O documento discute conceitos-chave sobre ensino e aprendizagem no nível superior, incluindo: (1) Ensinar é criar condições para a aprendizagem, não apenas transmitir conhecimento; (2) A aprendizagem envolve a aquisição de novos padrões de pensamento e ação, não apenas informação; (3) No ensino superior, o foco deve ser na aprendizagem do estudante para desenvolver habilidades intelectuais e profissionais.
1. Livro 3 - Didática do Ensino Superior
Site: UTFPR - Servidor de Cursos UAB
Curso: Especialização em Informática Instrumental Aplicada a Educação - 2014
Livro: Livro 3 - Didática do Ensino Superior
Impresso por: Jair De Oliveira Junior
Data: domingo, 26 abril 2015, 21:35
Sumário
1. Ensinar e aprender:a construção do conhecimento
1.1. Analisando a realidade atual
1.2. O ensino e a aprendizagem na vida humana
1.3. O que é ensino?
1.4. O que é aprendizagem?
1.5. Ensinar e aprender: significados e mediações
1.6. Refletindo sobre sua prática docente
1.7. Ensinar e aprender no Ensino Superior
1.8. Característicasda aprendizagem no Ensino Superior
1.9. Aprender a aprender
1.10. Concluindo
2. Planejamentoda ação didática:uma prática em questão
2.1. Planejamento: níveis e suas relações
2.2. Tipos de planejamento na área da educação
2.3. O planejamento no Ensino Superior
2.4. Objetivos do programa de disciplina
2.5. Conteúdos programáticos
2.6. E a metodologia de ensino?
2.7. Como o professor universitário avalia seus alunos?
2.8. Bibliografia básica
2.9. Bibliografia complementar
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2. 1. Ensinar e aprender:a construção do
conhecimento
1.1. Analisando a realidade atual
Os últimos anos têm sido marcados em nosso país por uma rigorosa reflexão crítica sobre a
problemática educacional e pela busca de caminhos para a promoção de uma ação efetiva realmente
comprometida com a construção de uma sociedade mais humana, solidária e democrática.
Nesse contexto, situam-se os sistemas educacionais que não constituem os únicos espaços de
formação e de produção de conhecimento. Mas, desde a construção dos modernos sistemas de
educação de massa, iniciada na Europa na transição do século XVIII para o século XIX, que a escola
se tornou um espaço central de integração social e de formação para o trabalho.
A massificação dos sistemas educacionais conduz a uma mudança de forma da escola. Significa
transportar para a escola todos os problemas sociais que, desse modo, tornam-se problemas escolares.
A escola para todos, uma conquista social dos ideais democráticos modernos, ao abrir suas portas a
novos públicos escolares, torna-se uma realidade qualitativamente distinta, com a qual a formulação
de políticas públicas, os professores, os alunos, suas famílias e a escola têm dificuldade de entender e
lidar.
O modelo de escola de massa atual foi construído na base do princípio de ensinar a muitos como se
fosse a um só. Assim, durante anos e anos, professores e estudiosos procuraram encontrar os mais
eficazes métodos de ensino e as melhores formas de organização.
Se entendermos que a construção da cidadania se faz na dialética entre a igualdade e a diferença, a
escola para todos precisa encontrar os meios e as estratégias de valorização dos percursos e das
experiências de vida dos alunos.
1.2. O ensino e a aprendizagem na vida humana
O ensino e a aprendizagem são processos tão antigos quanto a própria humanidade. Com o passar do
tempo, o ensino e a aprendizagem adquiriram cada vez mais importância. Por isso, muitas pessoas
começaram a se dedicar exclusivamente a tarefas relacionadas com o ensino. Também, surgiram as
escolas que são instituições voltadas a essas tarefas.
Em nossos dias, tal é a importância do ensino e da aprendizagem que ninguém pode deixar de refletir
sobre o seu significado, principalmente, os professores.
