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A Natureza da Comunicação 
Educativa 
Elementos do Grupo: 
-Aracy Fonseca 
-Janet Francês 
-Keila Neves 
-Osmar da Silva 
-Stephanie Évora
1. Alcance referencial da expressão sistema 
educativo e sistema comunicativo 
1.1. Sistema educativo 
A polissemia do termo reflecte-se nos diferentes usos: como um 
produto, um processo, o estar educado, uma relação entre diferentes 
agentes e como um sistema, formando parte do Sistema social a 
nível de subsistema. 
Trilla (1993), refere-se ao “universo educativo” como “o conjunto 
total de factos, sucessos, fenómenos ou efeitos educativos-formativos 
ou instrutivos- e, por extensão, ao conjunto de 
instituições, meios, âmbitos, situações, relações, processos, agentes e 
factores susceptíveis de os gerar, subdividindo-o em três sectores ou 
modos de educação, de acordo com os contextos de realização: 
formal, não formal e informal.
O primeiro sector é constituído pela educação formal e 
compreende as instituições e meios de formação e ensino-aprendizagem 
enquadrados pela estrutura educativa graduada, 
hierarquizada e oficializada de determinado país. Desenvolve-se 
por níveis, tendo por base uma organização curricular, em 
regra de natureza racionalizada, sequencial e sistemática. 
O segundo sector é constituído pela educação não formal e 
compreende o conjunto de instituições e meios educativos de 
natureza intencional e com objectivos definidos, mas que não 
fazem parte do sistema formal. 
O terceiro sector é constituído pela educação informal e 
compreende o conjunto de processos e factores que geram 
efeitos educativos sem estarem expressamente configurados 
para tal fim.
Trilla (1993) considera ainda um quarto âmbito do sistema 
educativo que é dado pela projecção pedagógica no universo 
educativo. A pedagogia identifica-se como um conjunto de saberes 
que versam sobre a educação, elaborados com o duplo e 
complementar propósito de elucidar os mecanismos da sua 
produção, orientar e optimizar a acção educativa para conseguir 
determinados objectivos e finalidades. Apresenta portanto duas 
dimensões: a descritiva , marcada pela explicação do que ocorre e 
a normativa incidindo na prescrição de normas concretas de 
aplicação, no dever ser da acção educativa.
1.2. Sistema comunicativo 
A comunicação é um processo complexo, interdependente, 
adaptativo, governado por regras e ordenado hierarquicamente. 
Alguns autores concebem a comunicação como um processo 
orientado para os sistemas, podendo esse processo ocorrer numa 
grande variedade de níveis. 
Existem vários níveis ou contextos da comunicação, mas 
destacaremos quatro: 
O contexto intrapessoal ocorre quando o indivíduo pensa ou fala 
para si mesmo. 
O contexto interpessoal desenvolve-se entre dois indivíduos 
num contexto físico muito próximo. 
O contexto grupal processa-se na colaboração entre vários 
indivíduos num contexto físico próximo. 
O contexto cultural, também designado de massa, desenvolve-se 
entre uma pessoa institucionalizada e um grande número de 
pessoas . O púbico que utiliza o respectivo meio.
1.3. Os modos da comunicação educativa: formal e informal 
Thayer sublinha a respeito da educação “que grande parte da 
confusão que ainda existe no estudo e na compreensão da 
comunicação decorre da nossa desatenção para o plano de análise 
que está a ser empregue”. 
A articulação entre os contextos educativos e comunicativos 
permite diferenciar, genericamente, dois grandes modos de 
comunicação educativa: a formal e a informal. Esta diferenciação 
é estabelecida em torno da ligação dos interlocutores no espaço e 
no tempo e pelo grau de formalidade pedagógica da recepção e 
uso dos factos educativos. 
A dimensão espacial coloca a questão da realização da 
comunicação com ou sem a presença física dos interlocutores. 
A dimensão temporal coloca a questão se os interlocutores 
realizam a comunicação no mesmo momento ou em tempo 
diferente.
A comunicação educativa formal corresponde à concentração 
num espaço e num tempo determinado. Aplica-se sobretudo à 
primeira situação comunicativa. Materializa-se numa 
instituição (escola) com o professor a assumir-se como 
principal fonte de conhecimentos, transmitindo o seu saber a 
um conjunto de alunos (receptores), condicionado por regras 
materiais, por possibilidades maiores ou menores de 
estabelecer a reciprocidade e por princípios de optimização do 
rendimento. 
A comunicação educativa informal pelo contrário, caracteriza-se 
pela inexistência, em princípio, dum ponto definido no 
espaço ou no tempo. A comunicação passa sobretudo pela 
experiência vital dos interlocutores, renovada pelo encontro 
com o outro em condições e formas variadas , desde a simples 
conversa aos meios de comunicação social.
Perspectiva da educação como 
um processo comunicativo 
Citando Rodriguez Diéguez a educação não pode entender-se 
sem a consideração prévia dos processos de 
comunicação. 
Blanco complementa que a realização pessoal apenas 
acontece quando a comunicação se desenvolve com todas 
as suas potencialidades, quando o aluno realiza o encontro 
com o conhecimento. Esclarece que o encontro entre o 
aluno e o conhecimento assume cada vez mais uma 
expressão mediatizada, assumindo os média uma função 
essencial, na medida em que tendem a representar da 
melhor forma possível o acesso ao conhecimento.
Cont. 
Para Dias a atribuição, pelo aluno, de significação à 
mensagem comunicativa é condicionada pelo modelo 
de comunicação. Reforça a ideia da aprendizagem 
como uma actividade individual de atribuição de 
significação ao “conhecimento público”, e cuja 
formação e desenvolvimento é modelada pelas 
estratégias de interacção no diálogo aluno/cenário, as 
quais se apresentam associadas ao ambiente de 
comunicação.
Cont. 
Rocha Trindade afirma que uma das maneiras de 
encarar o acto de ensino-aprendizagem consiste 
em considera-lo como um processo 
comunicacional. Estabelecendo um forte vínculo 
entre a enculturação (integração de experiencias 
resultantes da interacção social),e a educação 
considera como “o exercício da influência que a 
sociedade exerce sobre cada um de nós. Trindade 
ainda considera que é necessário garantir que 
cada pessoa tenha ”acesso oportuno a 
conhecimentos e experiencias organizados, 
estruturados, capaz de motivar o conhecimento 
intelectual, motor e afectivo”.
Cont. 
Assim o autor apela a “comunicação inteligente 
“entre os actores do processo de ensino 
aprendizagem tendo em vista não só a recepção 
da informação, mas também a sua compreensão e 
assimilação. 
Moderno destaca a ideia de compreensão no 
fenómeno comunicativo. Comunicar significa 
“por em comum”, implicando que” transmissor e 
receptor estejam dentro da mesma linguagem, 
caso contrario não se entenderão e não haverá 
compreensão. Para este autor o grão de interacção 
entre professor-saber-aluno determina as 
diferentes formas e técnicas de comunicação.
Cont. 
Rodriguéz Diéguez apresenta as operações que 
efectuam-se num processo informativo, sendo 
estes, delimitação de conteúdos, codificação, 
descodificação e recepção, as quais facilitara 
aos docentes na planificação, realização e 
avaliação. 
