O documento discute a introdução à psicologia organizacional, definindo o que é esta área e seu escopo de estudo. Apresenta as interfaces entre a psicologia organizacional, psicologia do trabalho e gestão de pessoas, além de traçar um breve histórico da psicologia organizacional desde o século XIX.
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INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL
1 O que é Psicologia Organizacional?
Spector (2005; 2014) subdivide a Psicologia em diversas especialidades, algumas
preocupadas basicamente com o conhecimento da Psicologia enquanto ciência (Psicologia
Experimental); outras, concentradas tanto na ciência psicológica, quanto na aplicação
dos conhecimentos produzidos no mundo real (fora do âmbito da pesquisa). A Psicologia
Organizacional se enquadra na segunda categoria, por se ocupar tanto da produção de
conhecimento da ciência psicológica, quanto de sua aplicação.
“A Psicologia Organizacional refere-se ao desenvolvimento e à aplicação de princípios
científicos no ambiente de trabalho.” (SPECTOR, 2005, p. 5)
Assim, pode-se dizer que há dois aspectos importantes no campo da Psicologia
Organizacional: o estudo do lado humano das organizações e a aplicação dos princípios
e descobertas obtidos nas pesquisas.
O estudo do lado humano das organizações diz respeito à condução de pesquisas
sobre as pessoas no ambiente de trabalho. A aplicação dos princípios e das descobertas
obtidos nas pesquisas se refere à atividade prática dos psicólogos como consultores ou
funcionários das organizações.
O campo da Psicologia Organizacional apresenta duas divisões principais: Psicologia
Industrial e Psicologia Organizacional.
Psicologia
Organizacional
Industrial (recursos humanos)
Gerenciamento por meio do uso
apropriado de recursos humanos
Organizacional
Compreensão do comportamento
individual e aumento do bem-estar
no ambiente de trabalho
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Zanelli e Bastos (2009, p. 484) descrevem três interfaces pertinentes ao campo da POT:
Comportamento / Fazer humano
Psicólogo do trabalho
- Mercado de trabalho
- Análise de trabalho (cargas)
- Desempenho
- Desempenho/fatores
- Saúde/estresse no trabalho
Psicologia organizacional
- Atitudes, percepções, emoções
- Motivação, satisfação
- Liderança, processos decisórios
- Gestão, poder e conflito
- Cultura organizacional
- Processos de mudanças
Gestão de pessoas
- Recrutamento, seleção
- Educação e treinamento
- Avaliação de desempenho
- Planos de carreira
- Desenvolvimento gerencial
Trabalho Organizações
Âmbitos de análise
- Individual
- Grupal
- Organizacional
- Ambiental
Zanelli e Bastos (2009, p. 483).
Psicologia do Trabalho – comportamento humano e trabalho
Estuda, entre outros fenômenos, a natureza dos processos de organização do trabalho
e seus impactos psicossociais, principalmente sobre a qualidade de vida e a saúde do
trabalhador (individual e coletivamente).
Preocupa-se em entender como o desempenho humano no trabalho é afetado por fatores
pessoais, ambientais e pela maneira como o trabalho é organizado.
Tem ainda como foco de interesse o desemprego, o afastamento do trabalho por
aposentadoria e os seus impactos, e o processo de preparação para a inserção no trabalho.
• Mercado de trabalho;
• Análise do trabalho (cargos);
• Desemprego;
• Desempenho/fatores (pessoais, ambientais, organização do trabalho);
• Saúde/estresse no trabalho.
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Psicologia Organizacional – comportamento no trabalho e organização
Busca entender e lidar com processos psicossociais que caracterizam as organizações
de trabalho (conjunto de pessoas cujas ações precisam ser coordenadas, a fim de atingir
metas e objetivos que definem a missão de uma organização).
A compreensão dos fenômenos organizacionais envolve o exame de como se articulam
os processos microorganizacionais, apoiados na diversidade individual (atitudes, crenças,
valores, percepções, construção de significados, emoções etc.), como, a partir dessa
articulação, emergem os processos macroorganizacionais (estruturas, cultura, poder,
política etc.), e como estes constituem o contexto que configura, limita e afeta os
processos microorganizacionais.
