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INSUFICIÊNCIA VENOSA
Daniel Mendes Pinto
Angiologia e Cirurgia Vascular
Hospital Felício Rocho – Belo Horizonte – MG
Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais
Outubro 2019
Insuficiência Venosa Crônica
ÚLCERA VENOSA
OBJETIVOS
• Fisiopatologia da insuficiência venosa crônica
• Sinais e sintomas
• Exames complementares
• Tratamento
• Prevenção
Metas de aprendizagem
• Identificar um paciente com insuficiência venosa leve
a avançada
• Identificar as características da úlcera venosa
• Conhecer as opções de tratamento e as indicações de
tratamento cirúrgico
Insuficiência Venosa Crônica
(IVC)
• Comum na população ocidental
• 20 – 30% das mulheres tem
algum grau de insuficiência
venosa
• 15-20% do homens
Insuficiência Venosa Crônica
Fisiopatologia da IVC
Músculos da
panturrilha atuam
no bombeamento
venoso
Válvulas venosas
previnem o refluxo
Válvula
fechada
Válvula
aberta
CAUSAS DA INSUFICIÊNCIA VENOSA
1. Dilatação das paredes venosas por alterações
estruturais
• Hereditariedade
• Sexo feminino
• Idade
• Número de gestações
CAUSAS DA INSUFICIÊNCIA VENOSA
2. Situações de dificuldade de drenagem venosa
• Gravidez
• Obesidade
CAUSAS DA INSUFICIÊNCIA VENOSA
3. Situações de dificuldade de bombeamento
venoso
• Postura de trabalho
CAUSAS DA INSUFICIÊNCIA VENOSA
3. Situações de dificuldade de bombeamento
venoso
• Postura de trabalho
• Inatividade física
Situações que NÃO causam insuficiência venosa!
Principais fatores de risco para IVC
• História familiar positiva
• Obesidade
• Uso de hormônios contraceptivos
• Redução da mobilidade
QUADRO CLÍNICO DA IVC
Principais queixas
• Dor nas pernas, sensação de peso
• Edema
QUADRO CLÍNICO DA IVC
Principais queixas
• Dor nas pernas, sensação de peso
• Edema
• Comprometimento estético
• Cãimbras
Exame Físico – Veias Varicosas
Telangiectasias Veias reticulares
1 – 3 mm
Varizes
> 3 mm
Edema MMII
Edema venoso Linfedema Edema cardiogênico
Edema dos MMII
VENOSO LINFÁTICO CARDÍACO “LIPEDEMA”
Consistência compressível endurecido compressível não-compressível
Alívio com
elevação do
membro
completo discreto completo nenhum
Dor dor constante, em
queimação
discreta discreta ou
nenhuma
nenhuma
Bilateralidade ocasional ocasional sempre sempre
Hiperpigmentação
• Dermatite de
estase
Extravasamento de hemácias
Liberação de hemoglobina,
deposição de hemossiderina
Dermatofibrose
• Endurecimento da pele
• Lipodermatoesclerose
Eczema venoso
• Sinais inflamatórios
agudos na pele e
subcutâneo decorrentes
da estase venosa
Úlcera de estase
• Grau mais
avançado de
doença venosa
• Alterações de
pele
Características da
úlcera venosa:
• Indolor
• Crônica e
recidivante
• Fundo
granulado, sem
necrose
• Sinais da IVC
Veias Varicosas
Varizes primárias
Principais fatores predisponentes
• Genética
• Obesidade
• Uso de hormônios (anticoncepcional oral e terapia de reposição hormonal)
Varizes secundárias
Desenvolvem-se após trombose venosa profunda (síndrome pós-trombótica)
Insuficiência Venosa Crônica
Rutherford. Vascular Surgery, 6th Ed. 2005. Elsevier
CLASSIFICAÇÃO CEAP
CLÍNICA
C0. Sem sinais de doença venosa
C1. Telangiectasias ou reticulares
C2. Varizes
C3. Edema
C4. Pigmentação, dermatite, fibrose
C5. Úlcera cicatrizada
C6. Úlcera ativa
Cs. Sintomas de dor, irritação da pele,
câimbras
CA. Assintomático
ETIOLOGIA
Ec. Congênita
Ep. Primária
Es. Secundária
ANATOMIA
As. Superficial
Ap. Perfurante
Ad. Profunda
PATOFISIOLOGIA
Pr. Refluxo
Po. Obstrução
Pr,o. Refluxo e obstrução
Varizes – C1
Telangiectasias e Veias Reticulares
• Queixas: estética, dor tipo
queimação, prurido
Varizes – C2
• Veias palpáveis, > 3 mm
• Desacompanhadas de
edema ou alterações de pele
Varizes – C3
•Edema
• Queixas:
- dor
- sensação de “peso nas pernas”
Veias Varicosas – C4
Alterações tróficas da pele
- hiperpigmentação
- despigmentação
- dermatoesclerose
- lipodermatoesclerose
- dermatite de estase
Sintomas e sinais evidentes, múltiplas queixas:
- Dor devido à fibrose de pele
- Edema, piora durante o dia
- Redução da mobilidade da articulação do tornozelo
- Erisipelas de repetição
- Queimação noturna
Insuficiência Venosa Crônica
C5
• úlcera cicatrizada
C6
• úlcera aberta
ÚLCERA VENOSA
ORIENTAÇÕES PARA CUIDADOS
ÚLCERAS DE MMII
n Vascular 75%
venosa 70%
arterial 5%
n Neurotrófica 15%
n Traumática 5%
n Tumoral 4%
n Infectoparasitária 0,5%
Puech-Leão & Kauffman. Interfaces da Angiologia e Cirurgia Vascular. 1a. Ed. 2002
Úlcera venosa
• Estase venosa (insuficiência venosa
crônica)
• Acomete 1,5 % da população
• Longa evolução
– 30% recorrem no 1o ano
– 80% recorrem no 2o ano
• Indolor
Diagnóstico diferencial das úlceras de MMII
Doença vascular
• Venosa: insuficiência venosa crônica
• Arterial: DAP, hipertensão, tromboangeíte
• Linfática: linfedema
• Microangiopática: diabetes mellitus, vasculite
Neuropática
• Neuropatia periférica: diabetes, álcool, hereditária
• Neuropatia central: poliomielite, esclerose múltipla
Metabólica
• Diabetes, gota, amiloidose, porfiria
Hematológica
• Drepanocitose, policitemia, leucemia,
Neoplasias
• Câncer de pele, ceratoacantoma, angiosarcoma
Medicação
• Hidroxiuréia, metotrexate, coumarina,
Infecções
• Bacteriana: furunculose, antrax, micobactérias, erisipelas
• Viral: herpes, citomegalovírus
• Fungos: esporotricose, histoplasmose, blastomicose
• Protozoários: leishmaniose
Doenças da pele
• pioderma gangrenoso, necobiose lipídica, sarcoidose
Externa
• Calor, frio, pressão, radiação, trauma
ORIENTAÇÕES PARA CUIDADOS COM A ÚLCERA VENOSA
Preparo do leito da ferida
• Limpeza da ferida
• Desbridamento (cirúrgico, enzimático,
outros)
• Medida da lesão
Infecção da ferida e controle bacteriano
• Indicações para cultura
• Método de cultura
• Manejo da celulite
• Colonização da ferida e biofilmes
• Tratamento da infeção
Coberturas primárias
• Seleção da cobertura primária
• Antibióticos tópicos
• Manejo da pele ao redor da úlcera
Compressão
• Bandagens multi-componentes
Tratamento do refluxo
• Refluxo superficial
• Refluxo profundo
Desobstrução venosa
• Sistema venoso profundo
ORIENTAÇÕES PARA CUIDADOS COM A ÚLCERA VENOSA
Prevenção
• Tratamento do refluxo superficial
• Terapia compressiva de manutenção
• Hábitos de vida
Limpeza da ferida
• Limpeza do exsudato e debris antes de aplicar cobertura
• Várias soluções testadas
• Importante: evitar toxicidade ao tecido viável
Limpeza da ferida
DOI: 10.1002/14651858.CD003861.PUB3. 2012
www. Cochranelibrary.com
Limpeza da ferida
Uso de água de torneira potável não aumentou infecção em adultos ou
crianças.
