1) André Bazin foi um crítico de cinema francês influente na nouvelle vague e fundador da revista Cahiers du Cinéma;
2) Bazin defendia que o cinema possui uma "ontologia da imagem fotográfica" que permite reproduzir a realidade de forma única, em contraste com as artes plásticas dependentes da subjetividade do artista;
3) Ele também propunha que técnicas cinematográficas que imitam melhor a percepção natural, como a profundidade de campo e o plano-sequência
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
André Bazin
1. André Bazin
DFCH456 – Teorias do Cinema e do Audiovisual 1
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Prof. Cristiano Canguçu
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2. André Bazin (1918-58)
Cineclubista e professor convidado do IDHEC.
Fundou a revista Cahiers du Cinéma (onde escreveriam Truffaut,
Godard, Rohmer, Rivette e Chabrol).
Mentor da nouvelle vague.
Primeiro a desafiar publicamente as teorias formalistas.
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3. Autoria
Escreveu seus ensaios mais importantes entre 1945 e 1950.
Coletâneas póstumas:
• O que é o cinema? (1958-62);
• Jean Renoir (1971);
• Orson Welles (1972);
• A política dos autores (1972);
• Charlie Chaplin (1973);
• O realismo impossível (2017).
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4. Bazin vs. Arnheim
Em comum entre os formativos e os realistas: a tese da
especificidade do cinema (essencialista).
• O cinema seria “intrinsecamente apto” para certas coisas, mas
não para outras.
Arnheim defendia a maior diferenciação do cinema frente à
realidade.
• Transcendendo artisticamente o automatismo da reprodução
mecânica.
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5. Bazin vs. Arnheim
Para Bazin, reproduzir a realidade é um “estatuto de
credibilidade” especificamente cinematográfico:
• A analogia fotoquímica entre filme e realidade o permite atuar
como testemunho das “coisas como elas são”;
• Dando um valor estético único à sétima arte.
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6. Ontologia da imagem fotográfica
História das artes plásticas como história (também) do realismo;
Eis a vocação da imagem fotográfica, que dela libertou as outras
artes (que dependem intrinsecamente da subjetividade do
artista).
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7. Ontologia da imagem fotográfica
A expressão “a objetiva” (lente) revelaria a natureza do
dispositivo que transfere a realidade para sua reprodução sem
passar pela subjetividade humana;
O cinema é como a fotografia, mas apreende também a duração
do fenômeno.
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8. O mito do cinema total
Antes mesmo da película fotográfica (emulsão sensível e seca
capaz de fixar imagem instantânea) existir, o cinema já era
inventado aos poucos pelos seus precursores.
Eles já imaginavam o “cinema total” – incluindo som, cor e
relevo – e tentavam atingi-lo com o que dispunham, pintando a
película e gravando fonogramas.
Qualquer purismo sobre o cinema mudo e preto-e-branco é
uma falsidade histórica: desde o início se tentava ultrapassar
essas limitações.
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9. O mito do cinema total
“O mito guia da invenção do cinema e, portanto, a realização
daquele que domina confusamente todas as técnicas de reprodução
mecânica da realidade que apareceram no século XIX, da fotografia
ao fonógrafo. E o mito do realismo integral, de uma recriação do
mundo a sua imagem, uma imagem sobre a qual não pesaria a
hipoteca da liberdade de interpretação do artista, nem a
irreversibilidade do tempo”.
Por isso, o absurdo de considerar o cinema mudo como uma
“perfeição primitiva”, ameaçada pelo som e pela cor (segundo
Arnheim).
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10. Montagem proibida
“Quando o essencial de um acontecimento depende de uma
presença simultânea de dois ou mais fatores da ação, a
montagem fica proibida”.
“Ela retoma seus direitos a cada vez que o sentido da ação não
depende mais da contiguidade física, mesmo se ela é implicada”.
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11. A evolução da linguagem cinematográfica
Dois tipos de cineastas para Bazin:
1. Cineastas “da imagem” privilegiam montagens e
manipulações plásticas que retalham o espaço-tempo
(expressionistas alemães, diretores soviéticos);
2. Cineastas “da realidade” usam a encenação, a
profundidade de campo e o plano-seqüência para
respeitar o continuum do real (Lumière, Flaherty,
Stroheim, Welles, Wyler, Renoir).
Movimentos como o neorrealismo e o realismo poético
reduziriam a estilização ao mínimo, mostrando o valor da
própria realidade apreendida. 11
12. Técnicas que imitam a percepção natural seriam preferíveis às
técnicas irrealistas da montagem e dos efeitos especiais e
trucagens ópticas;
Pois as primeiras permitiriam ao espectador explorar os
múltiplos sentidos da imagem cinematográfica.
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A evolução da linguagem cinematográfica
13. Bibliografia
ANDREW, J. Dudley. As principais teorias do cinema. Rio de
Janeiro: J.Zahar, 1989.
BAZIN, André. O Cinema: ensaios. São Paulo: Brasiliense, 1991.
p.19-32; p.54-65.
STAM, Robert. Introdução à teoria do cinema. Campinas, SP:
Papirus, 2003.
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