• Atitudes, percepções, emoções;
• Motivação, satisfação;
• Liderança, processos decisórios;
• Gestão, poder e conflito;
• Cultura organizacional;
• Processos de mudança.
Gestão de Pessoas – ação humana e organização
Conjunto de políticas e práticas que revelam a estratégia utilizada para organizar a ação
individual e coletiva de modo coerente com os objetivos e a missão da organização.
Apoiadas em concepções e políticas gerais, as práticas de gestão de pessoas definem
como a organização capta, integra, avalia, desenvolve e retém seus membros.
• Recrutamento, seleção;
• Educação e treinamento;
• Avaliação de desempenho;
• Planos de carreira;
• Desenvolvimento gerencial.
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Zanelli e Bastos (2009) destacam, ainda, três características da POT:
1) “Há uma ampla diversidade de fenômenos que suscitam interesse de pesquisa
e demandam intervenções do psicólogo organizacional e do trabalho” (ZANELLI,
BASTOS, 2009, p. 484).
Assim como Spector (2005; 2014), os autores afirmam que muitos tópicos podem ser
analisados e estudados sobre prismas oriundos dos demais subcampos. A avaliação de
desempenho, por exemplo, mais que uma ferramenta de gestão (de pessoas), implica na
análise do trabalho e nas condições em que este é executado (Psicologia do Trabalho).
2) “O domínio da Psicologia Organizacional e do Trabalho envolve vários âmbitos de
análise e de intervenção” (ZANELLI, BASTOS, 2009, p. 485).
São quatro âmbitos indicados: individual, grupal, organizacional e contextual (ambiental):
- Individual: prioriza o papel do indivíduo e a sua história particularcomo determinantes
mais críticos (p. ex., qualidade de desempenho, satisfação no trabalho, nível de
estresse etc.).
- Grupal: os processos configuram a dinâmica dos grupos e das equipes no ambiente
de trabalho (p. ex., estilos de liderança, comunicação, conflitos etc.).
- Organizacional: elementos que configuram a organização como unidade global e
cujas características interagem com processos grupais e individuais na determinação
dos mesmos resultados (p. ex., características estruturais, dinâmica cultural e política
da empresa, modelo de organização do trabalho, desenho das tarefas etc.).
- Contextual ou ambiental: diz respeito às características do meio onde a organização
está inserida (p. ex., mudanças tecnológicas, políticas, sociais, culturas e econômicas.)
ACERTE O ALVO:
Seja qual for o fenômeno, tanto no plano da pesquisa quanto no campo da
intervenção, este não pode ser abordado levando em conta apenas fatores
individuais. “Níveis elevados de estresse, por exemplo, não podem ser explicados
apenas por características de personalidade, desconsiderando padrões de
relações entre chefia e trabalhador, estruturas de poder, cargas de trabalho,
organização do processo produtivo, pressupostos culturais e, até mesmo,
políticas macroeconômicas que fragilizam o trabalho e geram insegurança”
(ZANELLI, BASTOS, 2009, p. 486).
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3) “A Psicologia Organizacional e do Trabalho, para cumprir a sua missão como área
de conhecimento e campo de intervenção, requer, necessariamente, estreita interface
com outras áreas e campos” (ZANELLI, BASTOS, 2009, p. 486).
Os estudos e intervenções da POT têm se tornado visivelmente interdisciplinares. Para
compreender as questões organizacionais e do trabalho, é necessária a interface com
a Sociologia, a Antropologia, as Ciências Políticas e outras áreas.
Observe as principais contribuições da Psicologia e de outras áreas nos estudos das
organizações de trabalho:
Áreas ou subáreas Principais contribuições
Psicologia Geral
Aprendizagem, motivação, personalidade, percepção, emoções, tomada de
decisão individual, mensuração de atitudes, estresse.
Psicologia Social
Mudança comportamental, mudança de atitude, liderança, comunicação,
processos grupais, tomada de decisão em grupo, cognição social. Dinâmica
de grupo, equipes de trabalho, comunicação, comportamento intergrupal.
Sociologia
Poder, política, conflito. Dinâmica do mundo do trabalho. Emprego e
desemprego. Processo de trabalho. Organização do trabalho. Qualificação
e desqualificação da força de trabalho.
