Este documento descreve a sustentabilidade do ambiente urbano na região litoral norte de Portugal, incluindo as cidades de Vila do Conde, Póvoa de Varzim e Esposende. Primeiro, define conceitos-chave como desenvolvimento sustentável e sustentabilidade urbana. Em seguida, caracteriza as três cidades e a economia regional, que depende significativamente do turismo e da praia. Finalmente, discute a importância histórica e social da praia, que evoluiu de um espaço natural para um local de distinção social.
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
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1. “Da Penha Vê-se o Mar”
Sustentabilidade do Ambiente Urbano no Litoral Norte
Trabalho realizado por: Inês Ceia nº6
Paulo Freitas nº19
Rui Sarmento nº22
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Índice
Introdução..................................................................................................................................... 3
Conceitos....................................................................................................................................... 4
Desenvolvimento Sustentável................................................................................................... 4
Sustentabilidade Urbana........................................................................................................... 4
Área Europeia Sustentável........................................................................................................ 5
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO...................................................................................... 7
Vila do Conde ............................................................................................................................ 7
Póvoa de Varzim........................................................................................................................ 8
Esposende ................................................................................................................................. 9
Clima........................................................................................................................................ 10
Relevo e Hidrografia................................................................................................................ 10
Caracterização económica (setores de atividade) .................................................................. 10
Importância da Praia/Mar........................................................................................................... 12
Conclusão.................................................................................................................................... 16
Webgrafia.................................................................................................................................... 17
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Introdução
O trabalho insere-se no projeto “Da penha Vê-se o Mar”, que pretende incentivar a
uma maior intervenção relativamente ao meio ambiente, por parte dos jovens. Tenta
dar uma nova visão sobre assuntos diversos, entre os quais políticos, ambientais,
económicos e sociais. Neste trabalho procuramos, ao mesmo tempo, explorar a história
da praia e o seu papel na sociedade ao longo do tempo.
Figura 1. Montanha da Penha. Há quem diga que do seu topo é possível, com boas condições
meteorológicas, ver o mar.
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Conceitos
Desenvolvimento Sustentável
Desenvolvimento sustentável pode definir-se como um modelo de desenvolvimento
global que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, ou seja,
possibilitar que a sociedade, agora e no futuro, atinja um nível satisfatório de
desenvolvimento social e económico e de realização humana e cultural, usando, ao
mesmo tempo, os recursos disponíveis de maneira responsável e preservando as
espécies e os habitats naturais.
Procura conciliar o desenvolvimento económico com a preservação e manutenção
dos diversos recursos naturais. Não se limita só à preservação destes recursos,
preocupando-se também com a diminuição da fome e pobreza e promover valores de
equidade económica e justiça social. Contudo, considerando o âmbito deste trabalho,
não nos focaremos nesta última vertente. O conceito foi pela primeira vez usado em
1987 num estudo realizado pela ONU.
Sustentabilidade Urbana
É um termo associado a um conjunto de ações que visam preservar continuamente
o meio ambiente. Por exemplo, apesar da construção em áreas urbanizadas levar à
desflorestação, o que pode causar diversos problemas à natureza, há medidas que
minimizam os efeitos deste fenómeno, nomeadamente através da consciencialização da
população e grandes empresas.
A despreocupação por esta sustentabilidade acaba por equivaler à despreocupação
com o futuro e preservação do planeta.
Como mudanças profundas repentinas não são possíveis, pretende-se sensibilizar a
sociedade para que haja efeitos a longo prazo, de maneira a evoluir-se para um estilo
de vida benéfico para todos.
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Área Europeia Sustentável
O Barómetro da Sustentabilidade Urbana constitui o instrumento da Estratégia
Cidades Sustentáveis 2020 que deve permitir um quadro de comparação temática entre
cidades no âmbito do desenvolvimento urbano sustentável e:
Informar os cidadãos, especialistas e decisores políticos acerca do perfil e do
desempenho integrado em matéria de sustentabilidade de cada uma das cidades
e sub-regiões classificadas;
Destacar boas práticas e potenciais casos de estudo mediante a identificação de
evoluções e tendências positivas relevantes de cidades ou grupos de cidades em
domínios específicos da sustentabilidade;
Compreender quais os pontos de pressão críticos em matéria de sustentabilidade
que afetam diferenciadamente as distintas cidades e sub‑regiões portuguesas;
Acolher a participação ativa dos cidadãos de forma sistemática e representativa,
das suas opiniões e sensibilidades em aspetos relacionados com a qualidade de
vida nas suas cidades;
Avaliar o impacto nas cidades e áreas metropolitanas das ações integradas de
desenvolvimento urbano sustentável no quadro do Portugal 2020.
