1. Aula de OFIDISMO
Enfermagem em
Urgência e Emergência
1
Docente
Márcio Gomes da Costa
Pós Graduação em Unidade de Terapia Intensiva
Pós Graduação em Docência
Pós Graduando em Gestão Estratégica de Negócios
Com ATLS – ACLS - PALS pela FUNCOR / HCSP
2. IntroduçãoIntrodução
- Dentre os acidentes com animais
peçonhentos, o ofidismo é o principal
deles
2
Ofidismo
- Maior freqüência e gravidade
- Ocorre em todas as regiões do Brasil
- Importante problema de saúde quando
não instituída terapêutica adequada
- Notificação obrigatória desde 1986
- Em 1990 foram notificados 9396 casos
3. IntroduçãoIntrodução
- As serpentes peçonhentas possuem dentes
inoculadores de veneno localizados na região
anterior do maxilar superior
3
Ofidismo
anterior do maxilar superior
- Presença de fosseta loreal – com exceção das
corais
4. Primeiros socorros
. lavar o local da picada apenas com água
ou com água e sabão;
. manter o paciente deitado;
4
. manter o paciente deitado;
. manter o paciente hidratado;
. procurar o serviço médico mais próximo;
. se possível, levar o animal para
identificação
5. não fazer torniquete ou garrote;
. não cortar o local da picada;
. não perfurar ao redor do local da picada;
. não colocar folhas, pó de café ou outros
contaminantes;
5
contaminantes;
. não oferecer bebidas alcoólicas, querosene
ou outros tóxicos.
6. Classificação das SerpentesClassificação das Serpentes
- 3 principais famílias: Colubridae, Elapidae e
Viperidae
6
Ofidismo
Viperidae
- Serpentes de importância no Brasil: 23
espécies pertencem à família Viperidae
(Bothrops, Bothriopsis, Crotalus e Lachesis);
- 17 espécies pertencem ao gênero Micrurus
(família Elapidae)
7. Ofidismo
Gênero Bothrops:Gênero Bothrops:
- Responsáveis por 80-
90% dos acidentes
ofídicos
7
ofídicos
- Ambientes úmidos
como matas, hábitos
noturnos
- Consideradas as mais
agressivas
8. Gênero Bothriopsis:Gênero Bothriopsis:
- Serpentes de cor verde-clara
- Arborícolas
- Encontrada na Zona da Mata e região amazônica
8
Ofidismo
- Encontrada na Zona da Mata e região amazônica
- Jararaca verde
9. Gênero Crotalus:Gênero Crotalus:
- Freqüência baixa: 7%
- Apresentam na porção
terminal da cauda o guizo ou
chocalho
9
Ofidismo
chocalho
- Presente em regiões secas e
pedregosas do Brasil
- Menos agressivas que as do
gênero bothrps
- Mortalidade elevada: 72% nos
casos não tratados
10. Gênero Micrurus:Gênero Micrurus:
- Baixa incidência: 0,5%
- Cabeça arredondada,
sem fosseta loreal nem
10
Ofidismo
sem fosseta loreal nem
escamas na cabeça
- Dentes inoculadores
pequenos
- Hábitos noturnos
- Comportamento não
agressivo
11. Gênero Lachesis:Gênero Lachesis:
- Baixa incidência:
1,5% dos acidentes
- Serpentes
11
Ofidismo
- Serpentes
distribuídas pelas
grandes florestas
tropicais
12. Presença de fosseta loreal
AUSENTE PRESENTE
12
Ofidismo
Cauda
Com anéis
Coloridos
Micrurus Bothrops Lachesis Crotalus
PEÇONHENTASNÃO PEÇONHENTAS
Cauda Lisa
Cauda com
Escamas
arrepiadas
Cauda com
chocalho
17. Ofidismo – Bothrops e Bothriopsis
Patogenia:Patogenia:
Ação Coagulante:
- Veneno converte diretamente fibrinogênio em
fibrina – “ação coagulante tipo trombina”
17
fibrina – “ação coagulante tipo trombina”
- Ativam fator X e a protrombina da cascata de
coagulação sangüínea
- Consumo de fibrinogênio com incoagulabilidade
sangüínea
- Consumo de fator V, VII e plaquetas CIVD
19. Ofidismo – Bothrops e Bothriopsis
Patogenia:Patogenia:
Ação Citotóxica
- Ação citotóxica direta nos tecidos por frações
proteolíticas do veneno
- Pode haver: liponecrose, mionecrose e lise das
19
- Pode haver: liponecrose, mionecrose e lise das
paredes vasculares.