Administração
Teoria das Organizações, tecnologia organizacional, mudança
organizacional, cultura organizacional. Ambiente organizacional.
Estratégias organizacionais.
Antropologia
Diversidade cultural: valores e atitudes comparadas. Análise transcultural.
Cultura organizacional.
Ciências Políticas Conflitos, políticas intraorganizacionais, poder.
Economia
Dinâmica produtiva. Impacto de novas tecnologias. Produtividade.
Emprego e desemprego. Políticas macroeconômicas.
Educação
Qualificação para o trabalho. Aprendizagem em contexto de trabalho.
Tecnologias instrucionais.
Adaptado de Zanelli e Bastos (2009, p. 487)
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3 Breve histórico da Psicologia Organizacional
De acordo com Spector (2005; 2014), a Psicologia Organizacional é criação do século
XX, com raízes no século XIX. Seu surgimento está claramente associado à crescente
industrialização desse período, coincidindo com o despontar da Psicologia como campo
geral de estudo e aplicação (ZANELLI, BASTOS, 2009).
Veja a seguir, a linha histórica da Psicologia Organizacional.
História da Psicologia Organizacional no mundo
1889 Luigi Patrizi cria o laboratório de Psicologia do Trabalho, em Modena, Itália.
Anos de
1890
- Emil Kraepelin, na Alemanha
- Angelo Mosso, na Itália
Investigação dos aspectos
psicofisiológicos associados à
fadiga e às cargas de trabalho.
1903
Walter Dill Scott publica obra sobre Psicologia da Publicidade: Theory of
advertising.
1911
Frederick Winslow Taylor publica The principles of scientific management.
A Administração Científica ou Taylorismo é considerada a principal
influência sobre o campo da Psicologia Organizacional.
Uma importante influência no campo da psicologia organizacional foi a
obra de Frederick Winslow Taylor, um engenheiro que passou a carreira
estudando a produtividade dos funcionários no final do século XIX e
início do século XX. Taylor desenvolveu o que chamou de administração
científica, como uma abordagem para gerir trabalhadores de manufatura
em fábricas. A administração científica propõe inúmeros princípios para
orientar as práticas organizacionais (SPECTOR, 2014, p. 10).
A ORT se fundamenta nos seguintes aspectos (CHIAVENATO, 2014):
Análise do trabalho e do estudo dos tempos e movimentos. O estudo
dos tempos e movimentos permite a racionalização do método de trabalho
do operário e a fixação dos tempos-padrão para a execução das tarefas, o
que proporciona vantagens:
- eliminação do desperdício do esforço do funcionário e dos
movimentos inúteis;
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Início séc.
XX
Da economia escravocrata para a industrialização. Tentativas de
racionalização e procura de caráter científico e inovador no controle dos
processos produtivos.
Léon Walther traz a Psicotécnica para o Brasil (acolhida como instrumental
para a viabilização das propostas tayloristas).
Posteriormente, Henri Piéron desencadeia estudos dos testes psicológicos
em curso de Psicotécnica na Escola Normal de São Paulo.
1924
Primeiras aplicações de testes no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo,
sob a direção de Roberto Mange.
Expansão da aplicação de testes psicológicos (exame psicotécnico),
com a finalidade de selecionar empregados, principalmente nas
empresas ferroviárias.
1925
No Recife, Ulysses Pernambuco, neurologista e psiquiatra, cria
o Instituto de Psicologia de Pernambuco, que, a partir de 1929,
passaria a se chamar Instituto de Seleção e Orientação Profissional
de Pernambuco.
1930
Criação do Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT),
importante na difusão das aplicações da Psicologia ao trabalho no Brasil.
Sobre o IDORT, Zanelli e Bastos (2009) afirmam:
(...) veio atender a uma expectativa, então já remota, entre
os empresários paulistas, e serviu para treinar profissionais
psicotécnicos, em sua maioria engenheiros dedicados aos
problemas de ajustamento humano ao trabalho, e passou a
ter considerável penetração nas empresas. O IDORT teve
importância crucial na difusão das aplicações da Psicologia
ao trabalho no Brasil. A difusão das atividades de inserção do
psicólogo aos contextos de trabalho no País reproduz a busca
de racionalização e se generalizou na sociedade, sobretudo pela
crença na aplicação de testes psicológicos, com claro e restrito
objetivo econômico de aumentar a produtividade das empresas.
