2. Resulta da penetração de substância tóxica no organismo
através da pele, por aspiração ou por ingestão.
Sinais e sintomas
Dor e sensação de queimação nas vias de penetração.
Lesões cutâneas.
Hálito com odor estranho.
Náuseas e vômitos.
Alterações da respiração e do pulso.
Sonolência, confusão mental, alucinações e delírios, coma.
Intoxicação e envenenamento
3. Animais peçonhentos
São capazes de produzir e de injetar substâncias tóxicas: algumas
cobras, alguns lagartos, aranhas, escorpiões, lacraias, abelhas, vespas,
algumas larvas de insetos...
Esses animais injetam a substância tóxica no organismo pelo ferrão,
espinhos, quelíceras, forcípulas, aguilhões ou dentes modificados.
Os acidentes causados por animais peçonhentos podem ser fatais,
principalmente para as crianças e para os idosos.
O animal que causou o acidente deve ser identificado, mas sem
perda de tempo com esse procedimento.
Na dúvida, considerar o animal como se fosse peçonhento.
4.
5. Precauções para evitar acidentes com animais peçonhentos
Aparar regularmente a grama dos jardins e recolher as folhas caídas.
Manter quintais e terrenos baldios limpos, não deixando acumular entulho e lixo
doméstico.
Colocar o lixo em sacos plásticos, que devem ser mantidos fechados
para evitar o aparecimento de baratas, moscas e outros insetos, que são os
alimentos prediletos de aranhas e de escorpiões.
Aranhas, escorpiões e lacraias abrigam-se debaixo de pedras, de tijolos e de madeira
velha.
Vedar soleiras de portas com saquinhos de areia ou frisos de borracha.
Colocar telas nas janelas.
Vedar ralos de pia, do tanque e de chão.
Examinar roupas, calçados, toalhas e roupas de cama, antes de usá-los.
Andar sempre calçado e usar luvas de raspa de couro ao trabalhar com material de
construção, lenha, etc.
Não tocar nas serpentes, mesmo mortas, pois por descuido, há risco de ferimentos
com as presas.
11. Sinais e sintomas em acidentes ofídicos
Marcas da picada
Dor no local da picada
Inchaço = edema
Manchas roxas = equimoses
Manchas vermelhas = eritema
Hemorragia
Sudorese
Urina escura
Febre
Calafrios
Náusea
Perturbações visuais
Queda das pálpebras
Dor de cabeça
Convulsões
Dificuldade respiratória
12. Medidas preventivas – acidentes ofídicos
Usar botas de cano longo ou perneiras até a altura do joelho.
Proteger as mãos com luvas de raspa ou vaqueta.
Olhar com atenção os caminhos a percorrer.
Combater os ratos.
Preservar os predadores naturais.
Conservar o ambiente.
13. Primeiros socorros – Acidentes ofídicos
Manter a vítima deitada.
Evite que a vítima se movimente para não favorecer a rápida
distribuição do veneno pelo organismo.
Se a picada for na perna ou braço, mantenha-os em posição mais
baixa que o coração.
Lavar a picada com água e sabão e permanganato de potássio.
Colocar gelo ou água fria sobre o local.
Remover anéis, relógios e pulseiras, prevenindo complicações
decorrentes de possível inchaço.
Encaminhar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais
próximo, para que possa receber tratamento adequado.
Não dar beberagens ao paciente, alcoólicas ou não.
Não fazer garrote ou torniquete.
Não cortar ou perfurar o local da picada.
Não tentar sugar a peçonha.
15. O acidente botrópico é causado por serpentes do gênero
Bothrops, dentre as quais destacam-se a jararaca, ouricana, jararacuçu, urutu, urutu-cruzeiro, caiçara,
boca-de-sapo.
Têm hábitos noturnos, peridomiciliares e comportamento agressivo.
Veneno de ação proteolítica, neurotóxica e anticoagulante. Acidente botrópico geralmente causa dor,
edema (inchaço) e equimoses (manchas roxas).
Tardiamente, podem surgir bolhas pela necrose.
Complicação adicional acontece quando bactérias, que vivem na boca da serpente, causam infecção.
