Este documento discute a importância de se utilizar situações espontâneas na sala de aula de matemática para jovens e adultos como forma de promover uma gestão curricular inovadora. Ele define conceitos-chave como gestão curricular em diferentes níveis e propõe dinâmicas para reflexão docente sobre como aproveitar tais situações para enriquecer o planejamento de aulas e atender melhor os alunos. O texto defende que os professores devem ter autonomia para decidir o que ensinar, legitimar os saberes dos alunos e priorizar
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Oficina - situações EJA
1. UTILIZANDO SITUAÇÕES ESPONTÂNEAS NA
EJA PARA A GESTÃO DE UM CURRÍCULO
INOVADOR EM MATEMÁTICA
Andréa Thees
Mestre em Educação
Universidade Federal Fluminense – UFF
Alexis Silveira
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Educação - PPGE
Universidade Federal Fluminense – UFF
2. ORIGEM E JUSTIFICATIVAS
Origem: pesquisas sobre práticas profissionais de
professores de matemática de jovens e adultos (Thees, 2012)
e (Silveira, 2009)
Metodologia: pesquisa de natureza qualitativa, realizada
através de um estudo de caso com 3 professores de
matemática de uma escola da rede pública em horário
noturno
Justificativa: as práticas docentes são um dos fatores que
mais influenciam a qualidade do ensino e da aprendizagem
dos alunos. (Ponte e Serrazina, 2004)
Como estas práticas docentes, em especial as práticas
de gestão curricular, estão se desenvolvendo pelos
professores de matemática de pessoas jovens e adultas?
4. CONCEITUANDO...
Neste nível, a gestão se baseia numa
avaliação feita e atualizada a cada
Gestão curricular momento no decorrer na aula, num
processo de monitoração do trabalho.
• Nível macro A atuação do professor nesta
instância pode promover a inserção
• Nível intermediário de temas, que foram originados
espontaneamente durante a aula, no
• Nível micro currículo original. (Ponte, 2005)
Ao começar a aula, o professor tem uma grande
liberdade de ação. Dizer que não dá para fazer isso ou
aquilo é desculpa. Muitas vezes é difícil fazer o que se
pretende, mas cair numa rotina é desgastante para o
professor. (D´AMBROSIO, 2010, p. 104)
5. OBJETIVOS DA OFICINA
Aproveitar algumas situações espontâneas, surgidas no
cotidiano das aulas de matemática para gerar discussões
entre os participantes.
Refletir sobre a necessidade de uma gestão curricular
inovadora em matemática na EJA e os subsídios necessários
para garanti-la.
Criar um espaço colaborativo para compartilhar ideias sobre
o tema em questão, por exemplo, em um blog.
Um blog (contração do termo inglês Web
log, diário em rede) é um site cuja estrutura
permite a atualização rápida a partir de
acréscimos dos chamados posts (artigos).
(Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Blog)
6. DINÂMICA “A CASA DOS SONHOS”
Esta dinâmica (NOGUEIRA e FONTOURA, 2010) visa “tornar
as práticas do cotidiano escolar objeto de reflexão para os
envolvidos com o ato educativo”.
O que foi incorporado à sua ideia inicial?
O que deixou de ser desenhado?
Como você encara as mudanças e contribuições do grupo
ao seu plano inicial?
Reflexão individual
Como o planejamento é afetados e alterado pelos
outros, sobretudo pelos alunos?
Tais mudanças podem ser encaradas como fatores
enriquecedores das nossas práticas?
7. VIVENCIANDO 5 SITUAÇÕES ESPONTÂNEAS
1. Qual conteúdo matemático estava sendo abordado na aula e qual
conteúdo poderia ter sido introduzido aproveitando a situação
disparadora?
2. Como a situação espontânea poderia ser utilizada na aula e em
uma tarefa letiva?
3. Como foi a interação do professor com o saberes dos alunos?
4. Que críticas e sugestões você faria em relação à postura do
professor?
5. Na sua opinião, por que o professor não continuou a discutir o
assunto com os alunos?
6. Que temas socioeconômicos e políticos poderiam ter sido
levantados a partir desta situação?
7. Que outras observações seu grupo inferiu a partir da situação
disparadora?
8. DESDOBRAMENTOS DAS 5 SITUAÇÕES
Situação 1: aluguel
• Quais questões poderiam ser levantadas sobre o
contraste entre o Fashion Mall e a Rocinha?
• O que seria preciso para que os alunos “tirassem
a venda” ou desvendassem o mundo?
• A discussão em torno da diferença no preço do
aluguel na favela foi conduzida adequadamente?
• Por que, para Freire (1996), “não posso ensinar
o que não sei”?
• Que conteúdos foram postos de lado?
9. DESDOBRAMENTOS DAS 5 SITUAÇÕES
Situação 2: calculadora
• Quais as consequências da infantilização da
EJA, do contexto inadequado, ao uso de
palavras no diminutivo?
• O que vocês acham do uso da calculadora em
turmas da EJA?
