Conheça Santa Catarina!
Este documento apresenta informações sobre história, geografia, cultura, economia, infraestrutura, regiões turísticas e qualidade de vida.
Recheada de fotos das paisagens catarinenses e das pessoas que aqui vivem, esta publicação convida a todos a explorar e desfrutar das riquezas do Estado.
3. Índice
Santa Terra Catarina
Todo dia é Dia de Santa Catarina
O Estado em síntese
Por que investir em Santa Catarina?
História e gente
O início da ocupação
A homenagem a Santa Catarina
A Capitania de Santa Catarina
Imigração açoriana
Caminho das tropas
A disputa pelo território
Colonização alemã
Colonização italiana
Babel catarinense
Revolução Farroupilha
A Guerra do Contestado
Santa Catarina na Era Republicana
As regiões catarinenses
Grande Florianópolis
Vale do Itajaí
Oeste
Norte
Sul
Serra
Infraestrutura
Rodovias
Ferrovias
Aeroportos
Portos
Telecomunicações
Energia
Economia
Indústria
Alimentos e bebidas
Têxteis, vestuário e calçados
Metalomecânica
Plásticos
Minerais não metálicos
Madeireira, celulose e papel
Naval
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Construção civil
Comércio e serviços
Comércio exterior
Geografia
Clima
Cuidado por inteiro
Os caprichos do relevo
Santa Catarina, planeta água
Qualidade de vida
Educação
A cultura vive em Santa Catarina
Festas e eventos
Música
Dança
Literatura
Artes plásticas
Museus e patrimônio histórico
Cinema
Teatro
Esportes
Regiões Turísticas
Caminho dos Príncipes
Costa Verde e Mar
Grande Florianópolis
Vale Europeu
Encantos do Sul
Caminho dos Cânions
Vale do Contestado
Grande Oeste
Caminhos da Fronteira
Serra Catarinense
No rumo do futuro
Bibliografia
Créditos de fotos
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4. Índice de Desenvolvimento
Humano, o IDH, que avalia
e compara uma série de refe-
rências de qualidade de vida.
Estaria à frente até mesmo de
diversos países europeus.
Soma-se a tudo isso uma
natureza privilegiada, que
deu ao nosso Estado algumas
das mais belas praias e baías
do mundo, além de dunas,
lagoas, cânions, florestas e até
a rara condição da ocorrência
de neve em um país tropical. E
essa mesma natureza nos pro-
porciona água em fartura, em
diferentes tipos de solo, propí-
Santa Terra Catarina
Entre os Estados brasileiros,
Santa Catarina é primeira,
segunda ou terceira melhor co-
locada em praticamente todas
as medições que avaliam os po-
tenciais e o nível de desenvol-
vimento: escolaridade média,
alfabetização, longevidade,
mortalidade infantil, renda
per capita, matrículas nas
universidades, acesso à inter-
net, produtividade.
Se fosse avaliada em sepa-
rado, como um país, Santa
Catarina seria o 31º mais de-
senvolvido do mundo, segundo
os inquestionáveis critérios do
P.A.
5. São Paulo é o polo industrial
do país e o Rio de Janeiro, sabe-
mos, o destino turístico do Bra-
sil mais conhecido no mundo
por suas belezas naturais. Nosso
Estado consegue ter as duas ca-
racterísticas ao mesmo tempo,
sem ficar atrás de nenhum dos
dois. Soma o empreendedoris-
mo e a capacidade de trabalho
de seu povo às belezas naturais
das praias, das serras e dos ou-
tros presentes dados aos catari-
nenses pelo Criador.
Sempre de braços e cora-
ção abertos a quem continua
chegando ainda hoje às nossas
cidades, Santa Catarina certa-
mente não seria a mesma não
fosse a gente que aqui nasceu.
Hospitaleira, aceitou e cresceu
em parceria com quem daqui
fez seu lugar para viver.
É esta Santa Catarina –
trabalhadora, diversificada,
múltipla, determinada, feliz
em seu modo de viver e firme
em sua forma de enfrentar os
obstáculos, orgulhosa dos pro-
gressos conquistados e conscien-
te das metas que almeja –, é
esta Santa Catarina que apre-
sentamos aqui.
Uma terra cheia de opor-
tunidades, com muito já rea-
lizado e muito espaço ainda
para realizações.
Sejam bem-vindos a Santa
Catarina. Homens, mulheres,
crianças, brasileiros, estran-
geiros, trabalhadores, empre-
sários, investidores. Para nós,
que aqui nascemos ou que
para cá viemos há mais tem-
po, e para você, que está vindo
agora, esta é uma terra santa.
Santa Terra Catarina!
João Raimundo Colombo
Governador do Estado de Santa Catarina
cios aos mais diversos plantios
agrícolas e a criações pecuárias.
Todas essas felizes coinci-
dências, que fizeram convergir
para um mesmo pequeno peda-
ço do Brasil algumas das mais
desejáveis riquezas que uma so-
ciedade pode almejar, fizeram
ainda muito mais por Santa
Catarina: fizeram se juntar
aqui, ao longo dos anos, por
meio de diversas levas de imi-
grantes chegados em diferen-
tes momentos históricos, uma
grande diversidade de povos
que formaram uma incrível e
inédita miscigenação humana.
Dunas entre a Lagoa da Conceição e a Praia da Joaquina, em Florianópolis
6. Todo dia
é Dia de
Santa Catarina
O nome escolhido para o Estado se originou da Ilha de
Santa Catarina – sede de sua capital, Florianópolis. Em
1526, o navegador italiano Sebastião Caboto, que esteve
no litoral Sul do Brasil a serviço da coroa espanhola,
batizou a ilha com a homenagem a Santa Catarina de
Alexandria. O tempo demonstraria que a escolha foi
apropriada, já que a história de determinação e fé da
santa tem tudo a ver com a trajetória do povo catarinense,
sempre pronto para enfrentar as dificuldades.
Além de celebrar o Dia de
Santa Catarina, 25 de Novem-
bro, esta publicação tem o ob-
jetivo de lembrar que todo dia é
dia de Santa Catarina, este lugar
único e fascinante. Um Estado
que se desenvolveu sob o prin-
cípio da descentralização, sem
uma metrópole predominante
sobre as demais. Diversas ci-
dades catarinenses cumprem o
papel de polos regionais, fazen-
do com que cada região tenha
identidade própria e contribua
fortemente para a economia ca-
tarinense. Um “jeito de ser” que
se valorizou ainda mais com o
modelo de gestão adotado pelo
governo do Estado, em que se-
cretarias regionais cuidam de
perto dos temas locais.
É com base nesse princípio,
que estimula a participação de
todos, que o Estado consegue
produzir 4% das riquezas do
Brasil, tendo apenas 3,3% da
população e 1,1% do território
nacional. São resultados obtidos
graças ao seu povo preparado e
dedicado ao trabalho, à infra-
estrutura completa – tanto no
que diz respeito ao transporte,
quanto à energia e às telecomu-
nicações –, à força da economia,
à modernidade da indústria,
à sintonia com as tendências
globais, à qualidade de vida e –
por que não? – às suas belezas
naturais, que têm deslumbrado
os visitantes através dos tempos
e atraem um número cada vez
maior de turistas ao Estado.
Santa Catarina é, acima de
tudo, uma terra construída pelo
trabalho dos diversos povos que
o destino fez se encontrarem
aqui – indígenas, europeus de
várias procedências, africanos,
asiáticos, os vizinhos da Améri-
ca, brasileiros de todos os can-
tos. Nossas origens são reveren-
ciadas pelas festas típicas, pelas
manifestações folclóricas e pela
rica herança cultural. Ao mes-
mo tempo em que valorizam o
passado, no entanto, os catari-
nenses jamais deixam de olhar
em frente, com a certeza de que
estamos cada vez mais prepara-
dos para o futuro.
7. Um passeio por Santa Catarina
(de cima para baixo, da esquerda
para a direita): pórtico de entrada
de Joinville; monumento
O Desbravador, em Chapecó;
neve no Morro da Igreja, em Urubici;
Blumenau à noite; serrano
contemplando a paisagem;
vista panorâmica de Florianópolis;
e Farol de Santa Marta, em Laguna.
Z.P.
P.A.
A.F.
Th.E.
Z.P.
S.V.
Z.P.
8. S
N
LO
Rio Grande do Sul
Oceano Atlântico
ARGENTINA
Paraná
Basecartográfica:MapaPolíticodoEstadodeSantaCatarina1997,dositesc.gov.br(GovernodoEstadodeSC).
Municípios mais populosos
África
Brasil
Oceano
Pacífico
Oceano
Atlântico
Oceano
Índico
América
do Norte
América Central
América
do Sul
Antártida
Europa
ARGENTINA
URUGUAI
PARAGUAI
BOLÍVIA
CHILE
PERU
EQUADOR
COLÔMBIA
VENEZUELA GUIANA
GUIANA FRANCESA
Santa Catarina
SURINAME
Brasília
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10
24
3 7
9
1
Municípios mais populosos
Posição Município População
1 Joinville 515.288
2 Florianópolis 421.240
3 Blumenau 309.011
4 São José 209.804
5 Criciúma 192.308
6 Chapecó 183.530
7 Itajaí 183.373
8 Lages 156.727
9 Jaraguá do Sul 143.123
10 Palhoça 137.334
Fonte: Censo 2010, IBGE
Localizado na região Sul do Brasil, o Estado de Santa
Catarina faz divisa com o Paraná, ao norte; com o Rio
Grande do Sul, ao sul; e fronteira com a Argentina
a oeste. O contato com o Oceano Atlântico, a leste,
totaliza 561 km, extensão que corresponde a 7% da
costa brasileira.
9. O Estado
em síntese
População
6.248.436 habitantes
3,3% do total brasileiro
84% urbana, 16% rural
11º Estado mais populoso entre as 27 Unidades da Federação
50,4% mulheres, 49,6% homens
Área
95.736,8 km²
1,1% do total brasileiro
20º Estado mais extenso entre as 27 Unidades da Federação
Densidade demográfica: 65,3 habitantes por km²
Configuração familiar: 3,1 moradores por domicílio ocupado
Idade média da população: 32,9 anos
Símbolos de
Santa Catarina
Tanto as Armas quanto a
Bandeira e o Hino de Santa Ca-
tarina foram criados no mesmo
ano, 1895. A bandeira tem três
faixas horizontais – a do centro
é branca, cercada por duas fai-
xas vermelhas –, simbolizando
as três comarcas que existiam
no Estado à época. Dentro do
losango central estão as Armas,
desenhadas por Lucas Boiteux,
em que a águia representa a ca-
pacidade de trabalho e os ramos
de trigo e café simbolizam as
riquezas naturais do território
catarinense.
Hino de Santa Catarina
Letra: Horácio Nunes Pires
Melodia: José Brasilício de Souza
Sagremos num hino de estrelas e flores
Num canto sublime de glórias e luz
As festas que os livres frementes de ardores
Celebram nas terras gigantes da cruz.
Quebram-se férreas cadeias
Rojam algemas no chão
Do povo nas epopeias
Fulge a luz da redenção.
No céu peregrino da Pátria gigante
Que é berço de glórias e berço de heróis
Levanta-se em ondas de luz deslumbrante
O sol, liberdade cercada de sóis.
Pela força do Direito
Pela força da razão
Cai por terra o preconceito
Levanta-se uma Nação.
Não mais diferenças de sangues e raças
Não mais regalias sem termos fatais
A força está toda do povo nas massas
Irmãos somos todos e todos iguais.
Da liberdade adorada
No deslumbrante clarão
Banha o povo a fronte ousada
E avigora o coração.
O povo que é grande mas não vingativo
Que nunca a Justiça e o Direito calcou
Com flores e festas deu vida ao cativo
Com festas e flores o trono esmagou.
Quebrou-se a algema do escravo
E nesta grande Nação
É cada homem um bravo
Cada bravo um cidadão.
10. Por que investir
em Santa Catarina?
Desenvolvimento equilibrado
Em Santa Catarina há diversos polos de
desenvolvimento. As regiões catarinenses têm
importância equivalente e não há metrópoles
no Estado, um dos poucos do país em que a
capital não é a cidade mais populosa.
Infraestrutura completa
Transporte, energia, telecomunicações: tudo o
que é necessário para o conforto e a segurança
dos cidadãos e o desenvolvimento das empre-
sas funciona muito bem em Santa Catarina.