Não há evidência que a limpeza da ferida com água potável aumenta a
cicatrização ou reduz taxas de infecção.
Água corrente de torneira é de fácil acesso, custo-eficaz e semelhante
a soluções estéreis para limpeza da ferida.
DOI: 10.1002/14651858.CD003861.PUB3. 2012
www. Cochranelibrary.com
Desbridamento
• Remoção do tecido necrótico, carga
bacteriana, células mortas.
• Desbridamento cirúrgico: lâminas de
bisturi, curetas, tesoura.
• Desbridamento enzimático: colagenase,
papaína, fibrase.
• Outros: hidrocirúrgico, ultrasônico,
larvas.
RECOMENDAÇÕES
Society for Vascular Surgery 2014
• Cultura da úlcera
Não há indicação para colher cultura de rotina, somente em
casos de evidência clínica de infecção.
Se não há sinais de infecção e a úlcera está respondendo ao
tratamento, não há indicação para cultura.
Sinais de infecção: piora da dor, celulite, aumento do exsudato,
odor, necrose, progressão da úlcera
RECOMENDAÇÕES
Society for Vascular Surgery 2014
Método de cultura:
• Swab da lesão ou coleta do exsudato
• Análise por PCR do exsudato
• Biópsia de tecido profundo
– Feridas colonizadas por múltiplos microorganismos quando o
patógeno não está claro na cultura superficial;
– Infecções recorrentes ou persistentes após terapia antimicrobiana
Tratamento da infecção da úlcera
• > 100.000 UFC/g e evidência clínica de infecção
• Melhor abordagem: desbridamento + antibioticoterapia
• Tratamento inicial:
– Antibiótico oral, 2 semanas
– Aguardar cultura
Antibióticos tópicos
• Melhoram os sinais infecciosos.
• Sem evidência de melhora no
tamanho da úlcera.
• Uso limitado por poucos dias
Vermeulen H et al. Cochrane 2007
COBERTURAS PRIMÁRIAS
• Controle do exsudado (alginatos, espumas).
• Proteção da pele ao redor da úlcera.
• Manter o leito da ferida úmido.
• Coberturas tópicas com antimicrobianos ou
prata: sem indicação para uso rotineiro,
custo elevado.
COBERTURAS PRIMÁRIAS
• Controle do exsudado (alginatos, espumas).
• Proteção da pele ao redor da úlcera.
• Manter o leito da ferida úmido.
• Coberturas tópicas com antimicrobianos ou
prata: sem indicação para uso rotineiro,
custo elevado.
Proteção da pele ao redor da úlcera
• Hidratação da pele:
compostos vegetais,
óleo mineral, creme
com base aquosa
• Corticóides tópicos:
para controle da
dermatite de contato
Medicação oral para úlcera venosa
• Pentoxifilina 400 mg 8/8h, 4 a 6 semanas
• Flebotônicos
–Derivados da diosmina (Daflon ®, Diosmin ®, Vênula ®)
–Deridados da rutina (Venalot ®, Vecasten ®, Flebon ®)
–Melhora irregular dos sintomas (dor, peso nas pernas,
queimação)
COMPRESSÃO
• Terapia compressiva é uma das bases do tratamento da
úlcera venosa.
• Vários mecanismos que melhoram a bomba venosa da
panturrilha.
• Úlceras venosas cicatrizam mais rapidamente com
terapia compressiva vs sem compressão.
Recomendação grau 1, nível de evidência A, SVS 2014
TERAPIA COMPRESSIVA
IDEAL:
Mecanismos que oferecem uma barreira ao músculo da
panturrilha durante a deambulação
–Tecidos de pouca elasticidade
–Bandagens multicomponentes: componente elástico e
inelástico
–Bandagem auto-ajustáveis com Velcro
TIPOS DE COMPRESSÃO
INELÁSTICA ELÁSTICA
Graduada Não-graduada Graduada Não-graduada
- Sistemas
com Velcro
- Ataduras de
crepom
- Meia de
gorgurão
- Ataduras
elásticas
graduadas
- Meia
compressiva
- Ataduras
elásticas não
graduadas
Bota de Unna
• Terapia compressiva inelástica não
graduada
• Solução para proteção da pele
– Solução de Unna (1859-1929)
• Cobertura primária associada ou não
– Tela com petrolato, alginatos, espumas,
carvão ativado, corticóides
COMPRESSÃO INELÁSTICA
Meia de gorgurão
(64% algodão, 36% poliéster)
Bandagem multicomponente
• Várias camadas.
• 4LB (four—layer bandage):
• Algodão ortopédico, camada de
proteção/preenchimento
• Atadura de crepom (inelástica)
• Bandagem elástica (graduada ou não)
• Bandagem elástica coesiva
• O objetivo não é aumentar a pressão, e
sim, alterar as propriedades elásticas da
bandagem.
• Bandagem final: menos elástica e mais
firme.
Terapia compressiva inelástica
• Casos avançados
de insuficiência
venosa e
linfedema
• Mais eficaz para
cicatrização das
úlceras
COMPRESSÃO INELÁSTICA
• Sistemas
com
Velcro
COMPRESSÃO ELÁSTICA
Bandagens elásticas e meias compressivas
àMenos eficazes que a compressão inelástica para a
melhora do bombeamento venoso
àFase de manutenção da compressão venosa
Graus de compressão
Pressão
(mmHg)
EUA Alemanha
(pressão)
Inglaterra Brasil
< 20 Light KK 1 (18 – 21) 3A Leve, suave
21 - 30 Class I (moderate) KK 2 (23 – 32) 3B Média
31 - 40 Class II (high) KK 3 (34 – 46) 3C Alta
> 40 Class III (very high) KK 4 (≥ 49) 3D Muito alta
Adaptado de Attaran RA et al. Phleboloty 2016.
