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Papéis e funções dos professores mentores, supervisores e tutores em relação aos
professores principiantes
INFORME DE EXPERIÊNCIA
A DINÂMICA INTERATIVA DE UM GRUPO AUTÔNOMO DE PROFESSORES-
PESQUISADORES EM RELAÇÃO AOS PROFESSORES PRINCIPIANTES
SANCHES NETO, Luiz
luiz.sanches.neto@umontreal.ca
Universidade Estadual Paulista-IB, Rio Claro-SP, Brasil; Université de Montréal, Québec,
Canadá; Bolsista de Doutorado FAPESP
CONCEIÇÃO, Willian Lazaretti da
wlazaretti@uneb.br
Universidade do Estado da Bahia, Guanambi-BA, Brasil
VENÂNCIO, Luciana
luciana_venancio@yahoo.com.br
Universidade Estadual Paulista-FCT, Presidente Prudente-SP, Brasil; Bolsista de
Doutorado FAPESP; Rede Municipal de Educação Básica, São Paulo
OKIMURA-KERR, Tiemi
tiemiok@yahoo.com
Centro Universitário Sant’Anna; Rede Estadual de Educação Básica, São Paulo, Brasil
OLIVEIRA, Leandro Pedro de
leop03@ig.com.br
Redes Municipal e Estadual de Educação Básica, São Paulo, Brasil
Palavras-chave: Professor-pesquisador – Educação Física – Comunidade de prática –
Pesquisa colaborativa – Formação permanente
1-Introdução: problema e objetivos propostos
A relação entre a universidade e a escola, muitas vezes, não se trata de uma parceria,
mas da utilização da escola como objeto de estudo (Franco, 2008; Lüdke, 2001;
Zeichner, 2010; Borges & Fontoura, 2012; Nacarato et al. 2012). O problema não reside
no objetivo que impulsiona essas pesquisas ou somente no uso que se faz dos dados
coletados nas escolas, o cerne da questão está no fato de que, após identificar uma
situação problemática e analisá-la de acordo com determinado referencial teórico, o autor
da investigação (pesquisador ou estagiário), atinge seu objetivo não apontando possíveis
caminhos, soluções ou alternativas. Nesse sentido, diante da leitura do texto produzido, é
possível que os professores, sujeitos e/ou objeto da pesquisa, não se reconheçam e não
consigam entender como o pesquisador relacionou o que observou em suas aulas.
A crítica à didática instrumental gerou, num primeiro momento, sua negação, sendo
substituída por uma crítica à escola, uma vez que se considerava esta como aparelho
reprodutor das ideologias dominantes na sociedade. Nessa perspectiva, os relatórios de
estágios se restringiam a apenas captar os desvios e falhas da escola, dos diretores e
dos professores, configurando-se como um criticismo vazio, tendo em vista que os
estagiários lá iam somente para rotular as escolas e seus profissionais como tradicionais
e autoritários, entre outras (des)qualificações. Essa forma de estágio gerou conflitos e
situações de distanciamento entre a universidade e a escola. Algumas escolas passaram
a se recusar a receber estagiários, o que por vezes levou a situações extremas nas quais
as secretarias de educação obrigavam as escolas a receber estagiários (Pimenta &
Lucena, 2006).
Se por um lado os professores podem se sentir usados pelas universidades, por outro
lado os universitários podem sentir que o conhecimento produzido por eles nem sempre
chega às escolas e, quando chega, é distorcido por ela. Os pesquisadores mostram-se
insatisfeitos, reclamando que as escolas e os professores não usam os conhecimentos
gerados pelas pesquisas e quando o fazem é para distorcê-los. De fato, por vezes as
novidades pedagógicas alcançam as escolas, mas os docentes e os administradores ao
entrarem em contato com os textos produzidos no âmbito acadêmico, dizem-se
decepcionados com o caráter abstrato de grande parte destes e pela forma idealizada
com que a realidade escolar foi retratada.
A relação entre a universidade e a escola – caracterizada pelo uso que a primeira
instituição faz da segunda – é motivo de críticas (Saviani, 1985). Algumas são intensas,
mas provocadoras de reflexões que podem se concretizar em ações para transformar a
qualidade desta relação, tornando-a mais igualitária para ambas as instituições (Almeida,
Ghanem & Biccas, 2008; Zeichner, 1998).
Após três décadas da “virada reflexiva” no âmbito da educação, entende-se que
ocorreram avanços no sentido dos processos reflexivos tornarem-se uma preocupação
explícita em universidades e escolas de todo o mundo (Tardif, Borges, Malo, 2012).
Porém, o processo de reflexão não é sinônimo de pesquisa e o professor que reflete
sobre a sua prática pode produzir conhecimento sem necessariamente, ser um
pesquisador. Quando ele avança, indo além da reflexão, do ato de debruçar-se outra vez
para entender o fenômeno, encurta a distância que o separa do trabalho de pesquisa.
Entretanto, muitos acadêmicos não legitimam os saberes docentes, mesmo o
conhecimento produzido pelo professor decorrente da reflexão, análise e relação com as
teorias. Isto inviabiliza o diálogo universitário com o espaço escolar, pois pressupõe que o
conhecimento acadêmico tem maior peso e impossibilita uma escuta sensível das
reflexões dos professores.
Zeichner (1998) relata que muitos acadêmicos nas universidades rejeitam a pesquisa dos
professores das escolas por considerá-las trivial, ateórica e irrelevante para seus
trabalhos. A maioria dos acadêmicos envolvidos com o movimento de professores-
pesquisadores no mundo reduz o processo de investigação realizado pelos próprios
professores a uma forma de desenvolvimento profissional e não o considera como uma
forma de produção de conhecimentos. Alguns acadêmicos, contudo, apontam que o
trabalho cotidiano dos professores-pesquisadores é que precisa ser valorizado (Elliott,
1998).
As reformas precisariam incluir em seu interior o desenvolvimento profissional dos
professores como pesquisadores de suas próprias práticas, que fazem de suas salas de
aula típicos laboratórios de ensino. A possível articulação entre ensino e pesquisa no
trabalho do professor da Educação Básica e o termo “professor-pesquisador” têm
ganhando espaço no cenário acadêmico.
Para Stenhouse (1975), a pesquisa deveria ser a base do ensino dos professores, tendo
como foco central o currículo, uma vez que é por seu intermédio que os processos
educativos na escola são promovidos. É possível evidenciar que somente em poucos
casos a pesquisa acadêmica tem estimulado ou contribuído de alguma forma para
reformas pedagógicas nas escolas.
Tardif (2002) e Zeichner (1998,2010) convergem quando destacam que existe um
distanciamento entre os saberes dos professores e o conhecimento universitário,
também, pelo uso da linguagem especializada no meio dos acadêmicos para com a
comunidade escolar. Não obstante, os estudantes em formação nos cursos das
Licenciaturas reclamam da pouca interação com as escolas e citam a necessidade de
estarem mais próximos da prática social escolar, desde o início do curso, favorecendo as
conexões entre saberes e possibilitando o conhecimento na práxis. Os licenciandos,
durante a formação inicial, precisam vincular-se ao processo de reformulação e
resignificação de conhecimentos para a construção do “saber da ação pedagógica” a
partir da conexão com suas experiências e com as de outras pessoas (Barcelos, 2000).
Nesse sentido, as parcerias entre universidades e escolas são consideradas pela
comunidade educacional como importante meio para fazer com que a formação de
professores se constitua em percurso contínuo e coerente de desenvolvimento
profissional. Zeichner (1998) acredita que o distanciamento entre ambas as instituições
pode ser superado se os acadêmicos comprometerem-se com o corpo docente das
escolas em realizar ampla discussão sobre o significado e a relevância das pesquisas
que conduzem. Para que isto ocorra é essencial haver empenho dos acadêmicos em
desenvolver uma colaboração genuína com os professores, rompendo com os velhos
padrões de dominação acadêmica e dando suporte às investigações feitas por
professores ou projetos de pesquisa-ação. Elliott (1998) é enfático quanto à importância
da pesquisa-ação para a qualificação do trabalho pedagógico dos professores-
pesquisadores, identificando-a como o seu método próprio de trabalho nas escolas.