Figura 2. Retrato utilizado em propaganda relativa à sustentabilidade urbana
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Com vista à identificação e construção dos indicadores base do Barómetro, a Direção-
Geral do Território associou-se ao Instituto Português da Qualidade na promoção da
adoção nacional da ISO 37120:2014.
Para além da DGT, participam na Comissão Técnica um conjunto de entidades
representativas dos sectores da administração pública e da sociedade civil com interesse
investido no desenvolvimento urbano e na sustentabilidade das cidades.
Garantir a total transparência na atribuição dos Fundos da União Europeia envolve a
partilha com todos os cidadãos da informação relativa aos projetos apoiados. A Lista de
Operações aprovadas, pesquisável e disponível para download, dá resposta a este
objetivo, permitindo o acesso de toda a sociedade à forma como os recursos financeiros
da União são investidos.
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CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO
Vila do Conde
Vila do Conde
Área: 149.0 km2
População: 79,533 (28,636 na cidade de Vila do Conde)
Densidade populacional: 533,2/km2
NUTS I: Continente
NUTS II: Norte
NUTS III: Área Metropolitana do Porto
Distrito: Porto
Edifícios: 22,895
Freguesias: 21
Jovens: 15%
População em idade ativa: 68,2%
Idosos: 16,8%
N.º de idosos por cada 100 jovens: 112
Figura 3. Vista da cidade de Vila do Conde
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Póvoa de Varzim
Póvoa de Varzim
Área: 82.2 km2
População: 62 615 (40 053 na cidade de Póvoa de Varzim)
Densidade populacional: 761,6/km2
NUTSI: Continente
NUTSII: Norte
NUTSIII: Área Metropolitana do Porto
Distrito: Porto
Edifícios: 17.060
Freguesias: 7
Jovens: 15,3%
População em idade ativa: 68,3%
Idosos: 16,4%
N.º de idosos por cada 100 jovens: 107
Figura 4. Vista da cidade de Póvoa de Varzim
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Esposende
Clima
Esposende
Área: 95.4 km2
População: 34 083 (11 000 na cidade de Esposende)
Densidade populacional: 357,2/km2
NUTSI: Continente
NUTSII: Norte
NUTSIII: Cávado
Distrito: Braga
Edifícios: 15,089
Freguesias: 9
Jovens: 15,4%
População em idade ativa: 69%
Idosos: 15,7%
N.º de idosos por cada 100 jovens: 102
Figura 5. Vista da cidade de Esposende
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Clima
O clima da área em estudo é temperado mediterrâneo com influência marítima,
inserindo-se na categoria litoral oeste e fachada atlântica. Tanto os invernos como os
verões são moderados, sendo aqueles amenos, com nebulosidade e precipitação
persistente e elevada, e estes frescos. Os ventos marítimos vêm carregados de
humidade.
Relevo e Hidrografia
A área em estudo encontra-se a menos de 400m de altitude, situando-se, portanto,
numa planície litoral. É, então, uma área de baixa altitude. Pertence ao Maciço
Antigo/Hercínio, predominando os granitos na região. Relativamente à hidrografia, a
região de Vila de Conde e Póvoa de Varzim pertencem à bacia hidrográfica do rio Ave,
já Esposende encontra-se na do rio Cávado.
Caracterização económica (setores de atividade)
Em Vila do Conde, ao contrário de outras regiões, o setor primário tem um papel
consideravelmente importante na economia regional. A atividade agrícola regional é
tida como referência nacional pela sua inovação (Teixeira do Batel, a maior exploração
agrícola europeia com equipamento de ordenha robotizado) e número de explorações
agrícolas. A pesca tem igualmente um enorme significado tanto histórico como
económico para a região, especialmente na comunidade das Caxinas e Poça da Barca.
Este setor emprega 24,4% da população empregada no NUCPB, enquanto que o
secundário emprega 24,2%. O setor do comércio e serviços emprega 51,4% da
população.