COMPRESSÃO ELÁSTICA NÃO GRADUADA
• Baixo custo
• Indicação:
assimetria em das
pernas
ATADURAS ELÁSTICAS GRADUADAS
Jobst Compri2
ATADURAS ELÁSTICAS GRADUADAS
MEIA ELÁSTICA COMPRESSIVA
Faixas de compressão
15 – 20 mmHg
20 – 30 mmHg
30 – 40 mmHg
> 40 mmHg
Tamanho
3/4 – panturrilha
7/8 – coxa
Meia-calça
Meia gestante
Meias elásticas compressivas
Grau de compressão Indicação
15 – 20 mmHg (Leve) Prevenção da insuficiência venosa
Conforto
20 – 30 mmHg (média) Tratamento do edema venoso
Prevenção da trombose venosa
30 – 40 mmHg (alta) Prevenção da TVP durante internação
Edema venosos e linfedema
> 40 mmHg (muito alta) Linfedemas
Indicações para tratamento de Veias Varicosas
• FUNCIONAL
• ESTÉTICA
Classes C3, C4, C5 e C6
Classes C1 e C2
Veias Varicosas
INDICAÇÕES PARA TRATAMENTO
• Estética
– Escleroterapia
– Microcirurgia: exérese de veias reticulares com anestesia local
• Funcional
– Cirurgia convencional
– Escleroterapia com espuma guiada por ultrassom
– Termoablação da veia safena magna: LASER ou radiofrequência
Anatomia das veias safenas
• Veia safena magna
Great saphenous vein
• Veia safena parva
Small saphenous vein
Veia Safena Magna
Veia Safena Parva
Bases do Tratamento da Insuficiência Venosa
1. Melhora do bombeamento venoso
2. Redução do refluxo venoso
Melhora do bombeamento venoso
Melhora do Bombeamento Venoso
Terapia compressiva
• Compressão elástica
Faixas de compressão
- 15 – 20 mmHg
- 20 – 30 mmHg
- 30 – 40 mmHg
- > 40 mmHg
Existem três opções para tratamento do refluxo
venoso
Escleroterapia Retirada das veias varicosas
Termoablação
• Endolaser
• Radiofrequência
Termoablação
• Cateter transfere energia
para a parede da veia
safena, causando uma
transformação fibrótica
Enxerto de pele
• Não indicado uso rotineiro.
• Somente para úlceras muito grandes, estabilizadas, com leito
preparado.
Matrizes tissulares
• Úlceras sem sinais de cicatrização após 4 a 6
semanas.
• Matriz de submucosa de intestino delgado suíno
Terapia por pressão negativa
• Sem indicação para uso primário.
• Indicação: úlceras estabilizadas após 4 a 6 semanas
de tratamento.
Outras terapias não padronizadas e sem
evidência de benefício
• Estimulação elétrica.
• Luzes de LED
• Laser (LLLT ou HLLT)
• Ultrassom
Questão #1
Imagine uma pessoa com veias varicosas,
edema e fibrose de pele. Refluxo em veias
safenas magnas associado a varizes. Qual
seria o melhor tratamento?
A) Meia compressiva
B) Medicação para controle dos sintomas
C) Intervenção cirúrgica para redução do
refluxo venoso
Questão #2
Homem atleta, 23 anos, com a veia safena
magna dilatada e com refluxo segmentar.
Sem edema, sem alterações de pele.
Você acha que há indicação para tratamento
da safena (espuma, laser ou cirurgia)?
A) Sim
B) Não
Questão #3
Qual destes métodos é o mais barato para tratamento das
safenas?
A) Cirurgia convencional
B) Espuma
C) Endolaser
D) Radiofrequência
SUMÁRIO
Insuficiência Venosa Crônica
• Insuficiência venosa crônica tem alta prevalência, alta morbidade,
baixa mortalidade
• O calibre das veias e as alterações de pele determinam os sintomas
e o tipo de tratamento
• As bases do tratamento são:
– Melhora do bombeamento venoso
– Redução do refluxo venoso
Trombose Venosa Profunda
Trombose Venosa Profunda
OBJETIVOS
• Situações que são desencadeadoras de trombose venosa
• Diagnóstico da TVP: sinais, sintomas, exames de imagem
• Tratamento anticoagulante e indicações para intervenção
Trombose Venosa dos Membros Inferiores
Definição: doença que se caracteriza pela
formação aguda de trombos em veias
profundas
• Aumento da incidência mundialmente
• Principal causa de morte evitável em
pessoas internadas
Sistema Venoso
Veias superficiais
Veias profundas
Veias superficiais
Veia safena magna Veia safena parva Veias tributárias
Tromboflebite Superficial
Tromboflebite Superficial - Diagnóstico
• Dor e vermelhidão em trajetos
venosos
• Nódulos palpáveis em veias
varicosas
• Doppler colorido venoso (duplex-
scan)
– Diagnóstico
– Afastar trombose profunda
Fatores de risco da TVP
• Idade
• Trombofilias
• Operações
• Trauma
• Gravidez e puerpério
• Imobilidade ou paralisia
• TVP prévia
• Câncer
• Contraceptivos orais
• Reposição hormonal
• Insuficiência cardíaca
• Acidente vascular cerebral
• Infecções
• Tempo de operação
• Anestesia geral
• Gravidade da doença
• Anticorpo antifosfolipídeo
• Quimioterapia
• Varizes
• Obesidade
• Infarto do miocárdio
• Síndrome nefrótica
• Doença inflamatória intestinal
• Policitemia vera
• Isquemia arterial
• Vasculites
Fatores de risco da TVP
Hipercoagulabilidade
Estase venosa Lesão da parede venosa
Tríade de Virchow
SITUAÇÕES DE RISCO
TVP
HOSPITALIZAÇÃO
• 80% do tempo: paciente
deitado no leito
• Rápida perda de força e
capacidade aeróbica
• Cirurgia: aumenta a perda
muscular
Pós-operatório
Deitado
Sentado
Em pé/andando
Brown et al. J Am Geriatr Soc 2009
Pós-operatório
• De 24 horas, 20 h são passadas na cama
• Em média, somente 3% do tempo o paciente
deambula: 43 min/d
Brown et al. J Am Geriatr Soc 2009
Prevenção da Trombose Venosa Profunda
INTERNAÇÃO HOSPITALAR
Métodos ineficazes para
prevenção
• Elevação dos membros
Métodos eficazes
• Dembulação precoce
• Exercícios passivos
• Exercícios ativos
• Meias elásticas compressivas
• Compressão pneumática
intermitente
• Profilaxia medicamentosa
Situações de risco para TVP
IMOBILIZAÇÃO PROLONGADA
Situações de risco para TVP
• Redução do tônus venoso
• Compressão venosa pelo útero
gravídico
• Chance de TVP na gravidez é 4x maior
que fora da gestação
• Chance de TVP no puerpério é 6x maior
que na população geral
GRAVIDEZ
Situações de risco para TVP
CÂNCER
Situações de risco para TVP
TROMBOFILIAS HEREDITÁRIAS
• Mutação do fator V Leiden
• Mutação do fator II (protombina)
• Síndrome anti-fosfolípides
• Deficiência de proteína S, proteína C e anti-trombina
Quadro clínico da TVP
• Dor na perna
• Edema unilateral
• Cianose, aumento da consistência
muscular, dilatação de veias
superficiais
Trombose Venosa Profunda
Principais sinais e sintomas
• Dor unilateral 87%
• Edema unilateral 86%
• Aumento da consistência muscular 70%
• Dor à palpação muscular 66%
• Sinal de Homans 61%
• Dilatação de veias superficiais 48%
Maffei, 2014
DIAGNÓSTICO COMPLEMENTAR
Dímero - D • Não é específico
(cirurgia recente, trauma, infecções, câncer)
• Alto VPN (>95%)
• Suficiente para excluir trombose
venosa, em pacientes com poucos
sintomas
Doppler colorido venoso
• Exame padrão-ouro para
TVP de MMII
• Pacientes sintomáticos:
Sensibilidade: 90 a 98%
• Pacientes assintomáticos e
TVP da panturrilha:
Sensibilidade: 50 a 80%
Duplex-scan para diagnóstico da TVP
Compressibilidade venosa ao ultrassom
Angiotomografia
• Para avaliação de extensão
do trombo para veias
abdominais
Angiorressonância
• Pior que angiotomografia
para ver os trombos
• Pode ser feita em gestantes.
