2. O livro Outliers de Malcoml Gladwell causou grande
impacto em leitores, palestrantes e ouvintes ao afirmar
que "para ser bom em algo, um expert, você preciso de
pelo menos 10 mil horas de esforço." Sabe-se que nem
sempre as idéias que são disseminadas correspondem
ao pensamento original, assim, em verdade, este
pensamento de Malcoml baseou-se em um estudo
realizado pelo Dr. Anders Ericsson, da Universidade
Estadual da Flórida, que "concluiu que performance
em um nível expert, em campos bem restritos do
conhecimento, precisa em média de dez mil horas de
prática para ser alcançada.
3. O fraseamento original foi esse: performance em
nível expert, dez mil horas em média de prática. A
pesquisa foi realizada com pessoas em campos
restritos e ultracompetitivos do conhecimento, como
violinistas de nível mundial e aviadores. Lentamente,
ao cair no conhecimento da mídia (e de pessoas sem
capacidade de interpretar artigos científicos em
geral), a transformação aconteceu. O que era "Os
experts em nível mundial tem 10 mil horas de
prática" se transformou em "você precisa de 10 mil
horas para se tornar um expert", em "é necessário 10
mil horas para ficar bom em algo" até o fatídico "é
preciso 10 mil horas para aprender qualquer coisa".
E assim nasceu mais um mito." (Paulo Ribeiro)
4. A essência que este estudo nos traz, porém, não é nova, conhecemos a
célebre frase de Thomas Edison: "a genialidade é 1% inspiração e 99%
transpiração."
A pergunta que fazemos a partir destes pensamentos é: isto se aplica a
nossa evolução espiritual? Será que aprenderemos a ser pessoas
melhores, mais tolerantes, pacientes, equilibradas, tentando
reiteradamente por 10 mil horas? Qual a fórmula que necessitamos
seguir para, enfim, evoluirmos?
5. Emmanuel nos permitirá refletir sobre estas questões ao longo da lição.
Sigamos com ele.
"Quase todos os que se abeiram das atividades espíritas estimariam o
desenvolvimento rápido das faculdades psíquicas de que são
portadores e, por vezes, quando não atendidos, padecem nocivo
arrefecimento de ideal. Esmaece o fervor dos primeiros contactos como
a fé, porque o propósito fixo de surpreenderem o milagre transforma-se
neles em aflitiva obsessão. Contudo, há singularidades no assunto, que
não podemos menosprezar." Roteiro
Um conhecimento grandioso como o que a doutrina espírita oferece
nos faz contemplar o mundo de uma forma tão diferente e sublimada
que muitas vezes queremos alçar voos mais altos, sem no entanto
estarmos para ele preparados. Sei que devo amar, perdoar, ser
indulgente, sei muitas coisas, muitos o sabem, e há milênios, não
obstante, não o fazemos.
6. Imaginemos por um instante se fôssemos capazes de cumprir o
mandamento recebido por Moisés e dado ao povo de Israel há algo em
torno de 4000 anos atrás: Não roubarás. Apenas este mandamento,
sendo cumprido por todos, seria capaz de transformar o mundo. As
casas não teriam muros, as portas não necessitariam de chaves, nem as
janelas de grades. Poderíamos confiar nas pessoas, o comerciante
cobraria o preço justo, o governo cobraria os impostos necessários,
enfim, viveríamos de forma distinta.
Parece, assim, que ainda estamos distantes deste mandamento
oferecido à humanidade há tanto tempo. O que nos faz concluir que o
desenvolvimento é distinto do conhecimento. Saber não significa fazer.
7. Não obstante a nossa constatação, a lição nos convida a não desanimar e
nos informa que há singularidades neste assunto, pormenores que nos farão
compreender os motivos de nossa evolução dar-se a passos lentos.
Caminhemos mais um pouco com a lição para adentrar em tão valoroso
tema.
"Que seria da ordem e do equilíbrio dos serviços terrestres, se a totalidades
das criaturas, instruídas ou não, se pusessem a investigar quanto à vida nos
outros mundos?
Toda colheita exige preparação e sementeira.
Imaginemos um avião moderno, perfeitamente equipado, sobrevoando
pacífico vilarejo do século XIV, sem aviso prévio. Que lucraria a ciência
náutica, de imediato, senão espalhar o terror? Que recompensa adviria, em
nosso favor, se constrangêssemos uma taba indígena a ouvir um concerto
de Paganíni, sem oferecer-lhe os rudimentos da educação musical?
