A população e eles mesmos acreditavam que tinham o poder
de contato com os deuses. Este período caracteriza-se pelos mitos, o que
acaba se refletindo na proposição do conhecimento. Segundo Vasconcellos
(2002), o mito ou “mythos”é uma forma de conhecimento inspirada pelos
deuses, sem preocupação de colocá-lo à prova. É nesta era que a humanidade
constrói seu primeiro paradigma da ciência, no qual acredita ser capaz de
explicar e organizar a natureza, a vida social e o mundo psíquico, tendo como
bases paradigmáticas à existência de dois mundos: o mundo real e outro
sobrenatural (CARDOSO, 1995).
Nos séculos VIII a VI a.C, na Grécia Antiga, aparece a Era da Teoria
do Conhecimento Clássico. Nesta concepção, a natureza tem uma ordem, uma
causa e um efeito e tudo se explica como parte da natureza, pois a verdade
está nela contida. Neste sentido, a busca de verdade se dá pela razão. A
descoberta da razão, do logos, decorre do reconhecimento pelos gregos de
que a razão, a alma racional, pode ser usada como instrumento de conhecimento
do mundo, das coisas, da natureza (CAPRA, 1996; MORIN, 1997; 2002;
VASCONCELLOS, 2002).
Neste período, o conhecim ento científico caracteriza-se pela
abordagem racional, discursiva e demonstrativa. O objeto é focalizado a partir
da visão de racionalidade. Institui-se com isso uma forma de conhecer o mundo,
uma forma aceita como correta e aceitável e que só pode ser valida se puder
ser comprovada. As conseqüências da adoção desta racionalidade focalizam-
se no sacrifício do sujeito, na exclusão do subjetivo, na submissão à razão, no
expurgo do sensível e na negação do mundo sensível e das percepções. Neste
sentido, busca entender a natureza apenas em sua essência, sem olhar as
circunstâncias e o contexto.
Na Idade Média, do Século I ao século XIII, surge a Teoria do
Conhecimento, na qual a verdade está posta: há um criador que é Deus, o
Sumo Bem. O homem é entendido como criatura de Deus. Ele se define na
relação com o absoluto. A verdade se acessa pela fé, em especial, na crença a
partir das Escrituras Sagradas. A verdade da razão era a verdade da fé. A igreja
tinha o monopólio da cultura. Nesse sentido, cabe a contribuição de Lara
(1991, p. 25), que acrescenta: ‘Reconheciam os medievais que a razão humana
pode descobrir muita coisa, pois pode pesquisar, raciocinar, inventar. Mas
existem verdades supremas que a razão não chega a conhecer, pensavam eles.
Essas Deus revelou. Estão na Bíblia”, e acrescenta: “A Igreja conhece essas
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19. A evolução dosparadigmas tia educação do pensametilo científico tradicional à complexidade
verdades, as prega, as conserva [...] pois a cultura da Idade Média era teocêntica,
isto é, tinha Deus no centro, como valor supremo”.
Logo, o conhecimento é visto como graça e iluminação divina. A
racionalidade do pensam ento é aceita, mas acima dele está a fé.
Consequentemente, a igreja domina e tem o monopólio da cultura. Neste
período, ocorreram poucas inovações científicas, pois os cientistas sofriam
muita repressão por parte da igreja. A religião era o valor fundamental onde
Deus cristão é o centro, nascendo o Teocentismo (LARA, 1991; MORAES, 1997).
Do século Xin ao XV, surge o Renascimento, período que se caracteriza
pela recusa em aceitar a focalização no mito (Pré-história), na razão (Grécia
Antiga) e na fé (Idade Média) como fontes de conhecimento. O homem precisava
ser liberto e “pegar nas suas próprias mãos” o processo do conhecimento. A
visão Teocêntrica tende a ser superada pela visão Antropocêntrica. Assim, a
nova cultura focaliza-se no homem, que se acredita o senhor do cosmo e da
natureza. No período do antropocentrismo, o homem é visto como criador, ante
a natureza, e celebra sua liberdade com uma visão de individualidade.