Isso impulsionou não apenas a área, mas o campo de atuação da
Psicologia como um todo, que ganhou legitimidade. A Psicologia,
uma jovem ciência, na primeira metade do século XX, passou a
figurar entre as disciplinas que forneciam apoio e legitimidade
aos métodos administrativos e suas correspondentes práticas.
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1930
Quando a profissão foi reconhecida legalmente, na década de
1960, o campo da Psicologia aplicada ao trabalho já estava
consolidado (ZANELLI, BASTOS, 2009, p. 473-474).
Expansão das organizações produtivas brasileiras, com a instalação de
multinacionais e o aumento da competitividade. Cenário: mão de obra
desqualificada e atividades administrativas centradas na produção. As
preocupações com a formação profissional começam a ganhar força,
atraindo também profissionais vinculados à Psicologia.
Diretos e benefícios aos trabalhadores, impactando as relações de trabalho.
Autores voltados para a aplicação da Psicologia ao trabalho neste período:
Roberto Mange: engenheiro, inicia, em 1924, farta produção científica
em Psicologia Industrial. No seu trabalho no Centro Ferroviário do
Estado de São Paulo, contou com a colaboração de Anniela Ginsberg
(Psicologia Experimental e Clínica, em 1932) e Betty Katzenstein
(Psicotécnica, em 1933).
Emilio Mira y López: em 1947, Mira y López dirigiu o Instituto de Seleção
e Orientação Profissional (ISOP) da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de
Janeiro, e publicou livros sobre orientação profissional.
Oswaldo de Barros Santos: autor do primeiro texto brasileiro de orientação
profissional, dirige, de 1938 a 1942, o Gabinete de Psicotécnica da Escola
Técnica Getúlio Vargas, em São Paulo.
A gestão presidencial de Juscelino Kubitschek (fase desenvolvimentista)
se destaca pela vinda de montadoras internacionais ao Brasil, provocando
mudanças nos modelos de gestão empresarial.
A partir daí, surgem efetivamente os primeiros investimentos na
qualificação dos trabalhadores e as preocupações com métodos
de gestão mais apropriados às condições e características da
realidade brasileira, embora seja evidente o quanto continuam
sendo reproduzidas as elaborações originadas em países
colonizadores (ZANELLI, BASTOS, 2009, p. 474).
Livro Industrial psychology, de Joseph Tiffin (1942). Em 1958, Ernest
McCormick compartilha a autoria na revisão do texto. A partir do final da
década de 1960, o livro traduzido é tem ampla e duradoura utilização na
formação de psicólogos brasileiros.
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2001
Primeiro número da Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT)
– primeiro periódico do Brasil, sob financiamento inicial do Conselho
Federal de Psicologia, após debates entre os membros do Grupo de
Trabalho em Psicologia Organizacional e do Trabalho (GTPOT), originados
principalmente em simpósios da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-
Graduação em Psicologia (ANPEPP).
A história dessa área de conhecimento está repleta de exemplos
de como os psicólogos organizacionais ajudaram a melhorar as
organizações e as condições de trabalho para os funcionários.
A psicologia organizacional cresceu enormemente de um
foco inicial na eficiência e produtividade, especialmente nos
Estados Unidos, às várias e diversificadas área que temos
atualmente. A psicologia organizacional tem muito a contribuir
para o funcionamento das organizações e para o bem-estar
dos funcionários e o futuro da área parece promissor, já que
as organizações continuam a precisar de ajuda para lidar com
questões relativas aos funcionários (SPECTOR, 2014, p. 13).