A partir das relações entre a pesquisa-ação e possibilidades de colaboração, Pimenta e
Lima (2004) apontam que a pesquisa colaborativa tem por finalidade criar uma cultura de
análise das práticas nas escolas, e que isto possibilita uma relação mais equiparada
entre estagiários, professores e docentes das universidades. Nessa perspectiva,
universidade e escola assumem como foco trabalhar em conjunto em uma proposta de
parceria colaborativa, compartilhando deveres e responsabilidades, em prol de objetivos
comuns bem definidos.
Assim, ambas as instituições são beneficiadas. A universidade pode preparar melhor os
futuros professores para a realidade das escolas, introduzindo-os em seu contexto de
trabalho. É possível ainda que uma proposta de aproximação entre escola e universidade
se dê por meio dos estágios realizados, de modo que os alunos apresentem projetos a
desenvolver nas escolas, transcendendo os modos tradicionais de observação e regência
e apontando contribuições efetivas para a escola, contando ainda com uma formação
mais próxima da realidade que o espera.
Neste trabalho – caracterizado como informe de experiência – apresentamos a dinâmica
interativa de um grupo autônomo de professores-pesquisadores de Educação Física em
relação aos professores principiantes. O grupo é formado por professores em diferentes
etapas da carreira docente, sendo que alguns assumiram funções de mentoria,
supervisão e tutoria no processo formativo dos iniciantes. Os objetivos deste trabalho
são: (1º) descrever as funções dos professores (mentores, supervisores e tutores) mais
experientes em relação aos professores principiantes; e (2º) identificar a dinâmica
interativa entre os professores nos seguintes níveis de ensino: Educação Infantil, Ensino
Fundamental, Ensino Médio, formação profissional, Ensino Superior e formação
continuada.
2-Quadro conceitual em que se fundamenta a experiência
A experiência relatada neste trabalho foi compartilhada entre os professores-
pesquisadores ao longo de oito anos (desde 2005 até 2013) e fundamenta-se, sobretudo,
no conceito de “comunidade de prática”. Uma comunidade de prática pode ser entendida
como um grupo de pessoas que compartilham uma preocupação ou desejo por algo que
fazem, aprendendo a fazê-lo melhor mediante sua interação regular. Esta definição,
segundo Wenger e colaboradores (2011), reflete a natureza fundamentalmente social da
aprendizagem humana, porém é demasiado abrangente para caracterizar
especificamente um determinado agrupamento profissional. Por isso, uma comunidade
de prática é ao mesmo tempo uma “comunidade de prática de...”, de algum campo de
interesse compartilhado ou de algum agrupamento profissional específico.
Dada tal abrangência conceitual, uma comunidade de prática remete necessariamente a
um domínio ou campo compartilhado de saberes. Seus membros são mobilizados a se
agruparem para compartilhar uma necessidade de aprendizagem, seja-a explícita ou
implícita, seja-a o fator motivacional do agrupamento ou um subproduto dele. Desse
modo, o sentido de comunidade advém da aprendizagem coletiva que se torna o
amálgama entre os membros ao longo do tempo. É algo que advém da experiência
compartilhada por eles de várias formas, mas que não é uma fonte de homogeneização.
Ainda, uma comunidade de prática possibilita atribuir sentidos para um dado domínio do
saber tornando-se fonte de identificação para seus membros. Por sua vez, tal identidade
gera um senso de compromisso à comunidade como um todo. Os aspectos identitários
são compartilhados ao redor de um tópico que representa a intenção coletiva,
possibilitando administrar o domínio e subsidiar a aprendizagem nesse campo. Além
disso, uma comunidade de prática geralmente envolve uma rede de relações entre seus
membros (Wenger, 2010).
Portanto, uma comunidade de prática é mantida coesa a partir do valor da aprendizagem
que seus membros encontram nas suas interações. Eles podem realizar tarefas juntos,
porém tais tarefas não definem a comunidade. É a aprendizagem em andamento que
sustenta seu engajamento e compromisso mútuo.
Os membros podem advir de diferentes organizações ou perspectivas, mas é o seu
engajamento como sujeitos mobilizados para aprender algo que é o aspecto mais
relevante em sua participação. Por exemplo, no âmbito de uma comunidade de prática
direcionada à Educação, ao ensino ou à prática pedagógica, os membros podem
trabalhar em escolas ou redes de ensino diferentes, podem ser professores ou outros
agentes educacionais.
Todavia, invariavelmente há uma crença envolvida no sentido da comunidade de prática.
A confiança estabelecida entre seus membros é baseada em sua capacidade para
aprender juntos, abrangendo: (a) apreço pelo domínio do saber compartilhado; (b)
respeito por cada um e pelas práticas compartilhadas; (c) explicitação de questões e
desafios no campo da prática; (d) encaminhar respostas que se coadunem com
experiências práticas (Wenger et al., 2011).
As comunidades de prática ainda se enquadram no contexto mais ampliado da teoria de
aprendizagem situada (Lave & Wenger, 1991), na qual se entende que a análise da
prática não pode separar os sujeitos que agem e o mundo social em que se dá sua ação.
De acordo com Chaiklin e Lave (1996), na perspectiva da teoria da aprendizagem
situada, a aprendizagem do ofício e sua função social estão imbricadas no mundo vivido,
coadunando-se a pensamentos, sentimentos, valores, formas coletivas, históricas e
culturais. Os autores apontam que: (a) o conhecimento se transforma ao ser usado; (b) a
aprendizagem é parte integrante da ação no e com o mundo; (c) o que se aprende tem
caráter problemático; (d) a elaboração de saberes requer uma ressignificação dos
aspectos sociais e culturais.
Nessa perspectiva, o contexto é constituído pelas relações concretas historicamente
construídas entre os sujeitos nas situações que compartilham. Assim, suas ações
particulares são constituídas socialmente e significados lhes são atribuídos a partir de
sua alocação nos sistemas socioculturais dos quais os sujeitos fazem parte.
Uma comunidade de prática pode apresentar condições em seu interior para
aprendizagem situada, mediante experiências compartilhadas por seus membros. Neste
trabalho foi estabelecida uma parceria colaborativa com os professores que constituem o
grupo autônomo de professores-pesquisadores. Analogamente à organização de uma
comunidade de prática (Wenger, 2010; Wenger et al., 2011), em que há agentes que
assumem diferentes funções e estabelecem relacionamentos entre si, a comunicação
entre os professores aponta para uma dinâmica peculiar de relacionamentos.
Por sua vez, essas relações indicam como as ações dos professores se dão no âmbito
coletivo, como planejam suas colaborações mútuas e, de certo modo, indicam também
como cada professor(a) enfrenta os problemas oriundos de seu contexto de trabalho.
Figura 1. Comunidade de prática, agentes e níveis de participação.
Fonte: <http://wenger-trayner.com/resources/slide-forms-of-participation>
A figura acima permite entender como os sujeitos investigados interagem entre si e como
se dão suas relações no âmbito do grupo autônomo de professores-pesquisadores. Se
forem comparados aos agentes de uma comunidade de prática, todos os sujeitos
assumiram funções que os caracterizam como membros do núcleo central (core group).
Diversas tarefas foram empreendidas em conjunto pelos professores, tendo assumido
funções variáveis quanto à organização dos encontros, agendamento de compromissos
eventuais com colaboradores externos ao grupo, moderação do website, registro de atas,
elaboração da produção intelectual, dentre outras.
Além do seu envolvimento contínuo, se consideramos todo o período de oito anos
analisado, todavia, alguns sujeitos oscilaram entre uma participação mais ativa e
ocasional. Alguns sujeitos chegaram a interromper a participação durante um período
determinado de tempo, devido a questões pessoais, compromissos acadêmicos ou
profissionais. Entretanto, permaneceram vinculados ao website, contribuindo
ocasionalmente com as discussões.
Um dado importante, porém, nos pareceu o fato de que em nenhum momento
houve a atribuição explícita da função de “líder” a qualquer dos professores membros do
grupo. A liderança ou a coordenação pareceu ser algo que circula entre os professores,
mas que não é personificada em qualquer dos sujeitos. Dado que a literatura
frequentemente aponta que os professores envolvidos com pesquisa-ação ou vinculados
a comunidades de prática estão submetidos à coordenação de um agente acadêmico ou
especialista, convém explicitar que a liderança do referido grupo também não coube a
qualquer dos coautores deste informe de experiências durante todo o período que
abrangeu a investigação.