- Ação que guarda relação direta com a quantidade
de veneno inoculado
20. Ofidismo – Bothrops e Bothriopsis
Patogenia:Patogenia:
Ação Vasculotóxica
- Hemorraginas agem sobre os vasos capilares
destruindo inicialmente a membrana basal e
causando sua ruptura
20
causando sua ruptura
- Pode gerar hemorragias em pulmões, cérebro e
rins
21. Ofidismo – Bothrops e Bothriopsis
Patogenia:Patogenia:
Outras Ações
- Choque, com ou sem causa definida:
- Hipovolemia por perda de sangue ou plasma no
membro edemaciado
21
membro edemaciado
- Ativação de substâncias hipotensoras
- Edema pulmonar
- CIVD
22. Ofidismo – Bothrops e Bothriopsis
Quadro Clínico:Quadro Clínico:
- Variam com a quantidade de veneno
aplicada
- dor intensa no local, que pode ser o único
sintoma
22
sintoma
- edema indurado, acompanhado de calor e
rubor, na região atingida (em geral de
caráter progressivo)
- Equimoses e sangramentos no ponto da
picada são freqüentes
23. Ofidismo – Bothrops e Bothriopsis
- Grande quantidade de veneno inoculada:
- Epistaxe
- gengivorragias
- sangramento de lesões recentes que
23
- sangramento de lesões recentes que
raramente são de grande repercussão clínica
- Infartamento ganglionar e bolhas podem
aparecer na evolução, assim como, alguns
dias após, abcessos ou necrose de partes
moles.
25. Ofidismo – Bothrops e Bothriopsis
Quadro Clínico:Quadro Clínico:
Complicações Locais
- Síndrome compartimental (dor intensa,
parestesia, diminuição da temperatura do segmento
distal, cianose e déficit motor)
25
distal, cianose e déficit motor)
- necrose (lesão vascular, trombose arterial, síndrome
compartimental, uso de torniquete e por efeito de
infecção bacteriana)
- gangrena (risco maior nas picadas em
extremidades podendo decorrer de isquemia,
infecção ou ambos, necessita de tratamento
cirúrgico)
- infecção secundária, abscesso
26. Ofidismo – Bothrops e Bothriopsis
Quadro Clínico:Quadro Clínico:
Complicações Sistêmicas
- Choque raro e aparece nos casos graves
- Liberação de substâncias vasoativas
26
- Liberação de substâncias vasoativas
- Seqüestro de líquido pelo edema
- Perda sanguínea pelas hemorragias
27. Ofidismo – Bothrops e Bothriopsis
Quadro Clínico:Quadro Clínico:
Complicações Sistêmicas
- Insuficiência Renal Aguda
- ação direta do veneno sobre os rins
- isquemia renal secundária à deposição de microtrombos
27
- isquemia renal secundária à deposição de microtrombos
nos capilares
- desidratação ou hipotensão arterial
- choque
28. Ofidismo – Bothrops e Bothriopsis
Exames:Exames:
- Hemograma: geralmente leucocitose com
neutrofilia e desvio à esquerda
- Uréia e Creatinina: detecção da insuficiência
28
- Uréia e Creatinina: detecção da insuficiência
renal aguda
- VHS elevada nas primeiras horas do acidente
- Plaquetopenia de intensidade variável
- Exame urinário: pode haver proteinúria,
hematúria e leucocitúria
29. Ofidismo – Bothrops e Bothriopsis
Classificação do Acidente:Classificação do Acidente:
29
Ausente ou
discreto
Ausente Normal ou
alterado
Evidente Ausente Normal ou
alterado
Intenso Presente Normal ou
alterado
30. Ofidismo – Bothrops e Bothriopsis
Tratamento:Tratamento:
- Internar paciente
- Colocá-lo em repouso e na posição de
drenagem postural
- Membro atingido elevado
30
- Membro atingido elevado
- Hidratação: com diurese entre 30 a 40
ml/hora no adulto, e 1 a 2 ml/kg/hora na
criança
- Soro específico: A dose deve ser a
mesma para adultos e crianças
31. Ofidismo – Bothrops e Bothriopsis
TratamentoTratamento
- Pré-medicação: 10 a 15 minutos antes da
soroterapia: prometazina: 0,5 mg/kg EV ou IM
(máximo 25 mg)
- cimetidina: 10 mg/kg (máximo de 300 mg) ou
31
- cimetidina: 10 mg/kg (máximo de 300 mg) ou
ranitidina: 3 mg/kg (máximo de 100 mg) EV