O progresso, como a luz, precisa graduar-se para não ferir ou cegar as
pupilas que o contemplam." Roteiro
8. Queremos ser bons, porém,
queremos trilhar o caminho que nos
permite chegar à bondade?
Queremos ser mansos, mas estamos
dispostos a deixar nosso orgulho
para adentrar no mundo da
mansuetude, da sublime paz?
Muitas vezes olhamos o bolo e o
desejamos, porém, é preciso
conseguir os ingredientes, a receita
e, ainda, adquirir todos os truques e
conhecimentos de um bom
confeiteiro para chegar-se a um
resultados similar.
Evoluir é exatamente isto. Não se
trata de um resultado, mas de um
caminho. E caminho pede passos,
muitos passos.
9. Sigamos em frente.
"Compreendamos, acima de tudo, que a existência não é fenômeno que se
articule à revelia dos Grandes Responsáveis da Evolução.
A liberdade do homem interferirá nos domínios da matéria densa, alterando
o que pode ser; todavia, jaz extremamente distante das regiões do espírito
puro, onde se guarda o controle das leis universais.
Desdobrando novos painéis da vida, diante da mente sequiosa de
conhecimento e
renovação, não é o mundo espiritual que deve descer para o homem e sim o
homem que precisa elevar-se ao encontro dele.
E semelhante ascensão não será simples serviço da mediunidade
espetacular. É obra de sublimação interior, gradativa e constante, sobre os
alimentos alicerces do bem, ao alcance de todos." Roteiro
A informação é deveras importante: nada acontece à revelia dos Grandes
Responsáveis da Evolução. E NADA é uma palavra restritiva e não
excludente. Não permite exceções mas nos informa que tudo o que
acontece, ainda que não sejamos capazes de compreender, tem um
propósito e um motivo.
10.
11. O poeta roga aos céus que desçam aos seus escombros e, certamente,
muitas vezes recebemos as luzes do alto a nos dirigir, consolar e
reencaminhar. A lição, porém, nos convida a impulso diverso ao nos
dizer que "não é o mundo espiritual que deve descer para o homem e
sim o homem que precisa elevar-se ao encontro dele."
Pensemos num ambiente limpo, por exemplo, uma calçada que acabou
de ser lavada. Se eu entrar nela com meus sapatos sujos, a calçada
deixará de ser limpa, eu a terei contaminado de tal forma que ela
deixará de ser o que era. Assim, para que eu possa entrar num ambiente
límpido, preciso me preparar para ele de tal forma que não o contamine
com a minha imperfeição.
12. Posso almejar estar diante de espíritos de luz, para ouvir-lhes as sábias
palavras e sentir deles o mais puro amor, porém, o Pai Celestial quer
que nos sejamos luz, e não apenas que estejamos diante dela, eis a
razão do nosso caminhar evolutivo, fomos criados simples e
ignorantes, numa trajetória ascendente e infinita.
Faz-se necessário, assim, saber de si mesmo, reconhecer o seu estágio
evolutivo com franqueza e honestidade. Despir-se de máscaras falsas
que falam de um ser que ainda não existe. Precisamos conhecer a nossa
imperfeição para estarmos aptos a trabalhar em seu aprimoramento.
13. Sigamos em frente com a lição.
"As pontas do tesouro psíquico estão vigiadas com segurança.
A direção de uma central elétrica não pode ser confiadas às frágeis
mãos de um menino.
Como conferir, de improviso, ao primeiro candidato à prosperidade
mediúnica a chave dos interesses fundamentais e particulares de
milhões de almas, colocadas nos mais variados planos da escada
evolutivas?" Roteiro
Qual tarefa Deus pode nos confiar hoje? O que estamos aptos a realizar
para o bem, para a construção de um mundo melhor?
14. O Mestre nos ensinou: “Mas aquele que
perseverar até ao fim será salvo.” — JESUS
(Mateus, 24.13).
E sobre este ensino, comenta Emmanuel:
"Quando o Mestre louvou a persistência,
evidenciava a tarefa árdua dos que procuram as
excelências do caminho espiritual.
É necessário apagar as falsas noções de favores
gratuitos da Divindade.
Ninguém se furtará, impune, à percentagem de
esforço que lhe cabe na obra de
aperfeiçoamento próprio.
15. As portas do Céu permanecem abertas. Nunca
foram cerradas. Todavia, para que o homem se
eleve até lá, precisa asas de amor e sabedoria.