Pode-se dizer que o movimento do desenvolvimento da POT no Brasil seguiu o movimento
mais geral do campo no cenário internacional, com algum atraso. Sampaio (1998) e
Freitas (2002), apud Zanelli, Bastos e Rodrigues (2014), identificam três principais fases
no desenvolvimento da área no Brasil, conforme a seguinte representação:
Psicologia Organizacional
Ênfase na produtividade das
empresas, ampliando o foco
de atuação
Trabalho com grupos
Psicologia Industrial
A partir dos anos de 1930
Psicotécnica
Seleção e colocação de pessoal
Psicologia do trabalho
Maior ampliação do foco, com
ênfase nas questões de saúde
Preocupação além
das organizações
Zanelli, Bastos e Rodrigues (2014, p. 558)
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Vejamos um exemplo de como os princípios da administração científica de Taylor foram
cobrados pelo Instituto AOCP, no concurso para psicólogo organizacional da EBSERH,
em 2015:
QUESTÃO 01. (INSTITUTO AOCP/EBSERH/2015) Apesar de ter sido desenvolvida
há mais de um século, a Administração Científica do Trabalho taylorista ainda é muito
praticada. Esta apresenta uma constituição solidificada por diversos princípios.
Assinale a alternativa que apresenta um desses princípios.
a) A responsabilidade pela organização do trabalho é do “chão de fábrica”, pois,
nesse modelo, é valorizada a grande massa de mão de obra pensante e planejadora.
b) A forma de melhor realizar o trabalho deve ser estabelecida pela “tentativa e erro”,
embasada em experimentações cotidianas, de modo a rechaçar qualquer forma de
trabalho científica e precisa, a fim de melhor adaptar-se ao mercado flexível.
c) Os processos seletivos devem ser organizados seguindo a máxima “do lugar
certo e adaptável para a pessoa certa”.
d) A eficiência do desempenho do trabalhador requer que ele seja treinado
metodicamente na tarefa sob a sua responsabilidade.
e) O investimento na maturidade técnica e operacional dos trabalhadores é
realizado de modo a eliminar a necessidade de supervisão.
De acordo Bastos (2003), apud Tonetto et al. (2008),o termo POT, empregado desde a
década de 1990, tem por objetivo contemplar a diversidade da área, de modo a propor
a existência de dois grandes eixos de fenômenos que envolvem aspectos psicossociais:
as organizações, enquanto ferramenta social formadora de coletivos humanos, e o
trabalho, enquanto atividade básica do ser humano reprodutora de sua própria
existência e da sociedade.
Assim, Tonetto et al. (2008) afirmam, a partir de Zanelli e Bastos (2004) e Malvezzi
(2004), que os fenômenos organizacionais são considerados processos psicossociais
que estruturam a vida dos indivíduos e o funcionamento das sociedades. De modo
semelhante, o trabalho é concebido enquanto elemento transformador não apenas da
matéria, mas também da vida psíquica, social, cultural, política e econômica.
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Vejamos um exemplo de como esse conteúdo foi cobrado pelo Instituto AOCP, no
concurso para psicólogo do Colégio Pedro II, em 2013:
QUESTÃO 02. (INSTITUTO AOCP/COLÉGIO D. PEDROII/2013) O termo
Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT), empregado desde seus primórdios,
tem por objetivo contemplar a atual diversidade da área. Desse ponto de vista,
assinale a alternativa correta.
a) Os fenômenos organizacionais são considerados como processos objetivos,
que estruturam a vida das organizações e o funcionamento das sociedades.
b) O trabalho é concebido enquanto elemento transformador não apenas da
matéria, mas também da vida psíquica, social, cultural, política e econômica.
c) Um dos principais desafios na área de POT é compreender como interagem os
múltiplos aspectos que desintegram a vida das pessoas, grupos e organizações
em um mundo em constante transformação, de modo exclusivo a recusar formas
de promover, preservar e restabelecer a qualidade de vida e o bem-estar.
d) É preciso incentivar que as pessoas tenham que se adaptar a condições que
ultrapassem seus próprios limites, como aprender habilidades em prazos mais
curtos do que o necessário ou mesmo alterar aspectos de sua identidade.
e) Faz-se desnecessária a interface com outras áreas do conhecimento, tais como
Sociologia, Antropologia, Ciências Políticas, Educação, Economia e Administração.
4 Atuação do psicólogo organizacional
Os trabalhos iniciais do que hoje conhecemos como Psicologia Organizacional se
concentravam em questões de desempenho no trabalho e eficiência organizacional.