Ainda esse autor defende que ensinar é sempre 
comunicar, mas nem sempre a comunicação é 
ensinar.
Sarramona também concebe a educação como 
sistema de comunicação, em que comunicar 
resulta em transmitir um conteúdo 
informativo, traz implícito o desejo de influir, 
a ideia de mudança, daí surge o elo de ligação, 
visto que a educação propõe a incorporação de 
conhecimentos no educando. 
Titone, autor indiano, admite que o professor e 
os alunos jogam em alternativa os papéis de 
emissor e de receptor, compartilhando umas 
certas equivalências entre códigos e 
mensagens.
Cont. 
Sarramona também concebe a educação como 
sistema de comunicação, em que comunicar 
resulta em transmitir um conteúdo 
informativo, traz implícito o desejo de influir, 
a ideia de mudança, daí surge o elo de ligação, 
visto que a educação propõe a incorporação de 
conhecimentos no educando. 
Titone, autor indiano, admite que o professor e 
os alunos jogam em alternativa os papéis de 
emissor e de receptor, compartilhando umas 
certas equivalências entre códigos e 
mensagens.
Cont. 
Titone, ainda amplia o marco de análise da 
comunicação didáctica, em que situa o 
processo de comunicação dentro de um 
contexto, a escola é um espaço aberto a 
comunidade, revela a importância das 
codificações e descodificações, reforçando 
deste modo o papel de feedback, onde o 
emissor converte-se em receptor e este em 
emissor e, desta forma, ambos se afectam 
interactivamente e mutuamente.
Cont. 
Para Rodriguz Illera o que esta em jogo na 
relação educativa, é sempre muito mais que 
uma simples transmissão de conteúdos, pois o 
currículo traduz uma construção da realidade, 
quer quanto a sua elaboração, pois constitui 
uma selecção da cultura, aquela que se 
considera que deve ser transmitida, quer 
também como objecto da teoria, como tema de 
reflexão.
2.3 - Dimensões da comunicação didáctica 
Evidenciam-se três dimensões com particular interesse e 
utilidade para a comunicação didáctica: 
1- Informação 
2- Interacção 
3- Influência
2.3.1 – Intercâmbio de Informação 
Segundo Thaver (1979) e Salomon (1981) o sentido mais usual de 
informação refere-se tudo o que um sujeito conta, diz, expressa, etc. a 
outro. Este tudo o que é um conjunto de dados, indicações, noticias, 
conhecimentos, etc. 
Em tal sentido “a informação é o conteúdo da mensagem”. 
A informação adquire matrizes especiais que condicionam o sentido da 
comunicação: 
a) Teoria da informação: definem informação em termos de incerteza, 
ou seja, nem tudo o que um sujeito conta a outro é informativo. É 
necessário que resulte em novidade para o sujeito que é informado.
A nível teórico, a informação consiste não tanto no processo de 
transmissão do saber quanto na quantidade do incremento do dito saber. 
Estado A (prévio à recepção da mensagem) 
I II 
I- amplitude do saber presente 
II-amplitude do saber que falta (esfera de incerteza) 
Estado B (posterior à recepção da mensagem) 
I I a II 
I-amplitude do saber presente 
I a-amplitude do incremento do saber (quantidade do não 
saber eliminado) = Informação 
II-amplitude do não saber-que ainda falta
b) O aspecto básico do intercâmbio comunicacional é dado pelo 
facto de os interlocutores actuarem sobre significados. As 
características pessoais dos comunicantes, os seus modos de 
percepção, os seus estilos de processamento da informação, as 
suas formas expressivas preferenciais, etc. têm um papel 
importante no processo da comunicação. 
Então a comunicação é informação e a sua principal componente 
é a mensagem. 
A aplicação da dimensão informativa á comunicação didáctica 
introduz-nos no tema dos conteúdos em todas as suas vertentes, 
tanto curriculares, como do desenvolvimento do conteúdo 
concreto na classe-aula.
Abrange uma reflexão sobre os aspectos seguintes: 
- Que informação se deve transmitir? (centrada nas disciplinas? nos 
interesses dos alunos? na mudança social?) 
- Em que quantidades? 
- Como se devem seleccionar os conteúdos? 
- Como se deve sequencializar a novidade dos novos dados ou 
actividades a trabalhar na turma? 
- Como tratar a informação a transmitir de maneira que se facilite a 
descodificação por parte dos alunos? 
- Como se melhora a compreensão e se prolonga a duração dos seus 
efeitos?
2.3.2- Processo de interacção 
A comunicação tem um aspecto de conteúdo e um aspecto de relação, 
que o segundo classifica o primeiro. Pode discutir-se se é mais 
importante, em termos de uma comunicação eficaz, o conteúdo da 
comunicação ou o seu sentido interactivo. 
Significado etimológico de comunicar: 
- Vem do latim communicare (“tornar comum”) 
- Scharamm (1960:3) atribui o seguinte sentido: “ quando 
comunicamos estamos a tratar de estabelecer uma “comunidade com 
alguém”: tratamos de compartilhar uma informação, uma ideia ou uma 
atitude.”
A interacção adquire matrizes especiais que condicionam o sentido da 
comunicação: 
a) A comunicação não se limita às simples trocas verbais, mas alarga-se 
a uma concepção de “linguagem total”; 
b) Torna-se necessário que os símbolos utilizados possuam um 
significado compartilhado pelos indivíduos na sociedade; 
c) Há um desvio da comunicação como transmissão da informação 
para a elaboração e partilha de significações; 
d) A perspectiva psicossociológica permite precisar a noção de 
contexto, designando ao mesmo tempo factos de linguagem e 
factos sociais. 
A capacidade de comunicar é a condição sine qua non da comunicação 
bem sucedida, como refere Watazlawick (1973[1967]:49).
2.3.2- Processo de Influência 
Para que se dê a comunicação não basta que exista emissão de 
informação, é necessário que esta informação chegue ao seu destino e 
provoque neste uma reacção que o implique no processo de 
intercâmbio. 
--- A comunicação resulta em mudança. --- 
A influência exercida através do processo comunicacional pode ser 
analisado à dois níveis: 
1- Impacto pela natureza do processo comunicacional; 
2- Impacto pela intenção de influenciar.
Em primeiro lugar, uma vez iniciado o intercâmbio comunicativo, a 
acção de cada um dos comunicantes está relacionada com a do outro, 
vai respondendo a ela e vai adequando o intercâmbio à dinâmica que se 
gera nas sucessivas intervenções. 
A aplicação da noção de contingência e de pontuação à teoria 
comunicacional permite o tratamento estatístico das mensagens. 
Contudo, a sua abordagem tem produzido alguns desenvolvimentos 
teórico-práticos sobre o modo de apresentar a mensagem para se 
obterem os efeitos desejáveis. 
