O documento discute o edema cutâneo, definindo-o como acúmulo de líquido no espaço intersticial da pele. Descreve a semiologia da avaliação do edema, incluindo sua localização, intensidade, consistência, elasticidade e outras alterações da pele. Também lista as principais causas de edema, como síndrome nefrótica, insuficiência cardíaca e cirrose hepática.
2. § DEFINIÇÃO:
- Acúmulo de líquido no espaço intersticial ou no interior das
próprias células.
- Pode ocorrer em qualquer sítio do organismo (ex.: edema
cerebral, edema pulmonar...)
- OBJETIVO DESTA AULA: SEMIOLOGIA DO EDEMA
CUTÂNEO – , isto é, aquele decorrente de infiltração no
espaço intersticial dos tecidos que constituem pele e TCSC
- já coleções líquidas em cavidades serosas (com fenômenos
fisiopatológicos afins), são denominadas como derrames
cavitários ou articulares.
3. § Para que o edema ocorra deve haver uma quebra
nos mecanismos que controlam a distribuição de
líquido intersticial.
§ Pode ser:
- localizada e envolver apenas fatores que
influenciam o FLUXO DE FLUÍDO CAPILAR;
- Secundária a alterações do CONTROLE DE
VOLUME DO COMPARTIMENTO EXTRACELULAR E
DO LIQUIDO CORPORAL TOTAL (o que na maioria
das vezes ocasiona edema generalizado)
8. -Perda proteica
- Síntese
inadequada
-Inflamação
- Anemia (anóxia
da parede capilar)
-Alterações
vasomotoras
-Fator +
importante para
edema
generalizado
- influência
hormonalFONTE: PORTO, CC. EXAME CLÍNICO, 4ª EDIÇÃO
9. ANAMNESE +
EXAME FÍSICO
LOCALIZAÇÃO DURAÇÃO E
EVOLUÇÃO (início,
horário, fenômenos
que
acompanham...)
INTENSIDADE CONSISTÊNCIA ELASTICIDADE
SENSIBILIDADE DA
PELE ADJACENTE
OUTRAS
ALTERAÇÕES DA
PELE ADJACENTE
TEMPERATURA DA
PELE ADJACENTE
10. § LOCALIZAÇÃO
- LOCALIZADO– se restringe a um segmento
- GENERALIZADO (importante pesar o paciente – são
estimados aumentos de cerca 4 a 5% para que o edema seja
detectável clinicamente) = ANASARCA
§ Locais mais comuns
- Membros inferiores
- Face (especialmente subpalpebral)
- Região pré-sacral (principalmente acamados)
13. § INTENSIDADE
- Avaliar através de compressão firme e sustentada da polpa
digital do polegar ou indicador, contra uma estrutura rígida
subjacente (tíbia, sacro, ossos da face).
- depressão local: fóvea, Sinal do cacifo ou de Godet
- Graduar em cruzes( +/ ++++)
- Outras formas:
a) Pesando o paciente diariamente
b) Medindo-se o perímetro da região
14.
15. § CONSISTÊNCIA
- conceituada como grau de resistência durante a compressão
da região
- avaliada pela mesma manobra anterior
- EDEMA MOLE: facilmente depressível, representa
edema de menor duração, e tecido infiltrado de água
- EDEMA DURO: maior resistência para se obter a fóvea,
traduz existência de proliferação fibroblástica, de maior
duração ou acompanhado de surtos inflamatórios repetidos
(Linfedema)
16.
17. § ELASTICIDADE
- Observando-se a volta da pele à posição primitiva após a
compressão
- ELÁSTICO: retorno imediato (edemas inflamatórios)
- INELÁSTICO: demora a retornar (síndrome nefrótica,
ICC)
18. § TEMPERATURA DA PELE ADJACENTE
usando dorso dos dedos ou costas das mãos, por comparação
com área vizinha
- TEMP. NORMAL : freqüentemente não se altera
- QUENTE: edema inflamatório
- FRIA: comprometimento da irrigação sanguínea da
área
20. § OUTRAS ALTERAÇÕES DA PELE
- COLORAÇÃO:
- palidez: acompanha edemas com distúrbio de
irrigação sanguínea
- cianose: indica perturbação venosa localizada,
mas pode ser parte de cianose central ou mista
- vermelhidão: inflamatório
21. § OUTRAS ALTERAÇÕES DA PELE
-TEXTURA E ESPESSURA
- Lisa e brilhante: edema recente e intenso
- Pele espessa: edema de longa duração
- Pele enrugada: qdo edema está sendo eliminado
- OUTROS DISTÚRBIOS TRÓFICOS: atrofia, ulceração,
hiperpigmentação
26. § EDEMA RENAL
- Engloba: Síndrome nefrítica, Síndrome Nefrótica e
Pielonefrite
- mecanismos fisiopatológicos diferentes, mas com características
semiológicas comuns
- edema generalizado (predominantemente facial –
subpalpebral, matutino)
- mole, inelástico, temperatura normal ou pouco reduzida
-Sd nefrótica: + intenso, geralmente acompanhado de derrames
cavitários, fisiopatologia envolve hiperaldosteronismo secundário
e hipoproteinemia
- Sd nefrítica: retenção de sódio e água por disbalanço
glomerulotubular e aumento da permeabilidade capilar.