As parcerias colaborativas e coletivas parecem suscitar o engajamento e compromisso
recíprocos apontados por Fiorentini (2009) como relevantes nas práticas de ensinar.
Segundo o autor, as práticas de ensinar e aprender na escola são constituídas em
circunstâncias diversas e sugerem que o trabalho em parceria encontre sujeitos com
questões e interesses comuns.
Por isso, os modelos propostos para pensar as práticas de ensinar e aprender
influenciam e são influenciados pelos contextos nos quais são desenvolvidos, pois são
situados e consequentemente precisam ser ressignificados (Venâncio, 2012). Já
Cochran-Smith e Lytle (1999) focam suas pesquisas nas relações entre a aprendizagem
do conhecimento e a prática do professores, e ponderam sobre três concepções para
justificar e compreender como os professores estabelecem tais relações.
A primeira concepção remete ao conhecimento-para-a-prática: os professores se
apropriam do conhecimento formal e das teorias de pesquisadores universitários para
melhorar sua prática profissional, na perspectiva de transposição do conhecimento.
A segunda concepção é denominada conhecimento-em-prática: os professores,
considerados competentes, aprendem a relacionar o próprio conhecimento presente nas
pesquisas dos especialistas, aprofundam seus próprios conhecimentos para fazer
julgamentos e organizar proposições a partir das interações nos ambientes de aula.
Diferente das outras duas concepções, a terceira, conhecimento-da-prática, não polariza
o conhecimento formal do conhecimento prático. O conhecimento que os professores
precisam para ensinar bem se origina da consideração das suas próprias turmas para
realizar uma investigação intencional, ao mesmo tempo em que valorizam o
conhecimento e teoria produzidos por outros, como fonte para gerar questionamento.
As autoras ressaltam que, apesar de serem concorrentes em suas ideias fundamentais,
as três concepções coexistem no mundo da política educacional, da pesquisa e da
prática, e são invocadas por pessoas que se posicionam em diferentes níveis e contextos
para justificar abordagens diversas para a melhora do ensino. Para Nóvoa (2012), a
essência do trabalho docente pode ser percebida em um poema de Michel Serres:
Renascido (o professor renasce a cada dia diante da reflexão e
formação), ele conhece (o conhecimento das coisas, dos outros e das
relações), ele tem piedade (ele cuida dos outros, tem responsabilidade
sobre o conhecimento dos outros). Enfim, ele pode ensinar.
3-O contexto de realização e participantes
Esta experiência envolveu o processo de desenvolvimento profissional de professores de
Educação Física, sendo que a maioria dos envolvidos estava em início de carreira no
magistério desde o primeiro ano de atividades do grupo autônomo autodenominado
“professores-pesquisadores”, que foi constituído em 2005. Este período profissional foi
caracterizado segundo os conceitos de Huberman (2000) a respeito dos professores em
início de carreira, bem como suas classificações de acordo com as etapas da identidade
profissional ou profissionalidade.
Acerca da profissionalidade, os membros do grupo referem-si a si próprios como
“autônomos” porque coletivamente não detêm qualquer vinculo institucional com
universidades ou escolas, redes públicas ou particulares de ensino. Isto é comumente
verbalizado pelos sujeitos, embora cada professor trabalhe em uma determinada escola
e/ou universidade, e/ou também estude em algum programa de Pós-Graduação. Os
professores também elaboraram uma proposta própria de sistematização de conteúdos
temáticos no início dos seus trabalhos coletivos, mas a revisitam constantemente ao
longo de sua trajetória e conforme seus entendimentos (Sanches Neto et al., 2013).
Nesta investigação há uma experiência de caráter longitudinal, na qual 13 professores
estiveram envolvidos, dentre os quais vários acumulam a atividade de docência em mais
do que um nível de ensino: 11 trabalham na Educação Básica e dois exclusivamente no
Ensino Superior. Entretanto, tomaremos a perspectiva de 11 professores para este
informe de experiência, considerando como critério a experiência de tais professores
como formadores de outros professores no Ensino Superior e/ou em cursos de formação
continuada.
Desse modo, os participantes têm as seguintes características: Sete professores têm
experiência docente no Ensino Superior e quatro professores têm experiência como
formadores em cursos de formação continuada. A participação dos professores se deu
mediante concordância com termo de consentimento livre e esclarecido, sendo que todos
manifestaram preferência pela divulgação de seus nomes. A tabela abaixo apresenta
alguns detalhes das experiências formativas dos professores e seus principais vínculos
de trabalho, de acordo com dados disponíveis na Plataforma Lattes do CNPq:
Tabela 1. Características formativas dos professores (*Jornada de trabalho também em escola da
rede pública estadual paulista de Educação Básica). Fonte: <http://lattes.cnpq.br>
Professores Ensino Superior Formação continuada Vinculo principal
Angela Sim Não Escola estadual, São Paulo-SP
Carla Não Sim Escola particular, São Paulo-SP
Jessica Sim Não Escola estadual, São Paulo-SP
Leandro Não Sim Escola municipal*, São Paulo-SP
Luciana Sim Sim Escola municipal, São Paulo-SP
Luciano Não Sim Escola municipal, São Paulo-SP
Luiz Sim Sim IES particular, Guarulhos-SP
Rosangela Não Sim Escola municipal*, Suzano-SP
Tatiana Sim Não IES particular*, São Paulo-SP
Tiemi Sim Sim IES particular*, São Paulo-SP
Willian Sim Sim IES pública, Guanambi-BA
De acordo com o website dos professores-pesquisadores, criado por eles mesmos em
2006, seus propósitos coletivos enfatizam processos de ensino e aprendizagem,
proposições teórico-metodológicas, trabalho docente, currículo, formação e planejamento
coletivo:
a)apresentar uma proposta preliminar de sistematização de conteúdos
que abrangem temas das diferentes tendências em Educação Física
escolar e; b) reduzir a incoerência entre intenções e ações na prática
pedagógica, considerando os princípios curriculares: objetivos,
conteúdos, estratégias e critérios de avaliação. A pesquisa-ação é o
método principal utilizado na investigação, envolvendo as teorias e as
ações docentes, assim como as transformações na prática cotidiana.
Neste grupo, os próprios professores pesquisam sua prática no dia-a-dia,
encontrando-se sistematicamente para refletir e planejar coletivamente
sua intervenção. (...) Este grupo busca na história de vida, na preparação
profissional e na experiência didática de professores-pesquisadores
apresentar uma proposta temática de sistematização dos conteúdos em
quatro blocos: elementos culturais, movimentos, aspectos pessoais e
interpessoais, e demandas ambientais.
4-As ações realizadas
Ao longo dos oito anos de experiências compartilhadas, as relações entre os sujeitos
transitaram desde professor e aluno, orientador e orientando, supervisor e estagiário,
colega de trabalho na Educação Básica, dentre outras. Por exemplo, um dos professores
ingressou no grupo quando era estudante na Licenciatura e atualmente trabalha como
docente no Ensino Superior. Isto não significa, contudo, que o grupo de professores-
pesquisadores tenha sido decisivo na trajetória desse professor. Porém, certamente fez
parte do conjunto de suas experiências formativas.
Com o 1º objetivo deste informe de experiência em mente, as considerações a seguir
procuram descrever, na lógica interativa do grupo, as variadas funções que os
professores mais experientes assumiram – como mentores, supervisores e tutores – em
relação aos professores principiantes. Analisando dois intervalos de tempo entre 2005 até
2013, de acordo com Huberman (DATA), quatro professores (Carla, Luciana, Luiz e
Rosangela) poderiam ser considerados experientes ao longo do período entre 2005 a
2009. E, ainda conforme Huberman, entre 2010 e 2013 todos os demais professores
tornaram-se também experientes. Portanto, consideram-se como “mais experientes”
neste informe de experiência, os quatro professores mencionados no primeiro período.
A professora Carla, embora experiente, buscou respaldo e orientação para seu trabalho
pedagógico junto com os pares, inclusive com professores que tinham menos tempo de
docência do que ela. Notou-se aproximação maior com a professora Luciana, com
experiência equivalente à sua própria, e com a professora Tiemi, que ingressara
recentemente no magistério, mas com quem já havia participado de outro projeto.
A professora Luciana assumiu a função de moderadora no website no período até 2009.