Neste período, surgem Copémico e Galileu, dois grandes cientistas
que passam a ser muito relevantes na evolução da ciência. Segundo Capra
(1982), com Nicolau Copémico (1473-1543), começou a revolução científica,
™ que a ciência enfrenta a Igreja e um dogma de mais de mil anos. Sua maior
contribuição assenta-se na premissa de que o homem e a Terra não eram o
centro do Universo e que a Terra era quem girava em volta do Sol. Esta
descoberta retira o homem de sua posição orgulhosa de centro absoluto da
criação de Deus.
A contribuição de Galileu (1564-1642) confirma a teoria de Copémico
e apresenta dois aspectos que insistem em perdurar até este século, ou seja, a
abordagem empírica da ciência e o uso de uma descrição matemática da
natureza. Para tanto, a ciência deveria se restringir aos estudos de propriedades
que poderiam ser medidas e quantificadas. Os aspectos como o som, a cor, o
sabor, o cheiro deveriam ser considerados como mera projeção mental ou
qualidades secundárias e estariam, portanto, fora da esfera científica. A intenção
de controlar a natureza é retomada mais tarde por Isaac Newton (CAPRA,
1982; MORAES, 1997).
Com a Idade Moderna, em especial com a proposta de Descartes,
nasce o período em que o conhecimento passa a ser aceito a partir da certeza
absoluta e inquestionável. Assim, na Idade Moderna, o fundamento último do
conhecimento é garantido pela certeza e pela objetividade. Na visão de
Vasconcellos (2002), ocorre uma revolução na história do pensamento científico,
pois se cria um novo padrão de racionalidade centrado na matemática, na
qual a natureza é objetivada e reduzida a partes mensuráreis e observáveis. As
leis que governam este período são as da linguagem dos números e da medição.
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20. Matilda Aparecida Behrens, Anadir Luiza Thomé Oliari
No século XVII, Bacon argumenta que a fonte do conhecimento está
nos fatos, estes eonvalidam ?. razão e devem ser cuidadosamente observados
e minuciosamente descritos. O bem-estar do homem depende do controle
obtido por ele sobre a natureza e para conhecê-la precisa entrar em contato
com ela no acontecer dos fatos por meio de um método - o método indutivo
(ANDERY et al., 1999).
No mesmo sentido, Descartes, considerado ‘'Pai do Racionalismo
Moderno”, “afirma que nem a fé, nem a tradição, nem mesmo o conhecimento
sensível, aquele que os sentimentos nos fornecem, são dignos de crédito
absoluto. Resta, por isso, só a razão”(LARA, 1991, p. 36). O paradigma cartesiano
prega a crença na legitimidade dos fatos que são perfeitamente conhecidos e
sobre os quais não se têm dúvidas, devendo-se para isso dividir e estudar a
menor parte, partindo destas para o entendimento do todo. Propõe com isso
o método analítico por meio da indução e dedução embasado na lógica e na
matemática.
O ponto central do pensamento tradicional cartesiano é a concepção
de que os fenômenos podem ser analisados e compreendidos se forem
reduzidos às partes que os constituem. Ao conhecer uma parte de um sistema,
o pesquisador chegará ao conhecimento de seu funcionamento. Assim, separa-
se o corpo da mente, privilegiando sempre a mente como sendo superior aos
aspectos do corpo. O universo material e os seres vivos são reduzidos a visão
de uma máquina com funcionamento e engrenagens perfeitas, sendo governado
por leis matemáticas exatas (CAPRA, 1996).
Neste contexto, o período new toniano-cartesiano tem com o
pressuposto básico a fragmentação e a visão dualista do universo. Com este
paradigma, aparecem as múltiplas fragmentações: a visão de mundo material
e o espiritual; do corpo e da mente; da filosofia e da ciência; do objetivo e
subjetivo; da ciência e da fé, entre outras. Na Ciência Moderna, a concepção
linear e mecanidsta do universo, propostas por René Descartes e Isaac Newton,
passa a se edificar na lógica racionalista que nega o sagrado e a subjetividade
(VASCONCELLOS, 2002).