Economia robusta
Com grande diversificação de setores, a
economia de Santa Catarina é uma das que
mais crescem no Brasil. A indústria tem
significativa e crescente participação no
Produto Interno Bruto (PIB) catarinense.
40
70
78
P.A. Z.P.
WEG/Divulgação
11. Valorização da cultura
Em Santa Catarina, as tradições herdadas
dos antepassados são a base para uma
produção cultural diversificada e rica.
A melhor qualidade
de vida do Brasil
O Estado tem alguns dos melhores índices
do país em aspectos como nível de educação,
expectativa de vida e renda, fundamentais
para mensurar a qualidade de vida
da população.
Paisagens encantadoras
Dos recantos frios e nevados da Serra ao
mar límpido do litoral, os cenários de
Santa Catarina unem os Alpes ao Caribe.
Os catarinenses costumam dizer, brincando
– mas com um inegável fundo de verdade –,
que têm o privilégio de morar onde os outros
passam férias.
106
102 122
T.E. E.L. Z.P.
12. História e gente
Muitas aventuras, emoções,
surpresas, conquistas, belezas.
Tudo é superlativo nesta terra.
Santa Catarina é um mosai-
co de influências que resultou
em um Estado único, de alma
europeia, pela capacidade de
trabalho e força, e ao mesmo
tempo tão brasileira, pela perse-
verança e inventividade.
Ao ler as próximas pági-
nas, será impossível não se
colocar no lugar dos primei-
ros navegadores e imaginar
a fascinação que sentiram ao
ver esta terra pela primeira
vez, ou então lembrar com
admiração dos colonizadores
e pensar na esperança que os
trouxe a Santa Catarina.
Cavaleiros na Serra “Castelinho” de Blumenau
Pesca artesanal: tradição no litoral catarinense
Z.P. Z.P.
E.L.
12
13. Festas típicas de outubro: a alegria toma conta do Estado
Templo de Santa Paulina, em Nova TrentoE.L.
E.L.
13
16. O início da ocupação
Nas primeiras décadas após a chegada dos portugueses
ao Brasil, em 1500, o território que viria a ser Santa
Catarina se resumia à condição de local de passagem,
uma base de apoio para os interesses dos portugueses e
dos espanhóis na região do rio do Prata.
As exceções eram alguns
integrantes das expedições pio-
neiras, que, encantados com
a beleza da paisagem e com a
perspectiva de viver livremente
em meio à natureza, decidiam
ficar para sempre no litoral ca-
tarinense. O mesmo aconteceu
com náufragos, como os 11 so-
breviventes do afundamento da
embarcação comandada pelo
espanhol Juan Días de Solís,
em 1512, nas proximidades da
Ilha de Santa Catarina, que ain-
da nem tinha esse nome. Desse
grupo fazia parte Aleixo Garcia,
futuro protagonista de uma his-
tória fantástica: foi levado pelos
índios a percorrer o Caminho
de Peabiru, trilha que ligava o
litoral catarinense à civilização
Inca, nos Andes.
Além dos portugueses e
dos espanhóis, aventureiros de
outras procedências passaram
pelo litoral catarinense naquele
Z.P.
16
17. período. Em 1504, o francês
Binot Paulmier de Gonneville
chegou à Baía da Babitonga a
bordo da embarcação L’Espoir
(“Esperança”), avariada por
uma tempestade. Após perma-
necer seis meses na ilha que
mais tarde viria a sediar São
Francisco do Sul, Gonneville
voltou à Europa levando um
jovem índio, Essemeric, filho
do cacique local. Moldado ao
estilo de vida do homem bran-
co, o índio viria a se casar com
a filha do navegador francês,
Susana. O povoado de Nossa
Senhora das Graças do Rio
de São Francisco seria oficial-
mente fundado por bandei-
rantes em 1658, tornando-se
o primeiro núcleo populacio-
nal catarinense.
Os guaranis que viviam no
litoral catarinense – chamados
pelos europeus de carijós –
eram amigáveis e se habituaram
rapidamente a esses contatos,
que se tornaram mais frequen-
tes com a chegada de catequiza-
dores jesuítas, a partir de 1549.
Já os dois outros grupos indíge-
nas catarinenses – os kaingangs,
que ocupavam os campos de
cima da Serra, e os xoklengs,
na região entre o litoral e o pla-
nalto – só viveriam experiências
semelhantes quase 200 anos de-
pois da chegada dos europeus
ao litoral.
Esses índios descendiam de
povos que já circulavam pela
região pelo menos 10.000 anos
antes, de acordo com registros
arqueológicos e inscrições ru-
pestres encontradas em vários
pontos do Estado. Hoje há
cerca de 10.000 remanescentes
das tribos originais vivendo em
Santa Catarina, a maior parte
em reservas criadas para asse-
gurar a permanência da cultura
dos primeiros catarinenses.
Centro Histórico de São Francisco do Sul
17
18. A homenagem
a Santa Catarina
Diz a História que o nome Ilha de Santa Catarina foi
ideia do navegador italiano Sebastião Caboto – que, a
serviço do reino espanhol, passou pelo litoral catarinen-
se em 1526. A ilha havia sido chamada de diferentes
formas até então. Para os índios carijós que a ocupavam
antes da chegada dos europeus, o nome era Meiembipe –
“lugar acima do rio”. Em 1514, os navegadores portu-
gueses Nuno Manoel e Cristóvão de Haro a batizaram
de Ilha dos Patos. Em 1516, depois do naufrágio do
barco de Juan Días de Solís, houve quem tenha chama-
do a região de Baía dos Perdidos, em referência aos 11
tripulantes que se salvaram e passaram a viver na ilha,
junto com os índios.
Mas o nome que se conso-
lidou e se tornou o definitivo
foi mesmo o escolhido por Ca-
boto, registrado pela primeira
vez em um mapa desenhado
por Diego Ribeiro em 1529.
Especula-se que Caboto pode
ter aproveitado a oportunidade
para fazer um agrado à esposa,
Catarina Medrano. O fato ine-
gável é que, de qualquer forma,
a homenageada é mesmo a san-
ta, cuja memória é celebrada
em 25 de novembro.
Nascida em Alexandria, no
Egito, no final do terceiro sé-
culo depois de Cristo, Catarina
cresceu pagã e se converteu ao
Cristianismo aos 18 anos, após
ter uma visão em que ascendeu
aos céus e encontrou-se com a
Virgem Maria e o Menino Je-
sus. Oriunda de família rica e
influente, até então preocupa-
da exclusivamente com a fas-
cinante beleza que ostentava e
com os aspectos mais fúteis da
vida, Catarina iniciou, a partir
daí, um incansável trabalho de
combate às perseguições que o
Império Romano impunha aos
cristãos, considerando que era
essa a sua missão.
Catarina se voltou então às
atividades intelectuais, aprovei-
tando os conhecimentos adqui-
ridos em sua sólida formação.
Um dia, teve a oportunidade de
conversar com o imperador ro-
mano Maximino, que se sentiu
contrariado pelos argumentos
da jovem e mandou prendê-la.
Ela demonstrava tanta convic-
ção que o imperador decidiu
promover uma espécie de jogo:
chamou os sábios mais reco-
nhecidos da época para tentar
convencê-la de que Deus não
existia e de que Jesus Cristo não
havia sido nada além de um ho-
mem comum. Prometeu belas
recompensas para quem conse-
guisse cumprir o objetivo. Ne-
nhum dos sábios conseguiu – e
alguns até foram convertidos ao
Cristianismo por Catarina.
Maximino determinou que a
jovem fosse levada à masmorra,
e ainda assim ela conseguiu con-
verter os soldados que a vigiavam
e até mesmo a própria esposa do
imperador, Augusta. Transtorna-
do, ele mandou matar todos que
haviam se convertido, incluindo
a própria mulher. Catarina foi
decapitada e, dizem, em vez de
sangue jorrou leite de seu corpo
– por isso muitas mulheres que
têm bebês evocam a proteção
da santa. O corpo desapareceu
misteriosamente, como se tivesse
sido carregado por anjos. Diz a
lenda que foi encontrado intac-
to, três séculos depois, em uma
região isolada, ocasião em que foi
transferido para o Mosteiro da
Transfiguração, aos pés do Monte
Sinai – que passou a ser chamado
de Mosteiro de Santa Catarina e
hoje é Patrimônio Histórico da
Humanidade. A influência dessa
história de fé atravessou gerações.
Mais de 1.000 anos após a morte
de Catarina, Joana d’Arc relatou
que visões da santa a impeliram a
lutar pela liberdade da França.
18
20. A capitania de
Santa Catarina
Em 1534, o território brasileiro foi dividido em 12
capitanias hereditárias, entregues à administração
de homens de confiança da coroa portuguesa. Os
principais objetivos eram incentivar a ocupação das
terras e fomentar atividades econômicas, que pudes-
sem se desenvolver sem a interferência direta de um
governo central.
A Capitania de São Vicente,
abrangendo partes dos atuais
territórios do Paraná e de São
Paulo, foi entregue a Martim
Afonso de Sousa. As Terras de
Sant’Anna, mais ao sul – se es-
tendiam de Laguna até a Baía
de Paranaguá, no atual Estado
do Paraná – ficaram com seu
irmão, Pero Lopes de Sou-
sa. Com a morte de Pero, seis
anos depois, em um naufrágio
em Madagascar, iniciou-se um
período de marasmo para a ca-
pitania e também uma disputa
entre os herdeiros da família. A
pendenga se arrastou por quase
dois séculos e só foi resolvida
com a recompra da área pelo
império, em 1711.
A decisão de retomar a ad-
ministração do território era
uma consequência do aumento
das tensões entre Portugal e Es-
panha desde o rompimento da
União Ibérica, em 1640, mo-
mento em que os aliados se tor-
naram inimigos. Portugal acre-
ditava que precisava estruturar
melhor o povoamento de Santa
Catarina, ponto crítico de uma
região sob disputa.
Fez parte dessa mesma es-
tratégia a fundação do povoado
de Nossa Senhora do Desterro
(atual cidade de Florianópolis),
em 1672, por Francisco Dias
Velho. Tratava-se do segundo
núcleo populacional do Estado
– São Francisco havia sido fun-
dado 15 anos antes. Dias Velho
chegou à Ilha de Santa Catarina
acompanhado da mulher, duas
filhas, três filhos, uma família de
empregados, dois padres e 500
índios domesticados. Numa co-
lina em frente ao mar, ergueu
uma capela consagrada a Nossa
Senhora do Desterro – referên-
cia à fuga de Maria para o Egito,
com o pequeno Jesus, para esca-
par da perseguição de Herodes.
O local é hoje ocupado pela Ca-
tedral Metropolitana.
Em 1689, a vila foi invadida
por piratas, que dominaram seus
habitantes e cometeram uma sé-
rie de atrocidades. Dias Velho
buscou refúgio dentro da capela,
mas foi descoberto e morto. O
povoado só não foi extinto pela
perseverança de alguns integran-
tes do grupo, que se recusaram
a abandonar o local. Nesse meio
tempo, surgiu o terceiro núcleo
habitacional do litoral catari-
nense – a vila de Santo Antônio
dos Anjos de Laguna, mais tarde
conhecida apenas como Laguna,
fundada em 1676, com a chega-
da do bandeirante Domingos de
Brito Peixoto.
Em 1738, Santa Catarina
foi desmembrada de São Pau-
lo, tornando-se capitania au-
tônoma. O império português
nomeou para o cargo de go-
vernador o brigadeiro José da
Silva Paes. Ele recebeu a missão
de planejar um sistema de for-
talezas que protegesse a Ilha de
Santa Catarina de possíveis in-
vasões. O brigadeiro providen-
ciou os projetos o mais rápido
possível e iniciou a construção
de quatro fortalezas, posiciona-
das para estabelecer um sistema
de fogo cruzado.
20
22. Imigração açoriana
Outro ponto importante da estratégia de ocupação do
litoral catarinense traçada pelo reino português viria a
ser a imigração de açorianos. Como o Arquipélago dos
Açores enfrentava uma série de dificuldades – excesso po-
pulacional, escassez de alimentos e ocorrência de terre-
motos –, enviar parte dos habitantes ao Brasil seria uma
forma de amenizar dois problemas ao mesmo tempo.
O alistamento foi aberto em
1746 e, ao longo da década se-
guinte, Santa Catarina recebeu
5.500 açorianos e também mo-
radores da Ilha de Madeira, o
que fez triplicar sua população.