Afinal, o que é ensino e o que é aprendizagem? Para responder a esta pergunta, podemos partir da
seguinte constatação: não é só na escola que se aprende ou que se ensina. Em casa, na rua, no
trabalho, no lazer, em contato com os produtos da tecnologia ou em contato com a natureza, estamos
sempre aprendendo. Enfim, em todos os ambientes e situações, podemos aprender e ensinar.
Didática do Ensino Superior
Cada situação pode ser uma situação de ensino e aprendizagem, que consiste em ser capaz de indagar,
pesquisar, procurar alternativas, experimentar, analisar, dialogar, compreender, ter uma atitude
científica perante a realidade. Hoje, mais do que nunca, é necessário ter uma atitude indagadora
perante tudo o que se relaciona com a educação.
1.3. O que é ensino?
Segundo o conceito etimológico, ensinar é “colocar dentro”, “gravar no espírito”. De acordo com esse
conceito, ensinar é gravar idéias na cabeça do aluno. Nesse caso, o método de ensino é o de marcar e
tomar a lição.
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3. Desse conceito, surgiu o conceito tradicional de ensino: ensinar é transmitir conhecimentos. O
método utilizado baseia-se em aulas expositivas e explicativas. O professor fala aquilo que sabe sobre
determinado assunto e espera que o aluno saiba reproduzir o que ele lhe disse. Esse tipo de ensino
passou a receber críticas dando origem a um novo conceito de ensino.
Com a Escola Nova, o eixo da questão pedagógica passa do intelecto para o sentimento, do aspecto
lógico para o psicológico, dos conteúdos cognitivos para os métodos e processos pedagógicos, do
professor para o aluno, do esforço para o interesse, da disciplina para a espontaneidade, da quantidade
para a qualidade, de uma pedagogia com inspiração filosófica para uma pedagogia de inspiração
experimental, baseada nas contribuições da Biologia e da Psicologia. Ensinar é criar condições de
aprendizagem. O importante não é aprender, mas aprender a aprender. O professor passa a ser o
estimulador e orientador da aprendizagem.
Na concepção tecnicista, o ensino se inspirou nos princípios de racionalidade, eficiência e
produtividade. Por isso, deve-se planejar a educação e o ensino de maneira a evitar as interferências
subjetivas que possam pôr em risco sua eficiência. Devem-se operacionalizar os objetivos e, em
certos aspectos, mecanizar o processo.
1.4. O que é aprendizagem?
O ensino visa à aprendizagem. Mas o que é aprendizagem? É um fenômeno bastante complexo, mas
existem hoje muitas teorias sobre a aprendizagem.
Aprendizagem não é apenas um processo de aquisição de conhecimentos, conteúdos ou informações.
Aprendizagem é um processo de aquisição e assimilação de novos padrões e formas de perceber, ser,
pensar e agir. Assim, podemos dizer que a aprendizagem é a mudança de comportamento, ou seja, são
todas as transformações que o professor provoca no aluno nas maneiras de pensar, agir e sentir.
Aprendizagem motora
A aprendizagem motora consiste na aprendizagem de hábitos que incluem simples habilidades
motoras, por exemplo: aprender a andar, aprender a dirigir um carro, aprender a falar e a escrever.
Aprendizagem cognitiva
A aprendizagem cognitiva abrange a aquisição de informações e conhecimentos, por exemplo:
aprender os princípios e teorias educacionais.
Aprendizagem afetiva ou emocional
A aprendizagem afetiva ou emocional diz respeito aos sentimentos e as emoções, por exemplo:
apreciar uma obra de arte.
Mas é importante observar, com relação aos tipos de aprendizagem, que não se aprende uma só coisa
de cada vez, aprendemos várias. Para que alguém aprenda, é necessário que queira aprender. Por isso,
é muito importante que o professor saiba motivar seus alunos.
O professor pode criar uma situação favorável à aprendizagem, por meio de uma variedade de
recursos, métodos e procedimentos de ensino. Para criar essa situação, o professor deve:
conhecer os interesses atuais dos alunos para mantê-los ou orientá-los nas aulas;
buscar uma motivação duradoura para conseguir do aluno uma atividade interessante e alcançar
o objetivo da aprendizagem.