lentamente
- Hidrocortisona: 10 mg/kg EV (máximo 1.000 mg)
- Administração: Garantir bom acesso venoso,
diluir o soro ½ a ½ em SG 5% e adm EV: em etapas
de 2, 4 e 8 gotas/min por 5min, cada uma, e 32
gotas/min até acabar
32. Ofidismo – Bothrops e Bothriopsis
- Deixar preparado: laringoscópio com lâminas
e tubos traqueais adequados para o peso e idade
- frasco de SF e/ou solução de Ringer lactato
- frasco de solução aquosa de adrenalina
32
- frasco de solução aquosa de adrenalina
(1:1000) – dose de 0,3-0,5ml no adulto e
0,01ml/Kg na criança
- e de aminofilina (10 ml = 240 mg) – dose de
4mg/Kg/dose de 6/6h
34. Patogenia:Patogenia:
Ação Neurotóxica
- Ação pré-sináptica inibindo a liberação de
acetilcolina bloqueio neuromuscular
CROTOXINA
Ofidismo - Crotalus
34
Ofidismo - Crotalus
acetilcolina bloqueio neuromuscular
- Outras toxinas como a convulxina e a
giroxina contribuem para: convulsões,
perturbações circulatórias e respiratórias
35. Patogenia:Patogenia:
Ação Nefrotóxica
- Ação direta no veneno nos rins
- Ação indireta: obstrução tubular por
Ofidismo - Crotalus
35
Ofidismo - Crotalus
- Ação indireta: obstrução tubular por
cilindros de mioglobina e lesão tóxica
direta pelos miopigmentos
- Outros fatores: desidratação, hipotensão
arterial, acidose metabólica e choque
podem contribuir para lesão renal
36. Patogenia:Patogenia:
Ação Hematológica
- VHS varia inversamente ao tempo de
coagulação
Ofidismo - Crotalus
36
Ofidismo - Crotalus
coagulação
- Leucocitose >15000/mm3 e desvio escalonado
com predomínio de segmentados
- Manifestações hemorrágicas discretas por
consumo do fibrinogênio
- Plaquetas normais ou discretamente
diminuídas
37. Quadro ClínicoQuadro Clínico
- Sem dor local ou de pequena intensidade
- Parestesia local ou regional, que pode persistir
por tempo variável
Ofidismo - Crotalus
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Ofidismo - Crotalus
por tempo variável
- edema discreto ou eritema no ponto da picada
38. Quadro Clínico:Quadro Clínico:
- Gerais: mal-estar, prostração, sudorese,
náuseas, vômitos, sonolência, inquietação e
secura da boca podem aparecer precocemente
Ofidismo - Crotalus
38
Ofidismo - Crotalus
secura da boca podem aparecer precocemente
- Neurológicas: nas primeiras horas após a
picada: fácies miastênica (fácies
neurotóxica de Rosenfeld: ptose palpebral,
flacidez muscular da face, alteração do
diâmetro pupilar, oftalmoplegia, visão turva
e/ou diplopia)
39. Quadro Clínico:Quadro Clínico:
- Outras menos comuns: paralisia velopalatina,
com dificuldade à deglutição, diminuição do
reflexo do vômito, alterações do paladar e olfato
Musculares:
39
Ofidismo - Crotalus
- Musculares: mialgias generalizadas podem
aparecer precocemente
- Mioglobinúria
- Coagulação:incoagulabilidade sangüínea ou
aumento do Tempo de Coagulação, em cerca
de 40% dos pacientes, observando-se
raramente gengivorragia
41. Quadro Clínico:Quadro Clínico:
Complicações Sistêmicas
- Insuficiência renal aguda, com necrose
tubular geralmente de instalação nas
primeiras 48 horas
Ofidismo - Crotalus
41
Ofidismo - Crotalus
primeiras 48 horas
- Menos freqüente: Insuficiência respiratória
aguda, fasciculações e paralisia de grupos
musculares
42. ExamesExames
- CK (aumento precoce e pico máximo nas primeiras
24h após o acidente)
- LDH (aumento lento e gradual do LDH - para
Ofidismo - Crotalus
42
Ofidismo - Crotalus
- LDH (aumento lento e gradual do LDH - para
diagnóstico tardio)
- Hemograma pode ter leucocitose, com neutrofilia e
desvio à esquerda, às vezes granulações tóxicas
- Fase oligúrica da IRA: elevação da uréia, creatinina,
ácido úrico, fósforo, potássio e hipocalcemia
- Sedimento urinário pode ter proteinúria discreta