• Nas compras do dia-a-dia, como o desconto é
calculado e o troco é conferido?
• A situação proposta pode ser considerada um
“problema”?
10. DESDOBRAMENTOS DAS 5 SITUAÇÕES
Situação 3: blusa
• O professor tentou legitimar os saberes dos
alunos em relação ao cálculo de porcetagens?
• Na “historinha” da professora, foi considerada
que taxa de inflação?
• Como “inflação x custo” de vida pode ser um
assunto relevante para a educação matemática
crítica?
• Como não negligenciar o caráter socializante da
escola? Como associar o conteúdo que se
ensina à realidade?
11. DESDOBRAMENTOS DAS 5 SITUAÇÕES
Situação 4: gasolina
• O preço do combustível estava coerente com a
realidade?
• Que outros exemplos de números decimais
podem ser encontrados no dia-a-dia?
• Qual a opinião de vocês sobre o argumento da
professora de que “para o dono do posto cada
centavo vale muito”?
12. DESDOBRAMENTOS DAS 5 SITUAÇÕES
Situação 5: quadro interativo
• O que poderia ser discutido a partir da pergunta
“existe isso mesmo, professora”?
• Como garantir que um aluno não fique sem
resposta, numa postura coerente com a
dialogicidade (Freire, 1996)?
• De que forma o currículo na EJA deveria ser
organizado para contribuir com os ideais
democráticos?
13. ATUAÇÃO DOS PROFESSORES DE
MATEMÁTICA DA EJA
Construir uma prática baseada na autonomia docente – desenvolver a
capacidade de decidir o que e como irá ensinar aos educandos
(D'AMBROSIO, 2010; D'AMBROSIO 2011; PONTE, 2005;
FIORENTINI, 2011; WANDERER, 2001; FANTINATO, 2006; ROSA E
OREY; 2011)
Legitimar os saberes dos educandos – em uma postura aberta, numa via
de mão-dupla (FANTINATO e SANTOS, 2007) onde todos aprendem e
ensinam
Priorizar uma gestão curricular inovadora – sem ficar engessado ao
currículo proposto oficialmente (BRASIL, 2002), nem ao seu planejamento
inicial, feito antes do contato com a turma
Trabalhar na perspectiva etnomatemática – buscar promover uma atitude
comprometida com a educação para uma sociedade em transição
(D´AMBROSIO, 2011)
Proporcionar experiências significativas – validar situações espontâneas
surgidas no cotidiano das aulas de matemática, como momentos de
construção de significados e conscientização (FONSECA, 2005)
14. ALGUNS OBJETIVOS A DESENVOLVER COM
EDUCANDOS JOVENS E ADULTOS (EJA)
Dialogicidade – compreende a mobilização para uma educação
“intencionalmente” libertadora (FREIRE, 1996)
Intervenção mediadora – que permita aos alunos da EJA “uma ação
crítica e participativa no mundo contemporâneo” (DE VARGAS, 2003)
Educação matemática crítica – que consista na construção do
conhecimento para formar cidadãos conscientes do seu papel na
sociedade atual e “na interação com muitos outros fatores e atores
sociopolíticos”. (SKOVSMOSE, 2007)
Educação socialista – para que os sistemas de educação destinados às
camadas populares, não sejam orientados à “preservação acrítica da
ordem estabelecida a todo custo”, nem compatíveis “com os mais
pervertidos ideais e valores educacionais”. (MÉSZÁROS, 2009)
O professor de matemática da EJA enquanto
formador, incentiva a construção da liberdade moral e
intelectual dos seus alunos, ou seja, da sua autonomia.
Enquanto ser político, valida sua participação na transformação
da sociedade.
15. NÃO PRECISAMOS DO FIM PARA CHEGAR...
Rosane queria estudar, queria aprender, queria ter
educação, queria uma profissão mais
qualificada, poder ganhar mais, poder comprar mais
coisas, queria ser respeitada por eles, os
outros, aquela gente toda – queria poder morar em
outro lugar, melhorar de vida, ser outra pessoa, ser
alguém, alguém...
Rubens Figueiredo, Passageiro do fim do dia, 2010
A maneira como alguns professores de matemática de
jovens e adultos desenvolvem suas práticas letivas de
gestão curricular possibilitam que as “Rosanes”
consigam atingir seus objetivos de vida?
Quais as mudanças necessárias para concretizar a tão
esperada reconfiguração da EJA? (Arroyo, 2007)
16. CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Estabelecer metas para uma gestão curricular
inovadora na educação de pessoas jovens e
adultas, apesar dos diversos fatores que
dificultam as práticas docentes.
• Buscar maneiras alternativas de transformar os
educandos em cidadãos capazes de questionar
a sociedade atual, integrando os saberes
docentes com a realidade que o cerca.
• Conceber a educação como processo de
formação e desenvolvimento humano
inseparável das práticas sociais, das
necessidades e das exigências da sociedade.
FIM