Entre motivação e aprendizagem, existe uma mútua relação que o professor não deve esquecer:
sem motivação, não há aprendizagem;
os motivos geram novos motivos;
o êxito na aprendizagem reforça a motivação.
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4. Concluindo:
Não há ensino sem aprendizagem.
Há uma relação entre o ensino e a aprendizagem.
Ensinar e aprender são processos complementares na construção do conhecimento.
1.5. Ensinar e aprender: significados e
mediações
Aprender e ensinar constituem duas atividades muito próximas da experiência de qualquer ser
humano. Aprendemos quando introduzimos alterações na nossa forma de pensar e de agir, e
ensinamos quando partilhamos com o outro, ou em grupo, a nossa experiência e os saberes
acumulados.
Refletir sobre a aprendizagem é, sobretudo, indagar-se sobre a natureza e a variedade de
aprendizagens a que estamos expostos, as variáveis e os mecanismos que interferem no processo, as
propostas que os estudiosos encontraram para explicá-las e incrementá-las. Portanto, antes de aderir a
qualquer concepção sobre o modo como ensinar, o importante é refletir sobre a sua finalidade.
No desempenho adequado do papel de professor, o que não se pode deixar de cumprir são as funções
inerentes ao exercício de uma docência produtiva:
dar ao aluno o conhecimento de seus limites e fazer cumprir as regras previamente
estabelecidas;
selecionar os conteúdos que serão desenvolvidos em cada período;
apresentar aos alunos a programação da disciplina, incluindo as formas de avaliação por ela
privilegiadas, avaliação esta que deve ser contínua, visando proporcionar eventuais correções
de rumo tanto por parte dos alunos como do professor;
planejar suas aulas, prevendo técnicas, materiais e conteúdos;
ouvir seus discentes e acatar, quando adequadas, as sugestões por eles oferecidas, justificando
quando não for aceitá-las;
considerar as experiências específicas de seus alunos, incorporando-as ao conteúdo da
disciplina, lembrando-se de que a significação é um dos requisitos para que a aprendizagem
seja efetivada;
ser competente e atualizado, tanto no domínio do conteúdo a ser ministrado como nas formas
de apresentá-lo;
não hesitar diante de situações que exijam sua firmeza e decisão; e
acima de tudo, não esquecer que seu aluno é seu parceiro e, como tal, tem vez no
desenvolvimento de seu curso, dando-lhe ritmo próprio. (VASCONCELOS, 2003, p. 77).
Para o professor tornar efetiva “a sua atuação profissional enquanto docente, não há como ignorar o
fato de que o centro de toda e qualquer ação didático-pedagógica está sempre no aluno e, mais
precisamente, na aprendizagem que esse aluno venha a realizar.” (VASCONCELOS, 2003, p. 22).
1.6. Refletindo sobre sua prática docente
As aprendizagens, que hoje são propostas a diversos níveis de ensino, são formulações de
descobertas, relatos e elaborações que levaram anos para se constituírem como corpo de
conhecimentos. No passado, os conhecimentos foram organizados em disciplinas autônomas que
faziam parte dos currículos escolares e, por vezes, foi incrementada uma aprendizagem de tipo
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5. cumulativo de cada uma delas. Hoje, fala-se da visão parcial por elas veiculada e apela-se para um
conhecimento cada vez mais holístico e integrado.
Nessa proposta, compete ao aluno orientar a sua vontade de aprender, tendo em conta as suas
potencialidades e aptidões, concentrando a sua atenção e seus esforços em tarefas fundamentais, de
modo a construir a sua estrutura do saber e do saber fazer, de forma organizada, clara e significativa.
Cabe ao professor, como mediador entre a comunidade, os saberes e o aluno, dominar a estrutura dos
conteúdos, estar atento à estrutura do sujeito, ter em conta as expectativas da comunidade em que se
integra e escolher a forma mais adequada para a comunicação pedagógica.
1.7. Ensinar e aprender no Ensino Superior
O professor universitário precisa substituir a ênfase no ensino pela ênfase na aprendizagem.