29. Contração do vol.
intravascular
↓ DC (↓ pré-carga)
↓ Perfusão renal
Ativação SRAA
↓ excreção de Na+
Retenção de Na e H2o
Aumento da PH
Pode ainda estimular liberação de
hormônio antidiurético (ADH), levando a
mais retenção de água livre de soluto,
aumentando a diluição do Na plasmático,
o que agrava a ↓ da pressão oncótica,
reciclando o estímulo de formação do
edema
30.
31. § ICC
- um dos sinais cardinais
- generalizado, predominando em MMII
-vespertino (gravitário – se acamado = pré-sacral)
- varia de intensidade
- mole, inelástico, indolor, pele adjacente pode estar lisa
e brilhante
- Decorre, sobretudo, pelo aumento de pressão
hidrostática e retenção de sódio e água. Provável
aumento de permeabilidade capilar associado (fator
natriurético atrial).
34. § CIRROSE HEPÁTICA
- edema generalizado, quase sempre discreto
- predomina em MMII, habitual ascite concomitante
- mole, inelástico, indolor
- hipoproteinemia (distúrbio no metabolismo
protéico), hiperaldosteronismo secundário
(responsável pela retenção de Na e H2O) e
hipoalbuminemia
35. § Fibrose e regeneração nodular do fígado
§ Compromete síntese de albumina por lesão dos hepatócitos
§ Hipertensão portal por alt. arquitetural dificultando livre
fluxo de sangue e linfa.
Formação de
Circulação
colateral
Retenção esplâncnica
e mesentérica venosa
Prejudicando o
enchimento arterial
(contração do vol.
arterial circulante)
36.
37.
38. § MIXEDEMA
- Edema relacionado a hipofunção tireoideana;
- Mecanismo de formação: por deposição de substâncias
mucopolissacarídeas no espaço intersticial (leva a ↑ da
pressão osmótica intersticial) com retenção hídrica
secundária
- pouco depressível, inelástico, não muito intenso,
alterações tróficas do hipotireoidismo (pele seca e fria)
40. § EDEMA ALÉRGICO
- acompanha fenômenos angioneuróticos
- por aumento de permeabilidade capilar (histaminas e
cininas decorrentes da reação antígeno-anticorpo)
- pode ser generalizado, mas costuma restringir-se a
certas áreas (ex.:face)
- instalação súbita e rápida (pele lisa e brilhante)
- pode ser quente e avermelhado
- mole e elástico
43. § EDEMA VARICOSO
-em MMII (pode preponderar em um membro)
- pouco intenso (piora com a posição – gravitário)
- a princípio é mole, podendo tornar-se duro com o passar do
tempo
- inelástico
- alteração de coloração da pele com cronificação (castanha ou
mais escura)
- pode tornar-se espessa e de textura mais grosseira
44.
45. § TROMBOSE VENOSA:
- mole
- intenso
- pele pálida (flegmasia alba dolens) – trombose
ileofemural com espasmo arterial associado
- em alguns casos cianótica, secundária a oclusão venosa
severa (flegmasia alba cerulea)
- por aumento da pressão hidrostática, seja por
insuficiência das valvas das veias, seja por oclusão do
vaso (mesmo mecanismo do edema varicoso)
46.
47. § FLEBITE
- Decorre de componente inflamatório com aumento
de permeabilidade capilar, insuficiência de valvas e
oclusão de vaso (aumento da pressão hidrostática)
- localizado, intensidade leve a mediana, elástico,
doloroso
- pele adjacente lisa, brilhante, vermelha e quente
48.
49. § LINFEDEMA
- designação para edemas originados nas afecções de
vasos linfáticos (obstrução)
- localizado, duro, inelástico, indolor
- com francas alterações de textura e espessura de pele
(grossa e áspera)
- avançado = elefantíase
- pós-erisipela, filariose, pós-mastectomia
50. Elefantíase = Sd
caracterizada por hipertrofia
cutânea regional em
decorrência de obstrução
da circulação linfática, com
represamento de linfa e
proliferação fibroblástica
intensa. Principais causas
são Filariose e Erisipela