Os imigrantes se instalaram nos
núcleos populacionais já exis-
tentes e fundaram outros, tanto
na Ilha de Santa Catarina quan-
to na área continental.
Uma das primeiras ativida-
des econômicas exercidas pelos
açorianos em Santa Catarina foi
a pesca da baleia – o óleo extraí-
do do animal era usado como
combustível de iluminação, en-
tre outras aplicações. Algumas
“armações”, complexos cons-
truídos para viabilizar a pesca
de baleia e a transformação de
sua carne em óleo, foram ins-
taladas em diferentes partes do
litoral catarinense.
Outras heranças dos aço-
rianos são a renda de bilro, a
produção de cerâmica utilitá-
ria e a fabricação de farinha de
mandioca em engenhos. No
campo da religião e do folclo-
re, há as benzedeiras, a devo-
ção ao Divino Espírito Santo e
ao Senhor dos Passos, o terno
de reis e as lendas de bruxas.
Na culinária, peixe com pirão
é um clássico prato açoriano.
Assim como o sotaque típico
dos descendentes, marcado
pelo jeito “apressado” de falar
e pela sonoridade que remete
à forma como o idioma é pra-
ticado em Portugal.
A arquitetura é uma
das heranças trazidas
dos Açores
Z.P.
22
24. Caminho das tropas
Por volta de 1720, Portugal determinou a abertura
de um caminho para o transporte de gado entre o Rio
Grande do Sul e São Paulo. Seria uma forma de ocu-
par e desenvolver o interior da região Sul, motivo de
disputas com a Espanha, e também de levar os animais
até Minas Gerais, que vivia uma fase de franco desen-
volvimento decorrente da exploração do ouro.
Dos povoados à beira desse
caminho se originaram cida-
des como Lages, oficialmente
fundada em 1766. Antônio
Correa Pinto foi quem orga-
nizou a povoação, pertencente
no início a São Paulo – só em
1820 seria incorporada a San-
ta Catarina. Para estabelecer
uma ligação entre o planalto e
o litoral, criou-se um caminho
até Laguna – essa é a origem
da estrada da Serra do Rio do
Rastro, repleta de curvas e belas
paisagens, hoje um dos pontos
turísticos mais conhecidos e ad-
mirados do Estado.
O Tropeirismo foi um ciclo
importante, também, para via-
bilizar a ocupação do Oeste ca-
tarinense – realizada em grande
parte por gaúchos e paranaenses
descendentes de imigrantes eu-
ropeus. Quando outras regiões
do país começaram a explorar
a pecuária, já no início do sé-
culo 20, a utilização do antigo
caminho das tropas perdeu for-
ça. Mas a cultura dos tropeiros
permanece viva.
Na Serra, o estilo de
vida dos tropeiros
E.M.
24
26. A disputa
pelo território
Demorou um bom tempo até que Portugal e Espanha se
entendessem sobre as fronteiras do “Novo Mundo”. De
certa forma, a disputa começou ainda em 1494, antes
mesmo da chegada dos portugueses ao Brasil, quando
o Tratado de Tordesilhas estabeleceu previamente, com
base em referenciais já conhecidos, uma regra para a
divisão das terras que viessem a ser descobertas por am-
bas as potências.
A aplicação dessa regra ao
território brasileiro resultou no
traçado de uma linha imaginária
que cortava o país desde Belém,
no Pará, até Laguna, em Santa
Catarina. A faixa litorânea per-
tenceria a Portugal e o interior
do continente à Espanha.
O problema é que o extre-
mo sul do território destinado
a Portugal era uma faixa muito
estreita de terra, corresponden-
te ao atual litoral catarinense.
A Espanha passou a cobiçar
aquele território, que poderia
aumentar consideravelmente
seu acesso ao mar, e traçou uma
estratégia de ocupação. Sebas-
tião Caboto, italiano a serviço
da Espanha, permaneceu na
costa catarinense por cinco me-
ses entre 1526 e 1527, com o
objetivo de conhecer melhor o
terreno – foi nesse período que
ele batizou a Ilha de Santa Ca-
tarina. Em 1541, Dom Alvar
Nuñez Cabeza de Vaca chegou
à ilha, junto com 400 homens,
representando o rei da Espanha,
com a missão de tomar posse
das terras.
A disputa ficou adormecida
no período entre 1580 e 1640,
em que vigorou a União Ibéri-
ca, aliança entre as duas monar-
quias. Voltou à tona, porém,
após o rompimento. Em 1750,
num ato de boa vontade das
partes, foi assinado o Tratado
de Madri, que estabelecia com
26
27. precisão a linha da fronteira.
Pelo acordo, Portugal abria
mão da Colônia de Sacramen-
to (atual Uruguai), que vinha
cobiçando, e ficava com os Sete
Povos das Missões (atual Rio
Grande do Sul). Para que o
acordo fosse concretizado, con-
tudo, as populações das áreas
envolvidas teriam que se tornar
súditas da realeza rival, condi-
ção que gerou muita revolta e
fez com que o acordo fosse anu-
lado. As duas potências se lan-
çaram então à Guerra dos Sete
Anos na Europa, com Portugal
aliado à Inglaterra e a Espanha
sendo apoiada pela França.
A Espanha passou a pre-
parar em segredo uma grande
esquadra para invadir a Ilha de
Santa Catarina. Em novembro
de 1776, nada menos que 116
embarcações, com 920 canhões
no total e quase 16.000 solda-
dos e marinheiros, partiu rumo
ao Brasil, sob o comando de
Dom Pedro de Cevallos – que
já havia visitado a Ilha de Santa
Catarina e conhecia bem o sis-
tema local de defesa.
Quando a esquadra espanho-
la chegou à Ilha, em fevereiro de
1777, as fortalezas se demonstra-
ram incapazes de conter os avan-
ços de invasores tão numerosos
e potentes. Alguns disparos até
foram realizados pela fortaleza
de São José da Ponta Grossa, no
Norte da Ilha, mas sem qualquer
efeito prático. Os espanhóis de-
sembarcaram tranquilamente na
praia de Canasvieiras, e as au-
toridades locais assinaram sem
resistência o termo de rendição.
A Ilha de Santa Catarina passava
naquele momento ao comando
da Espanha.
Com a morte do rei de Por-
tugal, Dom José I, e a conse-
quente queda do Marquês de
Pombal, em março de 1777,
as negociações evoluíram até
chegarem ao Tratado de Santo
Ildefonso, assinado em outubro
daquele mesmo ano. Por esse
novo acordo, Portugal receberia
de volta a Ilha de Santa Cata-
rina, comprometendo-se a não
utilizá-la como base de navios
de guerra ou porto de comércio
com outros países. Era o início
de uma nova fase para Santa
Catarina. Em 1800, sua popu-
lação chegou a 21.000 pessoas,
com divisão mais ou menos
proporcional entre os três prin-
cipais núcleos – Desterro, São
Francisco e Laguna –, cada um
com cerca de 4.000 habitantes.
Surgia o embrião do modelo
catarinense de desenvolvimen-
to, predominante até hoje, ca-
racterizado pela inexistência de
metrópoles, com a população
distribuída por vários municí-
pios de porte semelhante.
Fortaleza da Ilha
de Anhatomirim
Z.P.
27
28. Colonização alemã
Com a Independência do Brasil, em 1822, inten-
sificaram-se os projetos de colonização do país por
europeus, que enfrentavam escassez de empregos em
decorrência da Revolução Industrial. A primeira co-
lônia alemã em Santa Catarina foi instalada em São
Pedro de Alcântara, em 1829. Esse grupo pioneiro, de
523 pessoas, vindas de Bremen, enfrentou todo tipo de
problema, desde a falta de pagamento na íntegra das
diárias combinadas até as dificuldades de adaptação
ao clima tropical. Como se não bastasse, temporais
destruíram suas primeiras plantações. Muitos persis-
tiram, enquanto outros decidiram tentar a sorte em
outra região, o Vale do Itajaí.
O farmacêutico alemão
Hermann Bruno Otto Blume-
nau, que veio ao Brasil em 1846
contratado pela Sociedade de
Proteção aos Emigrantes Ale-
mães para desenvolver um pro-
jeto de colonização, também
escolheu o Vale do Itajaí. En-
quanto os trâmites burocráticos
eram encaminhados, Blumenau
recebeu a notícia de que a insti-
tuição que ele representava fe-
chara as portas. Mesmo assim,
decidiu tocar adiante o projeto
por conta própria. Associou-
se ao comerciante Fernando
Hackradt e voltou à Alemanha
para recrutar colonos – os pri-
meiros 17 chegaram em agosto
de 1850. Eram quase todos ar-
tesãos – carpinteiros, marcenei-
ros, funileiros, ferreiros –, con-
tra apenas dois lavradores. Essa
seria uma tendência dos grupos
seguintes de colonos alemães,
origem da industrialização que
viria a caracterizar a economia
do Norte catarinense. Diversas
novas levas de imigrantes che-
gariam nos anos seguintes. No
final dessa década, a população
já estava próxima de 1.000 pes-
soas – e a cidade foi natural-
mente batizada de Blumenau.
Já Joinville surgiu de um
processo oficial de colonização.
Em 1829, a Sociedade Coloni-
zadora de Hamburgo comprou
81 léguas de terras em Santa Ca-
tarina, pertencentes ao príncipe
francês François Ferdinand Phi-
lippe. Ele havia recebido as ter-
ras como dote ao se casar com
Francisca, irmã de Dom Pedro
II. A colônia foi batizada de
Dona Francisca, mas, quando
virou cidade, ganhou o nome
de Joinville em homenagem a
François, que ostentava o título
nobre de Príncipe de Joinville,
um vilarejo medieval francês.
Em 1851, chegou o primeiro
grupo de 192 imigrantes ale-
mães, suíços e noruegueses. Nas
levas seguintes, predominaram
os alemães.
Entre as influências mais
marcantes da colonização alemã
estão a arquitetura enxaimel –
construções cuja estrutura com-
bina harmoniosamente madeira
e tijolos aparentes – e a delicio-
sa culinária, com pratos como
chucrute e eisbein, o joelho de
porco. Nas colônias alemãs, a
cerveja é até hoje fabricada com
os requintes ensinados pelos
pioneiros – visitar as cervejarias
artesanais é um roteiro fasci-
nante para os fãs da bebida. A
cultura deixada pelos antepas-
sados é celebrada anualmente
com a realização de diversas
festas típicas no território cata-
rinense, das quais a mais famosa
é a Oktoberfest de Blumenau.
28
30. 30
Colonização italiana
Dois europeus que viviam em Desterro – o italia-
no Carlo Demaria e o suíço Henrique Schutel – se
uniram para fundar uma empresa de colonização,
Demaria & Schutel. Em 1835, pediram à província
uma série de benefícios para instalar grupos de lavra-
dores a serem trazidos da Itália. Assim, em março de
1836, chegaram ao porto de Desterro 186 colonos,
quase todos oriundos da Ilha da Sardenha. O governo
de Santa Catarina cedeu uma área no município de
São Miguel e a colônia foi denominada “Nova Itália”,
atual São João Batista.
Novas colônias italianas só
viriam a ser criadas em San-
ta Catarina bem mais tarde,
em consequência do contrato
estabelecido em 1874 entre
o Império brasileiro e o em-
preendedor Joaquim Caetano
Pinto Jr.. Eram instaladas em
áreas periféricas das colônias
alemãs, a exemplo de Rio dos
Cedros, Rodeio, Ascurra, Bo-
tuverá e Nova Trento, organi-
zadas em torno de Blumenau
e Brusque. O Sul do Estado
também se tornou destino a
partir de 1877, com o desem-
barque de 291 colonos vênetos
em Laguna, para ocupar o Nú-
cleo de Azambuja e o Núcleo
Urussanga. A região se tornaria
destino preferencial dos italia-
nos, com novas levas de imi-
grantes instalando-se em Cri-
ciúma, Pedras Grandes, Treze
de Maio, Acioli de Vasconce-
los (atual Cocal), Grão-Pará
(atuais municípios de Orleans,
Grão-Pará, São Ludgero e Bra-
ço do Norte) e Nova Veneza
(municípios de Nova Veneza e
Siderópolis). Essas colônias se
especializaram desde o início
na produção agrícola, com o
uso de técnicas trazidas da ter-
ra natal para o cultivo de uva,
milho e arroz.