Quando falamos em aprendizagem, estamos nos referindo ao desenvolvimento de uma pessoa, no
nosso caso, de um universitário nos diversos aspectos de sua personalidade:
desenvolvimento de suas capacidades intelectuais – de pensar, de raciocinar, de refletir, de
buscar informações, de analisar, de criticar, de argumentar, de dar significado pessoal às novas
informações adquiridas, de relacioná-las, de pesquisar e de produzir conhecimento;
desenvolvimento de habilidades humanas e profissionais que se esperam de um profissional
atualizado – trabalhar em equipe, buscar novas informações, conhecer fontes e pesquisas,
dialogar com profissionais de outras especialidades dentro de sua área e com profissionais de
outras áreas que se complementam para realização de projetos ou atividades em conjunto,
comunicar-se em pequenos e grandes grupos, apresentar trabalhos;
desenvolvimento de atitudes e valores integrantes à vida profissional – a importância da
formação continuada; a busca de soluções técnicas que contemplem o contexto da população,
do meio ambiente e das necessidades da comunidade; as condições culturais, políticas e
econômicas da sociedade, os princípios éticos na condução de sua atividade profissional.
Assim, a ênfase na aprendizagem no Ensino Superior alterará o papel dos participantes do processo
ensino-aprendizagem:
quanto ao universitário – cabe o papel central de sujeito que exerce ações necessárias para que
aconteça sua aprendizagem (buscar as informações, trabalhá-las, produzir conhecimento,
adquirir habilidades, mudar atitudes e adquirir valores). Essas ações serão realizadas com
outros participantes do processo (os professores e os colegas de turma), pois a aprendizagem
não se faz isoladamente, mas em parceria, em contato com os outros e com o mundo;
quanto ao professor universitário – terá substituído seu papel de transmissor de conhecimentos
para o de mediador pedagógico ou de orientador do processo ensino-aprendizagem de seus
alunos.
1.8. Característicasda aprendizagem no Ensino
Superior
Segundo Masetto (2003, p. 85-88), a aprendizagem universitária pressupõe por parte do universitário:
aquisição e domínio de um conjunto de conhecimentos, métodos e técnicas científicas de forma
crítica;
iniciativa para buscar informações, relacioná-las, conhecer e analisar várias teorias e autores sobre
determinado assunto, compará-las, discutir sua aplicação em situações reais com as possíveis
conseqüências para a sociedade;
autonomia na aquisição dos conhecimentos, desenvolvendo sua capacidade de reflexão e a realização
de uma formação continuada que se prolongará por toda a vida.
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6. Integração do processo ensino – aprendizagem com a atividade de pesquisa
tanto do aluno como do professor
O universitário começa a se responsabilizar por buscar informações, aprender a localizá-las,
analisá-las, relacionar as novas informações com seus conhecimentos anteriores, dando-lhes
significado próprio, redigir conclusões, observar situações de campo e registrá-las, trabalhar com
esses dados e procurar chegar à solução dos problemas etc.
Dificilmente o universitário incluirá a investigação em seu processo de aprendizagem se o professor
universitário também não o fizer em sua atividade docente.
Toda a aprendizagem precisaser significativa para o universitário
É preciso envolver o universitário como pessoa: idéias, inteligência, sentimentos, cultura, profissão e
sociedade. Isso exige que:
a aprendizagem do novo se faça a partir do universo de conhecimentos, experiências e
vivências anteriores dos universitários;
se dê importância a motivar e despertar o interesse do universitário pelas novas aprendizagens
com uso de estratégias apropriadas;
o incentivo à formulação de perguntas e questões que digam respeito ao seu interesse;
se permita ao universitário entrar em contato com situações concretas e práticas de sua
profissão e da realidade que o envolve;
o universitário assuma o processo de aprendizagem como seu e possa fazer transferências do
que aprendeu na universidade para outras situações profissionais.
Colocação do universitáriomais em contato com sua realidade profissional
Em geral, a aprendizagem se realiza mais facilmente e com maior compreensão e retenção quando
acontece nos vários ambientes profissionais, fora da sala de aula, do que nas aulas tradicionais.