Além das alterações bioquímicas, o sangue pode se tornar incoagulável, predispondo a hemorragias.
16. Efeito do acidente botrópico
Geral
dor
edema
sangramento no local da picada
gengivorragias
epistaxes
hematêmese
hematúria
náuseas
vômitos
sudorese
hipotensão
choque
Classificação
- Leve - dor e edema local
- Moderada - dor e edema que ultrapassa o seguimento
anatômico.
- Grave - edema local intenso e extenso podendo levar a
isquemia e compressão dos feixes nervosos.
Prognóstico é bom, mas a letalidade em casos tratados é de 0,3%.
17. Variáveis - Classificação LEVE MODERADO GRAVE
Manifestações locais
(calor, rubor, dor, edema) Discretas Evidentes Intensas
Manifestações sistêmicas
(hemorragias, choque)
Ausentes Ausentes ou
presentes
Evidentes
Tempo de coagulação Normal Alterado Incoagulável
Quantidade de veneno a
ser neutralizado
100 mg 200 mg 300 mg
Uso do garrote Ausente Ausente ou presente Presente
Tempo decorrido até o
socorro médico < 6 horas = 6 horas > 6 horas
18.
19.
20.
21.
22.
23. TRATAMENTO
Sempre internar o acidentado.
Avaliar o tempo de coagulação inicial e 12 horas após o tratamento.
Limpeza do local com permanganato de potássio.
Manter hidratação adequada.
Antibiótico, se necessário
cefuroxima 125 a 250 mg, duas vezes ao dia, via oral.
SOROTERAPIA ESPECÍFICA
LEVE – 100 mg de soro antibotrópico intravenoso
MODERADO – 200 mg de soro antibotrópico intravenoso
GRAVE – 300 mg ou mais de soro antibotrópico intavenoso
25. Efeito do acidente crotálico
A toxina da cascavel tem ação neurotóxica, com bloqueio
neuromuscular, ação miotóxica, com destruição das células
musculares, além de ação anti-coagulante.
13,5 acidentes/100.000 habitantes.
Há poucas manifestações no local da picada.
Manifestações gerais incluem mal-estar, fraqueza, turvação da vista,
queda das pálpebras, paralisia de músculos da face, sudorese, náusea,
prostração, envolvimento do sistema nervoso central com fácies
miastênica, oftalmoplegia, diplopia e envolvimento dos músculos com
mialgia e mioglobinúria, com urina escura.
Em alguns casos, não é possível identificar o ferimento das presas.
28. Variáveis - classificação MODERADO GRAVE
Fácies miastênico Discreta ou ausente Evidente
Mialgia Discreta ou ausente Presente
Visão turva Discreta ou ausente Presente
Mioglobinúria Ausente ou presente Presente
Oligúria e/ou anúria Ausente Presente ou ausente
Tempo de coagulação Normal Alterado
Quantidade a ser neutralizada 150 mg 300 mg ou mais
Tratamento
Específico
soro anticrotálico, intravenoso
pode ser utilizado soro antibotrópico-crotálico (SABC).
Geral
hidratação
Prognóstico bom, se atendido até 6 horas após a picada.
29. Acidente elapídico
O acidente elapídico é causado pela serpente
do gênero Micrurus, a coral verdadeira.
0,4% dos acidentes no Brasil.
O veneno é extremamente agressivo, com
ação neurotóxica e miotóxica, semelhante ao
curare, com efeito em uma hora.
Ação da neurotoxina bloqueia o
neurotransmissor acetilcolina e impede a ação
nervosa. O veneno não é antagonizado pelas
substâncias anticolinérgicas.
Não há manifestações locais importantes.
Provoca turvação visual, queda das pálpebras
e paralisia muscular que pode comprometer a
respiração do acidentado, evoluindo para a
insuficiência respiratória aguda.
30. Tratamento do acidente elapídico
Específico
soro antielapídico 10 ampolas.
Geral
em insuficiência respiratória - ventilação artificial.
anticolinesterásicos.
TODOS os acidentes com coral são considerados como GRAVES.
32. Acidente por araneísmo
Sinais e sintomas
dor
eritema = mancha vermelha
equimose = mancha roxa
inchaço = edema
febre
dor de cabeça
Primeiros socorros
Em geral, os mesmos utilizados nas picadas de cobras.
