Este documento discute propriedades fundamentais do som como intensidade, altura e timbre. Também aborda componentes da trilha sonora como fala, ruídos e música. Por fim, explica elementos da música como notas, relações entre notas, duração, melodia e harmonia.
3. Intensidade
• É o fator que determina o quão “alto” o som soa aos nossos
ouvidos – i.e., volume. É a amplitude da onda sonora, medida
em decibéis (dB).
• Não deve ser confundido com a altura (nota musical). Pode-se
executar uma mesma altura com intensidades diferentes.
4. Intensidade
• Interpretamos a intensidade do som como correlacionada
com a distância a que estamos dos objetos.
• Empregos da manipulação da intensidade (volume) do som
em filmes e na televisão:
• A maioria dos filmes edita as intensidades dos sons, pois o
microfone acaba captando todos sem distinção
• Abafar um som ambiente alto para iniciar um diálogo
• Aumentar artificialmente um som para chamar atenção para algo
ou para criar um novo sentido
5. Altura
• Distinção entre um som grave, médio ou agudo.
• A altura é medida pela freqüência: quanto mais oscilações por
segundo (Hertz), mais agudo será o som: o ouvido humano é
capaz de ouvir sons entre 20-18.000 Hz.
• A freqüência é inversamente proporcional ao comprimento de
onda: quanto maior a freqüência da onda, menor o
comprimento.
• Vídeo: som, vibração e características de onda
7. Altura
• Usos expressivos da altura do som:
• Diferenças de vozes e de entonação (sedutora, firme, hesitante,
estridente, etc.)
• Sons extremamente agudos causam inquietação (Psicose, som de
quadro sendo arranhado)
• Sons extremamente graves podem provocar a sensação de
impacto (Philco) ou de “gravidade” de uma situação.
8. Timbre
• Exceto por sons sintetizados e instrumentos como o diapasão,
a maioria dos sons do mundo não são ondas simples, mas
misturas complexas.
• O timbre é um dos principais recursos que nos permite
diferenciar vozes de pessoas, instrumentos musicais e fontes
sonoras.
11. Fala/diálogos
• Em geral é o elemento mais proeminente na trilha sonora:
como precisamos entender o que está sendo dito por atores
ou pessoas nos documentários, o som das falas costuma ser
alto e bem-definido.
• As montagens plano/contraplano costumam acontecer
enquanto alguém está falando, para “colar” as imagens e
tornar os cortes mais sutis.
• Diferenças de projeção de voz a partir da evolução da
tecnologia sonora – microfones mais sensíveis e portáteis
(Casablanca vs. Matrix)
• Na pós-produção, a voz costuma ser bastante modificada,
incluindo-se redublagens.
12. Ruídos/sonoplastia
• A sonoplastia é uma arte tão influente que só conhecemos
muitos timbres pelos seus usos em filmes (especialmente
fantásticos e de ficção científica) e desenhos animados.
• Vídeos ilustrativos:
• Guerra dos Mundos (2005)
• Track Stars: The Unseen Heroes of Movie Sound
• Gary Heckler: Veteran Foley Artist
• Ouvindo Tarantino
• Sonoplastia de Wall-E (parte 1, parte 2)
13. Música
Algumas funções da música no cinema (BAPTISTA, André):
• Sinalizar emoções;
• Referências denotativas (locações e elementos cênicos)
• Referências conotativas (significados implícitos)
• Assentar a continuidade visual
• Dar uma unidade ao filme (música-tema, leitmotiv)
• Informar sobre acontecimentos fora do campo
• Guiar temporalmente
14. Mixagem
• Há mixagens mais esparsas (2001: Uma odisséia no espaço) e
outras mais cheias (Guerra nas Estrelas) – filmes de ação são
um caso à parte.
• Som extradiegético (“de fosso”) vs. som diegético (interno ou
externo) - não é a técnica de produção que importa, mas a
atribuição por parte do espectador
• “Diegético” (do grego diegesis): proveniente do universo
narrativo, ancorado nos personagens e objetos da estória
representada.
• Muitas vezes o filme brinca com isso, como em Ajuste Final
(irmãos Coen, 1990)
16. Notas
• Determinadas alturas (frequências) sonoras são convencionais
na teoria musical e codificadas enquanto notas musicais.
• No sistema ocidental, são elas: as notas naturais (dó, ré, mi, fá,
sol, lá, si) e as notas intermediárias, representadas pelos
símbolos ♭(bemol) e ♯ (sustenido).
17. Notas
• As notas naturais correspondem às teclas brancas do piano; as
intermediárias, às pretas.