Nesse modelo de ciência, o homem é o senhor do mundo, pois se dá
o direito de transformar, explorar, servir-se e escravizar a natureza (CAPRA,
1996). Esta idéia é reforçada e complementada por Moraes (1997), quando
argumenta que a descrição reducionista representou certo perigo a partir do
momento em que o método analítico foi interpretado como a explicação mais
completa e a única abordagem válida do conhecimento, especialmente ao
valorizar os aspectos externos das experiências e ignorar as vivências internas
do indivíduo.
Na segunda fase da Modernidade, final do século XVIII até o início
do século XIX, por meio de testes quantificadores matemáticos, busca-se a
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21. A evolução dos paradigmas tia educação dopensamento científico tradicional à complexidade
compreensão da pessoa e de sua personalidade e inteligência. Neste período,
a Psicologia ioma-se ciência, separando-se da Filosofia, e assim emergem várias
teorias psicológicas, dentre elas, destaca-se a Teoria Comportamental. Todas
com a tentativa de explicação do comportamento humano no enquadro da
simplificação de “causa e efeito”.
A Sociologia, a partir da proposta de Augusto Comte, tenta explicar o
comportamento social por meio da corrente positivista do universo, na qual o
conhecimento está fundamentado no objeto e não no sujeito. As afirmações
aceitas pela lógica positivista devem ser objetivas, impessoais e neutras. Os
resultados da pesquisa restringem-se aos dados fornecidos pela experiência e
pelas observações confiáveis e fidedignas. A racionalidade no meio científico
positivo envolve afirmações que devem ser impessoais, pois desmerecem
qualquer posicionamento pessoal e de juízos de valor.
À luz da proposta de Vasconcellos (2002), o paradigma tradicional,
conservador e reducionista focaliza as crenças que podem ser subdividas em
três âmbitos: da simplicidade, da estabilidade e da objetividade. A crença na
simplicidade propõe a separação da menor parte para ser analisada e classificada
a fim de se entender o todo complexo e buscar a relação causa e efeito. Têm-
se, assim, relações causais e lineares. A crença na estabilidade propõe que o
mundo é invariável, determinado e reversível. Assim, se pode conhecer, prever
e controlar os fenômenos. Busca-se explicação por meio de experimentação
e/ou verificação empírica com resultados quantificáveis.
A crença na objetividade busca atingir a versão única do conhecimento
(uni-verso) e propõe o conhecimento objetivo do fenômeno tal com ele se
apresenta na realidade. Restringe a produção do conhecimento a partir da
comprovação, gerando conceitos aceitos como verdadeiros e absolutos. Para
tanto, o cientista deve observar os fenômenos de maneira isenta, com uma
visão abrangente e objetiva, não se envolvendo com sua subjetividade ou com
suas próprias opiniões.
A influência do paradigma tradicionalna educação
O paradigm a tradicional ou new toniano-cartesiano levou a
fragmentação do conhecimento e a supervalorização da visão racional. Nesse
sentido, propôs a primazia da razão sobre a emoção, especialmente, para
atender a coerência lógica nas teorias e a eliminação da imprecisão, da
ambiguidade e da contradição dos discursos científicos.
A fragmentação atingiu as Ciências e, por conseqüência, a Educação,
dividindo o conhecimento em áreas, cursos e disciplinas. As instituições, em
especial as educacionais, passaram a ser organizadas em departamentos
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22. Matilda Aparecida Behrens., Anadir Luiza Thomé Otiari
estanques, no qual emergem os especialistas, considerados pela sociedade
como os detentores do saber. Neste processo reducionista, criam-se as
especialidades em uma única área do conhecimento.