Os italianos se espalharam
por boa parte dos municípios
catarinenses – cerca de 220,
bem mais do que qualquer
outro grupo de imigrantes.
Estima-se que quatro em cada
dez catarinenses tenham as-
cendência italiana. Essa tradi-
ção se manifesta na culinária
– polenta e vinho são presen-
ças constantes na mesa dos
descendentes –, nas vocações
econômicas desenvolvidas no
Sul de Santa Catarina, como
a produção cerâmica, e até em
atividades de lazer, a exemplo
do jogo de bocha.
31. 31
Casa de pedra em Nova Veneza, Sul catarinense
Vinho e queijo: a base da culinária colonial italiana
T.E.
Z.P.
32. babel catarinense
Dos poloneses aos gregos, dos africanos aos japoneses, des-
cendentes dos mais diversos povos se fazem presentes em
Santa Catarina.
no Sul do Brasil. Mas os pro-
blemas logo começaram a aflo-
rar, como a inexperiência dos
franceses com a agricultura e
os desentendimentos causados
no processo de distribuição das
tarefas. A colônia se desfez e
apenas algumas famílias per-
maneceram na região.
Marcante também é a pre-
sença austríaca em Santa Ca-
tarina. Imigrantes oriundos da
região do Tirol fundaram, em
1933, a cidade de Treze Tílias,
numa região cuidadosamen-
te escolhida pelo governo da
Áustria pela semelhança com
as paisagens originais. O país
havia perdido território após
a derrota na Primeira Guerra
Mundial e já não havia lugar
para todos. Hoje a encantadora
Treze Tílias mantém muitas das
tradições trazidas pelos coloni-
zadores, como as casas em estilo
alpino e a prática de esculturas
em madeira.
Santa Catarina tem também
influência árabe. Sírios e libane-
ses chegaram a partir de 1885
a cidades como Florianópolis,
Biguaçu, Caçador, Canoinhas,
Criciúma e Lages, dedicando-
se, sobretudo, ao comércio. Já
os japoneses vieram em peque-
nos grupos, na primeira metade
do século 20, e se instalaram
especialmente no atual municí-
pio de Frei Rogério, no Meio-
-Oeste, e em São Joaquim, na
Serra, onde contribuíram para
o aprimoramento da produção
de maçãs com a introdução de
novas variedades.
Não se pode deixar de ci-
tar, por fim, a presença e a
influência marcante dos afri-
canos, que, na maior parte
dos casos, chegaram a Santa
Catarina como escravos. Em
1810, dos 30.000 habitantes
de Santa Catarina, 7.000 eram
escravos negros, quase sempre
descendentes de bantos e suda-
neses que desembarcavam nas
regiões Nordeste e Sudeste do
país e desciam por terra rumo
ao Sul. Em 1872, a propor-
ção havia caído para 10% dos
158.000 habitantes, mas ainda
assim sua cultura permaneceu
presente, como se pode cons-
tatar pelas práticas religiosas
– a umbanda e o candomblé –
e culturais, a exemplo do car-
naval e do samba. O Estado
mantém várias áreas quilom-
bolas, originalmente ocupadas
por ex-escravos, como o Sertão
do Valongo, em Porto Belo, e a
Lagoa de Acaraí, em São Fran-
cisco do Sul. Se há ainda qual-
quer dúvida sobre a impor-
tância da herança africana em
Santa Catarina, basta dizer que
o maior nome da nossa litera-
tura era negro: o poeta João da
Cruz e Sousa.
A imigração polonesa é
possivelmente a mais rele-
vante depois da açoriana, da
alemã e da italiana. Em 1871,
o primeiro grupo chegou a
Brusque. Em 1882, foi a vez
de Jacinto Machado, no Sul
do Estado. Em 1889, o en-
tusiasmo com a perspectiva
de uma nova vida no Sul do
Brasil tomou conta de muitos
poloneses. No ano seguinte,
nada menos que 29.200 vie-
ram ao país, contra não mais
que 4.500 ao longo dos 15
anos anteriores. A maior parte
eram agricultores. Em Santa
Catarina, os poloneses se alo-
jaram especialmente no Sul,
nos vales dos rios Urussanga,
Tubarão e Araranguá, com
maior concentração na cidade
de Criciúma, e também nos
vales do Itajaí e do Itapocu, ao
norte, em cidades como Ma-
fra, Itaiópolis, Canoinhas, São
Bento do Sul e Brusque. Após
a Segunda Guerra Mundial,
novas levas chegaram a Mon-
daí e Pouso Redondo.
Os franceses, além de terem
sido uns dos primeiros euro-
peus a conhecer Santa Cata-
rina, em 1504, quando Binot
Paulmier de Gonneville chegou
à futura cidade de São Francis-
co do Sul, viveram outra expe-
riência marcante por aqui, na
mesma região. Foi a instalação,
em 1841, de um experimento
socialista, a Colônia Industrial
da Barra do Saí. Idealizado por
um médico homeopata, Benoit
Joseph Mure, o projeto contou
com o apoio e a simpatia da
monarquia brasileira. Mais de
400 franceses se estabeleceram
na colônia, que tinha como
princípio a inexistência da pro-
priedade privada – tudo era co-
mum e o resultado do trabalho
seria desfrutado igualmente
por todos. A colônia alcançou
rápido desenvolvimento, com
uma olaria e uma forja que ga-
nharam muitos clientes na re-
gião. Essas notícias chegavam
à França e em 1844 havia mi-
lhares de pessoas interessadas
em integrar a célebre colônia
32
33. No sentido horário:
dança polonesa em
Itaiópolis, tambores
japoneses em
Frei Rogério,
comunidade
quilombola no
Sul do Estado e
indígenas na
Grande Florianópolis
Z.P.
E.L.
C.F. T.E.
33
34. 34
Revolução Farroupilha
O período regencial, entre 1831 e 1840 – desde a re-
núncia de Dom Pedro I até a ascensão ao trono de seu
filho Dom Pedro II –, viu surgir uma série de revoltas
no país. A mais significativa foi a Revolução Farrou-
pilha, que eclodiu em 1835 no Rio Grande do Sul e se
prolongou por dez anos.
Foi um movimento impul-
sionado por ideais republicanos
e pela insatisfação com os altos
impostos cobrados pela Mo-
narquia sobre produtos típicos
do Sul, a exemplo do charque
e da erva-mate. Essa ideologia
encontrou muitos apoiadores
no território catarinense, que
também seria palco do conflito.
Depois de tomarem Porto
Alegre em 1835 e terem sido
repelidos pelas forças do gover-
no, os revoltosos, conhecidos
como “farrapos”, dirigiram-se
a outros pontos de interesse,
como Bagé, no território gaú-
cho, Lages, na Serra catarinen-
se, e Laguna, no litoral Sul de
Santa Catarina. Laguna foi to-
mada em 1839, num esforço
conjunto das forças de terra,
lideradas por Davi Canabarro,
e de mar, sob comando do ita-
liano Giuseppe Garibaldi. Na
pacata cidade catarinense foi
proclamada a República Julia-
na, em 29 de julho de 1839
– nome que fazia referência ao
mês em que ocorria aquele epi-
sódio histórico.
A presença dos farrapos em
Laguna se prolongou por seis
meses, até que o governo se
reorganizou para retomar a ci-
dade, obrigando os revoltosos
a escapar de volta para o Rio
Grande do Sul. O movimento
continuaria até 1845, quando
chegou ao fim por meio de
um acordo em que o governo
concordava em reduzir subs-
tancialmente os impostos co-
brados sobre o charque. Mas
a permanência em Laguna foi
suficiente para que Garibaldi
se apaixonasse pela catarinense
Ana Maria de Jesus Ribeiro e
se unisse à jovem – que dali em
diante ficaria conhecida como
Anita Garibaldi.
Depois de lutar no Brasil, o
casal partiu para o Uruguai e,
de lá, para a Itália, onde Gari-
baldi foi o grande líder do pro-
cesso de Unificação do país, que
se encontrava esfacelado e sub-
metido ao controle de diversos
governos estrangeiros. Anita foi
companheira inseparável, in-
clusive nos campos de batalha,
do chamado Herói dos Dois
Mundos – até morrer em 1849,
aos 28 anos, quando adoeceu
em meio à perseguição pelos
austríacos. Tornou-se sinônimo
de mulher destemida e é uma
figura adorada tanto na Itália
quanto no Brasil.
35. Farol de Santa
Marta (acima)
e casa de Anita
Garibaldi
(ao lado):
símbolos de
Laguna
E.L.
Z.P.
35
36. 36
A Guerra do
Contestado
Ao mesmo tempo em que a Primeira Guerra Mundial
agitava o mundo, o conflito do Contestado abalava a
paz em território catarinense. Ocorrido numa zona
de disputa por terras entre Paraná e Santa Catarina
– 48.000 km² no Meio-Oeste e Oeste catarinenses –,
durou de 1912 a 1916 e vitimou, estima-se, pelo me-
nos 20.000 pessoas. Foi provocado por uma conjun-
ção de fatores que se somaram às incertezas causadas
pela longa disputa judicial entre os dois Estados.
Um desses fatores foi a
construção da Estrada de Ferro
São Paulo-Rio Grande, entre
1907 e 1910, pela Brazil Rail-
way Company. Os objetivos
da obra eram dar saída à pro-
dução de madeira e iniciar ao
redor da ferrovia um processo
consistente de ocupação – para
isso, a empresa receberia 6.000
km² de terras como parte do
pagamento, com a possibilida-
de de explorar toda a madeira
existente ali e a obrigação de
assentar imigrantes estrangei-
ros. O problema é que as famí-
lias que ocupavam esse territó-
rio – uma faixa de 15 km em
cada lado da ferrovia – foram
simplesmente expulsas e não
tinham para onde ir. Para tor-
nar a situação ainda mais com-
plexa, cerca de 8.000 operários
trazidos para a obra ficaram
sem o ganha-pão assim que a
ferrovia ficou pronta.
Essa multidão de pessoas
desesperançosas e revoltadas
encontrou nos diversos líde-
res religiosos que apareceram
na região as palavras de fé que
precisavam para seguir adiante.
Em 1912, o monge-curandei-
ro José Maria arrebanhou mi-
lhares de seguidores fanáticos,
multidão que assustava os po-
deres constituídos. Os gover-
nos de Santa Catarina e Paraná
deram uma trégua na disputa
que travavam entre si para en-
frentar juntos o movimento,
contando ainda com a ajuda
do Governo Federal.
O conflito foi desigual. De
um lado, metralhadoras, ca-
nhões e até aviões. De outro,
37. paus e facões. Mesmo assim,
foi preciso mobilizar grande
parte do exército brasileiro ao
longo de quatro anos para aba-
far de vez o Contestado. Do
ponto de vista social, a guer-
ra não trouxe solução alguma
– só agravou o sentimento de
revolta da população e os pro-
blemas da região. Mas serviu,
ao menos, para pôr fim à dis-
puta entre os dois Estados, que
firmaram um acordo em 1916,
estabelecendo os limites que
permanecem até hoje. Com
isso, surgiram municípios
como Mafra (nome dado em
homenagem ao Conselheiro
Mafra, defensor de Santa Cata-
rina na disputa judicial), Porto
União, Joaçaba e Chapecó.
Em 1943, Santa Catarina
sofreu uma modificação geo-
gráfica, que se mostrou tem-
porária, com a criação do Ter-
ritório do Iguaçu pelo governo
Getúlio Vargas, abrangendo
a região Oeste dos Estados do
Paraná e de Santa Catarina. No
lado de Santa Catarina, o novo
território incluía cidades como
Chapecó, Concórdia, Caçador,
Joaçaba, Xanxerê e São Miguel
d’Oeste. Os objetivos eram for-
talecer a ocupação da fronteira
depois da entrada do Brasil na
Segunda Guerra e ao mesmo
tempo dar autonomia a uma
região que se sentia distanciada
do poder estabelecido no Lito-
ral. A mudança durou apenas
três anos, sendo revogada pela
Constituição de 1946.
Painel Contestado – Terra
Contestada, de Hassis
FundaçãoHassis/Divulgação
37
38. 38
Santa Catarina
na Era Republicana
A proclamação da República e o consequente fim da
Monarquia, em 15 de novembro de 1889, marcariam
um novo período para o Brasil e para todas as suas
províncias, que passaram a ser chamadas de Estados.