1.9. Aprender a aprender
Hoje, há um consenso de que “aprender a aprender” é o papel mais importante de qualquer instituição
educacional.
É mais do que uma técnica de como se faz. É a capacidade de reflexão do universitário sobre sua
própria experiência de aprender, identificar os procedimentos necessários para aprender, suas
melhores opções, suas potencialidades e suas limitações.
1.10. Concluindo
O exercício do magistério superior se caracteriza pela atividade de ensino das disciplinas. Nele se
combinam objetivos, conteúdos, métodos e formas de organização do ensino, tendo em vista a
assimilação ativa, por parte dos universitários, de conhecimentos, habilidades e hábitos, e o
desenvolvimento de suas capacidades cognoscitivas. Portanto, há uma relação entre a atividade do
professor universitário (ensino) e a atividade do estudo dos universitários (aprendizagem).
As reflexões procuraram demonstrar que, para repensarmos nossas aulas, não podemos deixar de
analisar e discutir o paradigma que as orientará.
A didática deve partir de uma visão de totalidade do processo ensino-aprendizagem, de uma
perspectiva multidimensional; as dimensões humana, técnica e político-social da prática pedagógica
devem ser compreendidas e trabalhadas de forma articulada.
Nessa linha, a competência técnica e a competência política do professor se exigem mutuamente e se
interpenetram. Não é possível dissociar uma da outra. A dimensão técnica da prática pedagógica tem
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7. de ser pensada à luz do projeto político-social que a orienta.
2. Planejamentoda ação didática:uma prática
em questão
2.1. Planejamento: níveis e suas relações
Nas últimas décadas, a sociedade passou por mudanças profundas, especialmente a educação,
que precisa acompanhar todos os processos de mudança nas sociedades.
Para melhor responder aos imperativos do momento e compreender a vida em sociedade, o homem
precisa, basicamente, de reflexão e planejamento. Pela reflexão, o homem desenvolve níveis cada vez
mais aprimorados de discernimento, compreensão e julgamento da realidade, favorecendo a conduta
inteligente em situações novas de vida. Pelo planejamento, o homem organiza e disciplina a sua ação,
partindo sempre para realizações cada vez mais complexas.
Assim, podemos concluir que planejamento é um conjunto de ações coordenadas entre si, que
concorrem para a obtenção de um resultado desejado. Cada vez mais a atitude de planejar ganha
importância e torna-se mais necessária, principalmente nas sociedades complexas do ponto de vista
organizacional.
Mas, afinal, o que é planejamento?
Planejar é analisar uma dada realidade, refletindo sobre as condições existentes, e prever as formas
alternativas de ação para superar as dificuldades ou alcançar objetivos desejados. Nesse sentido,
planejar é uma atividade tipicamente humana e está presente na vida de todos os indivíduos, nos mais
variados momentos.
Para Nélio Parra (1972, p. 6), planejar consiste em prever e decidir sobre: O que pretendemos
realizar?O que vamos fazer?Como vamos fazer? O que e como devemos analisar a situação, a fim de
verificar se o que pretendemos foi atingido?
O planejamento requer que se pense no futuro. É composto de várias etapas interdependentes, as
quais, por meio de seu conjunto, possibilitam atingir os objetivos. Assim, o planejamento é a base
para a ação sistemática. Hoje, em todos os setores da atividade humana, fala-se em planejamento.
Vejamos, no texto de Paulo Freire, em que consiste o planejamento e qual a sua importância.
Tinha chovido muito toda noite. Havia enormes poças de água nas partes mais baixas do terreno. Em
certos lugares, a terra, de tão molhada, tinha virado lama. Às vezes, os pés apenas escorregavam nela,
às vezes, mais do que escorregar, os pés se atolavam na lama até acima dos tornozelos. Era difícil
andar. Pedro e Antônio estavam a transportar, numa camionete, cestos cheios de cacau, para o sítio
onde deveriam secar.
Em certa altura, perceberam que a camionete não atravessaria o atoleiro que tinham pela frente.