Encaminhar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais
próximo, para avaliar a necessidade de aplicação de soro específico.
33. Encontradas no interior de
residências, nas grandes cidades
e também na zona rural.
São pequenas, de colorido
marrom claro uniforme, medindo
entre 8 e 15 mm de corpo, com
pernas finas e longas, “pêlos”
curtos e escassos.
Loxosceles sp
“aranha-marrom”
Acidente loxoscélico
34. Acidente loxoscélico
Ações do veneno – proteolítico e hemolítico = necrosante.
Na forma cutânea, de 12 a 24 horas após o acidente há, no local
da picada, dor discreta do tipo queimação, edema e eritema,
podendo acontecer mal-estar geral, febre e exantema do tipo
escarlatiniforme.
A forma cutâneo-visceral tem manifestações sistêmicas e se
instala em pequeno número de casos, principalmente em
crianças.
A ação hemolítica do veneno se manifesta por icterícia e
hemoglobinúria. A urina torna-se escura, cor de “Coca-Cola”.
37. Tratamento de acidente loxoscélico
Específico
O tratamento específico da picada da aranha-marrom é feito à base
de soro anti-loxoscélico, em acidentes com até 36 horas de evolução.
Leves – acompanhamento clínico até 72 horas após a picada
Moderados – 5 ampolas de soro anti-loxoscélico + prednisona
Graves – 10 ampolas de soro anti-loxoscélico + prednisona
Geral
limpeza local com permanganato de potássio
hidratação do acidentado
avaliar a função renal diariamente
39. Acidentes por Phoneutria
42,2% dos casos.
Incidência de acidentes - 14/100.000 habitantes.
Agressiva, não faz teia, vive em folhagens.
Têm hábitos domiciliares.
São animais carnívoros e alimentam-se de insetos.
As quelíceras injetam o veneno.
40. Acidentes com Phoneutria
O acidente causa dor local intensa,
geralmente irradiando para a raiz do
membro.
Em crianças é possível ocorrer
choque neurogênico após a picada.
Leves - 91% dos casos, sintomatologia local
Moderados - 8,4% do total de acidentes.
Alterações sistêmicas taquicardia,
hipertensão, sudorese discreta.
Grave - 0,6% do total. Restrito a crianças.
Sudorese, sialorréia, priapismo, vômito,
choque, edema agudo de pulmão.
41. Tratamento do araneísmo por Phoneutria
Sintomáticos
infiltração anestésica - xylocaina a 2% sem vasoconstritor - 2 a 4 mL
em aplicação local
tratamento complementar da dor local com banho de imersão em
água morna e pelo uso de dipirona.
Específico
soterapia
Não dar Fenergam!
A prometazina não deve ser utilizada em crianças menores de dois
anos devido ao risco de depressão respiratória fatal.
Prognóstico
bom
monitoração por 6 horas
42. Lycosa - tarântulas, caranguejeiras
Importância médica está no fato de elas poderem
lançar “pêlos” urticantes, situados no dorso do
abdome, que podem causar reações de
hipersensibilidade, com prurido cutâneo, mal-
estar, tosse e dispnéia.
Espécie mais comum é a Lycosa tarantula.
O veneno é discretamente proteolítico e a picada
é acompanhada de pouca ou nenhuma dor,
podendo aparecer edema e eritema.
O acidente é considerado de caráter benigno.
O diagnóstico diferencial, quando a história de
picada é recente, deve ser feito com as aranhas
Loxosceles. Nesse caso, torna-se necessária a
reavaliação do doente após 12 a 24 horas do
acidente.
O tratamento é sintomático, com curativos locais, à base de anti-sépticos.
Caso haja reação alérgica local, ou presença de infecção secundária, podem se utilizar
pomadas compostas de antibióticos e de corticosteróides.
Não há necessidade de soroterapia específica.
45. Hábitos noturnos e pouco agressivos.
Alimentos principais - baratas grilos cupins e
aranhas.
Encontrados em pilhas de madeira, cupinzeiros,
troncos de árvores, pedras, tijolos. Adaptam-se
bem ao ambiente doméstico.