à Opção para gestantes, veias pélvicas, ilíacas e veia cava
Tratamento da TVP
• Anticoagulantes injetáveis:
heparinas
• Anticoagulantes orais
– Indiretos (Marevan)
– Diretos (rivaroxabana, apixabana,
edoxabana, dabigatrana)
DOACs: direct oral anticoagulants
Heparina não fracionada
Heparinas de baixo peso molecular
HNF
HBPM
• Inibidores indiretos do fator Xa e
trombina
• Anticoagulação na fase aguda
Inibidor direto fator Xa – via oral
RIVAROXABANA (Xarelto®), APIXABANA (Eliquis®),
EDOXABANA (Lixiana®)
Rivaroxabana
Apixabana
Edoxabana
• Facilidade de uso
• Não requer
monitorização
• Eliminação hepática e
renal
• Custo:
R$ 250,00 – 300,00/mês
Inibidor direto da trombina – via oral
DABIGATRANA (Pradaxa ®)
Dabigatrana
• Facilidade de uso
• Eliminação renal
• Início do tratamento com
heparina
• Maior incidência de
sangramentos que
rivaroxabana
• Custo:
R$ 250,00 – 300,00 / mês
Warfarina (Marevan®)
Warfarina
• Fase de manutenção
• Necessidade
monitorização
• Custo: R$ 12/mês
Características dos DOACs
Tratamento
inicial sem
heparina
Dose
única
diária
Excreção
hepática
e renal
Redução
da dose
em idosos
Insuficiência
cardíaca
Pacientes com
câncer
Rivaroxabana
(Xarelto ®)
X X X X
Apixabana
(Eliquis ®)
X X X
Edoxabana
(Lixiana ®)
X X X X X
Dabigatrana
(Pradaxa ®)
X
Trombose segmento ilíaco
• Recanalização é pouco frequente
• Síndrome pós-trombótica comum
Comerota, AVF Guidelines 2009
Síndrome de Cockett (ou May-Thurner)
• Mulheres
• 20-30 anos
• TVP ilíaca-femoral
Moudgil N. Vascular 2009; 17(6):330-5
Titus JS. J Vasc Surg 2011;53:706-12
Infusão de trombolítico
por cateter
Aspiração percutânea
dos trombos
(trombectomia aspirativa)
Trombólise farmacomecânica
Tratamento da TVP
• Enfermeira, 37 anos,
trombose venosa há 12
anos atrás
• Obstrução das veias ilíacas
Caso clínico
• Imagens negativas:
trombos
• Tratamento:
• Aspiração de trombos
(trombectomia)
• Desobstrução da veia ilíaca
Caso clínico
Irregularidades em veia
ilíaca comum E
Caso clínico
• Implante de
Wallstent 18x60 mm
Abril 2015 Março 2016
Quando não é possível aspirar os trombos...
TROMBECTOMIA CIRÚRGICA
Embolia pulmonar - TEP
• Sequência de eventos cardiorrespiratórios que se
iniciam quando um trombo proveniente de veias
sistêmicas ou do átrio direito se impacta na circulação
pulmonar
TEV e voos prolongados
• 2015: 3,5 bilhões de pessoas voaram de avião
No Brasil
• 2016: 115 milhões de passageiros
• 2017: 140 milhões
• 2018: 156 milhões
Anuário de Transporte Aéreo da ANAC, 2017.
TEV e voos prolongados
• Incidência de TEV em voos > 4h: 1 em 4656 (0,02%)
• Voos > 8h: 1 em 560 (0,18%)
• Incidência de embolia pulmonar sintomática em voos
> 12h: 5 por milhão
Watson HG, Baglin TP. Guidelines on travel-related venous thrombosis. Br J Haematology 2010.
Marques MA et al. Venous thromboembolism prophilaxis on flights. J Vasc Br 2018.
Fatores de risco
relacionados ao voo e a
aviões
• Hipóxia
• Posição durante o voo
• Desidratação
• Duração do voo:
– nítido aumento do risco em voos acima de 8h
– risco de TEV aumenta 26% a cada 2h de voo
• Classe e localização do assento
Fatores de risco relacionados às pessoas
• Contraceptivos orais
• Terapia de reposição hormonal
• Gravidez
• Obesidade: IMC > 25, em assentos na janela, OR = 6,1
• Cirurgias recentes: OR = 20
• Trombofilias
• Câncer
Profilaxia da TEV em voos prolongados
• Evitar desidratação
• Movimentação dos pés: dorsiflexão
• Evitar posições viciosas
• Sentar no corredor
• Meias elásticas: até joelhos, sem definição de compressão
Watson HG, Baglin TP. Guidelines on travel-related venous
thrombosis. Br J Haematology 2010.
Marques MA et al. Venous thromboembolism prophilaxis on
flights. J Vasc Br 2018.
Profilaxia medicamentosa em voos prolongados
• Anti-agregantes: não oferecem proteção
• Heparina de baixo peso molecular
• Evidência para prevenção
• Indicada somente para pessoas com alto risco de TEV
• Dose: 40 mg a 1mg/kg, 2 a 8 horas antes do voo
• DOACs: provavelmente serão as drogas de escolha
• Sem estudos ainda
Questões sobre tromboembolismo venoso
1. Pílula anticoncepcional aumenta risco de trombose
venosa?
SIM!
Situações de aumento de risco:
- Contracepção
- Reposição hormonal
- Gravidez
- - Puerpério
Questões sobre TROMBOSE VENOSA
2. Uso do salto alto leva a trombose venosa ou a
varizes?
NÃO!
