O documento descreve as atividades diárias dos monges nos mosteiros, incluindo o trabalho manual, a leitura e a oração. Os monges dedicavam-se a estas atividades para evitar a ociosidade. Além disso, o documento refere que os monges viam a vida monástica como um privilégio, pois oferecia proteção e segurança.
1. Cotação da
Cotação da
questão
questão
5
ANO LETIVO 2.2 Justifica a importância económica e cultural das abadias e mosteiros.
DEPARTAMENTO CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS A importância económica das abadias, ao modificarem o seu espaço circundante,
2012 /2013 fazendo o arroteamento de matas, a secagem de pântanos, ao aplicarem e
experimentarem novas técnicas agrícolas e ao incentivarem a criação de ofícios
TESTE DE HISTÓRIA DA CULTURA E DAS ARTES artesanais, foi essencial para a conformação de uma Europa que viria a emergir com o
2TAAR1114
MÓDULO III – A CULTURA DO MOSTEIRO Renascimento.
Quanto à sua importância cultural, esta centra-se essencialmente no seu papel de
ALUNO ____________________________________ N.º _____ preservadoras das obras da Antiguidade, através do trabalho dos monges copistas que,
ainda que corrompessem alguns dos textos, enriqueciam outros com comentários, além
de desenvolverem a arte das iluminuras. Será das bibliotecas das abadias que sairão os
FEVEREIRO DE 2013 PROFESSORA: TERESA GONÇALVES textos fundadores do novo humanismo renascentista.
2.3 Diz por que razões, apesar de toda a dureza da vida monacal, os monges optavam
1. No meio da desorganização administrativa, económica e social produzida pelas
por esta forma de vida.
invasões germânicas e pelo esfacelamento do Império Romano, praticamente apenas a
Apesar de todo o rigor e dureza da vida monástica, os monges consideravam-se
Igreja, com sede em Roma, conseguiu manter-se como instituição.
privilegiados, pois tinham abrigo e proteção no mosteiro, assim como alimento, segurança
na velhice e a esperança na Redenção – já que dedicavam a sua existência ao serviço de
1.1 Refere o papel da Igreja após a queda do Império Romano do Ocidente.
Deus.
Face à desorganização administrativa, económica e social e à fragmentação do Império
Romano produzida pelas invasões germânicas, praticamente apenas a Igreja conseguiu
3. Observa a Figura 1 e lê o Texto B.
manter-se como instituição, ajudando e protegendo as populações. Consolidando sua
estrutura religiosa, foi difundindo o Cristianismo entre os povos “bárbaros”, enquanto
preservava muitos elementos da cultura greco-romana, criando normas de comportamento Figura 1 – Reconstituição da planta original da Catedral
de Santiago de Compostela, 1075-1188,
social, religioso e moral através de uma intensa atividade pedagógica.
in upload.wikimedia.org (consultado em 11 de 2010)
1.2 Localiza no tempo a Idade Média.
A Idade Média teve início com a queda do Império Romano de Ocidente, em 476 (com a
invasão dos Hérulos), e terminou com o fim do Império Romano do Oriente, em 1453 e com o
advento dos Descobrimentos Portugueses e do Renascimento.
2. Texto A - A ociosidade é inimiga da alma. Por isso, os irmãos devem ocupar-
se, em certas horas, com o trabalho manual e, noutras, com a leitura das coisas divinas. Os
Texto B
irmãos devem sair pela manhã para trabalharem no que for necessário, desde a hora prima
«A planta das igrejas de peregrinação parece desenhada pelas multidões que as
até à quarta hora. Da quarta até à sexta hora entregar-se-ão à leitura. Depois da sexta hora,
percorrem, pela ordem da sua marcha e das suas estações, pelos seus pontos de paragem
após se terem levantado da mesa, descansarão nas suas camas em completo silêncio.
e seu escoamento. Por vezes, um vasto nártex, lembrança da antiga igreja dos
Depois de rezarem, à nona voltarão ao trabalho que tiver de ser feito, até às
catecúmenos, precede a igreja e serve-lhe de vestíbulo, igreja ele próprio, com a sua nave
Vésperas. Se a necessidade exigir que os irmãos façam eles próprios o trabalho da ceifa,
principal, as suas naves secundárias e o seu andar.
não deverão afligir-se com isso, porque é assim que serão verdadeiros monges, vivendo do
A igreja propriamente dita é de três e por vezes cinco naves. Alberga assim a multidão
trabalho das suas mãos.
