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1
Níveis de interação entre os saberes
O conhecimento humano estudado e trabalhado nas escolas encontra-se
dividido em áreas, que se desdobram em componentes curriculares, que podem
(ou não) ser organizados sob a forma de DISCIPLINAS.
Cada DISCIPLINA tem seus conteúdos próprios, suas metodologias, suas
abordagens, sua linguagem, que lhe são peculiares, em conformidade com os
seus objetivos e com os conhecimentos sob sua responsabilidade ou
abrangência.
Numa escola tradicional, as disciplinas geralmente são tratadas de forma
isolada, cada uma cuidando do conjunto de conhecimentos específicos do seu
campo.
Em determinadas situações, educadores podem optar por alguma forma
de interação entre essas disciplinas. Essa interação pode acontecer em níveis de
complexidade diferentes, conforme a escolha didático-pedagógica que se faz e
de acordo com o objetivo educacional pretendido.
Esses níveis de interação entre as disciplinas podem ser assim
classificados:
1.o
Nível: MULTIDISCIPLINARIDADE;
2.o Nível: PLURIDISCIPLINARIDADE;
3.o
Nível: INTERDISCIPLINARIDADE;
4.o
Nível: TRANSDISCIPLINARIDADE.
2
CARACTERIZAÇÃO DOS NÍVEIS
Vejamos o que caracteriza cada um desses níveis de interação entre os
saberes e a forma como eles podem ser classificados, a partir de algumas
adaptações feitas em estudos de Jantsch e Bianchetti (1995) e de Japiassu (1976).
A. MULTIDISCIPLINARIDADE
Esse nível se caracteriza por uma ação simultânea de uma gama de
disciplinas em torno de uma temática comum. Mas ainda numa perspectiva de
fragmentação, pois não se explora a
relação entre os conhecimentos
disciplinares. Não há nenhum tipo de
cooperação entre as disciplinas. Os
conhecimentos não dialogam entre si
e estão todos num mesmo nível de
hierarquia. Não se estabelece
nenhuma ponte entre os
conhecimentos. Não há troca, não há
coordenação. Os conhecimentos
ficam desorganizados, cada um
funcionando de forma isolada.
Três disciplinas se juntaram
e se puseram a trabalhar.
Meio ambiente, decidiram,
Seria o tema a se estudar.
Mas ficaram lado a lado
Estudando o mesmo tema
De modo fragmentado.
E criaram outro problema:
Sem qualquer coordenação
E em mesma hierarquia,
Faltou a cooperação,
O diálogo e a sinergia.
Quando não se explorar
Relação entre o saber,
Com certeza vai se ter
Ação MULTIDISCIPLINAR.
Figura 1: Multidisciplinaridade.
3
B. PLURIDISCIPLINARIDADE
O segundo nível de interação, conhecido como pluridisciplinar, é muito
parecido com o anterior, o da multidisciplinaridade. Alguns autores não os
diferenciam. Contudo, nesse
segundo nível, pode-se observar a
presença de algum tipo de
interação, mesmo que as disciplinas
ainda estejam operando num
mesmo nível hierárquico, sem
nenhum tipo de coordenação
advindo de um nível hierárquico
superior.
C. INTERDISCIPLINARIDADE
Diferentemente dos dois níveis anteriores, a interdisciplinaridade
pressupõe uma organização, uma articulação voluntária e coordenada das
ações disciplinares. Os saberes são orientados por um interesse comum que
pode ser representado por um eixo integrador, ou um projeto de investigação,
ou mesmo um plano de intervenção.
Disciplinas de outra instituição
Resolveram fazer diferente:
Decidiram estudar meio ambiente
Com certa forma de cooperação.
Mas cometeram o mesmo engano:
Juntaram-se as três num mesmo plano,
Enfileiradas, sem hierarquia.
Algumas trocas, coordenação não havia.
Existia alguma ligação
Entre o saber a se estudar.
Esse nível de interação
É o PLURIDISCIPLINAR.
Figura 2: Pluridisciplinaridade.
4
A interdisciplinaridade pressupõe a
existência de um nível hierárquico superior
de onde procede a coordenação das ações
empreendidas pelas diversas disciplinas.
Portanto, há organização, articulação,
cooperação e diálogo entre as disciplinas do
conhecimento. Os saberes, de maneira
hierarquizada, organizada e coordenada,
dialogam entre si.
A esse respeito, os Parâmetros
Curriculares Nacionais do ensino médio
afirmam:
É importante enfatizar que a interdisciplinaridade supõe um eixo
integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de
investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve
partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de
explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia
uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar,
talvez vários. (BRASIL, 1999, p. 88-89).