Orientou vários professores ao trabalhar no Ensino Superior, como as professoras
Angela, Jessica e Rosangela, quando estudaram na Licenciatura, e também
supervisionou estagiários na Educação Básica.
O professor Luiz, em alguns momentos, assumiu a função de mentor em relação a alguns
professores do grupo, compartilhando estratégias de docência e pesquisa no Ensino
Superior e na Educação Básica. De modo mais próximo, trabalhou em parceria com a
professora Luciana nos dois níveis de ensino e, no Ensino Superior, supervisionou as
atividades acadêmicas dos professores Leandro, Luciano e Willian.
A professora Rosangela, embora também experiente, buscou respaldo para seu trabalho
pedagógico junto aos pares. Foi orientada academicamente pela professora Luciana,
durante sua formação na Licenciatura, e aproximou-se das professoras Angela e Jessica
em atividades independentes de pesquisa.
Aponta-se a seguir, com o foco no 2º objetivo deste informe de experiência, a dinâmica
interativa entre os professores, tanto os “mais experientes” quanto os “menos
experientes”, identificando as suas relações nos diferentes níveis de ensino.
Na Educação Infantil: destacou-se a intervenção realizada pelo professor Leandro desde
a Graduação, sob a orientação do professor Luiz, culminando em projeto de pesquisa
que foi levado a cabo em curso de Especialização posteriormente à luz da pesquisa-
ação. O professor Leandro concluiu pesquisa de Mestrado, preocupado em investigar
justamente os professores em início de carreira.
No Ensino Fundamental: houve aproximação entre as professoras Angela e Jessica, com
desenvolvimento de projeto comum de trabalho, pois elas foram as únicas professoras a
trabalharem na mesma escola durante determinado período letivo. Destacou-se, ainda, a
parceria entre as professoras Carla e Luciana, culminando em projeto-piloto de pesquisa
concluída no Mestrado pela professora Carla. O professor Luciano também pesquisou o
trabalho docente neste segmento de ensino, concluindo pesquisa no Mestrado sobre a
temática, entretanto os demais professores do grupo aproximaram-se pouco durante a
sua investigação.
No Ensino Médio: as professoras Tatiana e Tiemi realizaram intervenções e estudos
sobre o processo de ensino e aprendizagem neste segmento, mas sem interações entre
si. A professora Tatiana concluiu pesquisa de Mestrado sobre a temática, analisando a
noção de autonomia junto aos professores da mesma rede pública de ensino em que
trabalha. Destacou-se também a intervenção do professor Willian neste nível de ensino,
porém ocorreram poucas interações com os demais professores, possivelmente pela
característica específica de seu trabalho com jovens no contexto de privação de
liberdade.
Na formação profissional: as professoras Angela e Jessica compartilharam oportunidades
formativas fundamentadas em seu projeto comum de trabalho na escola. Houve também
oferecimento de várias modalidades formativas, destacando-se projetos coletivos em dois
eventos nos quais os professores tiveram que viajar em grupo, como Jessica, Leandro,
Luciana, Luciano, Luiz, Rosangela, Tatiana e Willian.
No Ensino Superior: Os professores Luiz e Luciana supervisionaram atividades
relacionadas com estágio e também a mentoria de projetos acadêmicos. O professor Luiz
trabalhou com a formação dos professores Angela, Jessica, Leandro, Luciano,
Rosangela, Tatiana e Willian. A professora Luciana orientou o trabalho acadêmico da
professora Rosangela, bem como trabalhou na formação inicial das professoras Angela e
Jessica. A professora Tiemi, embora não tenha a função de supervisão de estágios na
IES em que trabalha, ocasionalmente exerce a função de mentora em projetos
compartilhados com estudantes de outras universidades. Ela relaciona as atividades de
estágio com o currículo da rede pública estadual paulista de Educação Básica, na qual
também trabalha.
Na formação continuada: a professora Rosangela responsabilizou-se pela formação dos
professores das redes públicas de Educação Básica em que trabalha, vinculada a
subsídios financeiros governamentais. Compartilhou a oportunidade com a professora
Luciana e o professor Luiz, com os quais discutiu sobre o currículo juntamente com os
professores da rede municipal. Os professores Leandro e Luciano responsabilizaram-se
pela oferta de cursos preparatórios para concursos públicos de ingresso à carreira
docente, colaborando também com a professora Carla. A professora Tiemi e o professor
Luiz trabalharam como tutores em cursos de formação para professores da rede pública
estadual paulista, sendo equivalente à Especialização no caso da professora Tiemi.
5-Discussão sobre os principais obstáculos e conquistas da experiência
Por meio desta experiência foi evidenciada a complexidade de lecionar no ingresso de
carreira, bem como a preparação dos professores para o trabalho docente, permeada por
sentimentos de entusiasmo e esperança em permanecer na profissão. Ficou nítido
também que, de acordo com Oliveira (2012), mesmo após muitas contribuições de
autores com a preocupação pedagógica, reflexiva e crítica, os professores que iniciam
suas carreiras se deparam com turmas “acostumadas” a práticas descontextualizadas e
que não valorizam a especificidade e o rigor metodológico da Educação Física.
Notou-se que há um obstáculo com o processo de profissionalização da docência, no
qual os professores são responsabilizados pela sua própria formação em detrimento das
condições concretas do espaço-tempo necessário para viabilizar suas práticas
formativas. Sobretudo no início da carreira docente, os professores tem uma visão mais
restrita em relação às constrições de seu próprio trabalho. Em contrapartida, a conquista
da profissionalidade docente pelos professores envolvidos neste informe (relato) de
experiência foi evidenciada. Ela ocorreu sobremaneira nos modos de apropriação da
prática docente, das parcerias e oportunidades formativas compartilhadas entre os
sujeitos, bem como das suas possibilidades de encaminhamento coletivo, mas também
na percepção por parte dos professores dos limites de seu próprio trabalho.
Referências
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de ensino de física, química, biologia e áreas afins. Bauru, SP.
Chaiklin, S.; Lave, J. (1996). Estudiar las prácticas: perspectivas sur la actividad y
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Cochran-Smith, M.; Lytle, S. L. relationships of knowledge and practice: teacher learning
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Elliott, J. (2102). O que significa hoje a pesquisa do professor e a pesquisa com e sobre
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Fioretini, D. (2009). Quando acadêmicos da universidade e professores da escola básica
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R. C.; Miskulin, R. G. S. (Orgs.). Práticas de formação e de pesquisa de professores que
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Franco, M. A. S. (2008). Pesquisa-ação e prática docente: articulações possíveis. In:
Pimenta, S.G.; Franco, M.A.S. Pesquisa em educação: possibilidades
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Huberman, M. (2000). O ciclo de vida profissional dos professores. In: Nóvoa, A. (Org).
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A DINÂMICA INTERATIVA DE UM GRUPO AUTÔNOMO DE PROFESSORES-PESQUISADORES EM RELAÇÃO AOS PROFESSORES PRINCIPIANTES

  • 1. Papéis e funções dos professores mentores, supervisores e tutores em relação aos professores principiantes INFORME DE EXPERIÊNCIA A DINÂMICA INTERATIVA DE UM GRUPO AUTÔNOMO DE PROFESSORES- PESQUISADORES EM RELAÇÃO AOS PROFESSORES PRINCIPIANTES SANCHES NETO, Luiz luiz.sanches.neto@umontreal.ca Universidade Estadual Paulista-IB, Rio Claro-SP, Brasil; Université de Montréal, Québec, Canadá; Bolsista de Doutorado FAPESP CONCEIÇÃO, Willian Lazaretti da wlazaretti@uneb.br Universidade do Estado da Bahia, Guanambi-BA, Brasil VENÂNCIO, Luciana luciana_venancio@yahoo.com.br Universidade Estadual Paulista-FCT, Presidente Prudente-SP, Brasil; Bolsista de Doutorado FAPESP; Rede Municipal de Educação Básica, São Paulo OKIMURA-KERR, Tiemi tiemiok@yahoo.com Centro Universitário Sant’Anna; Rede Estadual de Educação Básica, São Paulo, Brasil OLIVEIRA, Leandro Pedro de leop03@ig.com.br Redes Municipal e Estadual de Educação Básica, São Paulo, Brasil Palavras-chave: Professor-pesquisador – Educação Física – Comunidade de prática – Pesquisa colaborativa – Formação permanente 1-Introdução: problema e objetivos propostos A relação entre a universidade e a escola, muitas vezes, não se trata de uma parceria, mas da utilização da escola como objeto de estudo (Franco, 2008; Lüdke, 2001; Zeichner, 2010; Borges & Fontoura, 2012; Nacarato et al. 2012). O problema não reside no objetivo que impulsiona essas pesquisas ou somente no uso que se faz dos dados coletados nas escolas, o cerne da questão está no fato de que, após identificar uma situação problemática e analisá-la de acordo com determinado referencial teórico, o autor da investigação (pesquisador ou estagiário), atinge seu objetivo não apontando possíveis caminhos, soluções ou alternativas. Nesse sentido, diante da leitura do texto produzido, é possível que os professores, sujeitos e/ou objeto da pesquisa, não se reconheçam e não consigam entender como o pesquisador relacionou o que observou em suas aulas.