Fêmea vivípara, com gestação de 2 a 3 meses.
Ninhada pode ter até 20 filhotes.
Escorpiões vivem de 3 a 4 anos.
ESCORPIÃO
46. Acidentes escorpiônicos
Principais
Tityus serrulatus
Tityus bahiensis
Animais carnívoros de hábitos noturnos.
Podem sobreviver vários meses sem alimento e sem água.
Importância pela frequência e pela gravidade em crianças e idosos.
Mais da metade das notificações em Minas Gerais e São Paulo.
Local da picada
membros superiores 65%.
O risco de morte aumenta quando a vítima tiver idade abaixo
de sete anos e acima de 50 anos, ou ainda, se apresentar
distúrbios orgânicos graves.
Quanto mais perto da cabeça for a picada, maior o risco.
47. Tityus serrulatus
“escorpião amarelo”
6 a 7 cm
Só há fêmeas.
Goiás, Bahia, Espírito Santo,
Minas Gerais, Rio de Janeiro,
São Paulo, Paraná.
Tityus bahiensis
“escorpião marrom”
6 a 7 cm
Goiás, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, São Paulo, Paraná,
Santa Catarina, Rio Grande do Sul .
48. Efeitos do acidente escorpiônico
Local
dor
parestesias
Sistêmicas
hipotermia ou hipertermia
sudorese
náuseas , vômitos, sialorréia.
taquidispnéia, edema pulmonar agudo
agitação, sonolência, confusão mental
Classificação
Leves - dor local e parestesias
Moderada - dor intensa e manifestações sistêmicas
Graves - manifestações sistêmicas mais intensas, choque, convulsões e coma.
49. Tratamento do acidente escorpiônico
Sintomático
alívio da dor
Específico
administração intravenosa de 5 a 10 ampolas de soro
antiescorpiônico nos casos moderados e graves.
Manutenção das funções vitais
controle da função cardíaca e uso de respiração artificial em casos
de edema pulmonar agudo.
51. Acidentes com insetos
Pessoas alérgicas sofrem reações graves devido a picadas de
insetos como abelhas, vespas, marimbondos e formigas.
Sinais e sintomas
Mancha vermelha local, que pode se estender por todo o corpo.
Coceira = prurido.
Dificuldade respiratória (inchaço = edema da glote).
52. Picadas e ferroadas de insetos
Primeiros socorros
Retirar os ferrões introduzidos pelo inseto com o cuidado
de não injetar mais veneno.
Não espremer a região.
Lavar o local da picada com água corrente.
Aplicar gelo no local da picada.
Encaminhar a vítima imediatamente ao serviço de saúde
mais próximo, para avaliar a necessidade de aplicação de
soro específico.
57. Acidentes com abelhas e com vespas
Abelhas: Apis mellifera (abelha africanizada)
Vespas: Polibia paulista (paulistinha)
Polister versicolor (marimbondo-cavalo)
Stenopolybia vicina (caçununga)
Conduta
Remoção dos ferrões – cuidado para não comprimir a glândula de veneno.
Controle da dor
meperidina – 2 mg/kg peso corporal.
Combate a reações alérgicas
aminofilina, adrenalina, corticosteróides.
Medidas gerais de suporte
manutenção do equilíbrio hidro-eletrolítico
Complicações
insuficiência respiratória, insuficiência renal e choque anafilático.
59. As principais manifestações clínicas são
dermatológicas
hemorrágicas
osteoarticulares
Tratamento
lavar a região com água corrente
compressas frias
para controle do ardor intenso é recomendada infiltração anestésica
com lidocaína a 2% em torno da lesão
anti-histamínico e corticóide local, se necessário
A aplicação de calor local, imediatamente após o acidente, pode
reduzir a intensidade dos sintomas. Analgésicos e anti-inflamatórios de uso
sistêmico ajudam no combate à dor e à inflamação, bem como o uso de
corticosteróides tópicos.
Acidentados acometidos por síndrome hemorrágica devem ser tratados em
ambiente hospitalar. Contra o veneno da lagarata Lonomia, há soro específico.
Acidentes com larvas de insetos - lagartas