Em outra escola, num nível
mais à frente,
Uma quarta disciplina veio se
somar
Às três que estudavam o meio
ambiente:
A ação das disciplinas
resolveu coordenar.
Estabeleceu-se então
hierarquia
E a noção de finalidade.
Estabeleceu-se troca,
sinergia,
Diálogo, conversa:
INTERDISCIPLINARIDADE.
Figura 3: Interdisciplinaridade.
5
D. TRANSDISCIPLINARIDADE
O quarto e último nível dessa classificação foram denominados de
transdisciplinar. É um nível considerado para além da interdisciplinaridade,
um estágio um pouco mais avançado.
Para Japiassú (1976), a
transdisciplinaridade atua como uma
espécie de coordenação de várias
disciplinas e interdisciplinas.
Da mesma forma que na
interdisciplinaridade, a
transdisciplinaridade opera sobre uma
base comum, que pode ser um eixo
integrador norteando as ações.
Portanto, essa é uma forma de
interação em que ocorre uma espécie de
integração de vários sistemas
interdisciplinares, num contexto mais amplo e geral, favorecendo uma visão
mais abrangente do conhecimento investigado.
Observe na figura abaixo a representação de pirâmide, que pode ser uma
boa forma de visualização desse nível, com todas as indicações de interação
entre os saberes das diversas disciplinas. Veja que há organização,
hierarquização e coordenação dos estudos.
Várias disciplinas,
Pirâmide interdisciplinar.
Irmanadas, organizadas,
Sempre a conversar.
Múltiplas relações,
Conjunto disciplinar.
Estabelecem entre si
Um fecundo dialogar.
Contexto mais amplo,
Visão global do saber:
Níveis abaixo, níveis acima,
Buscando o todo perceber.
Unidas, hierarquizadas,
Conhecimentos a explorar,
Disciplinas irmanadas
na ação transdisciplinar.
Figura 4: Transdisciplinaridade.
6
É importante que o educador conheça bem esses níveis de interação que
caracterizam a articulação ou o diálogo que poderá ocorrer entre as disciplinas.
É relevante que se perceba que a escolha de um nível ou de outro representa
uma opção pedagógica. E cada opção vai significar um caminho diferente a ser
trilhado, com implicações próprias, com diferentes nuances, principalmente no
que se refere às possibilidades maiores ou menores de estabelecimento de
relações entre os saberes. A escolha de um nível ou outro se relaciona também
com os objetivos que se pretende alcançar e terá reflexos diretos na metodologia
que será utilizada para a construção dos conhecimentos e nos resultados que
serão alcançados.
O Projeto Currículos Contextualizados optou pelo caminho da
INTERDISCIPLINARIDADE, por entender que essa ainda é uma das melhores
alternativas para o estabelecimento de um diálogo, muito mais do que entre
disciplinas, um diálogo entre pessoas, entre seres pensantes, que se veem como
parceiros. Educadores, que, de maneira solidária e cooperativa, constroem e
exercitam um proceder pedagógico, centrado na aprendizagem, focado no
processo de mobilização de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes,
visando a construção de competências cada vez mais complexas, que ajudam o
trabalhador-aluno a ser um agente de transformação de sua própria realidade.
© SESI. Projeto SESI - Curso Currículo Contextualizado. Natal: SESI, 2010.
É permitida a reprodução parcial ou total deste artigo, desde que citada a fonte:
REFERÊNCIAS
CASTRO, José de. Níveis de interação entre os saberes. Natal: SESI, 2010.
Colaboração: Artemilson Alves de Lima, Gilson Gomes de Medeiros, Ilane
Ferreira Cavalcante, Jaime Biella, Zilmar Rodrigues de Souza. Projeto SESI -
Curso Currículo Contextualizado. Disponível em: <http://
www.sesi.webensino.com.br>.
7
REFERÊNCIAS
BRASIL.MEC/SEMTEC. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília:
MEC, 1999.
FAZENDA, Ivani. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. Campinas:
Papirus, 1994.
______. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou
ideologia? São Paulo: Edições Loyola, 1996.
______. (Org). O que é interdisciplinaridade? São Paulo: Cortez, 2008.
JANTSCH, Ari Paulo; BIANCHETTI, Lucídio. (Org.) Interdisciplinaridade: para além
da filosofia do sujeito. Petrópolis: Vozes, 1995.
JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago,
1976.