  • 2. A crítica à didática instrumental gerou, num primeiro momento, sua negação, sendo substituída por uma crítica à escola, uma vez que se considerava esta como aparelho reprodutor das ideologias dominantes na sociedade. Nessa perspectiva, os relatórios de estágios se restringiam a apenas captar os desvios e falhas da escola, dos diretores e dos professores, configurando-se como um criticismo vazio, tendo em vista que os estagiários lá iam somente para rotular as escolas e seus profissionais como tradicionais e autoritários, entre outras (des)qualificações. Essa forma de estágio gerou conflitos e situações de distanciamento entre a universidade e a escola. Algumas escolas passaram a se recusar a receber estagiários, o que por vezes levou a situações extremas nas quais as secretarias de educação obrigavam as escolas a receber estagiários (Pimenta & Lucena, 2006). Se por um lado os professores podem se sentir usados pelas universidades, por outro lado os universitários podem sentir que o conhecimento produzido por eles nem sempre chega às escolas e, quando chega, é distorcido por ela. Os pesquisadores mostram-se insatisfeitos, reclamando que as escolas e os professores não usam os conhecimentos gerados pelas pesquisas e quando o fazem é para distorcê-los. De fato, por vezes as novidades pedagógicas alcançam as escolas, mas os docentes e os administradores ao entrarem em contato com os textos produzidos no âmbito acadêmico, dizem-se decepcionados com o caráter abstrato de grande parte destes e pela forma idealizada com que a realidade escolar foi retratada. A relação entre a universidade e a escola – caracterizada pelo uso que a primeira instituição faz da segunda – é motivo de críticas (Saviani, 1985). Algumas são intensas, mas provocadoras de reflexões que podem se concretizar em ações para transformar a qualidade desta relação, tornando-a mais igualitária para ambas as instituições (Almeida, Ghanem & Biccas, 2008; Zeichner, 1998). Após três décadas da “virada reflexiva” no âmbito da educação, entende-se que ocorreram avanços no sentido dos processos reflexivos tornarem-se uma preocupação explícita em universidades e escolas de todo o mundo (Tardif, Borges, Malo, 2012). Porém, o processo de reflexão não é sinônimo de pesquisa e o professor que reflete sobre a sua prática pode produzir conhecimento sem necessariamente, ser um pesquisador. Quando ele avança, indo além da reflexão, do ato de debruçar-se outra vez para entender o fenômeno, encurta a distância que o separa do trabalho de pesquisa. Entretanto, muitos acadêmicos não legitimam os saberes docentes, mesmo o conhecimento produzido pelo professor decorrente da reflexão, análise e relação com as teorias. Isto inviabiliza o diálogo universitário com o espaço escolar, pois pressupõe que o conhecimento acadêmico tem maior peso e impossibilita uma escuta sensível das reflexões dos professores. Zeichner (1998) relata que muitos acadêmicos nas universidades rejeitam a pesquisa dos professores das escolas por considerá-las trivial, ateórica e irrelevante para seus trabalhos. A maioria dos acadêmicos envolvidos com o movimento de professores- pesquisadores no mundo reduz o processo de investigação realizado pelos próprios professores a uma forma de desenvolvimento profissional e não o considera como uma forma de produção de conhecimentos. Alguns acadêmicos, contudo, apontam que o trabalho cotidiano dos professores-pesquisadores é que precisa ser valorizado (Elliott, 1998). As reformas precisariam incluir em seu interior o desenvolvimento profissional dos professores como pesquisadores de suas próprias práticas, que fazem de suas salas de
  • 3. aula típicos laboratórios de ensino. A possível articulação entre ensino e pesquisa no trabalho do professor da Educação Básica e o termo “professor-pesquisador” têm ganhando espaço no cenário acadêmico. Para Stenhouse (1975), a pesquisa deveria ser a base do ensino dos professores, tendo como foco central o currículo, uma vez que é por seu intermédio que os processos educativos na escola são promovidos. É possível evidenciar que somente em poucos casos a pesquisa acadêmica tem estimulado ou contribuído de alguma forma para reformas pedagógicas nas escolas. Tardif (2002) e Zeichner (1998,2010) convergem quando destacam que existe um distanciamento entre os saberes dos professores e o conhecimento universitário, também, pelo uso da linguagem especializada no meio dos acadêmicos para com a comunidade escolar. Não obstante, os estudantes em formação nos cursos das Licenciaturas reclamam da pouca interação com as escolas e citam a necessidade de estarem mais próximos da prática social escolar, desde o início do curso, favorecendo as conexões entre saberes e possibilitando o conhecimento na práxis. Os licenciandos, durante a formação inicial, precisam vincular-se ao processo de reformulação e resignificação de conhecimentos para a construção do “saber da ação pedagógica” a partir da conexão com suas experiências e com as de outras pessoas (Barcelos, 2000). Nesse sentido, as parcerias entre universidades e escolas são consideradas pela comunidade educacional como importante meio para fazer com que a formação de professores se constitua em percurso contínuo e coerente de desenvolvimento profissional. Zeichner (1998) acredita que o distanciamento entre ambas as instituições pode ser superado se os acadêmicos comprometerem-se com o corpo docente das escolas em realizar ampla discussão sobre o significado e a relevância das pesquisas que conduzem. Para que isto ocorra é essencial haver empenho dos acadêmicos em desenvolver uma colaboração genuína com os professores, rompendo com os velhos padrões de dominação acadêmica e dando suporte às investigações feitas por professores ou projetos de pesquisa-ação. Elliott (1998) é enfático quanto à importância da pesquisa-ação para a qualificação do trabalho pedagógico dos professores- pesquisadores, identificando-a como o seu método próprio de trabalho nas escolas. A partir das relações entre a pesquisa-ação e possibilidades de colaboração, Pimenta e Lima (2004) apontam que a pesquisa colaborativa tem por finalidade criar uma cultura de análise das práticas nas escolas, e que isto possibilita uma relação mais equiparada entre estagiários, professores e docentes das universidades. Nessa perspectiva, universidade e escola assumem como foco trabalhar em conjunto em uma proposta de parceria colaborativa, compartilhando deveres e responsabilidades, em prol de objetivos comuns bem definidos. Assim, ambas as instituições são beneficiadas. A universidade pode preparar melhor os futuros professores para a realidade das escolas, introduzindo-os em seu contexto de trabalho. É possível ainda que uma proposta de aproximação entre escola e universidade se dê por meio dos estágios realizados, de modo que os alunos apresentem projetos a desenvolver nas escolas, transcendendo os modos tradicionais de observação e regência e apontando contribuições efetivas para a escola, contando ainda com uma formação mais próxima da realidade que o espera. Neste trabalho – caracterizado como informe de experiência – apresentamos a dinâmica interativa de um grupo autônomo de professores-pesquisadores de Educação Física em relação aos professores principiantes. O grupo é formado por professores em diferentes
  • 4. etapas da carreira docente, sendo que alguns assumiram funções de mentoria, supervisão e tutoria no processo formativo dos iniciantes. Os objetivos deste trabalho são: (1º) descrever as funções dos professores (mentores, supervisores e tutores) mais experientes em relação aos professores principiantes; e (2º) identificar a dinâmica interativa entre os professores nos seguintes níveis de ensino: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, formação profissional, Ensino Superior e formação continuada. 