A visão tradicional newtoniana-cartesiana da ciência atingiu a
educação, a escola e a prática pedagógica do professor. Assim, segundo Behrens
(2005), o aluno passou a ser mero espectador, exigindo dele a cópia, a
memorização e a reprodução dos conteúdos. No paradigma conservador, a
experiência do aluno não conta e dificilmente são proporcionadas atividades
que envolvam a criação. A prática pedagógica tradicional leva o aluno a
caracterizar-se como um ser subserviente, obediente e destituído de qualquer
forma de expressão. O aluno é reduzido ao espaço de sua carteira, silenciando
sua fala, impedido de expressar suas idéias. A ação docente concentra-se em
criar mecanismos que levem a reproduzir o conhecimento historicamente
acumulado e repassado como verdade absoluta.
Nos cunículos lineares e reducionistas, divididos em diversas matérias,
o professor assume a função de transmitir o conhecimento e considera-se
como “dono do saber”. O ensino focaliza mais o resultado ou o produto e
com esta visão o aluno é recompensado por seguir com fidedignidade o
modelo. O aluno acaba sendo premiado por seguir as regras impostas pelo
professor e pela “boa conduta”. Ao mesmo tempo, ao desobedecer às regras,
é reprimido e punido pelos “erros” e, em alguns casos, com esta visão austera,
o docente chega a torturar o aluno de maneira física ou psicológica.
O paradigma tradicional traz consigo vantagens e desvantagens. De
acordo com Moraes (1997), Capra (1996), Behrens (2003; 2006), a visão
tradicional ou cartesiana do mundo, apesar de ser questionada, possibilitou o
desenvolvimento científico-tecnológico atual e possibilitou grandes saltos
evolutivos na história das civilizações. Neste contexto, permitiu a democratização
dos conhecimentos, seja pelas técnicas extremamente eficazes para a construção
de novos conhecimentos ou pela presença de um espírito científico de
investigação aberta. O pensamento dotado de clareza, de organização e de
objetividade propiciou a validação científica e pública do conhecimento.
Por outro lado, constata-se um período de perda do processo de
humanização, pois os alunos e os professores passaram a ser vistos como
máquinas ou como partes de uma engrenagem. Nesta caminhada histórica,
reducionista e linear, perdeu-se em termos de sensibilidade, estética, sentimentos
e valores, especialmente, em função da supervalorização dada pela mensuração,
quantificação e comprovação dos fenômenos. Gerou-se uma concepção de
vida em sociedade pautada na competitividade, no isolamento, no individualismo
e no materialismo desenfreado. A crença no progresso material a ser alcançado
pelo crescimento econômico e tecnológico como fim em si mesmo não considerou
as conseqüêndas para a sociedade, a natureza e o próprio ser humano.
60 Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 53-66, set./dez. 2007
23. A evolução dos paradigmas na educação dopensamento científico tradicional à complexidade
Também ruíram os alicerces religiosos que davam sustentação aos
valores, repercutindo num modelo de vida e de ciência materialista,
determinista, destruidora, cheia de certezas, que ignora o diálogo e as interações
que existem entre os indivíduos, entre ciência e sociedade, técnica e política.”
(MORAES, 1997, p. 43). Conseqüentemente, a humanidade submergiu a um
processo de fragmentação, de atomização e desvinculação, alienando-se da
natureza, do trabalho e de si mesmo, ficando a cultura dividida, os valores
mais individualizados e os estilos de vida mais patológicos.
Pelas limitações desse m odelo científico, na Terceira Fase da
Modernidade, que compreende o século XIX e grande parte do século XX -
começam surgir os desconfortos e os conflitos na utilização dos padrões de
cientificidade e de produção de conhecim ento. Aparecem cientistas e
pensadores que explicam de modo mais satisfatório os fenômenos e as situações
da realidade, exigindo para tal um novo modelo de cientificidade.