Uma das mais conhecidas foi apresentada por Scharamm (1960:19), 
denominada “fracção de selecção”, também chamado de “função de 
decisão” por Berlo (1985[1960]:100), sustentando que do ponto de 
vista do receptor a escolha de uma mensagem é definida da seguinte 
forma: 
Fracção de Selecção= Recompensa esperada/Esforço requerido
Em segundo lugar, a influencia da comunicação deriva não do processo em si, mas 
da intenção de influenciar. Esta intenção pode estar expressamente indicada ou 
não, isto é, pode pertencer ao nível manifesto ou latente das mensagens, podendo ir 
mais além da “intenção consciente”, pois, os processos mentais implícitos são 
quase totalmente inconscientes. Toda a comunicação está ligada a ideia de induzir 
mudanças. 
No campo educativo, a variabilidade de grau da intenção de influir depende da 
formalidade dos conteúdos educacionais, cabendo distinguir entre os contextos 
formais, os não formais e os informais. 
A comunicação didáctica incorpora uma dupla componente: a que deriva do 
contexto normativo e a do contexto operacional da acção dos interlocutores, 
abandonando a visão tradicional do processo ensino-aprendizagem unidireccional. 
O aluno passa então entendido como sujeito e como parte activa do processo 
didáctico, em que ele pode activamente emitir as suas ideias, desejos e 
necessidades, influenciando assim, também o comportamento do professor. A 
adaptação contingente dos actuantes ( professor e alunos) entre si e com respeito as 
suas mensagens indica que a uma melhoria da comunicação didáctica, pois, estes 
afectam-se mutuamente.
Implicações dos esquemas de comunicação na 
educação 
Esquemas Lineares / Informativos 
Cibernéticos 
Culturológicos 
Psicológicos
- Esquemas Lineares / 
Informativos 
Lasswell, Shannon, Weaver e Schramm, 
investigadores norte-americanos, são os autores mais 
representativos desta corrente ao apresentarem a 
comunicação como a transmissão entre dois pólos, 
dissociando as funções do emissor e do receptor. 
Lasswell é considerado como um dos primeiros 
investigadores a interessar-se pela comunicação 
enquanto processo. O autor considera que uma forma 
adequada para se descrever um acto de comunicação 
consiste em responder as questões seguintes: “Quem? 
Diz o quê? Através de que meio? A quem? Com que 
efeito?”, cuja valorização deu origem deu origem a 
um esquema.
Passível de ser aplicado a diversos níveis de 
comunicação, este esquema baseia-se em três premissas 
consistentes: 
- É um processo assimétrico, com um emissor activo que 
produz o estímulo para um público (receptores) passivo; 
- É um processo comunicativo intensional, tendo por 
objectivo obter um determinado efeito observável e 
susceptível a ser avaliado; 
- É um processo em que os papéis do emissor e do receptor 
surgem isolados, independentemente das relações sociais, 
culturais e situacionais em que se realiza o acto 
comunicativo.
Outros dois investigadores norte-americanos, 
Shannon e Weaver, denotando preocupações 
técnico-científicas, apresentaram uma teoria de 
comunicação intitulada “Teoria Matemática da 
Comunicação”, tendo como objectivo medir a 
quantidade de informação contida numa 
mensagem e a capacidade de informação de 
um dado canal, quer a comunicação se efectue 
entre duas máquinas, dois seres humanos ou 
entre uma máquina e um ser humano. O 
esquema proposto pelos autores é o seguinte:
A fonte é vista como detentora do poder de 
decisão, isto é, decide qual a mensagem a 
enviar. Esta mensagem seleccionada é depois 
transformada pelo transmissor num sinal, que 
é enviado ao receptor através do canal. O ruído 
é algo que é acrescentado ao sinal, entre a sua 
transmissão e a sua recepção e que não é 
pretendido pela fonte. 
Outro importante contributo explorado por 
estes teóricos da informação foi a tentativa de 
medir o conteúdo ou novidade informativa.
Desta Teoria informacional emergem ainda dois 
importantes conceitos: a entropia e a redundância. 
A entropia define-se como a medida do grau de 
desordem de um dado sistema de comunicação, a 
falta de previsibilidade numa situação, resultando 
em incerteza. A redundância é o oposto da 
entropia, resulta de uma previsibilidade elevada. 
Assim, pode dizer-se que uma mensagem de baixa 
previsibilidade é entrópica e com muita 
informação, e inversamente uma mensagem de 
elevada previsibilidade é redundante e com pouca 
informação.
Wilbur Schramm é um dos mais persistentes autores do 
fenômeno comunicativo, de tal modo que se torna restritivo 
situá-lo apenas numa única corrente. Ele redimensiona os 
esquemas lineares ao introduzir dois novos aspectos: a 
necessidade de um campo experiência comum entre os 
participantes no acto comunicativo e a influência exercida 
mutuamente entre os participantes através da retroação (feed-back). 
O campo experiencial (vivência, objectivos pessoais, etc.) dos 
participantes no acto comunicativo é um dos elementos 
determinantes da descodificação dos sinais que veiculam a 
informação conteúdal. Se os indivíduos compartilham uma ampla 
soma de esperiências vivenciais, a área de sobreposição dos 
sinais será grande, pelo que a comunicação está facilitada. Caso 
contrário, a circulação da mensagem é muito difícil. A condição 
fundamental para uma comunicação, como também assinala 
Moles (1988:29) é a coincidência dos repertórios.
Esquemas Cibernéticos 
O campo da cibernética foi desenvolvido pioneiramente pelo 
matemático Norbert Wiener, considerando-a como uma área 
interdisciplinar “que abrange todo o campo da teoria do controle da 
comunicação, na máquina ou no animal”. Os conceitos de controle, 
regulação e feed-back da cibernética relacionam-se intrinsecamente 
com a própria essência da teoria geral dos sistemas, fornecendo uma 
explicação concreta para as qualidades do sistema como totalidade, 
interdependência, auto-regulação e intercâmbio com o meio 
ambiente. 
No entanto o investigador canadiano Jean Cloutier (1975) pode ser 
apresentado como o autor mais representativo desta corrente 
comunicativa. Sua obra intitulada “A Era do EMEREC” indica-nos 
que o “homo-communicans” situa-se alternadamente em cada um 
dos pólos da comunicação e, até mesmo, e, ambos os pólos 
simultaneamente. O processo da comunicação não é linear, mas 
concêntrico, sendo o feed-back não um elemento acrescentado e 
supérfulo, mas inerente ao ciclo da informação.
Na linha de valorização dos esquemas cibernéticos, 
Mucchieli (1990:47) considera que o elemento feed-back 
é o factor que distingue informar de comunicar: 
procurar o feed-back, afirna o autor, “é procurar a 
relação, é considerar o receptor como uma realidade 
autônomo, é estabelecer uma comunicação”. 
Desenha-se deste modo um novo papel para o 
professor que, como esclarece Moderno (1992:35), 
“deixa de ser o sábio emissor que transmite a sua 
ciência aos alunos, por sua vez receptores quase 
passivos. Ambos os professores e alunos, andam á 
descoberta do saber, desempenhando papéis 
diferentes”.
Esquemas Culturológicos 
Os investigadores Franceses Edgar Morin, Pierre 
Shaeffer e Abraham Moles são os autores mais 
representativos dos esquemas culturais da 
comunicação. 
A obra de Morin (1962) “L’ espirit du temps”, é 
considerada o marco inaugurador desta corrente. O 
bjectivo deste autor consistiu na elaboração de uma 
sociologia da cultura contemporânea, através de uma 
fenomenologia sistemática apontada numa pesquisa 
empírica, abandonando os falsos dilemas (sobre as 
qualidades ou carências da cultura de massa que são 
objecto de tratamento pela sociologia tradicional.