2-Quadro conceitual em que se fundamenta a experiência A experiência relatada neste trabalho foi compartilhada entre os professores- pesquisadores ao longo de oito anos (desde 2005 até 2013) e fundamenta-se, sobretudo, no conceito de “comunidade de prática”. Uma comunidade de prática pode ser entendida como um grupo de pessoas que compartilham uma preocupação ou desejo por algo que fazem, aprendendo a fazê-lo melhor mediante sua interação regular. Esta definição, segundo Wenger e colaboradores (2011), reflete a natureza fundamentalmente social da aprendizagem humana, porém é demasiado abrangente para caracterizar especificamente um determinado agrupamento profissional. Por isso, uma comunidade de prática é ao mesmo tempo uma “comunidade de prática de...”, de algum campo de interesse compartilhado ou de algum agrupamento profissional específico. Dada tal abrangência conceitual, uma comunidade de prática remete necessariamente a um domínio ou campo compartilhado de saberes. Seus membros são mobilizados a se agruparem para compartilhar uma necessidade de aprendizagem, seja-a explícita ou implícita, seja-a o fator motivacional do agrupamento ou um subproduto dele. Desse modo, o sentido de comunidade advém da aprendizagem coletiva que se torna o amálgama entre os membros ao longo do tempo. É algo que advém da experiência compartilhada por eles de várias formas, mas que não é uma fonte de homogeneização. Ainda, uma comunidade de prática possibilita atribuir sentidos para um dado domínio do saber tornando-se fonte de identificação para seus membros. Por sua vez, tal identidade gera um senso de compromisso à comunidade como um todo. Os aspectos identitários são compartilhados ao redor de um tópico que representa a intenção coletiva, possibilitando administrar o domínio e subsidiar a aprendizagem nesse campo. Além disso, uma comunidade de prática geralmente envolve uma rede de relações entre seus membros (Wenger, 2010). Portanto, uma comunidade de prática é mantida coesa a partir do valor da aprendizagem que seus membros encontram nas suas interações. Eles podem realizar tarefas juntos, porém tais tarefas não definem a comunidade. É a aprendizagem em andamento que sustenta seu engajamento e compromisso mútuo. Os membros podem advir de diferentes organizações ou perspectivas, mas é o seu engajamento como sujeitos mobilizados para aprender algo que é o aspecto mais relevante em sua participação. Por exemplo, no âmbito de uma comunidade de prática direcionada à Educação, ao ensino ou à prática pedagógica, os membros podem trabalhar em escolas ou redes de ensino diferentes, podem ser professores ou outros agentes educacionais. Todavia, invariavelmente há uma crença envolvida no sentido da comunidade de prática. A confiança estabelecida entre seus membros é baseada em sua capacidade para aprender juntos, abrangendo: (a) apreço pelo domínio do saber compartilhado; (b) respeito por cada um e pelas práticas compartilhadas; (c) explicitação de questões e
  • 5. desafios no campo da prática; (d) encaminhar respostas que se coadunem com experiências práticas (Wenger et al., 2011). As comunidades de prática ainda se enquadram no contexto mais ampliado da teoria de aprendizagem situada (Lave & Wenger, 1991), na qual se entende que a análise da prática não pode separar os sujeitos que agem e o mundo social em que se dá sua ação. De acordo com Chaiklin e Lave (1996), na perspectiva da teoria da aprendizagem situada, a aprendizagem do ofício e sua função social estão imbricadas no mundo vivido, coadunando-se a pensamentos, sentimentos, valores, formas coletivas, históricas e culturais. Os autores apontam que: (a) o conhecimento se transforma ao ser usado; (b) a aprendizagem é parte integrante da ação no e com o mundo; (c) o que se aprende tem caráter problemático; (d) a elaboração de saberes requer uma ressignificação dos aspectos sociais e culturais. Nessa perspectiva, o contexto é constituído pelas relações concretas historicamente construídas entre os sujeitos nas situações que compartilham. Assim, suas ações particulares são constituídas socialmente e significados lhes são atribuídos a partir de sua alocação nos sistemas socioculturais dos quais os sujeitos fazem parte. Uma comunidade de prática pode apresentar condições em seu interior para aprendizagem situada, mediante experiências compartilhadas por seus membros. Neste trabalho foi estabelecida uma parceria colaborativa com os professores que constituem o grupo autônomo de professores-pesquisadores. Analogamente à organização de uma comunidade de prática (Wenger, 2010; Wenger et al., 2011), em que há agentes que assumem diferentes funções e estabelecem relacionamentos entre si, a comunicação entre os professores aponta para uma dinâmica peculiar de relacionamentos. Por sua vez, essas relações indicam como as ações dos professores se dão no âmbito coletivo, como planejam suas colaborações mútuas e, de certo modo, indicam também como cada professor(a) enfrenta os problemas oriundos de seu contexto de trabalho.
  • 6. Figura 1. Comunidade de prática, agentes e níveis de participação. Fonte: <http://wenger-trayner.com/resources/slide-forms-of-participation> A figura acima permite entender como os sujeitos investigados interagem entre si e como se dão suas relações no âmbito do grupo autônomo de professores-pesquisadores. Se forem comparados aos agentes de uma comunidade de prática, todos os sujeitos assumiram funções que os caracterizam como membros do núcleo central (core group). Diversas tarefas foram empreendidas em conjunto pelos professores, tendo assumido funções variáveis quanto à organização dos encontros, agendamento de compromissos eventuais com colaboradores externos ao grupo, moderação do website, registro de atas, elaboração da produção intelectual, dentre outras. Além do seu envolvimento contínuo, se consideramos todo o período de oito anos analisado, todavia, alguns sujeitos oscilaram entre uma participação mais ativa e ocasional. Alguns sujeitos chegaram a interromper a participação durante um período determinado de tempo, devido a questões pessoais, compromissos acadêmicos ou profissionais. Entretanto, permaneceram vinculados ao website, contribuindo ocasionalmente com as discussões. Um dado importante, porém, nos pareceu o fato de que em nenhum momento houve a atribuição explícita da função de “líder” a qualquer dos professores membros do grupo. A liderança ou a coordenação pareceu ser algo que circula entre os professores, mas que não é personificada em qualquer dos sujeitos. Dado que a literatura frequentemente aponta que os professores envolvidos com pesquisa-ação ou vinculados
  • 7. a comunidades de prática estão submetidos à coordenação de um agente acadêmico ou especialista, convém explicitar que a liderança do referido grupo também não coube a qualquer dos coautores deste informe de experiências durante todo o período que abrangeu a investigação. As parcerias colaborativas e coletivas parecem suscitar o engajamento e compromisso recíprocos apontados por Fiorentini (2009) como relevantes nas práticas de ensinar. Segundo o autor, as práticas de ensinar e aprender na escola são constituídas em circunstâncias diversas e sugerem que o trabalho em parceria encontre sujeitos com questões e interesses comuns. Por isso, os modelos propostos para pensar as práticas de ensinar e aprender influenciam e são influenciados pelos contextos nos quais são desenvolvidos, pois são situados e consequentemente precisam ser ressignificados (Venâncio, 2012). Já Cochran-Smith e Lytle (1999) focam suas pesquisas nas relações entre a aprendizagem do conhecimento e a prática do professores, e ponderam sobre três concepções para justificar e compreender como os professores estabelecem tais relações. A primeira concepção remete ao conhecimento-para-a-prática: os professores se apropriam do conhecimento formal e das teorias de pesquisadores universitários para melhorar sua prática profissional, na perspectiva de transposição do conhecimento. A segunda concepção é denominada conhecimento-em-prática: os professores, considerados competentes, aprendem a relacionar o próprio conhecimento presente nas pesquisas dos especialistas, aprofundam seus próprios conhecimentos para fazer julgamentos e organizar proposições a partir das interações nos ambientes de aula. Diferente das outras duas concepções, a terceira, conhecimento-da-prática, não polariza o conhecimento formal do conhecimento prático. O conhecimento que os professores precisam para ensinar bem se origina da consideração das suas próprias turmas para realizar uma investigação intencional, ao mesmo tempo em que valorizam o conhecimento e teoria produzidos por outros, como fonte para gerar questionamento. As autoras ressaltam que, apesar de serem concorrentes em suas ideias fundamentais, as três concepções coexistem no mundo da política educacional, da pesquisa e da prática, e são invocadas por pessoas que se posicionam em diferentes níveis e contextos para justificar abordagens diversas para a melhora do ensino. Para Nóvoa (2012), a essência do trabalho docente pode ser percebida em um poema de Michel Serres: Renascido (o professor renasce a cada dia diante da reflexão e formação), ele conhece (o conhecimento das coisas, dos outros e das relações), ele tem piedade (ele cuida dos outros, tem responsabilidade sobre o conhecimento dos outros). Enfim, ele pode ensinar. 3-O contexto de realização e participantes Esta experiência envolveu o processo de desenvolvimento profissional de professores de Educação Física, sendo que a maioria dos envolvidos estava em início de carreira no magistério desde o primeiro ano de atividades do grupo autônomo autodenominado “professores-pesquisadores”, que foi constituído em 2005. Este período profissional foi caracterizado segundo os conceitos de Huberman (2000) a respeito dos professores em início de carreira, bem como suas classificações de acordo com as etapas da identidade profissional ou profissionalidade.