SEVERINO, Antonio Joaquim. O conhecimento pedagógico e a interdisciplinaridade:
o saber como intencionalização da prática. In: FAZENDA, Ivany C. Arantes (Org.).
Didática e interdisciplinaridade. Campinas: Papirus, 1998.

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  • 1. 1 Níveis de interação entre os saberes O conhecimento humano estudado e trabalhado nas escolas encontra-se dividido em áreas, que se desdobram em componentes curriculares, que podem (ou não) ser organizados sob a forma de DISCIPLINAS. Cada DISCIPLINA tem seus conteúdos próprios, suas metodologias, suas abordagens, sua linguagem, que lhe são peculiares, em conformidade com os seus objetivos e com os conhecimentos sob sua responsabilidade ou abrangência. Numa escola tradicional, as disciplinas geralmente são tratadas de forma isolada, cada uma cuidando do conjunto de conhecimentos específicos do seu campo. Em determinadas situações, educadores podem optar por alguma forma de interação entre essas disciplinas. Essa interação pode acontecer em níveis de complexidade diferentes, conforme a escolha didático-pedagógica que se faz e de acordo com o objetivo educacional pretendido. Esses níveis de interação entre as disciplinas podem ser assim classificados: 1.o Nível: MULTIDISCIPLINARIDADE; 2.o Nível: PLURIDISCIPLINARIDADE; 3.o Nível: INTERDISCIPLINARIDADE; 4.o Nível: TRANSDISCIPLINARIDADE.
  • 2. 2 CARACTERIZAÇÃO DOS NÍVEIS Vejamos o que caracteriza cada um desses níveis de interação entre os saberes e a forma como eles podem ser classificados, a partir de algumas adaptações feitas em estudos de Jantsch e Bianchetti (1995) e de Japiassu (1976). A. MULTIDISCIPLINARIDADE Esse nível se caracteriza por uma ação simultânea de uma gama de disciplinas em torno de uma temática comum. Mas ainda numa perspectiva de fragmentação, pois não se explora a relação entre os conhecimentos disciplinares. Não há nenhum tipo de cooperação entre as disciplinas. Os conhecimentos não dialogam entre si e estão todos num mesmo nível de hierarquia. Não se estabelece nenhuma ponte entre os conhecimentos. Não há troca, não há coordenação. Os conhecimentos ficam desorganizados, cada um funcionando de forma isolada. Três disciplinas se juntaram e se puseram a trabalhar. Meio ambiente, decidiram, Seria o tema a se estudar. Mas ficaram lado a lado Estudando o mesmo tema De modo fragmentado. E criaram outro problema: Sem qualquer coordenação E em mesma hierarquia, Faltou a cooperação, O diálogo e a sinergia. Quando não se explorar Relação entre o saber, Com certeza vai se ter Ação MULTIDISCIPLINAR. Figura 1: Multidisciplinaridade.
  • 3. 3 B. PLURIDISCIPLINARIDADE O segundo nível de interação, conhecido como pluridisciplinar, é muito parecido com o anterior, o da multidisciplinaridade. Alguns autores não os diferenciam. Contudo, nesse segundo nível, pode-se observar a presença de algum tipo de interação, mesmo que as disciplinas ainda estejam operando num mesmo nível hierárquico, sem nenhum tipo de coordenação advindo de um nível hierárquico superior. C. INTERDISCIPLINARIDADE Diferentemente dos dois níveis anteriores, a interdisciplinaridade pressupõe uma organização, uma articulação voluntária e coordenada das ações disciplinares. Os saberes são orientados por um interesse comum que pode ser representado por um eixo integrador, ou um projeto de investigação, ou mesmo um plano de intervenção. Disciplinas de outra instituição Resolveram fazer diferente: Decidiram estudar meio ambiente Com certa forma de cooperação. Mas cometeram o mesmo engano: Juntaram-se as três num mesmo plano, Enfileiradas, sem hierarquia. Algumas trocas, coordenação não havia. Existia alguma ligação Entre o saber a se estudar. Esse nível de interação É o PLURIDISCIPLINAR. Figura 2: Pluridisciplinaridade.