Oparadigma da complexidade
O paradigma tradicional começa a ser questionado no início do século
XX e acelera a ruptura com ênfase nas anas últimas décadas. De modo particular,
quando a visão de considerar científico o que se enquadrasse dentro do modelo
linear de causa-efeito proposto pela Física mostrou-se insuficiente para lidar
com as contradições insuperáveis, a desordem e a incerteza por ela mesma
detectadas. Essa ruptura entre o mundo moderno e o contemporâneo caracteriza
o final de uma história e o começo de outra (MORAES, 1997).
O surgimento do paradigma emergente ou da complexidade tem como
foco a visão do ser complexo e integral. A proposta da nova visão depende
do avanço do paradigma da ciência que impulsiona a revisão do processo
fragmentado do conhecimento na busca de reintegração do todo. Aliado a
esse desafio, o ensino, segundo Zabala (2002, p.24), precisa ser revisto, pois:
Assimcomo o processo de progressiva parcializaçâo dos conteúdos escolares
em áreas de conhecimento ou disciplinas conduziu o ensino a uma situação
que obriga a sua revisão radical, a evolução de um saber unitário para uma
diversificação em múltiplos campos científicos notavelmente desconectados
uns dos outros levou a necessidade de busca de modelas que compensem
essa dispersão do saber.
O mundo repleto de incertezas, contradições, paradoxos, conflitos e
desafios leva ao reconhecimento da necessidade de uma visão complexa. Esta
vLsão significa renunciar ao posicionamento estanque e redudonista de conviver
no universo. Significa aceitar o questionamento intermitente dos problemas e
Diálogo Educ., Curitiba, v. 7, n. 22, p. 53-66.sct./dcz. 2007 61
24. Marilda Aparecida Bebrens,, Anadir Luiza Tbomé Oliari
das suas passíveis soluções. Assim, “Na realidade, busca aceitar uma mudança
periódica de paradigma, uma transformação na maneira de pensar, dc se
relacionar e de agir para investigar e integrar novas perspectivas” (BEHRENS,
2006, p. 21).
Este processo de evolução paradigmática inclui as contribuições de
várias ciências que podem colaborar para a reconstrução do conhecimento e
para a superação da visão fragmentada e reducionista do universo. Segundo
Capra (1996), destaca-se a Biologia como pioneira, acompanhada pela influência
da Psicologia Gestalt e da Ciência da Ecologia, mas, especialmente, e com
grande efeito, da Física Quântica. A psicologia Gestalt contribuiu com o
reconhecimento da totalidade, ou seja, na premissa que o todo é mais que a
soma das partes. Portanto, um sistema não pode ser visto e compreendido
apenas ao se analisar uma de suas partes.
Com a Ecologia, surge uma nova concepção, que propõe a total
integração entre os componentes animais e vegetais da terra. Com este desafio,
o movimento pela ecologia prega que “Na natureza, não há ‘acima’ou ‘abaixo’,
e não há hierarquias. Há redes aninhadas dentro de outras redes” (CAPRA,
1996, p. 45). O mundo é visto como uma rede de relações, envolvendo
conexões, interconexôes, movimento, fluxo de energia, inter-relações em
constante processo de mudança e transformação. Portanto, o pensamento
complexo, dinâmico e processual acompanha a noção de rede que tem sido a
chave para os recentes avanços científicos.
Na área da Biologia, de acordo com Capra (1982), a grande investida
contra o paradigma tradicional foi a proposta de Einstein, em 1905, com a
Teoria da Relatividade. Nessa teoria, o universo passou a ser visto com um
todo indiviso e ininterrupto e o mundo concebido em termos de movimento,
fluxo de energias e processos de mudança (MORAES 1997). Essa teoria ajuda
a derrubar a visão fragmentada do universo e defende a totalidade. Em vista
disso, as partes já não podem mais ser entendidas como entidades isoladas,
mas como elemento de interação e interconexão com outros elementos
determinados pela dinâmica do todo (CAPRA, 1996).
