Este documento discute como nossos pensamentos nos conectam aos pensamentos de outros e como somos influenciados pelo ambiente mental em que estamos imersos. Argumenta-se que devemos escolher cuidadosamente nossos estímulos mentais e com quem nos associamos para promover nosso desenvolvimento espiritual. Também enfatiza a responsabilidade de cultivar pensamentos construtivos que possam beneficiar a todos.
2. Na lição anterior tivemos a oportunidade de refletir sobre o nosso mundo
mental, percebendo que ainda estamos distantes da verdadeira compreensão
de como nossa mente funciona e da utilização de suas potencialidades.
Pascal nos ensina que “O homem é visivelmente feito para pensar; é toda
sua dignidade e todo seu mérito; e todo o seu dever consiste em pensar
corretamente. Ora, a ordem do pensamento é de começar por si, e pelo
seu autor e sua finalidade.”
Ninguém duvida disto, fomos feitos para pensar, pensamos o tempo todo.
Mas será que o pensamento começa por si, pelo seu autor?
3. O que Emmanuel vem nos oferecer nesta
lição são reflexões sobre o livre pensar e
a influência externa nesta liberdade. De
igual forma, esta lição nos convida a
refletir sobre a atuação de nosso pensar.
Tal qual uma rede neural com milhares
de conexões, nosso pensamento está
conectado ao de milhares de outros seres,
influenciando e sendo influenciado, e isto
merece toda a nossa atenção.
Assim, iniciemos a lição.
“O homem permanece envolto em
largo oceano de pensamentos,
nutrindo-se de substância mental, em
grande proporção.” Roteiro
4. Maria João de Deus, depois de desencarnar,
encaminhou ao filho, Chico Xavier, preciosas
considerações sobre este “oceano de pensamentos” em
que vivemos e nos nutrimos. Descreve-nos a psicosfera
da Terra:
“De volta das regiões atmosféricas do planeta, fui
induzida pelo meu preclaro companheiro a contemplar
o que podemos chamar de aura da Terra. Vi a princípio
as camadas de espaço que lhe são imediatas como um
todo homogêneo numa cor uniforme.
Mas o meu guia exclamou:
— “Busca ver como a humanidade se une pelo
pensamento aos Planos invisíveis. O teu golpe de vista
abrangeu a paisagem, procure agora os detalhes.”
5. “Fixando atentamente o quadro, notei que filamentos estranhos,
em posição vertical, se entrelaçavam nas vastidões sem se
confundirem. Não haviam dois iguais e as suas cores variavam
do escuro ao claro mais brilhante. Alguns se apagavam, mas
outros se acendiam em extraordinária sucessão e todos eram
possuídos de movimento natural, sem uniformidade em suas
particularidades.
— “Esses filamentos” — disse-me com bondade — “são os
pensamentos emitidos pelas personalidades encarnadas; são
reflexos cheios de vida, através dos quais podemos avaliar os
cérebros que os transmitem. Aos poucos conhecerás quais são os
da concupiscência, os da maldade, os da pureza, os do amor ao
próximo.
“Esses raros, que aí vês e que se caracterizam pela sua alvura
fulgurante, são os emitidos pela virtude e quando nos colocamos
em imediata relação com uma destas manifestações, que nos
chegam dos Espíritos da Terra, o contato direto se verifica entre
nós e a individualidade que nos interessa.” ( Do livro Cartas de
um morta, A aura da Terra e a ligação da Humanidade aos Planos
invisíveis).
6. Nossos pensamentos revelam quem somos
e nos conectam como outros seres, também pensantes.
Será, então, o nosso pensamento livre?
Se estamos conectados, ligados uns aos outros, qual influência que o
pensamento alheio exerce sobre a minha vida?
Estou sujeito aos desenganos alheios que pensam com ódio, mau
querer, vingança, inveja?
7. Caminhemos com a lição em busca destas respostas.
“Toda criatura absorve, sem perceber, a influência
alheia nos recursos imponderáveis que lhe
equilibram a existência.