Pararam, desceram da camionete, olharam o atoleiro, que era um problema para eles. Atravessaram a
pé uns dois metros de lama, defendidos pelas suas botas de cano longo. Sentiram a espessura do
lamaçal. Pensaram. Discutiram como resolver o problema. Depois, com a ajuda de algumas pedras e
de galhos secos de árvores, deram ao terreno a consistência mínima para que as rodas da camionete
passassem sem atolar.
Pedro e Antônio estudaram. Procuraram compreender o problema que tinham de resolver e, em
seguida, encontraram uma resposta precisa. Não se estuda apenas nas escolas. Pedro e Antônio
estudaram enquanto trabalharam. Estudar é assumir uma atitude séria e curiosa diante de um
problema.
LEITE, L. C. I. Encontro com Paulo Freire. Revista Educação e Sociedade. São Paulo: Cortez e
Moraes, n. 3, p. 68-69, maio, 1979.
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8. Planejar é, portanto, “assumir uma atitude séria e curiosa diante de um problema”.
O planejamento é, hoje, uma necessidade em todos os campos da atividade humana.
2.2. Tipos de planejamento na área da
educação
Na área de educação e do ensino, há vários níveis de planejamento, que variam de abrangência e
complexidade:
planejamento de um sistema educacional; planejamento geral das atividades de uma escola;
planejamento de currículos; planejamento didático ou de ensino: plano de curso, plano de unidade e
plano de aula.
Planejamento educacional
O planejamento de um sistema educacional é feito em nível sistêmico, isto é, em nível nacional,
estadual e municipal. Consiste no processo de tomada de decisões sobre a educação no conjunto do
desenvolvimento geral do país. A elaboração desse tipo de planejamento requer a proposição de
objetivos a longo prazo que definam uma política da educação.
Planejamento escolar
O planejamento geral das atividades de uma escola é o processo de tomada de decisão quanto aos
objetivos a serem atingidos e a previsão das ações, tanto pedagógicas como administrativas, que
devem ser executadas por toda a equipe escolar para o bom funcionamento da escola.
Planejamento curricular
O planejamento do currículo consiste na formulação de objetivos educacionais a partir dos objetivos
gerais expressos nos documentos oficiais. Nesse sentido, a escola deve procurar adaptá-los às
situações concretas, selecionando aquelas experiências que mais poderão contribuir para alcançar os
objetivos dos alunos, das suas famílias e da comunidade.
Planejamento de ensino
O planejamento de ensino é a previsão das ações e procedimentos que o professor vai realizar junto a
seus alunos e a organização das atividades discentes e das experiências de aprendizagem, visando
atingir os objetivos educacionais estabelecidos. Nesse sentido, o planejamento de ensino é a
especificação e operacionalização do plano curricular.
Existem três tipos de planejamento de ensino, de acordo com seu nível de especificidade crescente:
planejamento de curso; planejamento de unidade; planejamento de aula.
Planejamento de curso
Planejamento de curso é a previsão dos conhecimentos a serem desenvolvidos e das atividades a
serem realizadas em uma determinada classe, durante um período de tempo, geralmente durante o ano
ou semestre letivos.
O resultado desse processo é o plano de curso que é a previsão de um determinado conjunto de
conhecimentos, atitudes e habilidades a ser alcançado por uma turma num certo período.
Esquema de um plano de curso
Identificação
Escola: Série/Período:
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9. Disciplina: Ano letivo:
Curso: Professor:
Número previsto de aulas:
Objetivos gerais
Objetivos
específicos
Conteúdos
Estratégias
Tempo provável
Formas
de
avaliação
Procedimentos
de ensino
Recursos
Bibliografia
Planejamento de unidade
Planejado de unidade é uma especificação maior do plano de curso. Uma unidade é formada de
assuntos inter-relacionados.