Regra de S. Bento que se acumula e impõe-lhe uma ordem, abrindo nessa matéria movediça sulcos paralelos. Um
transepto simples ou duplo, para o qual se abrem capelas orientadas, desenha na planta duas
2.1 Refere, de acordo como texto A, as atividades a que se dedicavam os monges. ou quatro saliências, e os braços monumentais têm as proporções de uma igreja transversal
O texto refere que os monges se dedicavam ao trabalho manual, como por exemplo, à que se insere na igreja principal. Mas não interrompem o percurso do peregrino. Oferecendo à
ceifa ou a qualquer outro tipo de trabalho das suas mãos, assim como à leitura e à oração. multidão acesso e saídas secundárias, pertencem também a essa topografia arquitetónica da
peregrinação que permite um percurso contínuo no interior do edifício, desde a fachada
ocidental até às capelas da abside e das capelas da abside à fachada ocidental.»
Henri Focillon, Arte do Ocidente, Lisboa, Editorial Estampa, 1993
Didáxis – Cooperativa de Ensino, RA Teste de HCA – Módulo III
2. Cotação da
Cotação da
questão
questão
3.1 Refere quatro das características da planta da catedral românica de 5. Lê os textos C e D e observa a figura 3.
peregrinação, recorrendo à observação da Figura 1 e à leitura do Texto B. Texto C - “Quando Gregório I, O Grande, Papa de 590 a 604, constatando a dificuldade de
Na arquitetura românica pretendia-se que a igreja constituísse a representação de toda a fazer chegar a palavra de Deus a uma população sobretudo analfabeta, proclamou que a
criação divina sobre a Terra: a planta de cruz latina (alusão simbólica à imagem de Cristo na imagem é a escrita dos iletrados, fez dessa imagem, da figuração sacra, um texto para ser
Cruz), a cobertura em abóbadas de canhão e as naves laterais em arcadas de meio ponto, lido e entendido por toda a vasta cristandade, desde a regência ao povo - um processo de
constituem os elementos principais, com a cabeceira (lugar do altar) e o portal (espaço para evangelização que tinha como suporte os muros sagrados dos edifícios de Deus. (…)
esculturas e baixos-relevos) de um templo românico. Esta abertura fez comungar todo o povo medieval nos ensinamentos sagrados e
3.2 Faz a legenda dos pontos assinalados na figura 1. nos mais simbólicos quadros dos textos litúrgicos, contribuiu para a explosão do
riquíssimo léxico figurativo sagrado que se constata no gosto pela diversidade do homem
A. Torre sineira E. Transepto medieval, tão patente no livro figural das paredes das Igrejas e dos Mosteiros.
B. Nave central F. Absidíolos Hugo Lopes, Os mosteiros medievais como edifícios de saber
C. Nave lateral G. Abside
D. Cruzeiro
Texto D - «A pintura estava, na verdade, a caminho de se tornar uma
forma de escrita através de imagens.»
4. Em finais do século XI, já existiam, no nosso país, mosteiros beneditinos de arquitetura E.H. Gombrich, A História da Arte, Londres, Phaidon, 2005
românica.
Figura 3 – O Trono de Deus,
iluminura do séc XI
5.1 Tendo em conta o texto C, refere a subordinação da pintura e da escultura românica
em relação à arquitetura.
A escultura e a pintura românicas aparecem subordinadas à arquitetura. Isto significa
que o escultor é obrigado a adaptar-se aos elementos arquitetónicos – tímpanos,
capitéis, etc. – e a uma lógica geométrica própria, que impõe uma distorção das formas
próprias dos animais, plantas e pessoas esculpidas.
A pintura decora paredes, frontais de altar e retábulos, abóbadas e tetos. Divide-se
em frisos horizontais, como se fosse uma banda desenhada e tem também fins
didáticos e catequéticos
5.2 Explica a frase sublinhada.
Figura 2 Gregório Magno – o papa Gregório I, o Grande – ao afirmar que “ a imagem é a escrita
dos iletrados” pretendia que a decoração dos templos fosse como que a ilustração do
evangelho, uma vez que a esmagadora maioria da população era analfabeta. Tanto as
paredes do templo, como os seus elementos essenciais (a cabeceira e o portal) servem
4.1 Identifica o templo representado na Figura 2. de suporte a toda uma iconografia cujo objetivo é ensinar aos fiéis a Verdade da palavra
A figura 2 representa a Igreja de S. Pedro de Rates, no concelho da Póvoa de Varzim- de Deus.