A cultura de massa forma um sistema de 
cultura, constituindo-se como um conjunto de 
símbolos, mitos e imagens que dizem respeito 
quer à vida prática quer ao imaginário. Embora 
não sendo o único sistema cultural das 
sociedades contemporâneas, porque as 
sociedades modernas são realidades 
policulturais, a cultura de massa faz-se incluir, 
controlar, censurar, e ao mesmo tempo, tende 
corromper, a desagregar as outras culturas.
Estabelece-se uma contradição entre as estruturas 
burocratizadoras-estandardizadas da produção e 
as exigências, radicalmente contrárias, criadas 
pelo consumo cultural que reclamam um produto 
de carácter original, individualizado e inovador. 
A mediação entre estes opostos reside na própria 
estrutura do imaginário: os modelos-padrões e as 
formas arquéticas do imaginário, como os temas 
míticos e as personagens-tipo que constituem a 
estrutura interna que a indústria cultural utilliza.
Face ao complexo fenómeno da comunicação e dos meios de 
comunicação de massa, ao diálogo desigual entre produção e 
o consumo, como refere Morin, no qual o espectador 
responde apenas com reacções ou utópicas como refere 
Moles, a Educação para a comunicação deveria prosseguir 
três objectos fundamentas: desmassificar, criar um espírito 
crítico e potenciar a capacidade comunicativa. 
Por desmassificar entende-se tornar conscientes todos os 
aspectos integrantes da mensagem, personalizados a 
comunicação. Aspectos que passa pela descoberta dos 
conteúdos não explícitos, pela diferenciação da ficção da 
realidade e pela penetração das possíveis intenções do 
comunicador.
A criação de um espírito critico esta relacionado 
com o objectivo anterior, passando pela potenciação 
da capacidade de reacção e de reflexão face aos 
valores e argumentos impostos pelos meios de 
comunicação de massa. 
Por potenciar a capacidade comunicativa entende-se 
o domínio de outras linguagens, para além da 
verbal, no qual hoje se entende por alfabetização 
visual, audiovisual, e informacional, ou seja, como 
um objecto que leva ao estudo dos símbolos, 
suportes de informação, meios de informação e sua 
incidência no comportamento humano
5.4- Esquemas psicológicos 
Os esquemas psicológicos da comunicação 
interessam-se em analisar os mecanismos da 
interacção humana. Os investigadores desta 
corrente dão especial relevo aos níveis de 
comunicação intrapessoal – afectação ocorrida ao 
próprio individuo, interpessoal – afectação mútua 
entre individuo e o grupal . 
a -Nível intrapessoal 
Thayer , rejeita por um lado, de forma categórica, os 
esquemas lineares da comunicação porque 
ignoram a natureza da interacção e , por outro 
lado, salienta o nível interpessoal. 
Para thayer a comunicação interpessoal não e um 
simples intercambio entre dois indivíduos, pois 
cada um deles aborda a interacção com os seus 
processos separados.
A comunicação e um processo continuo, sempre 
em movimento, determinado pelas aptidões de 
um individuo para levar em conta, em que tudo 
faz diferença no modo de o receptor interpretar a 
mensagem - o status, a posição, a credibilidade e 
a reputação do emissor – as experiencias 
passadas tanto do emissor como receptor – as 
consequências esperadas, o tipo de meio 
utilizado – a quem foi dirigida ou não a 
mensagem, o modo da sua apresentação da 
mensagem, bem como as circunstancias em que 
ocorre a comunicação.
b- Nível interpessoal 
os autores Watzlawick, Beaven e Jackson apresentam cinco 
axiomas da comunicação humana: 
1º- Não se pode não comunicar. 
2º - Toda a comunicação tem um aspecto de conteúdo e um 
aspecto de relação, de tal modo que o segundo clássica a 
primeira e é , portanto, uma meta comunicação. 
3º- A natureza de uma relação esta na contingência da 
pontuação das sequências comunicativas entre os 
comunicantes. 
4º- Os seres humanos comunicam digital e analogamente. A 
linguagem digital tem uma sintaxe lógico sumamente 
complexa e poderosa, mas carente de adequada semântica, 
ao passo que a linguagem analógica possui a semântica, 
mas não tem sintaxe adequada para a definição não – 
ambígua da natureza das relações. 
5º- Todas as permutas comunicacionais ou são simétricas ou 
complementares, segundo se baseiam na igualdade ou na 
diferença.
O primeiro axioma assinala que todo o 
comportamento emitido num contexto 
comunicativo constitui, por si mesmo, uma 
mensagem. 
O segundo axioma assinala que qualquer 
comunicação transmite não só uma determinada 
informação, mas também pretende impor 
comportamentos, operações que ficaram 
conhecidas por relato e por ordem. 
O terceiro axioma faz referencia á 
configuração que cada interlocutor toma 
perante uma sequencia comunicativa.
O quarto axioma faz referencia a comunicação 
educativa que reside na tomada de consciência 
pelo professor da circularidade e do efeito que o 
seu comportamento exerce sobre os alunos. 
Finalmente o quinto axioma, assinala a 
existência de dois níveis nas permutas 
comunicativas – simétricos ou complementares. 
O nível complementar e o facto de um 
participante ocupar uma posição superior e o 
outro a inferior, enquanto que o simétrico ambos 
os participantes estão no mesmo plano.
c- Nível grupal 
O grupo-turma aparece apresentado na 
generalidade da literatura pedagógica como um 
grupo restrito e formal. Restrito, porque é 
composto por número limitado de membros - 
não deveria ultrapassar os vinte e cinco alunos – 
de modo a que um possa ter percepção directa 
do outro e ser por eles percebidos para que torne 
possível o estabelecimento de contínuas inter-relações. 
Formais, porque estão sujeitos a 
normas de trabalhos, locais de actuação e 
horário, havendo ainda uma pré-determinação 
de objectivos, tarefas e actividades que 
determinam a sua estrutura.
As investigações de Leavit -1965- conduziram 
duas conclusões importantes : 
- Os indivíduos estão mais satisfeito quando 
fazem parte dos grupos, cuja rede de 
comunicação, como o circulo, não atribui a 
qualquer individuo um papel central, ou seja, 
quando não há diferenciação de papeis , 
- Os grupos são mais eficazes quando se 
constituem em redes centralizadas, como a 
estrela, onde a organização é mais estável e se 
diferencia um papel central,
6. Critérios para uma comunicação 
educativa eficaz 
1- Eficácia entendida em termos de consecução 
de bons resultados, ou de ineremento dos 
resultados 
2- Eficácia entendida em termos de correcta 
utilização de técnicas comunicativas 
adequadas, 
3- Eficácia entendida em termos de adequação a 
outra pessoa com quem se comunica, 
4- Eficácia entendida em termos de 
funcionalidade da totalidade do sistema 
comunicacional e não de um ou vários dos 
elementos individuais.
O primeiro critério refere-se á consecução de bons 
resultados na comunicação educativa. Só por si, este 
critério é restritivo e peca por excessivo 
pragmatismo. Isto e apenas nos informa sobre os 
resultados, mas nada nos diz sobre o conhecimento e 
funcionamento do processo. 