Esquema para o planejamento de unidade
Identificação
Escola: Série/Período:
Disciplina: Ano letivo:
Curso: Professor:
Número previsto de aulas:
Tema central
Apresentação
Desenvolvimento
Integração
Bibliografia
Planejamento de aula
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10. Planejamento de aula é a sequência de tudo o que vai ser desenvolvido em um dia letivo. É a
especificação dos comportamentos esperados do aluno e dos meios – conteúdos, procedimentos e
recursos – que serão utilizados para sua realização.
Como elaborar o plano de aula?
Indicar o tema central da aula.Estabelecer objetivos.Indicar o conteúdo que será objeto de estudo.
Estabelecer os procedimentos e recursos de ensino. Prever como será feita avaliação.
Apresentamos, a seguir, um esquema que poderá facilitar o trabalho de planejamento de aula.
Esquema de um plano de aula
Identificação
Escola: Série/Período:
Disciplina: Ano letivo:
Curso: Professor:
Número previsto de aulas:
Tema central
Objetivos
específicos
Conteúdos
Estratégias
Tempo provável
Formas
de
avaliação
Procedimentos
de ensino
Recursos
Bibliografia
Importância do planejamento de ensino
Planejar as atividades de ensino é importante pelos seguintes motivos: evita a rotina e a
improvisação;contribui para a realização dos objetivos visados;promove a eficiência do ensino;
garante maior segurança na direção do ensino; garante economia de tempo e energia.
Características de um bom planejamento de ensino
Um bom planejamento de ensino deve ter as seguintes características:
ser elaborado em função das necessidades apresentadas pelos alunos;
ser flexível, isto é, deve dar margem a possíveis reajustamentos sem quebrar a unidade e a
continuidade, podendo ser alterado quando se fizer necessário;
ser claro e preciso, isto é, os enunciados devem apresentar indicações exatas e sugestões
concretas para o trabalho a ser realizado;
ser elaborado em íntima correlação com os objetivos visados;
ser elaborado, tendo em vista as condições reais e imediatas de local, tempo e recursos
disponíveis.
2.3. O planejamento no Ensino Superior
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11. Quando o docente trabalha no Ensino Superior, ele participa do planejamento de todas as atividades
acadêmico-pedagógicas da instituição de Ensino Superior da qual está vinculado, especialmente das
que dizem respeito ao(s) curso(s) de graduação em que ministra aulas.
No Ensino Superior, cada curso de graduação possui um projeto pedagógico ou projeto acadêmico de
curso, documento importante para conhecimento dos docentes, já que nele encontramos todas as
informações sobre o curso em que trabalhamos.
O planejamento da ação didática se apresenta de diferentes maneiras: ementa; programa de
disciplina;plano de aula ou plano de ensino; cronograma de atividades.
Ementa
A palavra ementa vem do latim ementum, que quer dizer idéia, pensamento, sumário, resumo.
Cada disciplina que compõe o currículo do curso possui sua respectiva ementa, dando origem a outro
documento chamado ementário.
Ementário é o livro ou caderno de ementas que contém todas as ementas de disciplinas que compõe o
currículo de um determinado curso de graduação.
Como se elabora uma ementa de disciplina?
Quando se redige uma ementa de disciplina, o docente deve respeitar as seguintes normas:
a ementa deve ser redigida em forma de um parágrafo;
deve conter, no máximo, 40 palavras (isto não quer dizer que não possa ter menos ou um
pouco mais de 40 palavras);
ser clara, resumir o que vai ser estudado/ensinado pelo docente em um curso;
lembre-se que, por meio da ementa, as pessoas devem ter uma visão mais completa possível do
que vai acontecer em um curso;
quando não se tem experiência em redação de ementas, deve-se sublinhar os tópicos mais
importantes de cada unidade de ensino, depois tentar juntá-los num todo.
2.4. Objetivos do programa de disciplina
Ao professor, cabe responsabilizar-se pelos resultados de seu ensino. Esses resultados estão
relacionados a seu sistema de ensinar, que toma como base a descrição específica do que se espera
que o universitário possa fazer depois de viver o processo ensino-aprendizagem.
Assim, o professor precisa definir de início o que o universitário será capaz de fazer ao final do
aprendizado.