Para isto, concede o Supremo Senhor extensa
cópia do material de misericórdia a todas as
criaturas, conferindo, entretanto, a cada um o
dever de talhá-las, semelhante tarefa, porém,
demanda enorme esforço. A fim de concluí-la,
recruta-se a contribuição dos dias e das
existências. Muita gente se desanima e prefere
estacionar, séculos a fio, nos labirintos da
inferioridade; todavia, os bons trabalhadores
sabem perseverar, até atingirem as finalidades
divinas do caminho terrestre, continuando em
trajetória sublime para a perfeição." Livro Pão
Nosso - lição Até ao fim.
16. Ao que parece, o espiritismo guarda perfeita concordância com os
pensamentos que trouxemos no início deste estudo. É preciso esforço, suor,
10 mil horas...ou serão 10 mil anos...ou mais?
O tempo é igual para todos, mas cada um o aproveita de forma distinta,
segundo o seu livre-arbítrio. Semeamos a todo instante, estejamos, porém,
conscientes do que virá na colheita.
Como esperar algo bom, alguma melhoria, se nada fazemos para que ela
ocorra? Como iremos adquirir novos conhecimentos sem estudo? De que
forma encontraremos o amor se nos abstemos da convivência íntima e não
apenas social?
17. Caminhemos mais um pouco com Emmanuel.
"Naturalmente que as grandes responsabilidades não são inacessíveis,
mas a criança precisa crescer para integrar-se em serviços complexos; e
o colaborador iniciante, em qualquer realização, necessita do tempo e
do esforço a fim de converter-se em auxiliar prestimoso.
Nos problemas de intercâmbio com a Esfera Superior, desse modo,
antes do progresso medianímico, há que considerar o aprimoramento
da personalidade para melhor ajustar-se à obra de perfeição geral.
O grande rio, sem leito adequado, ao invés de correr, beneficiando a
paisagem, encharca o solo, transformando-o em pântano letal.
A ponte quebradiça não suporta a passagem das máquinas de grande
porte.
A mediunidade, como recurso de influenciar para o bem, não se
manifesta sem instrumento próprio." Roteiro
18. Quando Chico Xavier, ainda jovem, questionou Emmanuel quanto ao
caminho a trilhar, referente a questão da mediunidade, o benfeitor lhe
responder com três palavras: disciplina, disciplina e disciplina.
Todos admiramos Chico Xavier, porém, mais que nossa admiração é
chegado o tempo de nos deixarmos influenciar por seu exemplo de luz.
Ele não necessita de nossos aplausos, nem mesmo de nossas reiteradas
homenagens, não obstante serem doces lembranças dos corações
saudosos que permanecem na Terra relembrando-lhe a presença. Penso
eu, que Chico quer de nós um pouco mais de trabalho ou, nas palavras
de Emmanuel, de disciplina.
19. Sua mediunidade promoveu profundas consolações, abrindo o caminho
para conhecimentos novos, alargando as profundas lições já presentes na
codificação. Seu coração humilde e sincero colocou-se a serviço do Cristo
e usando o exemplo da lição, não foi ponte quebradiça ou instável, foi
ponte vigorosa, permitindo um intercâmbio com o mundo espiritual jamais
visto. E a essência de todo o seu trabalho estava alicerçada no amor que
nutria pelas pessoas que cruzavam o seu caminho. Tudo o que realizou e
nos deixou foi construido neste alicerce, o amor.
Finalizemos a lição.
"Só o grande amor pode compreender as necessidades de todos. Só a
grande boa vontade pode trabalhar e aprender incessantemente para servir
sem distinção.
Antes de nos mediunizarmos, amemos e eduquemos-nos. Somente assim
receberemos das ordenações de mais alto o verdadeiro poder de ajudar."
Roteiro
20. Sem amor, poderemos parecer bons, mas seremos como o sino que tine,
relembrando as palavras de Paulo à Igreja de Corinto (I Coríntios 13).
O címbalo (sino) era usado pelos povos antigos nos rituais de adoração.
A Bíblia traz referência a este instrumento (1 Crônicas 15:19, Salmo
150:5, 2Sa 6:5; 1Cr 15:28; 2Cr 5:12, 13) e Paulo usa esta figura para
ilustrar que podemos parecer anjos, falar como anjos, mas se não
tivermos amor, seremos um simples eco, um metal sem vida, nada
seremos.