O segundo critério implica uma profundo 
conhecimento do processo comunicativo em termos 
de uma escolha adequada e funcional de técnica a 
que sejam congruentes com suas finalidades da 
comunicação educativa. Implica, por exemplo, um 
conhecimento das técnicas de dialogo, de 
funcionamento das redes de comunicação, do uso de 
diversas linguagens.
O terceiro critério reflecte o grande desafio da 
comunicação educativa, conseguir relações 
interpessoais e intercâmbios informativos entre 
sujeitos muito diferentes entre si. Implica que o 
professor ajuste o seu repertório, mais vasto de 
saberes e experiencias ao dos alunos, tomando-o 
como ponto de partida para o ampliar. 
O quarto critério vem na sequência da 
capacidade de adequação referida atrás. Porem, 
neste caso, não deve apenas atender-se as 
características pessoais dos comunicantes, mais 
também ás condições do contexto em que se 
desenvolve o processo.
Obrigado pela atenção!!!

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Natureza da comunicação educativa

  • 1. A Natureza da Comunicação Educativa Elementos do Grupo: -Aracy Fonseca -Janet Francês -Keila Neves -Osmar da Silva -Stephanie Évora
  • 2. 1. Alcance referencial da expressão sistema educativo e sistema comunicativo 1.1. Sistema educativo A polissemia do termo reflecte-se nos diferentes usos: como um produto, um processo, o estar educado, uma relação entre diferentes agentes e como um sistema, formando parte do Sistema social a nível de subsistema. Trilla (1993), refere-se ao “universo educativo” como “o conjunto total de factos, sucessos, fenómenos ou efeitos educativos-formativos ou instrutivos- e, por extensão, ao conjunto de instituições, meios, âmbitos, situações, relações, processos, agentes e factores susceptíveis de os gerar, subdividindo-o em três sectores ou modos de educação, de acordo com os contextos de realização: formal, não formal e informal.
  • 3. O primeiro sector é constituído pela educação formal e compreende as instituições e meios de formação e ensino-aprendizagem enquadrados pela estrutura educativa graduada, hierarquizada e oficializada de determinado país. Desenvolve-se por níveis, tendo por base uma organização curricular, em regra de natureza racionalizada, sequencial e sistemática. O segundo sector é constituído pela educação não formal e compreende o conjunto de instituições e meios educativos de natureza intencional e com objectivos definidos, mas que não fazem parte do sistema formal. O terceiro sector é constituído pela educação informal e compreende o conjunto de processos e factores que geram efeitos educativos sem estarem expressamente configurados para tal fim.
  • 4. Trilla (1993) considera ainda um quarto âmbito do sistema educativo que é dado pela projecção pedagógica no universo educativo. A pedagogia identifica-se como um conjunto de saberes que versam sobre a educação, elaborados com o duplo e complementar propósito de elucidar os mecanismos da sua produção, orientar e optimizar a acção educativa para conseguir determinados objectivos e finalidades. Apresenta portanto duas dimensões: a descritiva , marcada pela explicação do que ocorre e a normativa incidindo na prescrição de normas concretas de aplicação, no dever ser da acção educativa.
  • 5. 1.2. Sistema comunicativo A comunicação é um processo complexo, interdependente, adaptativo, governado por regras e ordenado hierarquicamente. Alguns autores concebem a comunicação como um processo orientado para os sistemas, podendo esse processo ocorrer numa grande variedade de níveis. Existem vários níveis ou contextos da comunicação, mas destacaremos quatro: O contexto intrapessoal ocorre quando o indivíduo pensa ou fala para si mesmo. O contexto interpessoal desenvolve-se entre dois indivíduos num contexto físico muito próximo. O contexto grupal processa-se na colaboração entre vários indivíduos num contexto físico próximo. O contexto cultural, também designado de massa, desenvolve-se entre uma pessoa institucionalizada e um grande número de pessoas . O púbico que utiliza o respectivo meio.
  • 6. 1.3. Os modos da comunicação educativa: formal e informal Thayer sublinha a respeito da educação “que grande parte da confusão que ainda existe no estudo e na compreensão da comunicação decorre da nossa desatenção para o plano de análise que está a ser empregue”. A articulação entre os contextos educativos e comunicativos permite diferenciar, genericamente, dois grandes modos de comunicação educativa: a formal e a informal. Esta diferenciação é estabelecida em torno da ligação dos interlocutores no espaço e no tempo e pelo grau de formalidade pedagógica da recepção e uso dos factos educativos. A dimensão espacial coloca a questão da realização da comunicação com ou sem a presença física dos interlocutores. A dimensão temporal coloca a questão se os interlocutores realizam a comunicação no mesmo momento ou em tempo diferente.
  • 7. A comunicação educativa formal corresponde à concentração num espaço e num tempo determinado. Aplica-se sobretudo à primeira situação comunicativa. Materializa-se numa instituição (escola) com o professor a assumir-se como principal fonte de conhecimentos, transmitindo o seu saber a um conjunto de alunos (receptores), condicionado por regras materiais, por possibilidades maiores ou menores de estabelecer a reciprocidade e por princípios de optimização do rendimento. A comunicação educativa informal pelo contrário, caracteriza-se pela inexistência, em princípio, dum ponto definido no espaço ou no tempo. A comunicação passa sobretudo pela experiência vital dos interlocutores, renovada pelo encontro com o outro em condições e formas variadas , desde a simples conversa aos meios de comunicação social.
  • 8. Perspectiva da educação como um processo comunicativo Citando Rodriguez Diéguez a educação não pode entender-se sem a consideração prévia dos processos de comunicação. Blanco complementa que a realização pessoal apenas acontece quando a comunicação se desenvolve com todas as suas potencialidades, quando o aluno realiza o encontro com o conhecimento. Esclarece que o encontro entre o aluno e o conhecimento assume cada vez mais uma expressão mediatizada, assumindo os média uma função essencial, na medida em que tendem a representar da melhor forma possível o acesso ao conhecimento.
  • 9. Cont. Para Dias a atribuição, pelo aluno, de significação à mensagem comunicativa é condicionada pelo modelo de comunicação. Reforça a ideia da aprendizagem como uma actividade individual de atribuição de significação ao “conhecimento público”, e cuja formação e desenvolvimento é modelada pelas estratégias de interacção no diálogo aluno/cenário, as quais se apresentam associadas ao ambiente de comunicação.
  • 10. Cont. Rocha Trindade afirma que uma das maneiras de encarar o acto de ensino-aprendizagem consiste em considera-lo como um processo comunicacional. Estabelecendo um forte vínculo entre a enculturação (integração de experiencias resultantes da interacção social),e a educação considera como “o exercício da influência que a sociedade exerce sobre cada um de nós. Trindade ainda considera que é necessário garantir que cada pessoa tenha ”acesso oportuno a conhecimentos e experiencias organizados, estruturados, capaz de motivar o conhecimento intelectual, motor e afectivo”.