  • 8. Acerca da profissionalidade, os membros do grupo referem-si a si próprios como “autônomos” porque coletivamente não detêm qualquer vinculo institucional com universidades ou escolas, redes públicas ou particulares de ensino. Isto é comumente verbalizado pelos sujeitos, embora cada professor trabalhe em uma determinada escola e/ou universidade, e/ou também estude em algum programa de Pós-Graduação. Os professores também elaboraram uma proposta própria de sistematização de conteúdos temáticos no início dos seus trabalhos coletivos, mas a revisitam constantemente ao longo de sua trajetória e conforme seus entendimentos (Sanches Neto et al., 2013). Nesta investigação há uma experiência de caráter longitudinal, na qual 13 professores estiveram envolvidos, dentre os quais vários acumulam a atividade de docência em mais do que um nível de ensino: 11 trabalham na Educação Básica e dois exclusivamente no Ensino Superior. Entretanto, tomaremos a perspectiva de 11 professores para este informe de experiência, considerando como critério a experiência de tais professores como formadores de outros professores no Ensino Superior e/ou em cursos de formação continuada. Desse modo, os participantes têm as seguintes características: Sete professores têm experiência docente no Ensino Superior e quatro professores têm experiência como formadores em cursos de formação continuada. A participação dos professores se deu mediante concordância com termo de consentimento livre e esclarecido, sendo que todos manifestaram preferência pela divulgação de seus nomes. A tabela abaixo apresenta alguns detalhes das experiências formativas dos professores e seus principais vínculos de trabalho, de acordo com dados disponíveis na Plataforma Lattes do CNPq: Tabela 1. Características formativas dos professores (*Jornada de trabalho também em escola da rede pública estadual paulista de Educação Básica). Fonte: <http://lattes.cnpq.br> Professores Ensino Superior Formação continuada Vinculo principal Angela Sim Não Escola estadual, São Paulo-SP Carla Não Sim Escola particular, São Paulo-SP Jessica Sim Não Escola estadual, São Paulo-SP Leandro Não Sim Escola municipal*, São Paulo-SP Luciana Sim Sim Escola municipal, São Paulo-SP Luciano Não Sim Escola municipal, São Paulo-SP Luiz Sim Sim IES particular, Guarulhos-SP Rosangela Não Sim Escola municipal*, Suzano-SP Tatiana Sim Não IES particular*, São Paulo-SP Tiemi Sim Sim IES particular*, São Paulo-SP Willian Sim Sim IES pública, Guanambi-BA De acordo com o website dos professores-pesquisadores, criado por eles mesmos em 2006, seus propósitos coletivos enfatizam processos de ensino e aprendizagem, proposições teórico-metodológicas, trabalho docente, currículo, formação e planejamento coletivo: a)apresentar uma proposta preliminar de sistematização de conteúdos que abrangem temas das diferentes tendências em Educação Física escolar e; b) reduzir a incoerência entre intenções e ações na prática pedagógica, considerando os princípios curriculares: objetivos, conteúdos, estratégias e critérios de avaliação. A pesquisa-ação é o
  • 9. método principal utilizado na investigação, envolvendo as teorias e as ações docentes, assim como as transformações na prática cotidiana. Neste grupo, os próprios professores pesquisam sua prática no dia-a-dia, encontrando-se sistematicamente para refletir e planejar coletivamente sua intervenção. (...) Este grupo busca na história de vida, na preparação profissional e na experiência didática de professores-pesquisadores apresentar uma proposta temática de sistematização dos conteúdos em quatro blocos: elementos culturais, movimentos, aspectos pessoais e interpessoais, e demandas ambientais. 4-As ações realizadas Ao longo dos oito anos de experiências compartilhadas, as relações entre os sujeitos transitaram desde professor e aluno, orientador e orientando, supervisor e estagiário, colega de trabalho na Educação Básica, dentre outras. Por exemplo, um dos professores ingressou no grupo quando era estudante na Licenciatura e atualmente trabalha como docente no Ensino Superior. Isto não significa, contudo, que o grupo de professores- pesquisadores tenha sido decisivo na trajetória desse professor. Porém, certamente fez parte do conjunto de suas experiências formativas. Com o 1º objetivo deste informe de experiência em mente, as considerações a seguir procuram descrever, na lógica interativa do grupo, as variadas funções que os professores mais experientes assumiram – como mentores, supervisores e tutores – em relação aos professores principiantes. Analisando dois intervalos de tempo entre 2005 até 2013, de acordo com Huberman (DATA), quatro professores (Carla, Luciana, Luiz e Rosangela) poderiam ser considerados experientes ao longo do período entre 2005 a 2009. E, ainda conforme Huberman, entre 2010 e 2013 todos os demais professores tornaram-se também experientes. Portanto, consideram-se como “mais experientes” neste informe de experiência, os quatro professores mencionados no primeiro período. A professora Carla, embora experiente, buscou respaldo e orientação para seu trabalho pedagógico junto com os pares, inclusive com professores que tinham menos tempo de docência do que ela. Notou-se aproximação maior com a professora Luciana, com experiência equivalente à sua própria, e com a professora Tiemi, que ingressara recentemente no magistério, mas com quem já havia participado de outro projeto. A professora Luciana assumiu a função de moderadora no website no período até 2009. Orientou vários professores ao trabalhar no Ensino Superior, como as professoras Angela, Jessica e Rosangela, quando estudaram na Licenciatura, e também supervisionou estagiários na Educação Básica. O professor Luiz, em alguns momentos, assumiu a função de mentor em relação a alguns professores do grupo, compartilhando estratégias de docência e pesquisa no Ensino Superior e na Educação Básica. De modo mais próximo, trabalhou em parceria com a professora Luciana nos dois níveis de ensino e, no Ensino Superior, supervisionou as atividades acadêmicas dos professores Leandro, Luciano e Willian. A professora Rosangela, embora também experiente, buscou respaldo para seu trabalho pedagógico junto aos pares. Foi orientada academicamente pela professora Luciana, durante sua formação na Licenciatura, e aproximou-se das professoras Angela e Jessica em atividades independentes de pesquisa.