Questões sobre TROMBOSE VENOSA
3. Voos prolongados aumentam a chance de trombose
venosa? SIM!
• Voos acima de 8h
• Pacientes com passado de TVP ou EP
devem usar profilaxia
medicamentosa durante voos > 8h
• Viagens prologadas de carro, ônibus,
navio: não levam a trombose
Questões sobre TROMBOSE VENOSA
4. História familiar positiva é um fator de risco para
trombose venosa?
SIM, porém, cuidado!
• Somente para trombofilias
hereditárias identificáveis
• Somente para familiares de
1º grau (irmãos e pais)

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Insuficiência Venosa Crônica

  • 1. INSUFICIÊNCIA VENOSA Daniel Mendes Pinto Angiologia e Cirurgia Vascular Hospital Felício Rocho – Belo Horizonte – MG Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais Outubro 2019
  • 3. ÚLCERA VENOSA OBJETIVOS • Fisiopatologia da insuficiência venosa crônica • Sinais e sintomas • Exames complementares • Tratamento • Prevenção
  • 4. Metas de aprendizagem • Identificar um paciente com insuficiência venosa leve a avançada • Identificar as características da úlcera venosa • Conhecer as opções de tratamento e as indicações de tratamento cirúrgico
  • 5. Insuficiência Venosa Crônica (IVC) • Comum na população ocidental • 20 – 30% das mulheres tem algum grau de insuficiência venosa • 15-20% do homens
  • 7. Fisiopatologia da IVC Músculos da panturrilha atuam no bombeamento venoso Válvulas venosas previnem o refluxo Válvula fechada Válvula aberta
  • 8. CAUSAS DA INSUFICIÊNCIA VENOSA 1. Dilatação das paredes venosas por alterações estruturais • Hereditariedade • Sexo feminino • Idade • Número de gestações
  • 9. CAUSAS DA INSUFICIÊNCIA VENOSA 2. Situações de dificuldade de drenagem venosa • Gravidez • Obesidade
  • 10. CAUSAS DA INSUFICIÊNCIA VENOSA 3. Situações de dificuldade de bombeamento venoso • Postura de trabalho
  • 11. CAUSAS DA INSUFICIÊNCIA VENOSA 3. Situações de dificuldade de bombeamento venoso • Postura de trabalho • Inatividade física
  • 12. Situações que NÃO causam insuficiência venosa!
  • 13. Principais fatores de risco para IVC • História familiar positiva • Obesidade • Uso de hormônios contraceptivos • Redução da mobilidade
  • 14. QUADRO CLÍNICO DA IVC Principais queixas • Dor nas pernas, sensação de peso • Edema
  • 15. QUADRO CLÍNICO DA IVC Principais queixas • Dor nas pernas, sensação de peso • Edema • Comprometimento estético • Cãimbras
  • 16. Exame Físico – Veias Varicosas Telangiectasias Veias reticulares 1 – 3 mm Varizes > 3 mm
  • 17. Edema MMII Edema venoso Linfedema Edema cardiogênico
  • 18. Edema dos MMII VENOSO LINFÁTICO CARDÍACO “LIPEDEMA” Consistência compressível endurecido compressível não-compressível Alívio com elevação do membro completo discreto completo nenhum Dor dor constante, em queimação discreta discreta ou nenhuma nenhuma Bilateralidade ocasional ocasional sempre sempre
  • 19. Hiperpigmentação • Dermatite de estase Extravasamento de hemácias Liberação de hemoglobina, deposição de hemossiderina
  • 20. Dermatofibrose • Endurecimento da pele • Lipodermatoesclerose
  • 21. Eczema venoso • Sinais inflamatórios agudos na pele e subcutâneo decorrentes da estase venosa
  • 22. Úlcera de estase • Grau mais avançado de doença venosa • Alterações de pele Características da úlcera venosa: • Indolor • Crônica e recidivante • Fundo granulado, sem necrose • Sinais da IVC
  • 23. Veias Varicosas Varizes primárias Principais fatores predisponentes • Genética • Obesidade • Uso de hormônios (anticoncepcional oral e terapia de reposição hormonal) Varizes secundárias Desenvolvem-se após trombose venosa profunda (síndrome pós-trombótica)
  • 24. Insuficiência Venosa Crônica Rutherford. Vascular Surgery, 6th Ed. 2005. Elsevier
  • 25. CLASSIFICAÇÃO CEAP CLÍNICA C0. Sem sinais de doença venosa C1. Telangiectasias ou reticulares C2. Varizes C3. Edema C4. Pigmentação, dermatite, fibrose C5. Úlcera cicatrizada C6. Úlcera ativa Cs. Sintomas de dor, irritação da pele, câimbras CA. Assintomático ETIOLOGIA Ec. Congênita Ep. Primária Es. Secundária ANATOMIA As. Superficial Ap. Perfurante Ad. Profunda PATOFISIOLOGIA Pr. Refluxo Po. Obstrução Pr,o. Refluxo e obstrução
  • 26. Varizes – C1 Telangiectasias e Veias Reticulares • Queixas: estética, dor tipo queimação, prurido
  • 27. Varizes – C2 • Veias palpáveis, > 3 mm • Desacompanhadas de edema ou alterações de pele
  • 28. Varizes – C3 •Edema • Queixas: - dor - sensação de “peso nas pernas”
  • 29. Veias Varicosas – C4 Alterações tróficas da pele - hiperpigmentação - despigmentação - dermatoesclerose - lipodermatoesclerose - dermatite de estase Sintomas e sinais evidentes, múltiplas queixas: - Dor devido à fibrose de pele - Edema, piora durante o dia - Redução da mobilidade da articulação do tornozelo - Erisipelas de repetição - Queimação noturna
  • 30. Insuficiência Venosa Crônica C5 • úlcera cicatrizada C6 • úlcera aberta
  • 32. ÚLCERAS DE MMII n Vascular 75% venosa 70% arterial 5% n Neurotrófica 15% n Traumática 5% n Tumoral 4% n Infectoparasitária 0,5% Puech-Leão & Kauffman. Interfaces da Angiologia e Cirurgia Vascular. 1a. Ed. 2002
  • 33. Úlcera venosa • Estase venosa (insuficiência venosa crônica) • Acomete 1,5 % da população • Longa evolução – 30% recorrem no 1o ano – 80% recorrem no 2o ano • Indolor
  • 34. Diagnóstico diferencial das úlceras de MMII Doença vascular • Venosa: insuficiência venosa crônica • Arterial: DAP, hipertensão, tromboangeíte • Linfática: linfedema • Microangiopática: diabetes mellitus, vasculite Neuropática • Neuropatia periférica: diabetes, álcool, hereditária • Neuropatia central: poliomielite, esclerose múltipla Metabólica • Diabetes, gota, amiloidose, porfiria Hematológica • Drepanocitose, policitemia, leucemia, Neoplasias • Câncer de pele, ceratoacantoma, angiosarcoma Medicação • Hidroxiuréia, metotrexate, coumarina, Infecções • Bacteriana: furunculose, antrax, micobactérias, erisipelas • Viral: herpes, citomegalovírus • Fungos: esporotricose, histoplasmose, blastomicose • Protozoários: leishmaniose Doenças da pele • pioderma gangrenoso, necobiose lipídica, sarcoidose Externa • Calor, frio, pressão, radiação, trauma
  • 35.