Apesar de se ter começado a apostar no setor primário, a área da Póvoa de Varzim
continua a ter uma fraca percentagem de população empregada no setores primário
(5,4%), continuando a dominar o terciário (63,4%). O comércio e o turismo,
nomeadamente durante a época balnear, são as atividades que mais lucro trazem à
região. O setor secundário emprega 31.2% da população empregada.
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Já em Esposende, domina também o setor secundário, que conta com 52,9% da
população empregada. No entanto, há uma certa concentração nas áreas do comércio,
turismo e serviços e o setor terciário emprega 39% desta mesma população.
Finalmente, o setor primário conta com, aproximadamente, 8,2% da população
empregada da região em questão.
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Importância da Praia/Mar
De acordo com o nosso estudo da publicação “A Construção Social da Praia”, de
Helena Cristina Ferreira Machado (1996), o nosso senso comum tem a tendência para
classificar a praia como um “espaço da natureza” quando, de facto, “ao espaço da praia
é atribuído um estatuto intermédio e híbrido entre a natureza e a cultura” (p. 21). Será,
então, importante lembrar que foi através dos últimos cento e cinquenta anos de
exploração deste espaço que foi possível assistir-se a esta transformação de apenas um
“espaço natural” para um espaço que assume “um papel dinâmico e participativo na
constituição dos factos sociais” (p. 18) e que se foi desenvolvendo ao mesmo tempo que
o “quadro geral das mentalidades, das sensações corporais, de crescentes necessidades
de procura e ruptura com os comportamentos de um mundo progressivamente mais
mecanizado, economista e industrializado.” (p. 22).
O surgimento da praia como espaço social terá sido em finais do século XVIII e mostra
como as elites culturais, desde o início da modernidade, sentiam a necessidade de usar
a natureza para manifestações de poder e distinção social. Com o seu papel social cada
vez mais ameaçado com a ascensão da burguesia e pelo sistema de estratificação social
que foi introduzido pelo capitalismo, as elites culturais europeias procuravam novas
estratégias de demonstrarem a sua posição social dominante, daí a sua ocupação do
espaço da praia.
Ora, a imagem da praia e do mar até à segunda metade do século XVIII era marcada
pela “interpretação bíblica do oceano primordial, caótico, abissal, incompreensível e
instrumento de punição” (p 35) e que inspirava “sentimentos de horror, impotência e
incompreensão perante um elemento natural infinitamente grande” (p. 35). A partir do
momento em que a duquesa de Berry “inaugura” a praia de Dieppe, em 1864, a praia e
o mar perdem o seu caráter intocável e inacessível e transformam-se num instrumento
das elites culturais para enfatizar a sua “ostentação de poder social alternativa à
propriedade.” (p. 37)
Deste fenómeno, esta nova prática de frequentar a praia vai adotar o caráter de
prática de distinção social e as “estações balneares ganham importância a partir do
momento em que começam a ser frequentadas por membros das esferas elevadas da
aristocracia.” (p. 43), que decidem o hábito do ciclo da “praia em moda”. “Determinada
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praia é tida como o lugar ‘a frequentar’ enquanto as elites sociais permanecem. A partir
do momento em que a aristocracia, por razões mais ou menos impercetíveis, canaliza a
sua preferência para outra praia, a anterior perde o estatuto que lhe havia sido
conferido pelas elites.” (p. 44)
Contudo, o papel da praia vai-se alterando ao longo das décadas e com a sua
crescente popularidade, vai ser possível a vários grupos de diferentes estratos sociais
frequentarem o espaço da praia na mesma altura do ano, a do verão, a mais propícia ao
seu aproveitamento, fazendo com que “as estratégias de distinção” das elites culturais
sejam “cada vez mais elaboradas (…)” (p.50)
Na obra em causa, a autora apresenta um texto do início da década de trinta do
século passado, referindo-se à praia da Figueira da Foz – mas cujo conteúdo também
será aplicável às praias das áreas em estudo (Póvoa de Varzim, Esposende, Vila do
Conde) – que apresenta “muito claramente esta forma de distinção entre o
comportamento das camadas sociais desfavorecidas e o das elites sociais.” (p. 50)
Assim, “em contraposição com o “banho chic e aristocrático tomado ao meio dia” no
qual participam “senhoras em tenue de banho e rapazes em maillot”, o chamado “banho