Em forma de impulsos e estímulos, a alma recolhe,
nos pensamentos que atrai, as forças de
sustentação que lhe garantem as tarefas no lugar
em que se coloca.” Roteiro
Emmanuel nos diz que absorvemos sem perceber e
isto é fato. Quando entramos em um ambiente
sentimos a sua vibração e, mesmo sem uma análise
consciente do que está acontecendo, rapidamente nos
sentimos bem ou mal naquele determinado local. Isto,
também, acontece diante de pessoas e a tão famoso
“primeira impressão” nos quer alertar, justamente,
sobre esta percepção.
8. O grande desafio, então, deixa de ser impedir estas influências, uma vez que
elas acontecerão. Nosso verdadeiro desafio é estarmos cada vez mais
conscientes de como o ambiente que escolhemos estar nos influência e,
assim, passarmos a escolher melhor, onde estamos e com quem estamos.
9. Vejam este poema de Regis Mesquita:
“No dia em que sorri para você sua mente voava e você não percebeu.
No momento em que mostrei meu interesse
sua mente vagava e você não entendeu.
Quando tentei te dar carinho sua mente estava longe e você não sentiu.
Só quando parti, a dor fez sua mente prestar atenção.
Só quando me fui, a tristeza fez sua mente focar em mim.
Só quando estava longe, sua mente pediu para suas mãos me acariciarem.
Só quando estava ausente, sua mente estava presente.
Você desperdiçou o amor e abraçou a dor”.
O que temos abraçado? A dor ou o amor?
Percebemos as coisas boas e positivas do nosso dia a dia?
Ou apenas despertamos pelo aguilhão da dor?
10. Sigamos em frente com a lição.
“O homem poderá estender muito longe o
raio de suas próprias realizações, na ordem
material do mundo, mas, sem a energia
mental na base de suas manifestações,
efetivamente nada conseguirá. Sem os raios
vivos e diferenciados dessa força, os valores
evolutivos dormiriam latentes, em todas as
direções.” Roteiro
Não basta realizar, é preciso que avaliemos o
“valor evolutivo” da realização em nossas
vidas. E o que significa valor evolutivo?
Como compreender de que forma o que
realizamos todos os dias em nossas tarefas
diárias nos auxilia ou não em nossa jornada
evolutiva?
11. Emmanuel nos ensina:
“Claramente, nós, os Espíritos em aperfeiçoamento, no
aperfeiçoamento terrestre, conseguimos alterar ou
manobrar as energias e os seres inferiores do orbe a
que transitoriamente, nos ajustamos, e do qual nos é
possível catalogar os impérios da luz infinita, estuantes
no Universo.
À face disso, não obstante sustentados pelo Apoio
Divino, nas lides educativas que nos são necessárias, o
aprimoramento moral corre por nossa conta.
O professor ensina, mas o aluno deve realizar-se.
Os Espíritos superiores nos amparam e esclarecem, no
entanto, é disposição da Lei que cada consciência
responda pelo próprio destino. Meditemos nisso,
valorizando as oportunidades em nossas mãos.
12. Por muito alta que seja a quota de trabalho
corretivo que tragas dos compromissos assumidos
em outras reencarnações, possuis determinadas
sobras de tempo, — do tempo que é patrimônio
igual para todos — e, com o tempo de que dispões,
basta usares sabiamente a vontade, que tanta vez
manejamos para agravar nossas dores, a fim de te
consagrares ao serviço do bem e ao estudo
iluminativo, quando quiseres, como quiseres, onde
quiseres e quanto quiseres, melhorando-te
sempre.” (Livro da Esperança – Evolução e
Aprimoramento).
13. Sigamos em frente com a lição:
“A mente, em qualquer plano, emite e recebe, dá e recolhe, renovando-se
constantemente para o alto destino que lhe compete atingir. Estamos
assimilando correntes mentais, de maneira permanente. De modo
imperceptível, “ingerimos pensamentos”, a cada instante, projetando, em
torno de nossa individualidade, as forças que acalentamos em nós mesmos.
Por isso, quem não se habilite a conhecimentos mais altos, quem não exercite
a vontade para sobrepor-se às circunstâncias de ordem inferior, padecerá,
invariavelmente, a imposição do meio em que se localiza.” Roteiro
É interessante o uso do termo “ingerimos pensamentos”, porque nos remete a
duas coisas: alimentação e escolha.