  • 10. Aponta-se a seguir, com o foco no 2º objetivo deste informe de experiência, a dinâmica interativa entre os professores, tanto os “mais experientes” quanto os “menos experientes”, identificando as suas relações nos diferentes níveis de ensino. Na Educação Infantil: destacou-se a intervenção realizada pelo professor Leandro desde a Graduação, sob a orientação do professor Luiz, culminando em projeto de pesquisa que foi levado a cabo em curso de Especialização posteriormente à luz da pesquisa- ação. O professor Leandro concluiu pesquisa de Mestrado, preocupado em investigar justamente os professores em início de carreira. No Ensino Fundamental: houve aproximação entre as professoras Angela e Jessica, com desenvolvimento de projeto comum de trabalho, pois elas foram as únicas professoras a trabalharem na mesma escola durante determinado período letivo. Destacou-se, ainda, a parceria entre as professoras Carla e Luciana, culminando em projeto-piloto de pesquisa concluída no Mestrado pela professora Carla. O professor Luciano também pesquisou o trabalho docente neste segmento de ensino, concluindo pesquisa no Mestrado sobre a temática, entretanto os demais professores do grupo aproximaram-se pouco durante a sua investigação. No Ensino Médio: as professoras Tatiana e Tiemi realizaram intervenções e estudos sobre o processo de ensino e aprendizagem neste segmento, mas sem interações entre si. A professora Tatiana concluiu pesquisa de Mestrado sobre a temática, analisando a noção de autonomia junto aos professores da mesma rede pública de ensino em que trabalha. Destacou-se também a intervenção do professor Willian neste nível de ensino, porém ocorreram poucas interações com os demais professores, possivelmente pela característica específica de seu trabalho com jovens no contexto de privação de liberdade. Na formação profissional: as professoras Angela e Jessica compartilharam oportunidades formativas fundamentadas em seu projeto comum de trabalho na escola. Houve também oferecimento de várias modalidades formativas, destacando-se projetos coletivos em dois eventos nos quais os professores tiveram que viajar em grupo, como Jessica, Leandro, Luciana, Luciano, Luiz, Rosangela, Tatiana e Willian. No Ensino Superior: Os professores Luiz e Luciana supervisionaram atividades relacionadas com estágio e também a mentoria de projetos acadêmicos. O professor Luiz trabalhou com a formação dos professores Angela, Jessica, Leandro, Luciano, Rosangela, Tatiana e Willian. A professora Luciana orientou o trabalho acadêmico da professora Rosangela, bem como trabalhou na formação inicial das professoras Angela e Jessica. A professora Tiemi, embora não tenha a função de supervisão de estágios na IES em que trabalha, ocasionalmente exerce a função de mentora em projetos compartilhados com estudantes de outras universidades. Ela relaciona as atividades de estágio com o currículo da rede pública estadual paulista de Educação Básica, na qual também trabalha. Na formação continuada: a professora Rosangela responsabilizou-se pela formação dos professores das redes públicas de Educação Básica em que trabalha, vinculada a subsídios financeiros governamentais. Compartilhou a oportunidade com a professora Luciana e o professor Luiz, com os quais discutiu sobre o currículo juntamente com os professores da rede municipal. Os professores Leandro e Luciano responsabilizaram-se pela oferta de cursos preparatórios para concursos públicos de ingresso à carreira docente, colaborando também com a professora Carla. A professora Tiemi e o professor
  • 11. Luiz trabalharam como tutores em cursos de formação para professores da rede pública estadual paulista, sendo equivalente à Especialização no caso da professora Tiemi. 5-Discussão sobre os principais obstáculos e conquistas da experiência Por meio desta experiência foi evidenciada a complexidade de lecionar no ingresso de carreira, bem como a preparação dos professores para o trabalho docente, permeada por sentimentos de entusiasmo e esperança em permanecer na profissão. Ficou nítido também que, de acordo com Oliveira (2012), mesmo após muitas contribuições de autores com a preocupação pedagógica, reflexiva e crítica, os professores que iniciam suas carreiras se deparam com turmas “acostumadas” a práticas descontextualizadas e que não valorizam a especificidade e o rigor metodológico da Educação Física. Notou-se que há um obstáculo com o processo de profissionalização da docência, no qual os professores são responsabilizados pela sua própria formação em detrimento das condições concretas do espaço-tempo necessário para viabilizar suas práticas formativas. Sobretudo no início da carreira docente, os professores tem uma visão mais restrita em relação às constrições de seu próprio trabalho. Em contrapartida, a conquista da profissionalidade docente pelos professores envolvidos neste informe (relato) de experiência foi evidenciada. Ela ocorreu sobremaneira nos modos de apropriação da prática docente, das parcerias e oportunidades formativas compartilhadas entre os sujeitos, bem como das suas possibilidades de encaminhamento coletivo, mas também na percepção por parte dos professores dos limites de seu próprio trabalho. Referências Almeida, M. I.; Ghanem, E.; Biccas, M.S. (2008). Formação de professores(as) na perspectiva de uma aprendizagem participativa. In: Pimenta, S.G.; Franco, M.A.S. Pesquisa em educação: possibilidades investigativas/formativas da pesquisa-ação. São Paulo: Edições Loyola, v.2 p.71-94. Barcelos, N. N. S. (2000). Saberes docentes na formação do professor reflexivo de ciências e biologia. Caderno de textos da V Escola de verão para professores de prática de ensino de física, química, biologia e áreas afins. Bauru, SP. Chaiklin, S.; Lave, J. (1996). Estudiar las prácticas: perspectivas sur la actividad y contexto. Argentina: Amorrortu. Cochran-Smith, M.; Lytle, S. L. relationships of knowledge and practice: teacher learning in communities. Review of research in education, n.24, 1999, p.249-305. Elliott, J. (1998). Recolocando a pesquisa-ação em seu lugar original e próprio. In: Geraldi, C. M. G.; Fiorentini, d.; Pereira, E. M. A. (Orgs.). Cartografias do trabalho docente: professor(a)-pesquisador(a). Campinas, SP: Mercado de Letras, p.137-152. Elliott, J. (2102). O que significa hoje a pesquisa do professor e a pesquisa com e sobre professores. Campinas-SP: Unicamp, 15 maio 2012 (Palestra). Fioretini, D. (2009). Quando acadêmicos da universidade e professores da escola básica constituem uma comunidade de prática reflexiva e investigativa. In: Fiorentini, D.; Grando,
  • 12. R. C.; Miskulin, R. G. S. (Orgs.). Práticas de formação e de pesquisa de professores que ensinam matemática. Campinas-SP: Mercado de Letras, p.233-255. Franco, M. A. S. (2008). Pesquisa-ação e prática docente: articulações possíveis. In: Pimenta, S.G.; Franco, M.A.S. Pesquisa em educação: possibilidades investigativas/formativas da pesquisa-ação. São Paulo: Edições Loyola, v.1, p. 103-138. Huberman, M. (2000). O ciclo de vida profissional dos professores. In: Nóvoa, A. (Org). Vidas de professores. Lisboa: Porto Editora. Lave, J.; Wenger, E. (1991). Situated learning: legitimate peripheral participation. New York: Cambridge University Press. Lüdke, M. O professor, seu saber e sua pesquisa. Educação e Sociedade, v.22, n.74, abr. 2001, p.77-96. Nóvoa, A. (2012). Pesquisa em educação, formação de professores e políticas pública. Conferência. Unesp, campus de Araraquara em 24 de abril de 2012. Oliveira, L. P. (2012). O ingresso na carreida de professores de educação física: currículo e atuação docente. São Paulo: Universidade Nove de Julho. Dissertaçao de Mestrado (Educação). Pimenta, S. G.; Lima, M. S. L. (2004). Estágio e Docência. São Paulo. Cortez Editora. Sanches Neto, L.; Conceição, W. L.; Okimura-Kerr, T.; Venâncio, L.; França, A. (no prelo). Demandas ambientais na educação física escolar: perspectivas de adaptação e de transformação. Movimento. Saviani, D. (1985). Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo: Cortez. Stenhouse, L. (1998). La investigación como base de la enseñanza. Colección Pedagogia: La pedagogia hoy, 4ed., Madri, Espanha: Morata. Tardif, M.; Lessard, C. (2005). O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. 2ed. São Paulo: Vozes. Tardif, M.; Borges, C.; Malo, A. (2012). Le virage réflexif en éducation. Où en sommes- nous 30 ans après Schön? Bilan critique: perspectives théoriques et recherches empiriques. Bruxelles: De Boeck. Venâncio, L. (2012). Crítica e autocrítica de uma professora-pesquisadora em educação física a partir da narrativa da própria prática de ensinar e aprender. In: Tommasiello, M. G. C.; Marin, A. J.; Pimenta, S. G.; Carvalho, L. M.; Fusari, J. C. (Org.). Didática e práticas de ensino na realidade escolar contemporânea: constatações, análises e proposições. 1ªed. Araraquara: Junqueira & Marin, v. 3, p. 1-12.
  • 13. Wenger, E. (2010). Communities of practice and social learning systems: the carrer of a concept. In: Blackmore, C. (Ed.) Social learning systems and communities of practice. Springer Verlag, Open University of the Netherlands. Wenger, E.; Trayner, B.; Laat, M. (2011). Promoting and assessing value creation in communities and networks: a conceptual framework. Rapport 18, Ruud de Moor Centrum. Open University of the Netherlands. Zeichner, K. M. (1998). Para além da divisão entre professor-pesquisador e pesquisador acadêmico. In: C. M. Geraldi; D. Fiorentini; E. M. A. Pereira (Orgs.). Cartografias do trabalho docente: professor(a)-pesquisador(a). Campinas-SP: Mercado de Letras, p.207- 236.