de mar dos pobres”, designação que inclui o grupo dos camponeses, é o banho praticado
de madrugada. Nesta prática estão ausentes alguns dos mais importantes objetos
utilizados nos rituais de interação com a praia e com o mar desenvolvidos pelas elites:
as barracas e o fato de banho. Os grupos sociais mais desfavorecidos despem-se junto
dos rochedos do forte de Santa Catarina e tomam banho com a mesma roupa que
utilizam no quotidiano.” (p 50)
A autora da publicação aproveita, também, para comparar os costumes da época em
questão com a “atualidade” – a da escrita do livro, que é a da década de noventa do
século passado –, mencionando a “crescente divulgação junto das camadas sociais
provenientes do meio rural da prática de passar o fim-de-semana na praia ou de realizar
excursões ao Domingo à beira-mar” (p. 50). Recorda-se de um exemplo específico
passado na Figueira da Foz num domingo de Agosto em que reparou que os
camponeses, após saírem da camioneta ou automóvel que os transportou, se dirigiam
diretamente para a praia e aí ficavam o dia inteiro, até à hora de partida. Esta
participação dos camponeses nesta prática é considerada, então, pelos indivíduos da
cidade como uma “participação incompleta”, já que para “as classes urbanas (…), o “ir à
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praia” implica também frequentar os espaços públicos mais próximos, tais como cafés
ou restaurantes. (p. 51)
“Por razões económicas ou por não terem o capital cultural que fornece os padrões
de comportamento em espaços públicos tipicamente urbanos, os cafés e restaurantes
situados nas imediações de praia são percecionados como lugares ‘que não são para
eles’.” (p. 51), “Quando muito, fazem uma refeição nos passeios próximos da praia
sentados no chão ou em cadeiras que, tal como a comida, trouxeram de casa.” (p. 52)
Voltámos, assim, ao início da história da praia para explicar “o desejo de permanecer
em espaços abertos, o prazer de contemplar a natureza e de estar ao ar livre” (p.98) que
é explicado pela autora da publicação como “um prazer socialmente aprovado pelos
esquemas cognitivos do puritanismo burguês” (p. 98). “A obtenção de prazer pela
contemplação dos elementos da natureza marítima só é consentida em espaços
próximos da praia mas, no entanto, exteriores a esta, tais como esplanadas, miradoiros
e avenidas marginais à praia. Ou seja, enquanto as modalidades de apreciação da
natureza marítima são condicionadas pela imposição da distância, surge a necessidade
de construir espaços privilegiados para esse contacto.” (p. 98)
Nasce assim a “praia lúdica” com o prazer do ar livre e do contacto com espaços
naturais que está integralmente ligada também à necessidade de “de evasão face aos
espaços funcionalizados, racionalizados, monótonos e tristes das modernas sociedades
industriais.” (p. 110) Oferece um novo sentido de revigoração e reestimulação da alma,
como fuga à vida normal aborrecida e custosa de trabalho. Torna-se um “espaço de
ócio”. “ (…) é dito ao indivíduo o que experimentar e desejar da sua estadia na praia, e
como deve manifestar em público a consideração de si próprio e um comportamento
de evasão e liberdade.” (página 110)
Portanto, enquanto a “ida à praia” do século XIX significava uma estadia de curta
duração, “com a gradual emergência da praia lúdica, a permanência é mais longa, é
socialmente permitido que o encontro e sociabilidade entre estranhos ocorra e se
manifeste intensamente, assim como atividades de ócio e diversão se desenvolvam
neste espaço.” (págs. 115,116)
É a partir dos anos vinte, do século XX, que se dá o início da moda do fato de banho
curto e se começa a valorizar o “bronzeado”, especialmente como sinal de distinção
social.
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“É legítimo afirmar que a praia do século XX se tornou eminentemente um espaço
público, na medida em que é cada vez mais um espaço onde estranhos estabelecem
entre si laços de cumplicidade e se sentem felizes por estarem juntos.” (p. 135)
Figura 6. Mapa com a localização da área em estudo
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Conclusão
Com a realização deste trabalho, passámos a compreender melhor a história da praia
e a sua evolução e papel social ao longo dos tempos. Foi-nos igualmente possível ficar a
conhecer geograficamente a área em estudo e adquirir noções mais aprofundadas
acerca do desenvolvimento sustentável, sustentabilidade urbana e cidades
sustentáveis.
Revelou-se, certamente, um trabalho muito útil para a nossa aprendizagem na
disciplina de Geografia.