  • 36. ORIENTAÇÕES PARA CUIDADOS COM A ÚLCERA VENOSA Preparo do leito da ferida • Limpeza da ferida • Desbridamento (cirúrgico, enzimático, outros) • Medida da lesão Infecção da ferida e controle bacteriano • Indicações para cultura • Método de cultura • Manejo da celulite • Colonização da ferida e biofilmes • Tratamento da infeção Coberturas primárias • Seleção da cobertura primária • Antibióticos tópicos • Manejo da pele ao redor da úlcera Compressão • Bandagens multi-componentes Tratamento do refluxo • Refluxo superficial • Refluxo profundo Desobstrução venosa • Sistema venoso profundo
  • 37. ORIENTAÇÕES PARA CUIDADOS COM A ÚLCERA VENOSA Prevenção • Tratamento do refluxo superficial • Terapia compressiva de manutenção • Hábitos de vida
  • 38. Limpeza da ferida • Limpeza do exsudato e debris antes de aplicar cobertura • Várias soluções testadas • Importante: evitar toxicidade ao tecido viável
  • 39. Limpeza da ferida DOI: 10.1002/14651858.CD003861.PUB3. 2012 www. Cochranelibrary.com
  • 40. Limpeza da ferida Uso de água de torneira potável não aumentou infecção em adultos ou crianças. Não há evidência que a limpeza da ferida com água potável aumenta a cicatrização ou reduz taxas de infecção. Água corrente de torneira é de fácil acesso, custo-eficaz e semelhante a soluções estéreis para limpeza da ferida. DOI: 10.1002/14651858.CD003861.PUB3. 2012 www. Cochranelibrary.com
  • 41. Desbridamento • Remoção do tecido necrótico, carga bacteriana, células mortas. • Desbridamento cirúrgico: lâminas de bisturi, curetas, tesoura. • Desbridamento enzimático: colagenase, papaína, fibrase. • Outros: hidrocirúrgico, ultrasônico, larvas.
  • 42. RECOMENDAÇÕES Society for Vascular Surgery 2014 • Cultura da úlcera Não há indicação para colher cultura de rotina, somente em casos de evidência clínica de infecção. Se não há sinais de infecção e a úlcera está respondendo ao tratamento, não há indicação para cultura. Sinais de infecção: piora da dor, celulite, aumento do exsudato, odor, necrose, progressão da úlcera
  • 43. RECOMENDAÇÕES Society for Vascular Surgery 2014 Método de cultura: • Swab da lesão ou coleta do exsudato • Análise por PCR do exsudato • Biópsia de tecido profundo – Feridas colonizadas por múltiplos microorganismos quando o patógeno não está claro na cultura superficial; – Infecções recorrentes ou persistentes após terapia antimicrobiana
  • 44. Tratamento da infecção da úlcera • > 100.000 UFC/g e evidência clínica de infecção • Melhor abordagem: desbridamento + antibioticoterapia • Tratamento inicial: – Antibiótico oral, 2 semanas – Aguardar cultura
  • 45. Antibióticos tópicos • Melhoram os sinais infecciosos. • Sem evidência de melhora no tamanho da úlcera. • Uso limitado por poucos dias Vermeulen H et al. Cochrane 2007
  • 46. COBERTURAS PRIMÁRIAS • Controle do exsudado (alginatos, espumas). • Proteção da pele ao redor da úlcera. • Manter o leito da ferida úmido. • Coberturas tópicas com antimicrobianos ou prata: sem indicação para uso rotineiro, custo elevado.
  • 47. COBERTURAS PRIMÁRIAS • Controle do exsudado (alginatos, espumas). • Proteção da pele ao redor da úlcera. • Manter o leito da ferida úmido. • Coberturas tópicas com antimicrobianos ou prata: sem indicação para uso rotineiro, custo elevado.
  • 48. Proteção da pele ao redor da úlcera • Hidratação da pele: compostos vegetais, óleo mineral, creme com base aquosa • Corticóides tópicos: para controle da dermatite de contato
  • 49. Medicação oral para úlcera venosa • Pentoxifilina 400 mg 8/8h, 4 a 6 semanas • Flebotônicos –Derivados da diosmina (Daflon ®, Diosmin ®, Vênula ®) –Deridados da rutina (Venalot ®, Vecasten ®, Flebon ®) –Melhora irregular dos sintomas (dor, peso nas pernas, queimação)
  • 50. COMPRESSÃO • Terapia compressiva é uma das bases do tratamento da úlcera venosa. • Vários mecanismos que melhoram a bomba venosa da panturrilha. • Úlceras venosas cicatrizam mais rapidamente com terapia compressiva vs sem compressão. Recomendação grau 1, nível de evidência A, SVS 2014
  • 51. TERAPIA COMPRESSIVA IDEAL: Mecanismos que oferecem uma barreira ao músculo da panturrilha durante a deambulação –Tecidos de pouca elasticidade –Bandagens multicomponentes: componente elástico e inelástico –Bandagem auto-ajustáveis com Velcro
  • 52. TIPOS DE COMPRESSÃO INELÁSTICA ELÁSTICA Graduada Não-graduada Graduada Não-graduada - Sistemas com Velcro - Ataduras de crepom - Meia de gorgurão - Ataduras elásticas graduadas - Meia compressiva - Ataduras elásticas não graduadas
  • 53. Bota de Unna • Terapia compressiva inelástica não graduada • Solução para proteção da pele – Solução de Unna (1859-1929) • Cobertura primária associada ou não – Tela com petrolato, alginatos, espumas, carvão ativado, corticóides
  • 54. COMPRESSÃO INELÁSTICA Meia de gorgurão (64% algodão, 36% poliéster)
  • 55. Bandagem multicomponente • Várias camadas. • 4LB (four—layer bandage): • Algodão ortopédico, camada de proteção/preenchimento • Atadura de crepom (inelástica) • Bandagem elástica (graduada ou não) • Bandagem elástica coesiva • O objetivo não é aumentar a pressão, e sim, alterar as propriedades elásticas da bandagem. • Bandagem final: menos elástica e mais firme.
  • 56. Terapia compressiva inelástica • Casos avançados de insuficiência venosa e linfedema • Mais eficaz para cicatrização das úlceras
  • 58. COMPRESSÃO ELÁSTICA Bandagens elásticas e meias compressivas àMenos eficazes que a compressão inelástica para a melhora do bombeamento venoso àFase de manutenção da compressão venosa
  • 59. Graus de compressão Pressão (mmHg) EUA Alemanha (pressão) Inglaterra Brasil < 20 Light KK 1 (18 – 21) 3A Leve, suave 21 - 30 Class I (moderate) KK 2 (23 – 32) 3B Média 31 - 40 Class II (high) KK 3 (34 – 46) 3C Alta > 40 Class III (very high) KK 4 (≥ 49) 3D Muito alta Adaptado de Attaran RA et al. Phleboloty 2016.