  • 11. Cont. Assim o autor apela a “comunicação inteligente “entre os actores do processo de ensino aprendizagem tendo em vista não só a recepção da informação, mas também a sua compreensão e assimilação. Moderno destaca a ideia de compreensão no fenómeno comunicativo. Comunicar significa “por em comum”, implicando que” transmissor e receptor estejam dentro da mesma linguagem, caso contrario não se entenderão e não haverá compreensão. Para este autor o grão de interacção entre professor-saber-aluno determina as diferentes formas e técnicas de comunicação.
  • 12. Cont. Rodriguéz Diéguez apresenta as operações que efectuam-se num processo informativo, sendo estes, delimitação de conteúdos, codificação, descodificação e recepção, as quais facilitara aos docentes na planificação, realização e avaliação. Ainda esse autor defende que ensinar é sempre comunicar, mas nem sempre a comunicação é ensinar.
  • 13. Sarramona também concebe a educação como sistema de comunicação, em que comunicar resulta em transmitir um conteúdo informativo, traz implícito o desejo de influir, a ideia de mudança, daí surge o elo de ligação, visto que a educação propõe a incorporação de conhecimentos no educando. Titone, autor indiano, admite que o professor e os alunos jogam em alternativa os papéis de emissor e de receptor, compartilhando umas certas equivalências entre códigos e mensagens.
  • 14. Cont. Sarramona também concebe a educação como sistema de comunicação, em que comunicar resulta em transmitir um conteúdo informativo, traz implícito o desejo de influir, a ideia de mudança, daí surge o elo de ligação, visto que a educação propõe a incorporação de conhecimentos no educando. Titone, autor indiano, admite que o professor e os alunos jogam em alternativa os papéis de emissor e de receptor, compartilhando umas certas equivalências entre códigos e mensagens.
  • 15. Cont. Titone, ainda amplia o marco de análise da comunicação didáctica, em que situa o processo de comunicação dentro de um contexto, a escola é um espaço aberto a comunidade, revela a importância das codificações e descodificações, reforçando deste modo o papel de feedback, onde o emissor converte-se em receptor e este em emissor e, desta forma, ambos se afectam interactivamente e mutuamente.
  • 16. Cont. Para Rodriguz Illera o que esta em jogo na relação educativa, é sempre muito mais que uma simples transmissão de conteúdos, pois o currículo traduz uma construção da realidade, quer quanto a sua elaboração, pois constitui uma selecção da cultura, aquela que se considera que deve ser transmitida, quer também como objecto da teoria, como tema de reflexão.
  • 17. 2.3 - Dimensões da comunicação didáctica Evidenciam-se três dimensões com particular interesse e utilidade para a comunicação didáctica: 1- Informação 2- Interacção 3- Influência
  • 18. 2.3.1 – Intercâmbio de Informação Segundo Thaver (1979) e Salomon (1981) o sentido mais usual de informação refere-se tudo o que um sujeito conta, diz, expressa, etc. a outro. Este tudo o que é um conjunto de dados, indicações, noticias, conhecimentos, etc. Em tal sentido “a informação é o conteúdo da mensagem”. A informação adquire matrizes especiais que condicionam o sentido da comunicação: a) Teoria da informação: definem informação em termos de incerteza, ou seja, nem tudo o que um sujeito conta a outro é informativo. É necessário que resulte em novidade para o sujeito que é informado.
  • 19. A nível teórico, a informação consiste não tanto no processo de transmissão do saber quanto na quantidade do incremento do dito saber. Estado A (prévio à recepção da mensagem) I II I- amplitude do saber presente II-amplitude do saber que falta (esfera de incerteza) Estado B (posterior à recepção da mensagem) I I a II I-amplitude do saber presente I a-amplitude do incremento do saber (quantidade do não saber eliminado) = Informação II-amplitude do não saber-que ainda falta
  • 20. b) O aspecto básico do intercâmbio comunicacional é dado pelo facto de os interlocutores actuarem sobre significados. As características pessoais dos comunicantes, os seus modos de percepção, os seus estilos de processamento da informação, as suas formas expressivas preferenciais, etc. têm um papel importante no processo da comunicação. Então a comunicação é informação e a sua principal componente é a mensagem. A aplicação da dimensão informativa á comunicação didáctica introduz-nos no tema dos conteúdos em todas as suas vertentes, tanto curriculares, como do desenvolvimento do conteúdo concreto na classe-aula.
  • 21. Abrange uma reflexão sobre os aspectos seguintes: - Que informação se deve transmitir? (centrada nas disciplinas? nos interesses dos alunos? na mudança social?) - Em que quantidades? - Como se devem seleccionar os conteúdos? - Como se deve sequencializar a novidade dos novos dados ou actividades a trabalhar na turma? - Como tratar a informação a transmitir de maneira que se facilite a descodificação por parte dos alunos? - Como se melhora a compreensão e se prolonga a duração dos seus efeitos?
  • 22. 2.3.2- Processo de interacção A comunicação tem um aspecto de conteúdo e um aspecto de relação, que o segundo classifica o primeiro. Pode discutir-se se é mais importante, em termos de uma comunicação eficaz, o conteúdo da comunicação ou o seu sentido interactivo. Significado etimológico de comunicar: - Vem do latim communicare (“tornar comum”) - Scharamm (1960:3) atribui o seguinte sentido: “ quando comunicamos estamos a tratar de estabelecer uma “comunidade com alguém”: tratamos de compartilhar uma informação, uma ideia ou uma atitude.”
  • 23. A interacção adquire matrizes especiais que condicionam o sentido da comunicação: a) A comunicação não se limita às simples trocas verbais, mas alarga-se a uma concepção de “linguagem total”; b) Torna-se necessário que os símbolos utilizados possuam um significado compartilhado pelos indivíduos na sociedade; c) Há um desvio da comunicação como transmissão da informação para a elaboração e partilha de significações; d) A perspectiva psicossociológica permite precisar a noção de contexto, designando ao mesmo tempo factos de linguagem e factos sociais. A capacidade de comunicar é a condição sine qua non da comunicação bem sucedida, como refere Watazlawick (1973[1967]:49).
  • 24. 2.3.2- Processo de Influência Para que se dê a comunicação não basta que exista emissão de informação, é necessário que esta informação chegue ao seu destino e provoque neste uma reacção que o implique no processo de intercâmbio. --- A comunicação resulta em mudança. --- A influência exercida através do processo comunicacional pode ser analisado à dois níveis: 1- Impacto pela natureza do processo comunicacional; 2- Impacto pela intenção de influenciar.