4.2 Carateriza a fachada deste edifício. 5.3 Baseando-te no texto D, diz o que sabes sobre a pintura medieval.
A fachada da Igreja de S. Pedro de Rates é assimétrica e apresenta um pórtico bem A pintura medieval está sempre subordinada à arquitetura. A sua finalidade é didática
dimensionado, franqueado por dois robustos contrafortes e estruturado em cinco além de decorativa. A cor é intensa, pura e as figuras são contornadas com uma linha negra
arquivoltas assentes em colunelos profusamente decorados. Os temas são os mesmos da escultura: Cristo em majestade (Pantocrator), os Tetramorfos,
a Virgem com o Menino, temas do Antigo e Novo Testamento, dos Evangelhos apócrifos e
o “Agnus Dei”. É uma pintura anti naturalista e simbólica, em que as figuras são solenes,
hieráticas, distantes e severas. São figuras planas, pois não têm volume, nem perspetiva,
nem profundidade. Os fundos são neutros ou em faixas policromas para dar a impressão de
intemporalidade. É uma arte feita com a mente, não com os sentidos. Não procura a beleza,
mas o expressionismo.
Didáxis – Cooperativa de Ensino, RA Teste de HCA – Módulo III
3. Cotação da
Cotação da
questão
questão
6. Numa época em que a voz do sacerdote não possuía qualquer 7.1 Explica, com base na leitura do texto E e na observação da figura 4, de que forma os
auxiliar, o canto desempenhou funções ministeriais: exprimia a oração de princípios doutrinários de Bernardo de Claraval se materializaram na arquitetura.
forma mais suave, favorecia o caráter comunitário da mesma e conferia
amplitude e solenidade à palavra das escrituras e aos ritos. Derivado dos Para Bernardo de Claraval, a excessiva decoração dos conventos, mosteiros e igrejas,
cantos da sinagoga judaica, e provavelmente também influenciado pelas “com monstros” e “criaturas disformes” leva os fiéis mais a “ a ler no mármore do que nos
músicas grega e romana, o canto gregoriano é uma música monódica, de nossos livros e a passar todo o dia admirando estas coisas, em vez de meditar na lei
ritmo livre, destinada a acompanhar os textos latinos retirados da Bíblia, divina”. Reagindo contra o monaquismo da época, São Bernardo defendia uma
enquadrados no sistema diatónico. religiosidade fundada na contemplação da beleza da alma e preconizava uma
Figura 5 – S. Gregório Magno, inteligência feita de amor, mais do que de erudição. Criticava a excessiva riqueza da
iluminura do século XII. maioria dos mosteiros e o excesso de rituais, defendendo que a arquitetura religiosa devia
refletir simplicidade e abnegação, impondo um programa «estético» que recusava o
6.1 Baseando-te no texto, refere as funções do canto gregoriano. excesso nas decorações escultóricas para evitar a dispersão da atenção dos fiéis.
O canto gregoriano é uma oração cantada, em que a palavra é superior à nota musical. Nos mosteiros que a sua Ordem construiu por toda a Europa – incluindo o mosteiro de
Este canto, também conhecido como canto chão, foi implementado pelo papa Gregório Alcobaça (figura 4), está presente uma sobriedade extrema e a exclusão de todo o
Magno (na imagem ao lado) no ritual cristão no séc. VI – daí lhe advém o nome. supérfluo decorativo ou opulência arquitetónica. A interdição da cor significou o
desaparecimento dos frescos e a predominância da pedra à vista em paredes, pavimentos,
6.2 Menciona as principais caraterísticas desta expressão musical sacra. portais e janelas, contribuindo para o pretendido ambiente de despojamento, austeridade e
As principais características do canto gregoriano são: as melodias são cantadas em severidade.
uníssono (monódico), sem predominância de vozes, ou seja, rigorosamente homofónico; de Figura 6 - Carlos Magno, representado por Durer,
ritmo livre, sem compasso, baseado apenas na acentuação e na palavra; cantado "à usando a coroa imperial de Otão o Grande
capella", isto é, sem acompanhamento de instrumentos musicais; as letras são em latim,
retiradas dos textos bíblicos, sobretudo salmos. 8. Carlos Magno ampliou o Reino Franco por meio de uma política
expansionista. A Igreja Católica, representada pelo Papa Leão III, vai
coroá-lo imperador do Sacro Império Romano no Natal do ano 800.
7. Lê o Texto E e observa a Figura 4.
Texto E 8.1 Explica o significado da Coroação de Carlos Magno.