14. Precisamos nos alimentar, todos sabemos disto e, também,
podemos escolher qual o alimento iremos ingerir. A ciência nos
tem mostrado que uma boa alimentação está diretamente
relacionada a uma boa saúde.
Assim, esta analogia se torna perfeita para que possamos compreender que
podemos buscar um alimento mental de qualidade,”ingerindo pensamentos” que
agreguem em nossas vidas coisas boas e edificantes. Existem certos noticiários, por
exemplo, que prestam um verdadeiro dês-serviço ao nosso mundo mental,
induzindo-nos a pensamentos de desesperança e desânimo. É certo que notícias
ruins existem, mas será que só elas? E que está sendo realizado no bem, qual o
espaço que damos para estas notícias em nossas vidas?
Eis a razão da advertência que Emmanuel faz: “quem não exercite a vontade para
sobrepor-se às circunstâncias de ordem inferior, padecerá, invariavelmente, a
imposição do meio em que se localiza.” Se não escolhemos, estaremos sujeitos aos
estímulos que o meio nos oferece. A vontade se sobrepõe a circunstância, deixamos
de ser meros receptores das mais variadas influências passando a ser agentes que
escolhem como e onde alimentar o seu pensar e o seu sentir.
15. Paulo de Tarso em sua primeira Carta aos Coríntios afirma que
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas
convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei
dominar por nenhuma.” 1 Coríntios 6:12
E este versículo é exatamente o que Emmanuel nos oferece neste
parágrafo, chamando-nos a usar a nossa vontade para deixar de
realizar aquilo que até é permitido pela lei humana, mas que em
nada contribui para a nossa jornada evolutiva.
16. Sigamos em frente.
“Somos afetados pelas vibrações de paisagens, pessoas e coisas que cercam. Se nos
confiamos às impressões alheias de enfermidade e amargura, apressadamente se nos
altera o “tônus mental”, inclinando-nos à franca receptividade de moléstias
indefiníveis. Se nos devotamos ao convívio com pessoas operosas e dinâmicas,
encontramos valioso sustentáculo aos nossos propósitos de trabalho e realização.”
Roteiro
Não apenas pessoas nos afetam, mas paisagens e coisas.
Quem conheceu o mar na idade adulta certamente lembrará da sensação que a
imensidão azul lhe trouxe aos sentidos, desde a visão, o olfato, a audição, tudo nos
é estimulado pelo que nos cerca.
17. Como esperar um comportamento tranquilo
de uma criança que vive em um ambiente
onde os adultos estão em constantes
discussões? Como esperar habilidades
cognitivas de uma criança que nunca é
estimulada? Como esperar por alegria e paz
se estamos constantemente buscando
notícias ruins e convivendo com pessoas
com fortes vibrações negativas?
Precisamos avaliar o meio em que nos encontramos e fazer escolhas. E mesmo
que tenhamos que conviver em ambientes ou pessoas com altas cargas
negativas, tendo consciência de sua influência, podemos buscar o equilíbrio e
o refazimento em outras fontes, sempre que possível.
18. Sigamos em frente.
“Princípios idênticos regem as nossas relações uns com os outros,
encarnados e desencarnados.
Conversações alimentam conversações.
Pensamentos ampliam pensamentos.
Demoramo-nos com que se afina conosco.
Falamos sempre ou sempre agimos
pelo grupo de espíritos a que nos ligamos.
Nossa inspiração está filiada ao conjunto
dos que sentem como nós,
tanto quanto a fonte está comandada pela nascente.
Somos obsidiados por amigos desencarnados ou não
e auxiliados por benfeitores,
em qualquer plano da vida,
de conformidade com a nossa condição mental.
Daí, o imperativo de nossa constante renovação para o bem infinito.”
Roteiro
19. Alimentamos nossa mente e coração conforme o nosso querer. E quem
somos cria reflexos no mundo que nos cerca de forma positiva ou
negativa, tornando-nos corresponsáveis pelo pensar alheio.
O caminho, então, é cuidar do “alimento que ingerimos” (mental),
compreendendo quem somos e quem são os que nos cercam.