O presidente de Santa Catarina, Luís Alves Leite de
Oliveira Bello, foi pacificamente destituído e muitos
deputados monarquistas aderiram espontaneamente ao
novo regime. Lauro Müller tornou-se o primeiro gover-
nador de Santa Catarina na era republicana. A Cons-
tituição Federal de 1891 estabeleceu eleições diretas e
Gustavo Richard foi o escolhido.
lis (“cidade de Floriano”), uma
forma de marcar a vitória obti-
da ali pelo Marechal de Ferro.
Em 1900, Santa Catarina
somava 320.300 habitantes.
Florianópolis e Blumenau eram
as maiores cidades, com cerca
de 31.000 habitantes cada. O
Estado consolidava o modelo
de ocupação por pequenas pro-
priedades agrícolas, de adminis-
tração familiar, sem latifúndios
e sem uma metrópole predo-
minante. Com o passar das dé-
cadas, esse se tornaria um dos
principais diferenciais de Santa
Catarina em relação à maioria
dos Estados brasileiros.
As limitações econômicas
do início do século foram sen-
do gradualmente superadas. A
pauta de exportações, antes li-
mitada às madeiras, à erva-ma-
te e à farinha de mandioca, foi
reforçada pelo gado e o arroz.
Com o advento da industria-
lização do Estado, processo
iniciado ainda na década de
1880, com a fundação de uma
fábrica de camisetas em Blu-
menau pelos irmãos Hermann
e Bruno Hering, Santa Cata-
rina passou a ter produção re-
levante também de tecidos e
fios, camisas, bordados e meias
de algodão. Impulsionado pelo
desenvolvimento da indústria
têxtil, Blumenau logo se tor-
naria o maior município ca-
tarinense – em 1920, a cida-
de somava 68.000 habitantes,
enquanto nenhuma outra do
Estado chegava a 40.000.
Florianópolis, a capital, vi-
via isolada pela inexistência de
uma ligação da Ilha de Santa
Catarina com o continente. O
governador Hercílio Luz resol-
veu enfrentar esse problema ao
providenciar a construção, en-
tre 1922 e 1926, da ponte que
seria batizada com o seu nome.
O desenvolvimento trazido pela
obra foi inegável, assim como o
endividamento do Estado, que
precisou fazer um emprésti-
mo de 20.000 contos (quantia
equivalente a 5 milhões de dó-
lares) para executar essa e outras
obras de infraestrutura. O valor
correspondia a quase quatro
anos de receita.
Em 1955, o lageano Nereu
Ramos, que havia sido gover-
nador de Santa Catarina entre
1935 e 1945 (e era filho do
também ex-governador Vidal
Ramos), tornou-se o político
mais importante da história
catarinense ao assumir a Pre-
sidência da República por um
período de três meses, após
o suicídio de Getúlio Vargas.
Ramos era o primeiro vice-
-presidente do Senado Federal
e foi alçado ao cargo após o
impedimento do vice de Ge-
túlio, Café Filho, e do presi-
dente da Câmara dos Deputa-
dos, Carlos Luz. Conduziu o
governo até a posse de Jusceli-
no Kubitschek, tornando-se a
partir daí ministro da Justiça.
Nereu Ramos morreria num
acidente aéreo, em 1958, que
vitimou também o então go-
vernador de Santa Catarina,
Jorge Lacerda, e outro impor-
tante político do Estado, Leo-
berto Leal.
As turbulências ainda es-
tavam longe de terminar em
Santa Catarina, contudo. O
Estado se viu involuntariamen-
te envolvido na Revolta da Ar-
mada, que eclodiu no Rio de
Janeiro em 1893. A Marinha,
em parte por ter resquícios mo-
narquistas em seus quadros, e
também insatisfeita pelo fato de
que apenas representantes do
Exército estavam assumindo o
governo do país após a procla-
mação da República, revoltou-
se sob a liderança do almirante
Custódio de Melo. Os navios
rebeldes bombardearam o Rio
de Janeiro e, atacados pelas for-
ças governamentais, escaparam
rumo ao Sul do país, onde se
juntaram aos revoltosos da Re-
volução Federalista e invadiram
a pacata e indefesa capital cata-
rinense, Desterro.
Floriano Peixoto adquiriu
novos navios e retomou a ci-
dade, com forte repressão – in-
cluindo quase duas centenas de
fuzilamentos e enforcamentos
realizados na Ilha de Anhato-
mirim, sob comando do te-
mido coronel Moreira Cesar.
As vítimas foram não apenas
membros comprovados do mo-
vimento original, mas também
simples moradores de Desterro
que teriam, na avaliação do go-
verno, colaborado de alguma
forma com os revoltosos. Santa
Catarina entraria no século 20
com muitos traumas a superar
e uma nova identidade para a
capital, cujo nome foi trocado
de Desterro para Florianópo-
39. O golpe militar de 1964 im-
pôs um período de duas décadas
de ditadura no Brasil. Santa Ca-
tarina teve um papel destacado
no processo de redemocratiza-
ção do país ao desencadear um
movimento popular que entrou
para a história como Novem-
brada, referência ao mês de
1979 em que o episódio ocor-
reu em Florianópolis. Durante
visita do presidente João Figuei-
redo à cidade, estava prevista a
inauguração de uma placa em
homenagem a Floriano Peixoto
– contestada por boa parte da
população em decorrência da
memória dos acontecimentos
que haviam culminado com a
troca do nome da cidade para
Florianópolis, em 1894. Os
protestos se transformaram em
tumulto e a população arrancou
à força a placa recém-instalada
na Praça 15 de Novembro, ma-
nifestação que foi interpretada
como sinal do enfraquecimento
do governo militar e contribuiu
para o advento do processo de
abertura política que se daria
dali em diante.
Em 1983, o voto voltou a
ser direto para a escolha de go-
vernadores. Em Santa Catarina,
foram eleitos sucessivamente
Esperidião Amin (1983-1987),
Pedro Ivo Campos (para o man-
dato entre 1987 e 1990, com
o vice Casildo Maldaner assu-
mindo por pouco mais de um
ano após a morte do governa-
dor), Vilson Kleinübing (para
o período entre 1991 e 1995,
com seu vice Antônio Carlos
Konder Reis também assumin-
do por quase um ano em decor-
rência do titular ter concorrido
ao Senado), Paulo Afonso Vieira
(1995-1999), novamente Espe-
ridião Amin (1999-2003), Luiz
Henrique da Silveira (que cum-
priu dois mandatos, entre 2003
e 2010, com o vice Leonel Pa-
van assumindo por quase um
ano, ao final do período, para
que o governador se candida-
tasse ao Senado) e Raimundo
Colombo, a partir de 2011.
Palácio Cruz e Sousa, Florianópolis
S.V.
39
40. ARGENTINA
Paraná
Oeste
Principais municípios
Posição Município População
Vale do Itajaí
1 Blumenau 309.011
2 Itajaí 183.373
3 Balneário Camboriú 108.089
Norte
1 Joinville 515.288
2 Jaraguá do Sul 143.123
3 São Bento do Sul 74.801
Oeste
1 Chapecó 183.530
2 Caçador 70.762
3 Concórdia 68.621
Grande Florianópolis
1 Florianópolis 421.240
2 São José 209.804
3 Palhoça 137.334
Sul
1 Criciúma 192.308
2 Tubarão 97.235
3 Araranguá 61.310
Serra
1 Lages 156.727
2 Curitibanos 37.748
3 Campos Novos 32.824
As regiões catarinenses
Oterritóriocatarinenseédivididoemseisregiõesgeográficas,
cada uma delas com configuração física, formação étnica
e vocações econômicas específicas. São o retrato da grande
diversidade, em todos os sentidos, que se encontra em Santa
Catarina. O Vale do Itajaí concentra a maior população, o
Oeste tem a maior área e o maior número de municípios,
enquanto a Grande Florianópolis apresenta a maior
densidade demográfica.
População e área por região
Região Municípios População Área (km²)
Densidade
demográfica
(habitantes/km²)
Vale do Itajaí 54 1.508.980 13.098,4 115,2
Norte 26 1.212.843 15.928,9 76,1
Oeste 118 1.200.712 27.310,8 44
Grande
Florianópolis
21 994.095 7.355,5 135,1
Sul 44 925.065 9.719,2 95,2
Serra 30 406.741 22.324,0 18,2
Total 293 6.248.436 95.736,8 65,3
40
41. S
N
LO
Rio Grande do Sul
Oceano
Atlântico
Serra
Norte
Vale do Itajaí
Grande
Florianópolis
Sul
41
42. 42
Grande Florianópolis
Para brasileiros de todas as regiões e para os nossos
vizinhos argentinos, não é de hoje que a simples menção
a Florianópolis remete à ideia de belas paisagens e
invejávelqualidadedevida.Nosúltimosanos,afamade
“paraíso” ganhou o mundo. Publicações internacionais
de grande repercussão passaram a citar a capital de
Santa Catarina como um dos destinos turísticos mais
encantadores do planeta e conhecê-la entrou para os
planos de viajantes de todas as partes do globo.
Com isso, os “manezinhos”
– como são chamados os nati-
vos da cidade – estão se habi-
tuando a ouvir não mais apenas
os sotaques brasileiros e o caste-
lhano dos hermanos, mas tam-
bém o inglês e diversos idiomas
europeus. A cidade se tornou
cosmopolita e o turismo, antes
limitado à temporada de verão,
transformou-se em uma ativi-
dade desenvolvida ao longo de
todo o ano. Para receber esse
público exigente, surgiram ho-
téis, pousadas e restaurantes de
alto nível.
Além do turismo de praia, a
Grande Florianópolis tem de-
senvolvido o turismo rural em
cidades como Santo Amaro da
Imperatriz, Alfredo Wagner,
Angelina e Rancho Queimado,
que oferecem opções acolhe-
doras de hospedagem. Já Nova
Trento, conhecida como a ter-
ra de Madre Paulina, primeira
santa brasileira, é um dos prin-
cipais destinos de turismo reli-
gioso no país.
Florianópolis também tem
se destacado como importante
polo de Tecnologia da Informa-
ção – uma indústria limpa, que
combina perfeitamente com
sua natureza exuberante e pre-
servada. Já existem na cidade
mais de 500 empresas de au-
tomação, desenvolvimento de
programas e jogos, com geração
de 12.000 empregos diretos.
Setores tradicionais da indús-
tria encontram espaço na vizi-
nha São José – quarto municí-
pio mais populoso do Estado,
sede de um parque empresarial
em franco desenvolvimento. A
indústria de calçados é uma im-
portante atividade em São João
Batista e Canelinha.
Embora a ocupação de Flo-
rianópolis e da maior parte dos
municípios da região tenha
sido feita predominantemente
por açorianos, há também ci-
dades colonizadas por alemães,
como é o caso de São Pedro de
Alcântara – primeiro núcleo
catarinense a receber imigran-
tes daquele país, em 1829 –,
e por italianos, a exemplo de
Nova Trento. A própria Madre
Paulina foi uma imigrante, que
chegou ainda criança à cidade
em que desenvolveria, na vira-
da do século 19 para o século
20, seu trabalho de assistência
a enfermos.
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43. 43
Grande Florianópolis
Posição Município População Área (km²) Densidade demográfica
(habitantes/km²)
Gentílico
1 Florianópolis 421.240 675,4 623,7 Florianopolitano
2 São José 209.804 152,4 1.376,7 Josefense
3 Palhoça 137.334 395,1 347,6 Palhocense
4 Biguaçu 58.206 370,9 156,9 Biguaçuense
5 Tijucas 30.960 279,6 110,7 Tijucano
6 São João Batista 26.260 221,1 118,8 Batistense
7 Santo Amaro da Imperatriz 19.823 344,0 57,6 Santo-amarense
8 Governador Celso Ramos 12.999 117,2 110,9 Gancheiro
9 Nova Trento 12.190 402,9 30,3 Nova-trentino
10 Canelinha 10.603 152,6 69,5 Canelense
11 Alfredo Wagner 9.410 732,8 12,8 Alfredense
12 Antônio Carlos 7.458 228,7 32,6 Antônio-carlense
13 Paulo Lopes 6.692 449,7 14,9 Paulo-lopense
14 Águas Mornas 5.548 327,4 16,9 Águas-mornense
15 Angelina 5.250 500,0 10,5 Angelinense
16 São Pedro de Alcântara 4.704 140,0 33,6 Alcantarense
17 Leoberto Leal 3.365 291,2 11,6 Leobertense
18 Major Gercino 3.279 285,7 11,5 Majorense
19 Anitápolis 3.214 542,1 5,9 Anitapolitano
20 São Bonifácio 3.008 460,4 6,5 São-bonifacense
21 Rancho Queimado 2.748 286,3 9,6 Rancho-queimadense
Total 994.095 7.355,5 135,1
Fonte: IBGE, Censo 2010
Pontes de
Florianópolis que
ligam a Ilha de Santa
Catarina ao continente P.A.