A teoria da relatividade favorece o pensamento complexo que é uma
nova forma de ver a realidade. Segundo Capra (1996), este pensamento passa
a ser organizado enquanto uma teoria verdadeiramente científica. Na obra
Pensamento eco-sistêmico, Moraes (2004, p. 20) esclarece:
Complexidade esta compreendida como princípio articuladordo pensamento,
como um pensamento integrador que une diferentes modos de pensar, que
permite a tessitura comum entre sujeito e objeto, ordem e desordem,
estabilidade e movimento, professor e aluno e todos os tecidas que regem os
acontecimentos, as ações e interações que tecem a realidade da vida.
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25. A evolução dos paradigmas tia educação: do pensamento científico tradicional à complexidade
A complexidade é denominada por Vasconcellos (2002) de Pensamento
Sistêmico novo-paradigmático. Este pensamento pode ser refletido em pelo
menos três pressupostos epistemológicos: o da complexidade, da instabilidade
e da intersubjetividade.
O pressuposto da complexidade busca a contextualização dos
fenômenos e reconhece as causas recursivas, em especial, apresentadas pela
impossibilidade de explicação dos fenômenos pelo pressuposto da simplificação.
Na contextualização, amplia-se o foco dos elementos para as relações que
ocorrem entre eles, sendo que nenhum dos dois desaparece, pois ambos são
importantes. Percebem-se redes de interconexões, nas quais o pesquisador
distingue o objeto de seu contexto, sem perder de vista sua inserção, sem
isolá-lo. Passa-se do pensamento disjuntivo para o integrador, com visão de
totalidade e de interconexão.
O pressuposto da instabilidade refere-se ao fato do reconhecimento
dos cientistas de que não é mais possível a crença num mundo estável e
acabado, pois toma-se necessário acreditar num mundo como um processo
contínuo e inacabado, que merece a intervenção consciente e responsável do
homem para sua transformação.
Por fim, o pressuposto da intersubjetividade reconhece a
impossibilidade de um conhecimento objetivo do mundo, especialmente em
função das múltiplas versões da realidade e dos diferentes domínios do
conhecimento. Neste contexto, destaca-se o domínio lingüístico, pois a
linguagem tem papel essencial na comunicação e na descrição da realidade e
seu contexto. A realidade não existe independentemente do observador, isto
é, objeto e sujeito só existem relacionalmente e um contém o outro. Vale
ressaltar que nenhum ponto de vista isolado permite abarcar a realidade ou
objeto como um todo.
Os três pressupostos epistemológicos, ou seja, a complexidade,
a instabilidade e a intersubjetividade - propostos por Vasconcellos (2002)
- precisam atender a visão de complexidade. Para tanto, estes pressupostos
devem estar interconectados, m antendo uma relação recursiva e integrada
em que não se pode fazer uso de um sem o outro, pois a relação
congruente e dinâmica das partes no processo determina a estruturação
do todo.
O paradigma da com plexidade propõe uma visão de hom em
indiviso, que participa da construção do conhecim ento não só pelo uso
da razão, mas também aliando as emoções, os sentimentos e as intuições.
Nesse sentido, torna-se urgente que as estruturas do funcionam ento
educacional incluam o uso dos conceitos de inter, pluri e transdisciplinar.
Para Alarcão (2001, p. 54):
Diálogo Educ., Curitiba,v. 7, n. 22, p. 53 66,set./dez. 2007 63
26. Marüda Aparecida Behretis, Anadir Luiza Thomé Oliari
Novamente, é a volta a esse círculo que se dobra e desdobra indefinidamente
em espiral entre cada ponto de partida e de chegada, possibilitando, assim,
novos ângulos de visão, de representação e, eventualmente, a partir de
diferentes níveis de realidade e a aconselhar abordagens mais inter, pluri, e
transdisciplinares, tanto ao nível da análise quanto da sua compreensão
científica e filosófica. É justamente na razão dessa diferença que uma nova
racionalidade possibilita que a mudança aconteça e lance-nos para o futuro
em um movimento crescente e aceleração imparável.