  • 25. Em primeiro lugar, uma vez iniciado o intercâmbio comunicativo, a acção de cada um dos comunicantes está relacionada com a do outro, vai respondendo a ela e vai adequando o intercâmbio à dinâmica que se gera nas sucessivas intervenções. A aplicação da noção de contingência e de pontuação à teoria comunicacional permite o tratamento estatístico das mensagens. Contudo, a sua abordagem tem produzido alguns desenvolvimentos teórico-práticos sobre o modo de apresentar a mensagem para se obterem os efeitos desejáveis. Uma das mais conhecidas foi apresentada por Scharamm (1960:19), denominada “fracção de selecção”, também chamado de “função de decisão” por Berlo (1985[1960]:100), sustentando que do ponto de vista do receptor a escolha de uma mensagem é definida da seguinte forma: Fracção de Selecção= Recompensa esperada/Esforço requerido
  • 26. Em segundo lugar, a influencia da comunicação deriva não do processo em si, mas da intenção de influenciar. Esta intenção pode estar expressamente indicada ou não, isto é, pode pertencer ao nível manifesto ou latente das mensagens, podendo ir mais além da “intenção consciente”, pois, os processos mentais implícitos são quase totalmente inconscientes. Toda a comunicação está ligada a ideia de induzir mudanças. No campo educativo, a variabilidade de grau da intenção de influir depende da formalidade dos conteúdos educacionais, cabendo distinguir entre os contextos formais, os não formais e os informais. A comunicação didáctica incorpora uma dupla componente: a que deriva do contexto normativo e a do contexto operacional da acção dos interlocutores, abandonando a visão tradicional do processo ensino-aprendizagem unidireccional. O aluno passa então entendido como sujeito e como parte activa do processo didáctico, em que ele pode activamente emitir as suas ideias, desejos e necessidades, influenciando assim, também o comportamento do professor. A adaptação contingente dos actuantes ( professor e alunos) entre si e com respeito as suas mensagens indica que a uma melhoria da comunicação didáctica, pois, estes afectam-se mutuamente.
  • 27. Implicações dos esquemas de comunicação na educação Esquemas Lineares / Informativos Cibernéticos Culturológicos Psicológicos
  • 28. - Esquemas Lineares / Informativos Lasswell, Shannon, Weaver e Schramm, investigadores norte-americanos, são os autores mais representativos desta corrente ao apresentarem a comunicação como a transmissão entre dois pólos, dissociando as funções do emissor e do receptor. Lasswell é considerado como um dos primeiros investigadores a interessar-se pela comunicação enquanto processo. O autor considera que uma forma adequada para se descrever um acto de comunicação consiste em responder as questões seguintes: “Quem? Diz o quê? Através de que meio? A quem? Com que efeito?”, cuja valorização deu origem deu origem a um esquema.
  • 29. Passível de ser aplicado a diversos níveis de comunicação, este esquema baseia-se em três premissas consistentes: - É um processo assimétrico, com um emissor activo que produz o estímulo para um público (receptores) passivo; - É um processo comunicativo intensional, tendo por objectivo obter um determinado efeito observável e susceptível a ser avaliado; - É um processo em que os papéis do emissor e do receptor surgem isolados, independentemente das relações sociais, culturais e situacionais em que se realiza o acto comunicativo.
  • 30. Outros dois investigadores norte-americanos, Shannon e Weaver, denotando preocupações técnico-científicas, apresentaram uma teoria de comunicação intitulada “Teoria Matemática da Comunicação”, tendo como objectivo medir a quantidade de informação contida numa mensagem e a capacidade de informação de um dado canal, quer a comunicação se efectue entre duas máquinas, dois seres humanos ou entre uma máquina e um ser humano. O esquema proposto pelos autores é o seguinte:
  • 31. A fonte é vista como detentora do poder de decisão, isto é, decide qual a mensagem a enviar. Esta mensagem seleccionada é depois transformada pelo transmissor num sinal, que é enviado ao receptor através do canal. O ruído é algo que é acrescentado ao sinal, entre a sua transmissão e a sua recepção e que não é pretendido pela fonte. Outro importante contributo explorado por estes teóricos da informação foi a tentativa de medir o conteúdo ou novidade informativa.
  • 32. Desta Teoria informacional emergem ainda dois importantes conceitos: a entropia e a redundância. A entropia define-se como a medida do grau de desordem de um dado sistema de comunicação, a falta de previsibilidade numa situação, resultando em incerteza. A redundância é o oposto da entropia, resulta de uma previsibilidade elevada. Assim, pode dizer-se que uma mensagem de baixa previsibilidade é entrópica e com muita informação, e inversamente uma mensagem de elevada previsibilidade é redundante e com pouca informação.
  • 33. Wilbur Schramm é um dos mais persistentes autores do fenômeno comunicativo, de tal modo que se torna restritivo situá-lo apenas numa única corrente. Ele redimensiona os esquemas lineares ao introduzir dois novos aspectos: a necessidade de um campo experiência comum entre os participantes no acto comunicativo e a influência exercida mutuamente entre os participantes através da retroação (feed-back). O campo experiencial (vivência, objectivos pessoais, etc.) dos participantes no acto comunicativo é um dos elementos determinantes da descodificação dos sinais que veiculam a informação conteúdal. Se os indivíduos compartilham uma ampla soma de esperiências vivenciais, a área de sobreposição dos sinais será grande, pelo que a comunicação está facilitada. Caso contrário, a circulação da mensagem é muito difícil. A condição fundamental para uma comunicação, como também assinala Moles (1988:29) é a coincidência dos repertórios.
  • 34. Esquemas Cibernéticos O campo da cibernética foi desenvolvido pioneiramente pelo matemático Norbert Wiener, considerando-a como uma área interdisciplinar “que abrange todo o campo da teoria do controle da comunicação, na máquina ou no animal”. Os conceitos de controle, regulação e feed-back da cibernética relacionam-se intrinsecamente com a própria essência da teoria geral dos sistemas, fornecendo uma explicação concreta para as qualidades do sistema como totalidade, interdependência, auto-regulação e intercâmbio com o meio ambiente. No entanto o investigador canadiano Jean Cloutier (1975) pode ser apresentado como o autor mais representativo desta corrente comunicativa. Sua obra intitulada “A Era do EMEREC” indica-nos que o “homo-communicans” situa-se alternadamente em cada um dos pólos da comunicação e, até mesmo, e, ambos os pólos simultaneamente. O processo da comunicação não é linear, mas concêntrico, sendo o feed-back não um elemento acrescentado e supérfulo, mas inerente ao ciclo da informação.
  • 35. Na linha de valorização dos esquemas cibernéticos, Mucchieli (1990:47) considera que o elemento feed-back é o factor que distingue informar de comunicar: procurar o feed-back, afirna o autor, “é procurar a relação, é considerar o receptor como uma realidade autônomo, é estabelecer uma comunicação”. Desenha-se deste modo um novo papel para o professor que, como esclarece Moderno (1992:35), “deixa de ser o sábio emissor que transmite a sua ciência aos alunos, por sua vez receptores quase passivos. Ambos os professores e alunos, andam á descoberta do saber, desempenhando papéis diferentes”.
  • 36. Esquemas Culturológicos Os investigadores Franceses Edgar Morin, Pierre Shaeffer e Abraham Moles são os autores mais representativos dos esquemas culturais da comunicação. A obra de Morin (1962) “L’ espirit du temps”, é considerada o marco inaugurador desta corrente. O bjectivo deste autor consistiu na elaboração de uma sociologia da cultura contemporânea, através de uma fenomenologia sistemática apontada numa pesquisa empírica, abandonando os falsos dilemas (sobre as qualidades ou carências da cultura de massa que são objecto de tratamento pela sociologia tradicional.
  • 37. A cultura de massa forma um sistema de cultura, constituindo-se como um conjunto de símbolos, mitos e imagens que dizem respeito quer à vida prática quer ao imaginário. Embora não sendo o único sistema cultural das sociedades contemporâneas, porque as sociedades modernas são realidades policulturais, a cultura de massa faz-se incluir, controlar, censurar, e ao mesmo tempo, tende corromper, a desagregar as outras culturas.