À medida que foram ganhando maior porte, as organizações começaram a contratar
psicólogos organizacionais para atender aos crescentes problemas funcionais,
principalmente aqueles relevantes para a produtividade.
A Psicologia tem longa tradição de interesse no comportamento ético e no bem-estar
das pessoas. O objetivo do psicólogo é melhorar a condição humana por meio da
aplicação da Psicologia. Para o psicólogo organizacional, isso implica ajudar a melhorar
o funcionamento das organizações e o bem-estar dos funcionários. (SPECTOR, 2014).
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Assim, podemos entender que os dois principais focos de atuação do psicólogo
organizacional são:
• Eficiência organizacional, por intermédio da seleção de pessoas mais capazes, do
treinamento de pessoas para realizar melhor o trabalho, da criação de tarefas mais
adequadas e do desenvolvimento das organizações para melhorar seu funcionamento.
• Bem-estar das pessoas, visando a transformar as organizações em ambientes mais
saudáveis e seguros para as pessoas trabalharem, ainda que sem a melhoria direta da
eficácia da organização.
A atuação do psicólogo organizacional é influenciada pelas transformações do contexto
e pelo desenvolvimento da ciência. Observando a história da POT, percebe-se que a
amplitude e o escopo da atuação profissional têm sido efetivamente alargados.
4.1 Áreas de atuação
Os psicólogos organizacionais têm diferentes funções em ampla variedade de ambientes
(SPECTOR, 2014; 2005), desempenhando atividades profissionais voltadas à pesquisa
científica ou à prática. Spector (2014) descreve as principais atividades dos profissionais
voltados à pesquisa e ao ensino (professores universitários), e dos psicólogos
organizacionais de atuação prática.
PSICÓLOGO ORGANIZACIONAL
E DO TRABALHO
- Analisar a natureza do trabalho (análise do
trabalho);
- Conduzir análises para encontrar a solução para
problemas organizacionais;
- Conduzir levantamentos para se informar sobre
os sentimentos e opiniões dos funcionários;
- Projetar sistema de avaliação do desempenho
dos funcionários;
- Projetar sistema de seleção de funcionários;
- Projetar programa de treinamento;
- Desenvolver testes psicológicos;
- Avaliar a eficácia de uma atividade ou prática,
como um programa de treinamento;
- Implementar mudança organizacional, como
um novo sistema de remuneração para fun-
cionários de bom desempenho.
Profissionais voltados à
pesquisa e ao ensino
- Lecionar;
- Realizar pesquisas;
- Elaborar artigos de pesquisa e apresentá-los;
- Publicar artigos em periódicos científicos;
- Prestar serviços de consultoria a organizações;
- Escrever livros didáticos;
- Orientar alunos de graduação e pós-graduação;
- Fornecer informações ao público;
- Elaborar cursos;
- Manter-se atualizado na área;
- Ajudar a administrar as funções relacionadas ao
ensino de sua instituição.
Profissionais voltados
à prática
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Algumas atividades práticas demandam a condução de pesquisas para decidir a
melhor abordagem para solucionar o problema em questão (SPECTOR, 2014,p. 5).
(...) a atividade de pesquisa em contextos organizacionais e frente a problemas
de trabalho é vista como atividade fundante de todo o campo, básica para
quaisquer níveis de intervenção e para quaisquer atividades nos seus vários
subcampos de atuação (ZANELLI, BASTOS, 2009, p. 479 – grifos nossos).
Vejamos um exemplo de como o campo de atuação do psicólogo organizacional foi
cobrado pela banca FUNRIO, no concurso para psicólogo do Instituto Federal da Bahia,
em 2014:
QUESTÃO 03. (FUNRIO/IFB/2014) Nas organizações de trabalho, o Psicólogo
tem um amplo campo de atuação. Um desses campos será o de contribuir para
a produção teórica sobre o comportamento humano no contexto organizacional
(ZANELLI, 2002). Para atingir esse objetivo, o Psicólogo deve
a) Planejar programas de treinamento.
b) Desenvolver pesquisas.
c) Supervisionar atividades de registros.
d) Acompanhar o processo de adaptação.
e) Planejar e acompanhar as atividades.