Esta realidade é complexa e depende da reforma do pensamento,
pois, como afirma Morin (2002), para compreender o novo paradigma, toma-
se necessário um pensar mais abrangente, multidimensional, contextualizado
e muIndisciplinar.
No entendimento de Zabala (2002, p. 32):
Ainterdisciplinaridade implica o encontro e a cooperação entre duas ou mais
disciplinas, cada uma das quais [...] traz seus próprios esquemas conceituais,
a maneira de definir os problemas e seus métodos de investigação”, mas,
acrescenta que a transdisciplinaridade implica que o “contato e a cooperação
que ocorre entre diversas disciplinas sejam tão grande que estas acabaram por
adotar um mesmo conjunto de conceitos fundamentais ou alguns elementos
de um mesmo método de investigação, falando de maneira geral, o mesmo
paradigma.
No mesmo sentido, Yus (2002) afirma que a educação que vem
apresentando o contexto de fragmentação necessita que o educador tome
consciência dela e busque restabelecer conexões em todas as esferas da vida
e em todos os tipos de relações. Entretanto, cabe ao aluno analisar e tomar
consciência dessas relações e de suas habilidades para transformá-las, caso
seja necessário. O desafio para atingir a transdisciplinaridade exige um grau
máximo de relações entre as disciplinas e uma visão de integração global.
Na Educação, o resgate pleno do ser hum ano, numa visão
paradigmática da complexidade, implica na expressão de novas formas de
solidariedade e cooperação nas relações humanas. Para tanto, precisa
contem plar uma proposta pedagógica que reconheça a diversidade de
fenôm enos da natureza e o ser hum ano com o um indivíduo com
multidimensionalidades, ou seja, dotado de múltiplas inteligências e com
diferentes estilos de aprendizagens. Nesse sentido, a formação docente precisa
reconhecer o processo de aprendizagem complexa, envolvendo no ensino os
aspectos físicos, biológicos, mentais, psicológicos, estéticos, culturais, sociais
e espirituais, entre outros.
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27. A evolução dosparadigmas na educação: dopensamento científico tradicional à complexidade
A contribuição de Moraes (1997) toma-se relevante quando afirma
que os fenómenos educacionais devem ser percebidos como processos, na
complexidade das suas inter-relações, sendo ao mesmo tempo determinantes
e determinados, em movimento e em permanente estado de mudança e
transformação. Do mesmo modo, o conhecimento requer processos de
construção e reconstrução mediante a ação do sujeito sobre o ambiente e
pelas trocas energéticas nos processos de assimilação, acomodação e auto-
organização, isto é, por meio das relações interativa e dialógica entre aluno,
professor e ambiente. Assim, aluno e professor são participativos, ativos,
criativos, dotados de inteligências múltiplas, tendo como ênfase a visão global
da pessoa.
Neste contexto, pode-se considerar que o novo paradigma começa a
encontrar espaços para dar respostas mais relevantes para os problemas da
humanidade. Na natureza, tudo é cíclico, assim, cabe refletir que o movimento
natural de entropia no universo pode gerar a crise e o caos, mas permite rever,
rediscutir e construir novas possibilidades. A nova reorganização precisa restituir
ao homem e, por extensão, a natureza, o que foi perdido com a proposição do
pensar tradicional, do capitalismo exacerbado e mais recentemente, da
globalização desenfreada e descomedida. A reunificação da humanidade com
si mesmo e com a natureza depende de uma visão unificadora, em especial,
na proposição de processos que incluam a sustentabilidade do planeta. Neste
contexto, a Educação precisa recuperar o equilíbrio entre a intuição e a razão,
propondo um ensino e aprendizagem que leve à produção de conhecimento
autônomo, crítico e reflexivo e a construção de uma sociedade mais justa,
igualitária, fraterna e solidária.
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Recebido: 09 de abril de 2007
Aceito: 03 de agosto de 2007
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