Muitos professores acham difícil estabelecer os objetivos. Diria que é trabalhoso. No entanto, uma
hora que se perca planejando, ganha-se em qualidade de trabalho.
Revendo a formulação de objetivos
Objetivo geral é a formulação geral da competência que se espera do universitário ao terminar uma
disciplina, uma unidade de ensino ou um curso.
Objetivo específico são as proposições específicas sobre mudanças no comportamento dos
universitários, que serão atingidos gradativamente no processo de ensino e aprendizagem.
Sempre que os universitários têm dificuldades e/ou dúvidas entre objetivo geral e específico, sugiro
que se faça a analogia da escada, na qual o patamar ou topo seria o objetivo geral, e os degraus que
temos que subir para atingir o topo são os objetivos específicos.
Exemplificando
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12. O objetivo geral da disciplina didática do Ensino Superior é:
capacitar profissionais de diversas áreas do conhecimento ao exercício do magistério superior,
por meio do desenvolvimento de atividades e estudos teórico-práticos.
Este é o topo da escada. Mas, para que eu diga que preparei docentes universitários, é necessária uma
série de passos ou “subidas” de degraus, não é mesmo?
Tente estabelecer objetivos. Lembre-se que já temos a ementa, os conteúdos programáticos e estamos
trabalhando os objetivos.
Agora que você já estabeleceu os objetivos específicos, compare os seus com os meus e tire
conclusões.
Conceituar didática.
Estabelecer as mudanças das idéias pedagógicas em determinada faixa de tempo.
Traçar o perfil do docente por meio da literatura (perfil teórico) e de observações (perfil real).
Identificar as partes componentes de um programa de disciplina.
Elaborar programas de disciplina.
Identificar os tipos e as funções da avaliação.
Construir um teste com questões de múltipla escolha e dissertativa.
Estabelecer critérios de avaliação para cada atividade pedagógica.
Selecionar recursos de ensino que colaborem no sentido de melhorar a aprendizagem dos
universitários.
Avaliar livros didáticos a partir de um guia de análise.
Muitos outros degraus poderiam ser inseridos, porém estes já são suficientes para se chegar à idéia do
que é capacitar profissionais.
2.5. Conteúdos programáticos
Quando você divide a carga horária da disciplina, deve levar em conta dois princípios – o da
seqüência e o da complexidade –, isto é, dar menor número de horas/aula para os conteúdos menos
complexos e maior número de horas/aula para os que oferecem grau maior de dificuldade de
aprendizagem.
Os conteúdos de ensino devem ser organizados em unidades didáticas, conforme a carga horária
disponível para disciplina, podendo ter, no máximo, oito unidades.
Mas, podemos ter menos unidades ou mais unidades dependendo da carga horária da disciplina (30,
60, 90 e 120 horas, por exemplo).
O importante é não esquecer que os conteúdos de ensino estão relacionados aos objetivos propostos
para o processo ensino-aprendizagem.
2.6. E a metodologia de ensino?
O professor universitário, no exercício de suas funções, deve utilizar uma variedade de metodologias,
que contribuam para tornar suas aulas mais interessantes, dinâmicas e vivas.
Nesta parte, o professor cita os métodos e as técnicas de ensino utilizados para desenvolver o
programa.
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13. 2.7. Como o professor universitário avalia seus
alunos?
A avaliação do rendimento escolar envolve a freqüência e o aproveitamento.
Ao avaliar o universitário, o professor deve utilizar técnicas diversas e instrumentos variados, pois
quanto maior for a amostragem, mais perfeita será a avaliação.
A parte final do programa de disciplina trata da bibliografia.
2.8. Bibliografia básica
Ao indicar os livros básicos, o professor deve ter em mente a leitura mínima obrigatória, parte do
processo da aprendizagem fundamental.
2.9. Bibliografia complementar
A bibliografia complementar é a leitura recomendada para aumentar os conhecimentos sobre
determinados assuntos, criando a oportunidade de o aluno adentrar nas idéias de diferentes autores.
Ao listar as obras, o professor universitário deverá obedecer às normas técnicas vigentes da ABNT.
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