  • 38. Estabelece-se uma contradição entre as estruturas burocratizadoras-estandardizadas da produção e as exigências, radicalmente contrárias, criadas pelo consumo cultural que reclamam um produto de carácter original, individualizado e inovador. A mediação entre estes opostos reside na própria estrutura do imaginário: os modelos-padrões e as formas arquéticas do imaginário, como os temas míticos e as personagens-tipo que constituem a estrutura interna que a indústria cultural utilliza.
  • 39. Face ao complexo fenómeno da comunicação e dos meios de comunicação de massa, ao diálogo desigual entre produção e o consumo, como refere Morin, no qual o espectador responde apenas com reacções ou utópicas como refere Moles, a Educação para a comunicação deveria prosseguir três objectos fundamentas: desmassificar, criar um espírito crítico e potenciar a capacidade comunicativa. Por desmassificar entende-se tornar conscientes todos os aspectos integrantes da mensagem, personalizados a comunicação. Aspectos que passa pela descoberta dos conteúdos não explícitos, pela diferenciação da ficção da realidade e pela penetração das possíveis intenções do comunicador.
  • 40. A criação de um espírito critico esta relacionado com o objectivo anterior, passando pela potenciação da capacidade de reacção e de reflexão face aos valores e argumentos impostos pelos meios de comunicação de massa. Por potenciar a capacidade comunicativa entende-se o domínio de outras linguagens, para além da verbal, no qual hoje se entende por alfabetização visual, audiovisual, e informacional, ou seja, como um objecto que leva ao estudo dos símbolos, suportes de informação, meios de informação e sua incidência no comportamento humano
  • 41. 5.4- Esquemas psicológicos Os esquemas psicológicos da comunicação interessam-se em analisar os mecanismos da interacção humana. Os investigadores desta corrente dão especial relevo aos níveis de comunicação intrapessoal – afectação ocorrida ao próprio individuo, interpessoal – afectação mútua entre individuo e o grupal . a -Nível intrapessoal Thayer , rejeita por um lado, de forma categórica, os esquemas lineares da comunicação porque ignoram a natureza da interacção e , por outro lado, salienta o nível interpessoal. Para thayer a comunicação interpessoal não e um simples intercambio entre dois indivíduos, pois cada um deles aborda a interacção com os seus processos separados.
  • 42. A comunicação e um processo continuo, sempre em movimento, determinado pelas aptidões de um individuo para levar em conta, em que tudo faz diferença no modo de o receptor interpretar a mensagem - o status, a posição, a credibilidade e a reputação do emissor – as experiencias passadas tanto do emissor como receptor – as consequências esperadas, o tipo de meio utilizado – a quem foi dirigida ou não a mensagem, o modo da sua apresentação da mensagem, bem como as circunstancias em que ocorre a comunicação.
  • 43. b- Nível interpessoal os autores Watzlawick, Beaven e Jackson apresentam cinco axiomas da comunicação humana: 1º- Não se pode não comunicar. 2º - Toda a comunicação tem um aspecto de conteúdo e um aspecto de relação, de tal modo que o segundo clássica a primeira e é , portanto, uma meta comunicação. 3º- A natureza de uma relação esta na contingência da pontuação das sequências comunicativas entre os comunicantes. 4º- Os seres humanos comunicam digital e analogamente. A linguagem digital tem uma sintaxe lógico sumamente complexa e poderosa, mas carente de adequada semântica, ao passo que a linguagem analógica possui a semântica, mas não tem sintaxe adequada para a definição não – ambígua da natureza das relações. 5º- Todas as permutas comunicacionais ou são simétricas ou complementares, segundo se baseiam na igualdade ou na diferença.
  • 44. O primeiro axioma assinala que todo o comportamento emitido num contexto comunicativo constitui, por si mesmo, uma mensagem. O segundo axioma assinala que qualquer comunicação transmite não só uma determinada informação, mas também pretende impor comportamentos, operações que ficaram conhecidas por relato e por ordem. O terceiro axioma faz referencia á configuração que cada interlocutor toma perante uma sequencia comunicativa.
  • 45. O quarto axioma faz referencia a comunicação educativa que reside na tomada de consciência pelo professor da circularidade e do efeito que o seu comportamento exerce sobre os alunos. Finalmente o quinto axioma, assinala a existência de dois níveis nas permutas comunicativas – simétricos ou complementares. O nível complementar e o facto de um participante ocupar uma posição superior e o outro a inferior, enquanto que o simétrico ambos os participantes estão no mesmo plano.
  • 46. c- Nível grupal O grupo-turma aparece apresentado na generalidade da literatura pedagógica como um grupo restrito e formal. Restrito, porque é composto por número limitado de membros - não deveria ultrapassar os vinte e cinco alunos – de modo a que um possa ter percepção directa do outro e ser por eles percebidos para que torne possível o estabelecimento de contínuas inter-relações. Formais, porque estão sujeitos a normas de trabalhos, locais de actuação e horário, havendo ainda uma pré-determinação de objectivos, tarefas e actividades que determinam a sua estrutura.
  • 47. As investigações de Leavit -1965- conduziram duas conclusões importantes : - Os indivíduos estão mais satisfeito quando fazem parte dos grupos, cuja rede de comunicação, como o circulo, não atribui a qualquer individuo um papel central, ou seja, quando não há diferenciação de papeis , - Os grupos são mais eficazes quando se constituem em redes centralizadas, como a estrela, onde a organização é mais estável e se diferencia um papel central,
  • 48. 6. Critérios para uma comunicação educativa eficaz 1- Eficácia entendida em termos de consecução de bons resultados, ou de ineremento dos resultados 2- Eficácia entendida em termos de correcta utilização de técnicas comunicativas adequadas, 3- Eficácia entendida em termos de adequação a outra pessoa com quem se comunica, 4- Eficácia entendida em termos de funcionalidade da totalidade do sistema comunicacional e não de um ou vários dos elementos individuais.
  • 49. O primeiro critério refere-se á consecução de bons resultados na comunicação educativa. Só por si, este critério é restritivo e peca por excessivo pragmatismo. Isto e apenas nos informa sobre os resultados, mas nada nos diz sobre o conhecimento e funcionamento do processo. O segundo critério implica uma profundo conhecimento do processo comunicativo em termos de uma escolha adequada e funcional de técnica a que sejam congruentes com suas finalidades da comunicação educativa. Implica, por exemplo, um conhecimento das técnicas de dialogo, de funcionamento das redes de comunicação, do uso de diversas linguagens.
  • 50. O terceiro critério reflecte o grande desafio da comunicação educativa, conseguir relações interpessoais e intercâmbios informativos entre sujeitos muito diferentes entre si. Implica que o professor ajuste o seu repertório, mais vasto de saberes e experiencias ao dos alunos, tomando-o como ponto de partida para o ampliar. O quarto critério vem na sequência da capacidade de adequação referida atrás. Porem, neste caso, não deve apenas atender-se as características pessoais dos comunicantes, mais também ás condições do contexto em que se desenvolve o processo.