44. 44
Acima: casario açoriano em São José. Abaixo: casa de campo do governador Hercílio Luz, em Rancho Queimado
Z.P.
Z.P.
45. 45
Acima: figueira
centenária da Praça
15 de Novembro,
em Florianópolis.
Ao lado: Praia do
Sonho, Ponta do
Papagaio e Praia da
Pinheira, em Palhoça
Z.P.
T.E.
48. 48
Vale do Itajaí
A história do Vale do Itajaí é marcada pelo empreen-
dedorismo e a obstinação dos imigrantes alemães em
construir uma nova vida longe da terra natal. Essa in-
fluência continua mais viva do que nunca em cidades
como Blumenau, Brusque e Gaspar, polos têxteis que
são o berço de várias empresas reconhecidas internacio-
nalmente, e Pomerode, onde a maior parte da popula-
ção é fluente no idioma dos antepassados.
O orgulho pelas origens
é simbolizado pela realização
anual da Oktoberfest, em Blu-
menau, embalada por cerveja,
comida e danças típicas. Trata-
se do carro-chefe de uma série
de festas organizadas pelos cata-
rinenses no mês de outubro. A
primeira edição da Oktoberfest
ocorreu em 1984, para ajudar a
cidade a recuperar o ânimo e as
finanças depois das grandes en-
chentes que haviam ocorrido no
Vale do Itajaí. Desde então, 20
milhões de pessoas já participa-
ram do evento, que se estende
por quase três semanas e atrai
visitantes de todos os cantos do
Brasil e também do exterior.
Já em Itajaí, colonizada
principalmente por açorianos,
as atividades econômicas es-
tão diretamente relacionadas
ao mar. Com um dos índices
de desenvolvimento mais al-
tos do país ao longo da últi-
ma década, a cidade explora a
pesca (73.300 toneladas por
ano, cerca de 60% da produção
catarinense) e sedia um porto
estratégico para as exportações
brasileiras – em decorrência
disso, muitas empresas especia-
lizadas em logística estão se ins-
talando na região. A excelente
infraestrutura de transportes do
Vale é reforçada pelo aeroporto
de Navegantes, que vem se con-
solidando como um dos mais
importantes do Sul do Brasil.
Balneário Camboriú é outra
cidade litorânea da região, co-
nhecida em todo o país como
um dos destinos turísticos mais
agitados do verão. Com suas
belas praias e ar cosmopolita,
simbolizado pelos arranha-céus
da Avenida Atlântica e a profu-
são de restaurantes e casas no-
turnas, o município tem estru-
tura para receber um milhão de
pessoas simultaneamente. Essa
marca, que corresponde a quase
dez vezes sua população regular,
é alcançada especialmente nos
meses de dezembro e janeiro.
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50. 50
Anoitecer em Blumenau
Beto Carrero
World, maior
parque temático
da América
Latina, na cidade
de Penha
T.E.
BetoCarreroWorld/Divulgação
51. Acima: vista panorâmica
de Balneário Camboriú.
Ao lado: Brusque, importante
polo têxtil do Estado.
Abaixo: Porto de Itajaí
Z.P.
N.E.P.A.
51
52. 52
Oeste
A agroindústria é a principal atividade econômica
do Oeste catarinense, berço de importantes empresas
brasileiras do setor de alimentos. Trata-se de um dos
mais relevantes polos de avicultura, produção de leite
e criação de suínos do país. A agricultura se baseia no
modelo familiar e é concentrada na produção de grãos,
especialmente milho, soja e feijão – uma das exceções
fica por conta da cidade de Fraiburgo, maior produtora
brasileira de maçãs.
Com crescimento acelerado
nas últimas décadas, Chapecó
– sexto município catarinense
mais populoso –, é o principal
centro do Oeste catarinense.
Outras cidades importantes da
região, como Caçador, Concór-
dia, Videira e Xanxerê, seguem
modelo semelhante de desen-
volvimento, com progressiva ur-
banização e investimentos cons-
tantes em infraestrutura.
A ligação do aeroporto de
Chapecó a Florianópolis e dali
às principais cidades do país,
por meio de voos diários, con-
tribuiu decisivamente para re-
duzir a sensação de isolamen-
to dos habitantes do Oeste. O
êxodo ao qual muitos jovens
da região eram obrigados a se
lançar para continuar os estu-
dos em outras partes de Santa
Catarina ou em outros Esta-
dos foi reduzido pela instala-
ção de diversas instituições de
ensino superior.
Colonizado em grande parte
por gaúchos de origem italiana
e alemã, o Oeste catarinense
tem 118 cidades, número que
equivale a 40% do total catari-
nense. A maior parte delas não
chegou ainda à marca de 10.000
habitantes, dado que sintetiza o
grande potencial de desenvolvi-
mento projetado para a região
nas próximas décadas.
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Posição Município População Área (km²) Densidade demográfica
(habitantes/km²)
Gentílico
60 Passos Maia 4.425 619,2 7,1 Passosmaiense
61 Caxambu do Sul 4.411 140,7 31,4 Caxambuense
62 Erval Velho 4.352 207,4 21,0 Ervalense
63 Salto Veloso 4.301 105,1 40,9 Velosoense
64 Nova Erechim 4.275 64,9 65,9 Nova Erechinense
65 Nova Itaberaba 4.267 137,5 31,0 Nova Itaberabense
66 Iraceminha 4.253 163,2 26,1 Iraceminhense
67 Arabutã 4.193 132,8 31,6 Arabutanense
68 Xavantina 4.142 216,7 19,1 Xavantinense
69 Paraíso 4.080 181,2 22,5 Paraisense
70 Modelo 4.045 91,1 44,4 Modelense
71 Jaborá 4.041 191,9 21,1 Jaboraense
72 Saltinho 3.961 156,5 25,3 Saltinhense
73 Cordilheira Alta 3.767 82,9 45,4 Cordilheiraltense
74 Vargeão 3.532 166,6 21,2 Vargeonense
75 Arroio Trinta 3.502 94,3 37,1 Arroio-trintense
76 Galvão 3.472 122,0 28,5 Galvãoense
77 Calmon 3.387 638,2 5,3 Calmonense
78 Ibicaré 3.373 155,8 21,6 Ibicareense
79 Serra Alta 3.285 92,3 35,6 Serra-altense
80 Pinheiro Preto 3.147 65,9 47,8 Pinheirense
81 Entre Rios 3.018 104,5 28,9 Entrerriense
82 Peritiba 2.988 95,8 31,2 Peritibense
83 União do Oeste 2.910 92,6 31,4 União-oestense
84 Bandeirante 2.906 147,4 19,7 Bandeirantense
85 Santa Terezinha do Progresso 2.896 118,8 24,4 Terezinhano
86 Matos Costa 2.839 433,1 6,6 Matos-costense
87 Sul Brasil 2.766 112,9 24,5 Sul brasilense
88 Princesa 2.758 86,2 32,0 Princesense
89 Novo Horizonte 2.750 151,9 18,1 Novo-horizontino
90 Iomerê 2.739 113,8 24,1 Iomerense
91 São Bernardino 2.677 144,9 18,5 Bernardinense
92 Planalto Alegre 2.654 62,5 42,5 Planaltoalegrense
93 Belmonte 2.635 92,4 28,5 Belmontense
94 Formosa do Sul 2.601 100,1 26,0 Formoense do sul
95 Bom Jesus 2.526 63,5 39,8 Bonjesuense
96 Coronel Martins 2.458 107,3 22,9 Coronel martiense
97 Águas Frias 2.424 76,1 31,9 Aguasfriense
98 Santa Helena 2.382 81,7 29,2 Santaelenense
99 Ouro Verde 2.271 189,2 12,0 Ouro-verdense
100 Arvoredo 2.260 90,8 24,9 Arvoredense
101 Marema 2.203 104,1 21,2 Maremense
102 Lacerdópolis 2.199 68,9 31,9 Lacerdopolitano
103 Jupiá 2.148 92,1 23,3 Jupiaense
104 Bom Jesus do Oeste 2.132 67,1 31,8 Bonjesuense
105 Irati 2.096 78,3 26,8 Iratiense
106 Alto Bela Vista 2.005 104,0 19,3 Bela-vistense
107 Ibiam 1.945 146,7 13,3 Ibianense
108 São Miguel da Boa Vista 1.904 71,4 26,7 Boa-vistense
109 Cunhataí 1.882 55,8 33,7 Cunhataiense
110 Barra Bonita 1.878 93,5 20,1 Barrabonitense
111 Macieira 1.826 259,6 7,0 Macieirense
112 Jardinópolis 1.766 67,7 26,1 Jardinopolense
113 Paial 1.763 85,8 20,5 Paialense
114 Tigrinhos 1.757 57,9 30,3 Tigrinhense
115 Presidente Castello Branco 1.725 65,6 26,3 Castelinense
116 Flor do Sertão 1.588 58,9 27,0 Flor-sertanense
117 Lajeado Grande 1.490 65,3 22,8 Lageado grandense
118 Santiago do Sul 1.465 73,8 19,9 Santiaguense
Total 1.200.712 27.310,8 44,0
Fonte: IBGE, Censo 2010
55. 55Igreja Matriz e monumento O Desbravador, em Chapecó
Agroindústria, base da economia da região
E.L.
S.V.
56. 56
Norte
Na região Norte estão o maior município catarinense
– Joinville, o único do Estado a ter superado a marca
de 500.000 habitantes, colonizado principalmente por
alemães a partir de meados do século 19 – e também a
cidade mais antiga de Santa Catarina e uma das mais
antigas do país, a litorânea São Francisco do Sul, visi-
tada pelos europeus desde o início do século 16 e coloni-
zada ao longo de sua história por açorianos, espanhóis
e franceses. Esses dois municípios sintetizam a grande
diversidade cultural da região, característica que se es-
tende também à economia.
Joinville e sua vizinha Jara-
guá do Sul formam o principal
polo industrial de Santa Catari-
na e um dos mais importantes
do Brasil, com destaque para
o setor metalomecânico. Em-
presas nascidas na região torna-
ram-se conhecidas em todo o
país e expandiram sua presença
e suas vendas para o mercado
global. O estilo de gestão das
empresas do Norte catarinense
é reconhecido pela combinação
bem-sucedida entre atualização
tecnológica, visão de mercado e
simplicidade nas relações – ter-
no e gravata não fazem parte do
dia a dia corporativo e há incen-
tivo ao contato direto e infor-
mal entre operários e diretores.
Outro setor econômico re-
levante do Norte catarinense é
o moveleiro, concentrado es-
pecialmente nos municípios de
São Bento do Sul e Rio Negri-
nho – as duas cidades, juntas,
reúnem mais de 200 fabrican-
tes e revendedores de móveis.
O agronegócio se faz presente
como base da economia de ci-
dades como Canoinhas e Ma-
fra. Já a histórica São Francisco
do Sul vive em torno de seu
porto, um dos mais movimen-
tados do Brasil.