Jesus nos disse que a boca fala
do que o coração está cheio.
E somos nós que escolhemos
o que habita ou não em nossos
corações.
20. A primeira e a segunda revelação, Antigo e Novo
Testamento, nos oferecem vários pensamentos que tratam
do tema, tão importante ao homem desde os primeiros
passos:
Provérbios 15:28
O justo medita antes de responder, mas a boca dos ímpios
faz jorrar o mal.
Provérbios 22:17,18
Inclina teu ouvido e presta toda atenção aos ditados dos
sábios; aplica teu coração ao meu ensino,…
Salmos 37:30,31
A boca do justo proclama a sabedoria, e sua língua anuncia
o direito.…
21. Provérbios 16:21
O sábio de coração é considerado inteligente; quem fala
com equilíbrio tem o poder de convencer os outros.
Provérbios 16:22
O entendimento é fonte de vida para aqueles que o
possuem, mas a insensatez traz castigos aos tolos.
Mateus 12:34,35
Raça de víboras! Como podeis falar coisas boas, sendo
maus? Pois a boca fala do que está cheio o coração. …
Colossenses 3:16
Habite ricamente em vós a Palavra de Cristo; ensinai e
aconselhai uns aos outros com toda a sabedoria, e cantai
salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando a Deus com
gratidão no coração.
22. E assim, Emmanuel encerra a lição.
“Trabalhar incessantemente é dever.
Servir é elevar-se.
Aprender é conquistar novos horizontes.
Amar é engrandecer-se.
Trabalhando e servindo, aprendendo e amando,
a nossa vida íntima se ilumina e se aperfeiçoa,
entrando gradativamente em contacto
com os grandes gênios da imortalidade gloriosa.”
Roteiro
23. A poesia de Maria Dolores nos dá o enlace final
deste estudo, convidando-nos a trilhar o roteiro
seguro que Emmanuel também propõe, através dos
verbos trabalhar, servir, aprender e amar. Que todos
os dias, ao encerrar nossas atividades possamos
encontrá-los, que o trabalho seja a nossa fonte de
aprendizado e aprimoramento intelectual e que
através dele nos habilitemos a servir o
próximo,tornando-nos úteis onde fomos semeados e
que estas experiências nos possibilitem aprender a
cada dia, reconhecendo-nos como criaturas criadas
para o amor, pelo Amor.
24. A Vida Conta — Maria Dolores
Tempo e nós
“Enquanto o Tempo segue renovando
Os quadros da existência a que se atrela,
Indagas, muita vez, alma querida e bela,
Como vencer na prova a te agredir…
De tudo quanto aprendo, entre as lições do mundo,
Dá-me a estrada, na luta a que me vejo exposta,
Quatro verbos distintos por resposta:
— Amar e compreender, trabalhar e servir.
25. A própria Natureza é um livro aberto…
Se inquirisses do sol no firmamento
Como brilhar sem pausa, firme e atento,
Nutrindo mundos sem se consumir:..
Ele, decerto, te responderia
Que o Senhor lhe traçou por alta obrigação
Cumprir as leis da vida, tais quais são:
— Amar e compreender, trabalhar e servir.
Interroguei, um dia, à roseira podada,
Já que se lhe furtava o véu de rosas
A pancadas e injúrias espantosas,
Como devia a pobre reflorir;
Ela, porém, me disse, humilde e crente:
— “Enriquecer a Terra é o meu dever
E, se quero evoluir, necessito aprender
Amar e compreender, trabalhar e servir.”
26. Vejo tratores retalhando o solo,
Dinamites na serra, a parti-la, de todo,
Fontes varando tremedais de lodo,
Árvores venerandas a cair…
E se busco entender a dor do campo,
Nesses despojamentos que pesquiso,
Cada elemento fala que é preciso
Amar e compreender, trabalhar e servir.
Assim também, alma fraterna e boa,
Se trazes sob o Tempo, aflições e problemas,
Constrói, age, confia, crê, não temas
E resguarda no peito o anseio do porvir;
Por mais sofras, não pares, segue à frente,
Enquanto cada dia surge e avança,
Eis que o Céu nos repete, através da esperança:
— Amar e compreender, trabalhar e servir.”