quando não há IRA
43. Classificação do Acidente:Classificação do Acidente:
ausente ou
tardia
ausente
ou
ausente ausente normal
ou
Ofidismo - Crotalus
43
tardia ou
discreta
ou
alterado
discreta
ou
evidente
discreta Pouco
evidente
ausente
ausente normal
ou
alterado
evidente intensa presente presente
ou
ausente
normal
ou
alterado
44. Ofidismo - Crotalus
Tratamento:Tratamento:
Cuidados idênticos ao botrópico
- Induzir diurese osmótica com solução de manitol a
20% (5 ml/kg na criança e 100 ml no adulto)
- Caso persista a oligúria, indica-se o uso de
44
- Caso persista a oligúria, indica-se o uso de
diuréticos de alça tipo furosemida por via
intravenosa (1 mg/kg/dose na criança e 40mg/dose
no adulto)
- O pH urinário deve ser mantido acima de 6,5 pois a
urina ácida potencializa a precipitação intratubular de
mioglobina
- administração parenteral de bicarbonato de sódio,
monitorizada por controle gasométrico
45. Quadro ClínicoQuadro Clínico
- Atividade proteolítica, coagulante,
hemorrágica e neurotóxica
- Dor viva, edema, calor e rubor, que podem
45
Ofidismo - Lachesis
- Dor viva, edema, calor e rubor, que podem
progredir para todo o membro
- Vesículas e bolhas de conteúdo seroso ou
sero- hemorrágico nas primeiras horas
após o acidente
- Síndrome vagal: hipotensão arterial,
tonturas, bradicardia, cólicas abdominais,
diarréia e escurecimento da visão
46. Ofidismo - Micrurus
Quadro ClínicoQuadro Clínico
Ação Neurotóxica
- Pós-sináptica: competem pelos receptores
com a Ach na junção neuromuscular
46
com a Ach na junção neuromuscular
- Pré-sináptica: inibem a liberação de Ach,
impedindo a deflagração do potencial de
ação
47. Quadro ClínicoQuadro Clínico
- dormência no local
- dor discreta
Ofidismo - Micrurus
47
Ofidismo - Micrurus
- erupção escarlatiforme
- Posteriormente às manifestações locais:
ptose palpebral, diplopia, oftalmoplegia
(fácies miastênica ou neurotóxica),
progredindo para sialorréia, dispnéia e
parada respiratória.
48. Aracnídeos (escorpiões e aranhas)
Primeiros socorros
. lavar o local da picada;
48
. lavar o local da picada;
. usar compressas mornas ajudam no alívio
da dor;
. procurar o serviço médico mais próximo;
. se possível, levar o animal para
identificação.
49. Abelhas e vespas
Primeiros socorros
. em caso de acidente, provocado por
múltiplas picadas de abelhas ou vespas,
levar o acidentado rapidamente
ao hospital e alguns dos insetos que
provocaram o acidente;
49
. a remoção dos ferrões pode ser feita
raspando-se com lâminas, evitando-se retirá-
los com pinças, pois provocam
a compressão dos reservatórios de veneno, o
que resulta na inoculação do veneno ainda
existente no ferrão.
50. TEMPO DE COAGULAÇÃO
a) O sangue deve ser retirado com seringa plástica, colhido sem
espuma e sem dificuldade;
b) Distribuir 1 ml para cada um dos dois tubos de vidro (13x100mm),
secos e limpos. Os tubos são colocados
em banho-maria a 37º C*;
c) A partir do quinto minuto, e a cada minuto, retira-se sempre o
mesmo tubo para leitura;
d) A leitura se faz inclinando-se o tubo até a posição horizontal. Se o
sangue escorrer pela parede, recolocar o
50
sangue escorrer pela parede, recolocar o
tubo no banho-maria. O movimento deve ser suave para evitar falso
encurtamento do tempo;
e) O valor do TC será referido naquele minuto em que o sangue não
mais escorrer pela parede interna do tubo,
quando inclinado;
f) O segundo tubo, que permaneceu em repouso no banho, confirmará
o resultado;
g) Por essa técnica os valores normais para o TC variam entre sete e
nove minutos.
51. TC normal TC prolongado TC incoagulável
até 9 minutos de 10 a 30 minutos acima de 30
minutos
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