  • 60. COMPRESSÃO ELÁSTICA NÃO GRADUADA • Baixo custo • Indicação: assimetria em das pernas
  • 63. MEIA ELÁSTICA COMPRESSIVA Faixas de compressão 15 – 20 mmHg 20 – 30 mmHg 30 – 40 mmHg > 40 mmHg Tamanho 3/4 – panturrilha 7/8 – coxa Meia-calça Meia gestante
  • 64. Meias elásticas compressivas Grau de compressão Indicação 15 – 20 mmHg (Leve) Prevenção da insuficiência venosa Conforto 20 – 30 mmHg (média) Tratamento do edema venoso Prevenção da trombose venosa 30 – 40 mmHg (alta) Prevenção da TVP durante internação Edema venosos e linfedema > 40 mmHg (muito alta) Linfedemas
  • 65. Indicações para tratamento de Veias Varicosas • FUNCIONAL • ESTÉTICA Classes C3, C4, C5 e C6 Classes C1 e C2
  • 66. Veias Varicosas INDICAÇÕES PARA TRATAMENTO • Estética – Escleroterapia – Microcirurgia: exérese de veias reticulares com anestesia local • Funcional – Cirurgia convencional – Escleroterapia com espuma guiada por ultrassom – Termoablação da veia safena magna: LASER ou radiofrequência
  • 67. Anatomia das veias safenas • Veia safena magna Great saphenous vein • Veia safena parva Small saphenous vein
  • 70. Bases do Tratamento da Insuficiência Venosa 1. Melhora do bombeamento venoso 2. Redução do refluxo venoso
  • 72. Melhora do Bombeamento Venoso Terapia compressiva • Compressão elástica Faixas de compressão - 15 – 20 mmHg - 20 – 30 mmHg - 30 – 40 mmHg - > 40 mmHg
  • 73. Existem três opções para tratamento do refluxo venoso Escleroterapia Retirada das veias varicosas Termoablação • Endolaser • Radiofrequência
  • 74. Termoablação • Cateter transfere energia para a parede da veia safena, causando uma transformação fibrótica
  • 75. Enxerto de pele • Não indicado uso rotineiro. • Somente para úlceras muito grandes, estabilizadas, com leito preparado.
  • 76. Matrizes tissulares • Úlceras sem sinais de cicatrização após 4 a 6 semanas. • Matriz de submucosa de intestino delgado suíno
  • 77. Terapia por pressão negativa • Sem indicação para uso primário. • Indicação: úlceras estabilizadas após 4 a 6 semanas de tratamento.
  • 78. Outras terapias não padronizadas e sem evidência de benefício • Estimulação elétrica. • Luzes de LED • Laser (LLLT ou HLLT) • Ultrassom
  • 79. Questão #1 Imagine uma pessoa com veias varicosas, edema e fibrose de pele. Refluxo em veias safenas magnas associado a varizes. Qual seria o melhor tratamento? A) Meia compressiva B) Medicação para controle dos sintomas C) Intervenção cirúrgica para redução do refluxo venoso
  • 80. Questão #2 Homem atleta, 23 anos, com a veia safena magna dilatada e com refluxo segmentar. Sem edema, sem alterações de pele. Você acha que há indicação para tratamento da safena (espuma, laser ou cirurgia)? A) Sim B) Não
  • 81. Questão #3 Qual destes métodos é o mais barato para tratamento das safenas? A) Cirurgia convencional B) Espuma C) Endolaser D) Radiofrequência
  • 82. SUMÁRIO Insuficiência Venosa Crônica • Insuficiência venosa crônica tem alta prevalência, alta morbidade, baixa mortalidade • O calibre das veias e as alterações de pele determinam os sintomas e o tipo de tratamento • As bases do tratamento são: – Melhora do bombeamento venoso – Redução do refluxo venoso
  • 83.
  • 85. Trombose Venosa Profunda OBJETIVOS • Situações que são desencadeadoras de trombose venosa • Diagnóstico da TVP: sinais, sintomas, exames de imagem • Tratamento anticoagulante e indicações para intervenção
  • 86. Trombose Venosa dos Membros Inferiores Definição: doença que se caracteriza pela formação aguda de trombos em veias profundas • Aumento da incidência mundialmente • Principal causa de morte evitável em pessoas internadas
  • 88. Veias superficiais Veia safena magna Veia safena parva Veias tributárias
  • 90. Tromboflebite Superficial - Diagnóstico • Dor e vermelhidão em trajetos venosos • Nódulos palpáveis em veias varicosas • Doppler colorido venoso (duplex- scan) – Diagnóstico – Afastar trombose profunda
  • 91. Fatores de risco da TVP • Idade • Trombofilias • Operações • Trauma • Gravidez e puerpério • Imobilidade ou paralisia • TVP prévia • Câncer • Contraceptivos orais • Reposição hormonal • Insuficiência cardíaca • Acidente vascular cerebral • Infecções • Tempo de operação • Anestesia geral • Gravidade da doença • Anticorpo antifosfolipídeo • Quimioterapia • Varizes • Obesidade • Infarto do miocárdio • Síndrome nefrótica • Doença inflamatória intestinal • Policitemia vera • Isquemia arterial • Vasculites
  • 92. Fatores de risco da TVP Hipercoagulabilidade Estase venosa Lesão da parede venosa Tríade de Virchow
  • 94. HOSPITALIZAÇÃO • 80% do tempo: paciente deitado no leito • Rápida perda de força e capacidade aeróbica • Cirurgia: aumenta a perda muscular
  • 96. Pós-operatório • De 24 horas, 20 h são passadas na cama • Em média, somente 3% do tempo o paciente deambula: 43 min/d Brown et al. J Am Geriatr Soc 2009
  • 97. Prevenção da Trombose Venosa Profunda INTERNAÇÃO HOSPITALAR Métodos ineficazes para prevenção • Elevação dos membros Métodos eficazes • Dembulação precoce • Exercícios passivos • Exercícios ativos • Meias elásticas compressivas • Compressão pneumática intermitente • Profilaxia medicamentosa
  • 98. Situações de risco para TVP IMOBILIZAÇÃO PROLONGADA
  • 99. Situações de risco para TVP • Redução do tônus venoso • Compressão venosa pelo útero gravídico • Chance de TVP na gravidez é 4x maior que fora da gestação • Chance de TVP no puerpério é 6x maior que na população geral GRAVIDEZ
  • 100. Situações de risco para TVP CÂNCER
  • 101. Situações de risco para TVP TROMBOFILIAS HEREDITÁRIAS • Mutação do fator V Leiden • Mutação do fator II (protombina) • Síndrome anti-fosfolípides • Deficiência de proteína S, proteína C e anti-trombina
  • 102. Quadro clínico da TVP • Dor na perna • Edema unilateral • Cianose, aumento da consistência muscular, dilatação de veias superficiais