  • 4. 4 A interdisciplinaridade pressupõe a existência de um nível hierárquico superior de onde procede a coordenação das ações empreendidas pelas diversas disciplinas. Portanto, há organização, articulação, cooperação e diálogo entre as disciplinas do conhecimento. Os saberes, de maneira hierarquizada, organizada e coordenada, dialogam entre si. A esse respeito, os Parâmetros Curriculares Nacionais do ensino médio afirmam: É importante enfatizar que a interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários. (BRASIL, 1999, p. 88-89). Em outra escola, num nível mais à frente, Uma quarta disciplina veio se somar Às três que estudavam o meio ambiente: A ação das disciplinas resolveu coordenar. Estabeleceu-se então hierarquia E a noção de finalidade. Estabeleceu-se troca, sinergia, Diálogo, conversa: INTERDISCIPLINARIDADE. Figura 3: Interdisciplinaridade.
  • 5. 5 D. TRANSDISCIPLINARIDADE O quarto e último nível dessa classificação foram denominados de transdisciplinar. É um nível considerado para além da interdisciplinaridade, um estágio um pouco mais avançado. Para Japiassú (1976), a transdisciplinaridade atua como uma espécie de coordenação de várias disciplinas e interdisciplinas. Da mesma forma que na interdisciplinaridade, a transdisciplinaridade opera sobre uma base comum, que pode ser um eixo integrador norteando as ações. Portanto, essa é uma forma de interação em que ocorre uma espécie de integração de vários sistemas interdisciplinares, num contexto mais amplo e geral, favorecendo uma visão mais abrangente do conhecimento investigado. Observe na figura abaixo a representação de pirâmide, que pode ser uma boa forma de visualização desse nível, com todas as indicações de interação entre os saberes das diversas disciplinas. Veja que há organização, hierarquização e coordenação dos estudos. Várias disciplinas, Pirâmide interdisciplinar. Irmanadas, organizadas, Sempre a conversar. Múltiplas relações, Conjunto disciplinar. Estabelecem entre si Um fecundo dialogar. Contexto mais amplo, Visão global do saber: Níveis abaixo, níveis acima, Buscando o todo perceber. Unidas, hierarquizadas, Conhecimentos a explorar, Disciplinas irmanadas na ação transdisciplinar. Figura 4: Transdisciplinaridade.
  • 6. 6 É importante que o educador conheça bem esses níveis de interação que caracterizam a articulação ou o diálogo que poderá ocorrer entre as disciplinas. É relevante que se perceba que a escolha de um nível ou de outro representa uma opção pedagógica. E cada opção vai significar um caminho diferente a ser trilhado, com implicações próprias, com diferentes nuances, principalmente no que se refere às possibilidades maiores ou menores de estabelecimento de relações entre os saberes. A escolha de um nível ou outro se relaciona também com os objetivos que se pretende alcançar e terá reflexos diretos na metodologia que será utilizada para a construção dos conhecimentos e nos resultados que serão alcançados. O Projeto Currículos Contextualizados optou pelo caminho da INTERDISCIPLINARIDADE, por entender que essa ainda é uma das melhores alternativas para o estabelecimento de um diálogo, muito mais do que entre disciplinas, um diálogo entre pessoas, entre seres pensantes, que se veem como parceiros. Educadores, que, de maneira solidária e cooperativa, constroem e exercitam um proceder pedagógico, centrado na aprendizagem, focado no processo de mobilização de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes, visando a construção de competências cada vez mais complexas, que ajudam o trabalhador-aluno a ser um agente de transformação de sua própria realidade. © SESI. Projeto SESI - Curso Currículo Contextualizado. Natal: SESI, 2010. É permitida a reprodução parcial ou total deste artigo, desde que citada a fonte: REFERÊNCIAS CASTRO, José de. Níveis de interação entre os saberes. Natal: SESI, 2010. Colaboração: Artemilson Alves de Lima, Gilson Gomes de Medeiros, Ilane Ferreira Cavalcante, Jaime Biella, Zilmar Rodrigues de Souza. Projeto SESI - Curso Currículo Contextualizado. Disponível em: <http:// www.sesi.webensino.com.br>.
  • 7. 7 REFERÊNCIAS BRASIL.MEC/SEMTEC. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília: MEC, 1999. FAZENDA, Ivani. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. Campinas: Papirus, 1994. ______. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia? São Paulo: Edições Loyola, 1996. ______. (Org). O que é interdisciplinaridade? São Paulo: Cortez, 2008. JANTSCH, Ari Paulo; BIANCHETTI, Lucídio. (Org.) Interdisciplinaridade: para além da filosofia do sujeito. Petrópolis: Vozes, 1995. JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976. SEVERINO, Antonio Joaquim. O conhecimento pedagógico e a interdisciplinaridade: o saber como intencionalização da prática. In: FAZENDA, Ivany C. Arantes (Org.). Didática e interdisciplinaridade. Campinas: Papirus, 1998.