«De resto, para que serve, nos claustros, onde os frades leem o Em Dezembro de 800, Carlos Magno recebeu a coroa de imperador
Ofício, aquela ridícula monstruosidade, aquela espécie de estranha do Ocidente. Este acontecimento revestiu-se de grande importância
formosidade disforme e disformidade formosa? O que estão ali a politica visto que:
fazer os imundos símios? Ou os ferozes leões? Ou os monstruosos concedeu a Carlos Magno a qualidade de legítimo herdeiro dos imperadores
centauros? Ou os semi-homens? Ou os tigres listrados? Ou os romanos;
cavaleiros combatendo? Ou os caçadores com as trombetas? restabeleceu o Império Romano do Ocidente, transferindo a dignidade imperial
Podem ver-se muitos corpos com uma só cabeça ou então muitas para o rei dos Francos;
cabeças sobre um único corpo. De um lado, avista-se um unificou o Ocidente sob o mesmo poder político e também o mesmo poder
quadrúpede com cauda de serpente, do outro, um peixe com espiritual - o do Cristianismo e dos papas de Roma.
cabeça de quadrúpede. Ali, um animal com o aspeto dum cavalo
arrasta, atrás de si, a metade de uma cabra; aqui, um animal 8.2 Caracteriza a ação cultural deste Imperador Cristão do Ocidente.
cornudo tem um traseiro de cavalo. Enfim, por todo o lado, aparece
tão grande e estranha diversidade de formas, que nós somos mais Na época de Carlos Magno houve um certo desenvolvimento cultural, o chamado
tentados a ler no mármore do que nos nossos livros e a passar todo Renascimento Carolíngio, caracterizado pela promoção das atividades culturais, através
o dia admirando estas coisas, em vez de meditar na lei divina. Por da criação de escolas e pela vinda de sábios de várias partes da Europa, tais como Paulo
amor de Deus, se não nos envergonhamos destas criancices, por Diácono, Eginardo e Alcuíno - monge fundador da escola palatina.
que razão, ao menos, não evitamos estes gastos?» Executou reformas na educação que ajudaram a preparar o caminho para o Renascimento
Bernardo de Claraval – Apologia XII, 28 e 29 (Adaptação) do século XII.
Este "renascimento" contribuiu para a preservação e a transmissão de valores da
Figura 4 – Nave da igreja do cultura clássica (greco-romana).Destaque para a ação dos mosteiros, responsáveis pela
Mosteiro de Alcobaça.
tradução e cópia de manuscritos antigos.
Didáxis – Cooperativa de Ensino, RA Teste de HCA – Módulo III
4. Cotação da
Cotação da
questão
questão
9. A cidade islâmica é a soma de um determinado número de crentes (não de um
determinado número de cidadãos – como a cidade clássica). A cidade islâmica é uma
cidade secreta, uma cidade que não se vê, não se exibe, que não tem rosto.
9.1 Diz por que razão a cidade islâmica é uma “cidade secreta”.
Como tudo se constrói de dentro para fora, a rua – espaço coletivo – perde o seu
valor estrutural. Isto dá à rua um aspeto intimista que está de acordo com o caráter secreto da
cidade.
Uma rua contínua, aberta, é obrigatoriamente exibicionista, coisa que repugna o
Muçulmano – que prefere o recato, a privacidade. A igualdade apregoada pela religião de
Maomé tem aqui um papel importante. Assim, o Muçulmano é recatado para não ferir os
seus irmãos – a primorosa fachada da sua casa será erguida num pátio interno para
sua íntima contemplação.
Por tudo isto, a cidade muçulmana é uma cidade secreta, indiferenciada, sem rosto,
misteriosa e recôndita, profundamente religiosa, símbolo da igualdade dos crentes perante o
Deus Supremo.
9.2 Justifica o aniconismo da arte islâmica.
A arte islâmica é anicónica, uma vez que rejeita a representação figurativa na sua
totalidade, devido ao perigo de idolatria. Pelo nomadismo das tribos beduínas, a arte nunca
teve espaço para se desenvolver entre esta cultura. Assim, a palavra toma o espaço deixado
livre: a transmissão oral ganha a maior importância. Desta maneira, a palavra, na cultura
islâmica, ganha um valor idêntico ao da imagem na cultura cristã e, visualmente, a caligrafia
adquire um carácter iconográfico, substituindo as imagens e entranhando-se no sistema
decorativo da arte islâmica.
Bom trabalho!
Didáxis – Cooperativa de Ensino, RA Teste de HCA – Módulo III