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57. 57
NORTE
Posição Município População Área (km²)
Densidade demográfica
(habitantes/km²)
Gentílico
1 Joinville 515.288 1.126,1 457,6 Joinvilense
2 Jaraguá do Sul 143.123 529,5 270,3 Jaraguaense
3 São Bento do Sul 74.801 501,6 149,1 São-bentense
4 Mafra 52.912 1.404,0 37,7 Mafrense
5 Canoinhas 52.765 1.140,4 46,3 Canoinhense
6 São Francisco do Sul 42.520 498,6 85,3 Francisquense
7 Rio Negrinho 39.846 907,3 43,9 Rio-negrinhense
8 Guaramirim 35.172 268,5 131,0 Guaramirense
9 Porto União 33.493 845,3 39,6 Porto-unionense
10 Araquari 24.810 384,0 64,6 Araquariense
11 Itaiópolis 20.301 1.295,4 15,7 Itaiopolense
12 Três Barras 18.129 437,6 41,4 Três-barrense
13 Papanduva 17.928 747,9 24,0 Papanduvense
14 Schroeder 15.316 164,4 93,2 Cheredense
15 Itapoá 14.763 248,4 59,4 Itapoaense
16 Garuva 14.761 502,0 29,4 Garuvense
17 Massaranduba 14.674 374,1 39,2 Massarandubense
18 Corupá 13.852 402,8 34,4 Corupaense
19 Campo Alegre 11.748 499,1 23,5 Campo-alegrense
20 Irineópolis 10.448 589,6 17,7 Irineopolitense
21 Santa Terezinha 8.767 715,3 12,3 Terezinhense
22 Balneário Barra do Sul 8.430 111,3 75,7 Barrassulense
23 Monte Castelo 8.346 573,6 14,6 Monte-castelense
24 Major Vieira 7.479 525,5 14,2 Major-vieirense
25 Timbó Grande 7.167 598,5 12,0 Timbó-grandense
26 Bela Vista do Toldo 6.004 538,1 11,2 Bela vistense
Total 1.212.843 15.928,9 76,1
Fonte: IBGE, Censo 2010
Polo metalomecânico
é destaque da
economia no
Norte catarinense
Z.P.T.E.
58. 58 Palácio dos Príncipes, Joinville
Igreja Matriz de São Bento do SulZ.P.
Z.P.
60. 60
Sul
O Sul catarinense tem economia bastante diversificada.
No que diz respeito a setores industriais, os destaques são
o cerâmico e o de vestuário, ambos liderados por Cri-
ciúma, seu maior município. Imbituba tem o único
porto público do Brasil administrado por uma empresa
privada, estrutura que ganha força como uma das me-
lhores opções do Sul do país para a movimentação de
cargas. Na maior parte dos demais municípios da região,
a principal sustentação econômica é a agricultura, com
cultivo principalmente de milho, feijão e arroz.
Contemplado por uma série
de belezas naturais, o Sul tem
parte considerável de sua renda
durante os meses de verão pro-
veniente do turismo. Redutos
como Balneário Rincão, em
Içara, Morro dos Conventos,
em Araranguá, e Praia do Rosa,
entre Imbituba e Garopaba, são
frequentados no período de ca-
lor por um grande número de
visitantes, vindos sobretudo do
Estado vizinho, o Rio Grande
do Sul. A cidade de Laguna,
terra de Anita Garibaldi, encan-
ta pelo centro histórico preser-
vado, pelas lindas praias e por
monumentos como o Farol de
Santa Marta, erguido no final
do século 19.
A região Sul de Santa Catari-
na foi colonizada predominan-
temente por italianos, cultura
que se faz presente até hoje na
arquitetura, música e gastrono-
mia em cidades como Urussan-
ga, Nova Veneza e Orleans. O
vinho, uma das heranças mais
celebradas, continua sendo pro-
duzido artesanalmente em di-
versas localidades, como símbo-
lo permanente do valor que os
habitantes do Sul dão às origens
e à memória dos pioneiros.
30
31
34
27
26
3
4
1425
33
2 10
23
29
41
21
6
13
5
5
3912
16
15
22
7
40
17
11
36
38
43
19
18 1
9
3532
42
37
20
24
44
8
28
61. 61
Sul
Posição Município População Área (km²) Densidade demográfica
(habitantes/km²)
Gentílico
1 Criciúma 192.308 235,7 815,9 Criciumense
2 Tubarão 97.235 301,8 322,2 Tubaronense
3 Araranguá 61.310 303,3 202,1 Araranguaense
4 Içara 58.833 293,6 200,4 Içarense
5 Laguna 51.562 441,6 116,8 Lagunense
6 Imbituba 40.170 182,9 219,6 Imbitubense
7 Braço do Norte 29.018 211,9 136,9 Braço-nortense
8 Sombrio 26.613 143,3 185,7 Sombriense
9 Forquilhinha 22.548 183,1 123,1 Forquilhense
10 Capivari de Baixo 21.674 53,3 406,6 Capivariense
11 Orleans 21.393 548,8 39,0 Orleanense
12 Urussanga 20.223 254,9 79,3 Urussanguense
13 Garopaba 18.138 115,4 157,2 Garopabense
14 Jaguaruna 17.290 328,3 52,7 Jaguarunense
15 Morro da Fumaça 16.126 83,1 194,1 Fumacense
16 Cocal do Sul 15.159 71,1 213,2 Cocalense
17 Lauro Müller 14.367 270,8 53,1 Lauro-milense
18 Nova Veneza 13.309 295,0 45,1 Veneziano
19 Siderópolis 12.998 261,7 49,7 Sideropolitano
20 Turvo 11.854 235,5 50,3 Turvense
21 Imaruí 11.672 542,6 21,5 Imaruense
22 São Ludgero 10.993 107,7 102,1 São-ludgerense
23 Gravatal 10.635 164,8 64,5 Gravatalense
24 Jacinto Machado 10.609 431,4 24,6 Jacinto-machadense
25 Sangão 10.400 82,9 125,5 Sangãoense
26 Balneário Arroio do Silva 9.586 95,3 100,6 Arroio-silvense
27 Balneário Gaivota 8.234 145,8 56,5 Gaivotense
28 Santa Rosa do Sul 8.054 151,0 53,3 Santa-rosense
29 Armazém 7.753 173,6 44,7 Armazenense
30 Praia Grande 7.267 284,1 25,6 Praia-grandense
31 São João do Sul 7.002 183,4 38,2 João-sulense
32 Meleiro 7.000 187,1 37,4 Meleirense
33 Treze de Maio 6.876 161,7 42,5 Treze-maioense
34 Passo de Torres 6.627 95,1 69,7 Passotorrense
35 Maracajá 6.404 62,5 102,5 Maracajaense
36 Grão-Pará 6.223 338,2 18,4 Grão-paraense
37 Timbé do Sul 5.308 330,1 16,1 Timbeense
38 Rio Fortuna 4.446 302,9 14,7 Rio-fortunense
39 Pedras Grandes 4.107 159,3 25,8 Pedras-grandense
40 Treviso 3.527 157,1 22,5 Trevisano
41 São Martinho 3.209 223,9 14,3 São-martinhense
42 Morro Grande 2.890 258,2 11,2 Morrograndense
43 Santa Rosa de Lima 2.065 202,0 10,2 Rosa-limense
44 Ermo 2.050 63,4 32,3 Ermense
Total 925.065 9.719,2 95,2
Fonte: IBGE, Censo 2010
66. 66
6
18
14
15
5
29
19 11
28
8
16
4
26
30
124
13
17
12
23
3
20
9 27
2
21
22
25
10
7
Serra
Os vastos campos da Serra catarinense contrastam com
os cenários litorâneos, a menos de 100 km de distân-
cia. A possibilidade de viajar de um lugar ao outro
em apenas duas horas de estrada demonstra a incrível
diversidade de paisagens encontradas em Santa Ca-
tarina. Enquanto o litoral é associado a sol e calor, a
Serra é sempre lembrada pelas paisagens de inverno
– trata-se da única região do país onde neva pratica-
mente todos os anos.
São Joaquim, conhecida
como a cidade mais fria do
Brasil, com temperatura média
anual de apenas 13 graus centí-
grados e registros frequentes de
quedas abaixo de zero, recebe
muitos visitantes entre junho e
agosto. Esses turistas aguardam
a oportunidade de testemunhar
um fenômeno inusitado para a
maioria dos habitantes de um
país predominantemente tro-
pical e brincam nas ruas feito
crianças quando surgem os pri-
meiros flocos de neve.
Lages, principal cidade da
região, foi fundada no final do
século 18 para marcar a ocupa-
ção da região pelos portugueses
e evitar que fosse tomada pelos
espanhóis. Hoje, visitantes são
muito bem-vindos, tanto que
Lages é considerada a capital
brasileira do turismo rural, com
diversas opções de hospedagem
em hotéis-fazenda e pousadas
charmosas. Nesses estabeleci-
mentos, o hóspede vive o coti-
diano da vida na Serra, pratican-
do atividades como ordenhar
vacas e percorrer trilhas a cavalo.
A vizinha Urubici tornou-se co-
nhecida como palco de esportes
radicais – praticados na água,
como canoagem; na terra, como
rapel e mountain bike; ou no
céu, a exemplo de voo livre.
A atividade madeireira e de
celulose sempre foi uma das ba-
ses econômicas da região serrana
e continua sendo relevante, devi-
damente adaptada às exigências
atuais de sustentabilidade. A bai-
xa ocupação demográfica facilita
também a pecuária, que depende
de áreas amplas para a criação de
gado. Campos Novos, com vas-
to território apto à agricultura,
é conhecida como o “celeiro”
de Santa Catarina pela grande
produtividade de grãos, especial-
mente milho, soja e trigo. Nos
últimos anos, a região tornou-se
produtora de vinhos finos, cuja
qualidade tem sido muito elogia-
da pelos especialistas.
67. 67
Serra
Posição Município População Área (km²) Densidade demográfica
(habitantes/km²)
Gentílico
1 Lages 156.727 2.631,5 59,6 Lageano
2 Curitibanos 37.748 948,7 39,8 Curitibanense
3 Campos Novos 32.824 1.719,4 19,1 Campos-novense
4 São Joaquim 24.812 1.892,3 13,1 Joaquinense
5 Otacílio Costa 16.337 845,0 19,3 Otaciliense
6 Santa Cecília 15.757 1.145,8 13,8 Ceciliense
7 Correia Pinto 14.785 651,1 22,7 Correia-pintense
8 Urubici 10.699 1.017,6 10,5 Urubiciense
9 Monte Carlo 9.312 193,5 48,1 Montecarlense
10 São José do Cerrito 9.273 944,9 9,8 Cerritense
11 Bom Retiro 8.942 1.055,6 8,5 Bom-retirense
12 Anita Garibaldi 8.623 587,8 14,7 Anita-garibaldense
13 Campo Belo do Sul 7.483 1.027,7 7,3 Campo-belense
14 São Cristóvão do Sul 5.012 351,1 14,3 São-cristovense
15 Ponte Alta 4.894 569,0 8,6 Ponte-altense
16 Bom Jardim da Serra 4.395 935,9 4,7 Bom-jardinense
17 Cerro Negro 3.581 417,3 8,6 Cerronegrense
18 Ponte Alta do Norte 3.303 399,2 8,3 Norte pontealtense
19 Bocaina do Sul 3.290 512,8 6,4 Bocainense
20 Zortéa 2.991 189,7 15,8 Zorteense
21 Brunópolis 2.850 337,0 8,5 Brunopolitense
22 Vargem 2.808 350,1 8,0 Vargense
23 Celso Ramos 2.771 208,3 13,3 Celso-ramense
24 Capão Alto 2.753 1.335,8 2,1 Capão altense
25 Abdon Batista 2.653 235,8 11,3 Abdonense
26 Urupema 2.482 350,0 7,1 Urupemense
27 Frei Rogério 2.474 159,2 15,5 Frei rogeriense
28 Rio Rufino 2.436 282,5 8,6 Rio rufinense
29 Palmeira 2.373 289,3 8,2 Palmeirense
30 Painel 2.353 740,1 3,2 Painelense
Total 406.741 22.324,0 18,2
Fonte: IBGE, Censo 2010
Neve e maçãs:
elementos da
identidade serrana
A.F. C.F.
70. 70
Infraestrutura
Com localização privilegia-
da entre os dois principais cen-
tros econômicos da América do
Sul – São Paulo e Buenos Aires
–, o Estado de Santa Catarina
está inteiramente conectado
com o Brasil e com o mundo.
Seus aeroportos têm linhas
diárias com países da América
do Sul e com as maiores cida-
des brasileiras – e destas com
os principais destinos ao redor
do planeta. Suas rodovias inter-
ligam o território catarinense e
conduzem, de forma eficiente e
segura, aos Estados e países vi-
zinhos. Seus portos são muito
importantes para o transporte
de cargas e para as exportações
brasileiras, enquanto as ferrovias
estão ganhando novo impulso
com os projetos anunciados pelo
Governo Federal.
A infraestrutura de energia
e telecomunicações assegura
todas as condições necessárias
à população e às empresas que
decidem investir em Santa Ca-
tarina. Estatais como as Cen-
trais Elétricas de Santa Cata-
rina (Celesc) e a Companhia
Catarinense de Águas e Sanea-
mento (Casan) estão entre as
mais eficientes do país.