  • 103. Trombose Venosa Profunda Principais sinais e sintomas • Dor unilateral 87% • Edema unilateral 86% • Aumento da consistência muscular 70% • Dor à palpação muscular 66% • Sinal de Homans 61% • Dilatação de veias superficiais 48% Maffei, 2014
  • 104. DIAGNÓSTICO COMPLEMENTAR Dímero - D • Não é específico (cirurgia recente, trauma, infecções, câncer) • Alto VPN (>95%) • Suficiente para excluir trombose venosa, em pacientes com poucos sintomas
  • 105. Doppler colorido venoso • Exame padrão-ouro para TVP de MMII • Pacientes sintomáticos: Sensibilidade: 90 a 98% • Pacientes assintomáticos e TVP da panturrilha: Sensibilidade: 50 a 80%
  • 108. Angiotomografia • Para avaliação de extensão do trombo para veias abdominais
  • 109. Angiorressonância • Pior que angiotomografia para ver os trombos • Pode ser feita em gestantes. à Opção para gestantes, veias pélvicas, ilíacas e veia cava
  • 110. Tratamento da TVP • Anticoagulantes injetáveis: heparinas • Anticoagulantes orais – Indiretos (Marevan) – Diretos (rivaroxabana, apixabana, edoxabana, dabigatrana) DOACs: direct oral anticoagulants
  • 111. Heparina não fracionada Heparinas de baixo peso molecular HNF HBPM • Inibidores indiretos do fator Xa e trombina • Anticoagulação na fase aguda
  • 112. Inibidor direto fator Xa – via oral RIVAROXABANA (Xarelto®), APIXABANA (Eliquis®), EDOXABANA (Lixiana®) Rivaroxabana Apixabana Edoxabana • Facilidade de uso • Não requer monitorização • Eliminação hepática e renal • Custo: R$ 250,00 – 300,00/mês
  • 113. Inibidor direto da trombina – via oral DABIGATRANA (Pradaxa ®) Dabigatrana • Facilidade de uso • Eliminação renal • Início do tratamento com heparina • Maior incidência de sangramentos que rivaroxabana • Custo: R$ 250,00 – 300,00 / mês
  • 114. Warfarina (Marevan®) Warfarina • Fase de manutenção • Necessidade monitorização • Custo: R$ 12/mês
  • 115. Características dos DOACs Tratamento inicial sem heparina Dose única diária Excreção hepática e renal Redução da dose em idosos Insuficiência cardíaca Pacientes com câncer Rivaroxabana (Xarelto ®) X X X X Apixabana (Eliquis ®) X X X Edoxabana (Lixiana ®) X X X X X Dabigatrana (Pradaxa ®) X
  • 116. Trombose segmento ilíaco • Recanalização é pouco frequente • Síndrome pós-trombótica comum Comerota, AVF Guidelines 2009
  • 117. Síndrome de Cockett (ou May-Thurner) • Mulheres • 20-30 anos • TVP ilíaca-femoral Moudgil N. Vascular 2009; 17(6):330-5 Titus JS. J Vasc Surg 2011;53:706-12
  • 118. Infusão de trombolítico por cateter Aspiração percutânea dos trombos (trombectomia aspirativa) Trombólise farmacomecânica
  • 119. Tratamento da TVP • Enfermeira, 37 anos, trombose venosa há 12 anos atrás • Obstrução das veias ilíacas
  • 120. Caso clínico • Imagens negativas: trombos • Tratamento: • Aspiração de trombos (trombectomia) • Desobstrução da veia ilíaca
  • 121. Caso clínico Irregularidades em veia ilíaca comum E
  • 122. Caso clínico • Implante de Wallstent 18x60 mm
  • 124. Quando não é possível aspirar os trombos... TROMBECTOMIA CIRÚRGICA
  • 125. Embolia pulmonar - TEP • Sequência de eventos cardiorrespiratórios que se iniciam quando um trombo proveniente de veias sistêmicas ou do átrio direito se impacta na circulação pulmonar
  • 126. TEV e voos prolongados • 2015: 3,5 bilhões de pessoas voaram de avião No Brasil • 2016: 115 milhões de passageiros • 2017: 140 milhões • 2018: 156 milhões Anuário de Transporte Aéreo da ANAC, 2017.
  • 127. TEV e voos prolongados • Incidência de TEV em voos > 4h: 1 em 4656 (0,02%) • Voos > 8h: 1 em 560 (0,18%) • Incidência de embolia pulmonar sintomática em voos > 12h: 5 por milhão Watson HG, Baglin TP. Guidelines on travel-related venous thrombosis. Br J Haematology 2010. Marques MA et al. Venous thromboembolism prophilaxis on flights. J Vasc Br 2018.
  • 128. Fatores de risco relacionados ao voo e a aviões • Hipóxia • Posição durante o voo • Desidratação • Duração do voo: – nítido aumento do risco em voos acima de 8h – risco de TEV aumenta 26% a cada 2h de voo • Classe e localização do assento
  • 129. Fatores de risco relacionados às pessoas • Contraceptivos orais • Terapia de reposição hormonal • Gravidez • Obesidade: IMC > 25, em assentos na janela, OR = 6,1 • Cirurgias recentes: OR = 20 • Trombofilias • Câncer
  • 130. Profilaxia da TEV em voos prolongados • Evitar desidratação • Movimentação dos pés: dorsiflexão • Evitar posições viciosas • Sentar no corredor • Meias elásticas: até joelhos, sem definição de compressão Watson HG, Baglin TP. Guidelines on travel-related venous thrombosis. Br J Haematology 2010. Marques MA et al. Venous thromboembolism prophilaxis on flights. J Vasc Br 2018.
  • 131. Profilaxia medicamentosa em voos prolongados • Anti-agregantes: não oferecem proteção • Heparina de baixo peso molecular • Evidência para prevenção • Indicada somente para pessoas com alto risco de TEV • Dose: 40 mg a 1mg/kg, 2 a 8 horas antes do voo • DOACs: provavelmente serão as drogas de escolha • Sem estudos ainda
  • 132. Questões sobre tromboembolismo venoso 1. Pílula anticoncepcional aumenta risco de trombose venosa? SIM! Situações de aumento de risco: - Contracepção - Reposição hormonal - Gravidez - - Puerpério
  • 133. Questões sobre TROMBOSE VENOSA 2. Uso do salto alto leva a trombose venosa ou a varizes? NÃO!
  • 134. Questões sobre TROMBOSE VENOSA 3. Voos prolongados aumentam a chance de trombose venosa? SIM! • Voos acima de 8h • Pacientes com passado de TVP ou EP devem usar profilaxia medicamentosa durante voos > 8h • Viagens prologadas de carro, ônibus, navio: não levam a trombose
  • 135. Questões sobre TROMBOSE VENOSA 4. História familiar positiva é um fator de risco para trombose venosa? SIM, porém, cuidado! • Somente para trombofilias hereditárias identificáveis • Somente para familiares de 1º grau (irmãos e pais)