18. Notas
• Mais especificamente, cada nota musical corresponde a uma
série de freqüências com relação exponencial.
• Ou seja, um som com o dobro da freqüência de outro
corresponde à mesma nota.
• Exemplo: a nota “lá” designa os sons correspondentes às
freqüências indicadas abaixo.
19. Relações entre notas musicais
• Distância entre duas notas musicais: intervalo; a partir de três
notas simultâneas podemos falar em um acorde.
• Um intervalo de segunda (uma nota com o semitom
imediatamente posterior) é altamente dissonante, provoca
sensação estranha de instabilidade;
• Um intervalo de oitava é (fora o uníssono) o mais consonante
possível, dá a maior sensação estabilidade. Por isso é que se
consideram tons separados por intervalos de oitava como a
“mesma” nota.
20. Relações entre notas musicais
Consonância é a “vibração concordante de ondas sonoras de
freqüências que se relacionam por razões de números inteiros e
de pequena grandeza”; na dissonância, a relação numérica é
mais complexa (Dicionário Grove de música).
No sistema tonal, usam-se dissonâncias para provocar certa
instabilidade (tensão, expectativa) na música, que será resolvida
com uma consonância.
A música moderna (atonal, dodecafônica) abandonou o sistema
tonal, mas a maioria esmagadora das músicas cênicas (teatro,
ópera, cinema) são tonais e seguem esse princípio. Exemplos:
• Carruagens de Fogo (Hugh Hudson, 1981) enfatiza a
consonância;
• Dissonância no tema do assassinato em Psicose (Hitchcock,
1960).
21. Relações entre notas musicais
• As músicas tonais não costumam usar todas as notas da
oitava, mas trabalham com escalas (um guia de notas que
dividem uma oitava).
• Uma escala altamente consonante é a pentatônica, usada em
gêneros populares como o blues e o rock, assim como em
gêneros tradicionais gregas, japonesas e afro-caribenhas.
• Bobby McFerrin mostra o poder consonante da escala
pentatônica
22. Relações entre notas musicais
As músicas tonais (a imensa maioria do que escutamos) são
constituídas por múltiplos acordes e escalas, regidos por um
“centro tonal” (chave).
Tom maior, associado a sensações de alegria, ânimo,
estabilidade, resolução (temas de aventura, hinos). Exemplos:
• Tema de Indiana Jones (Os caçadores da arca perdida).
Tom menor, associado a sentimentos de melancolia e tristeza
(canções de perdas amorosas, músicas fúnebres). Exemplos:
• Comptine d’un autre été (Amélie Poulain, 2001);
• Prólogo (A Sociedade do Anel, 2001 – 0:30).
Comparativo da música Für Elise executada em tom menor
(original) e adaptada para o tom maior.
23. Duração
• Andamento: a velocidade com que a música é executada. Em
filmes com músicas compostas próprias, costuma-se tocar a
música-tema em andamentos variados.
• Ritmo: padrões que regem durações, regularidades e saltos
das notas.
• Delicatessen (Jean-Pierre Jeunet, 1991)
• Harry Potter e a pedra filosofal (Chris Columbus, 2001)
• Matrix, a fuga de Trinity (Irmãos Wachowski, 1999 – 2:30)
24. Melodia e harmonia
• Melodia: uma seqüência identificável de notas sucessivas em
um ritmo específico.
• Acordes: um conjunto de notas musicais simultâneas,
compõem a harmonia da música.
25. Música (exemplos)
• O morro dos ventos uivantes (1939)
• O iluminado (1980), abertura, cena das garotas.
• O uso autoral das canções no cinema.
• Terra Estrangeira (1996)
• A música de Guerra dos Mundos
• Remo Usai, um músico para o cinema
26. Bibliografia
BAPTISTA, André. As funções da música no cinema segundo Gorbman,
Wingstedt e Cook: novos elementos para a composição musical
aplicada In: XVI Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-
graduação em Música, 2006, Brasília.
BARNIER, Martin. As relações entre imagens e sons. In: GARDIES, René
(Org.). Compreender o cinema e as imagens. Lisboa: Texto & Grafia,
2008. p.47-58.
BORDWELL, David; THOMPSON, Kristin. Sound in the Cinema. in: Film
Art: An Introduction. 8.ed. New York: McGraw-Hill, 2008. (1.ed. 1979).
CHION, Michel. A audiovisão: som e imagem no cinema. Lisboa: Texto
& Grafia, 2011.
MAIA, Guilherme. Elementos para uma poética da música do cinema.
Tese (Doutorado em Comunicação) - UFBA, Salvador, 2007.