A infraestrutura de
Santa Catarina é uma
das melhores do Brasil
Z.P.
71. 71
J.T.
Acima: Rodovia SC-473,
em Lindóia do Sul.
Ao lado: Usina
Hidrelétrica Palmeiras,
em Rio dos Cedros
Secom/Divulgação
Celesc/Divulgação
72. 72
Rodovias
O sistema rodoviário de San-
ta Catarina totaliza quase 62.800
km, dos quais 6.800 km são
pavimentados – extensão que
permite a interligação eficiente
e segura entre as regiões do Esta-
do, além da conexão com os vi-
zinhos Paraná e Rio Grande do
Sul e o acesso à Argentina, pela
região Oeste. A frota catarinen-
se é composta ao todo por 3,9
milhões de veículos, incluindo
280.000 veículos de carga.
As estradas catarinenses es-
tão em melhores condições ge-
rais do que a média brasileira.
Uma detalhada pesquisa divul-
gada pela Confederação Na-
cional dos Transportes (CNT)
mostrou que 53,6% dos trechos
pavimentados em Santa Catari-
na estão em bom ou ótimo esta-
do, contra 42,6% do país como
um todo. As principais rodovias
catarinenses receberam avalia-
ção geral positiva.
Asfaltada em 2013, a Rodovia SC-112,
entre Urupema e Rio Rufino,
é a mais alta do Estado e contribui
para o turismo na região Serrana
J.T.
Secom/Divulgação
73. 73
Ferrovias
Santa Catarina tem 1.365
km de trilhos dedicados ao
transporte de cargas, operados
por duas concessionárias. A
América Latina Logística (ALL)
detém 1.201 km no Estado,
em duas ferrovias que cortam o
território no sentido norte-sul,
passando ambas pela cidade de
Mafra – tradicional entronca-
mento logístico catarinense – e
dali seguindo em direção aos
portos de São Francisco do Sul
(SC) e Paranaguá (PR). Essas
ferrovias transportam princi-
palmente combustíveis, soja e
outros produtos agrícolas. Já a
Ferrovia Tereza Cristina, com
164 km de extensão, liga mu-
nicípios do Sul catarinense ao
porto de Imbituba (SC), tendo
como carga principalmente car-
vão e coque.
O Governo Federal anun-
ciou recentemente a constru-
ção de duas novas ferrovias em
território catarinense, dentro
do Programa de Investimentos
em Logística, a ser executado
em parceria com a iniciativa
privada – que ficará respon-
sável pela construção e terá
garantia de compra da capaci-
dade de transporte pela estatal
Valec. Uma das novas ferrovias
ligará Mafra à cidade de Ma-
racaju (MS), cruzando toda a
porção Oeste do território pa-
ranaense. Mafra estará também
no caminho da outra ferrovia
projetada, que ligará São Paulo
(SP) a Rio Grande (RS), cor-
tando o território catarinense
no sentido norte-sul.
Transporte
ferroviário: projetos
de expansão
E.M.
74. Aeroportos
Quatro dos 67 aeroportos
administrados pela Empre-
sa Brasileira de Infraestrutura
Aeroportuária (Infraero) estão
em Santa Catarina. Juntos, os
aeroportos de Florianópolis,
Navegantes, Joinville e Criciú-
ma/Forquilhinha transportam
anualmente mais de 5 milhões
de passageiros, em quase 95.000
voos. O Estado conta ainda com
outros 17 aeródromos públicos e
oito privados. Entre esses, desta-
ca-se o Aeroporto Municipal de
Chapecó, que tem linhas regu-
lares operadas por grandes com-
panhias aéreas e é de grande im-
portância para as regiões Oeste
de Santa Catarina, Sudoeste do
Paraná e Noroeste do Rio Gran-
de do Sul.
O Aeroporto Internacional
Hercílio Luz, em Florianópo-
lis, é o 14º mais movimentado
do país e o 7º em tráfego inter-
nacional – 6,4% dos quase 3,4
milhões de passageiros que pas-
saram por ele em 2012 estavam
indo ou chegando do exterior.
O aeroporto da capital catari-
nense está sendo ampliado e
passará da capacidade anual de
4,1 milhões para 10,8 milhões
de passageiros. A principal obra
prevista é a construção de um
novo terminal de passageiros,
que aumentará a área dessa es-
trutura dos atuais 8.800 m²
para 33.800 m².
Aeroportos de Santa Catarina
Aeroporto Passageiros/ano Voos/ano Carga aérea (kg/ano) Mala postal (kg/ano)
Florianópolis 3.395.256 56.086 1.436.903 4.920.943
Navegantes 1.277.486 24.485 1.731.886 0
Joinville 423.122 10.106 1.176.865 0
Criciúma/Forquilhinha 36.391 3.711 0 0
Fonte: Infraero (Anuário Estatístico-Operacional de 2012)
Aeroporto de Florianópolis: mais de 3 milhões de passageiros por ano
P.A.
74
75. Portos
Santa Catarina conta com
três importantes portos que,
juntos, movimentam mais de 24
milhões de toneladas de cargas
por ano. Cada um desses portos
tem um modelo específico de
gestão. O de São Francisco do
Sul é uma autarquia estadual,
enquanto o de Itajaí teve a au-
toridade portuária concedida
ao município e o de Imbituba é
administrado pela Companhia
Docas de Imbituba, uma empre-
sa de capital aberto – sendo, des-
sa forma, o único porto público
do país sob responsabilidade de
uma organização privada.
Portos de Santa Catarina
Porto Movimento anual (toneladas)
São Francisco do Sul 11.233.182
Itajaí 11.225.526
Imbituba 2.311.731
Fontes: Respectivas autoridades portuárias (2012)
O Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea),
vinculado ao Governo Federal,
comparou 34 portos brasilei-
ros, analisando uma série de
aspectos que iam além do mo-
vimento de cargas – incluíam a
área de influência (local, regio-
nal ou nacional), a proporção
de exportações e o valor agre-
gado dos produtos movimen-
tados. Concluiu que o porto
de Itajaí é o quarto mais im-
portante do país, enquanto o
de São Francisco do Sul ocupa
a sétima posição e o de Imbitu-
ba está em 21º.
Porto de São Francisco do Sul, um dos mais importantes do Brasil
Z.P.
75
76. 76
Telecomunicações
A presença de equipamentos
de telecomunicação nos domi-
cílios catarinenses está acima
da média nacional. Em Santa
Catarina, 98,4% das residên-
cias têm aparelho de televisão
(contra 96,9% no Brasil como
um todo), 94,6% contam com
telefone fixo (89,9% no país) e
55,8% dispõem de microcom-
putador (índice nacional de
42,9%), de acordo com núme-
ros da Pesquisa Nacional por
Amostragem por Domicílios
(Pnad), realizada pelo IBGE.
Santa Catarina tem 1,2 mi-
lhão de telefones fixos em fun-
cionamento – um para cada
cinco habitantes. Há também
8,1 milhões de celulares. Isso
significa que os catarinenses
dispõem de 13 aparelhos celula-
res para cada grupo de dez habi-
tantes. Apesar do amplo acesso
à telefonia móvel, existem ainda
33.800 telefones públicos, co-
nhecidos como “orelhões”, em
funcionamento no Estado.
Em julho de 2012, o Ibope
estimou em 2,7 milhões a quan-
tidade de usuários regulares de
internet em Santa Catarina,
número equivalente a 43% da
população. Estão contempla-
dos nessa conta todos os locais
de acesso, incluindo institui-
ções de ensino, bibliotecas e lan
houses. Se for considerado ape-
nas quem acessa a rede em casa
ou no ambiente de trabalho, a
estimativa é de 2,4 milhões de
usuários regulares, equivalente
a 37% da população. As ope-
radoras que atuam no Estado
têm ampliado a abrangência
dos serviços de terceira geração
(3G), que incluem internet de
alta velocidade sem fio.
Com relação à TV por assi-
natura, o serviço está disponível
em 34 municípios catarinenses
– que juntos abrigam 54,8%
da população do Estado. Há
503.700 assinaturas do serviço
vigentes em Santa Catarina. De
acordo com a Associação Cata-
rinense de Emissoras de Rádio
e Televisão (Acaert), o Estado
tem 18 emissoras de TV – al-
gumas delas já oferecendo tec-
nologia HD, de alta definição
–, 114 emissoras de rádio FM e
108 emissoras AM.
Santa Catarina
Brasil
Telecomunicações em SC*
Televisão
98,4%
94,6%
55,8%
96,9%
89,9%
42,9%
Telefone Fixo
(*) Índice de presença nos domicílios
Microcomputador
Z.P.
77. 77
Capacidade instalada de geração elétrica (MW)
Tipo Brasil SC Participação
catarinense (%)
Hidro 82.459 3.621 4,4
Termal 31.243 1.070 3,4
Eólica 1.425 206 14,5
Nuclear 2.007 - -
Total 117.134 4.899 4,2
Fonte: EPE (Balanço Energético Nacional 2012)
Energia
Santa Catarina 41
Resto do Brasil 59
41%
59%
Produção de Carvão Mineral
Santa Catarina
Resto do Brasil
Santa Catarina produz 2,3
milhões de toneladas de carvão
mineral por ano, volume equi-
valente a 41% do total nacional.
A distribuição de gás natural
no Estado tem sido ampliada ano
a ano com a atuação da SCGás.
Em 2011, a rede catarinense ga-
nhou 75 km adicionais, chegan-
do a 958 km, e a 57 municípios
– é o terceiro Estado do país com
maior rede. As vendas médias no
ano alcançaram 1,8 milhão de m³
por dia, acréscimo de 5% em re-
lação ao ano anterior.
No que diz respeito à geração
elétrica, Santa Catarina tem ca-
pacidade instalada de 4.899 me-
gawatts (MW), potência equiva-
lente a 4,2% do total nacional.
Trata-se de uma contribuição
proporcional à utilização de ele-
tricidade pelos catarinenses.
A capacidade instalada de
geração hidrelétrica em Santa
Catarina é de 3.621 MW – e
o potencial estimado é o dobro
disso, 7.232 MW. O Estado
tem se destacado como um dos
que mais investem em novas
modalidades de energia reno-
vável, com 14,5% da produção
nacional de energia eólica.
Abaixo: Usina Pery, em Curitibanos, que teve a
potência ampliada de 4,4 MW para 30 MW em 2013.
Ao lado: Usina Bracinho, em Schroeder, com potência de 15 MW
Celesc/Divulgação
Celesc/Divulgação
78. 78
Economia
O Produto Interno Bruto
(PIB) de Santa Catarina do-
brou em seis anos, chegando a
R$ 152,5 bilhões em 2010, úl-
timo ano contabilizado oficial-
mente até o fechamento desta
publicação. É o sétimo maior
PIB entre as 27 Unidades da
Federação do Brasil, correspon-
dente a 4% de todas as riquezas
produzidas no país. Já o PIB per
capita, R$ 24.398, é o quarto
Um indício do dinamismo
e da modernidade da economia
catarinense é a grande fatia do
PIB ocupada pelo setor terciá-
rio: 59,2% das riquezas catari-
nenses vêm do comércio e da
melhor do país – bem acima da
média nacional, R$ 19.766.
Os domicílios catarinenses
têm o terceiro melhor rendimen-
to entre as Unidades da Federa-
ção, segundo o último Censo –
cada domicílio de Santa Catarina
obtém, em média, R$ 2.636 por
mês, contra a média nacional de
R$ 2.222. Só Distrito Federal e
São Paulo têm desempenho su-
perior nesse aspecto.
prestação de serviços. Já o setor
secundário, representado pela
indústria, responde por uma
fatia também significativa, de
34,1%. A agropecuária, setor
primário, contribui com 6,7%.
Evolução do PIB catarinense
Ano PIB (R$ bilhões) PIB per capita
2002 55,7 9.969
2003 66,8 11.764
2004 77,4 13.403
2005 85,3 14.543
2006 93,1 15.633
2007 104,6 17.834
2008 123,3 20.369
2009 129,8 21.214
2010 152,5 24.398
Fonte: IBGE (Contas Regionais do Brasil 2010)
gropecuária 6,7
dústria 34,1
omércio e serviços 59,2
6,7%
34,1%
59,2%
Composição do PIB Catarinense (em %)
Agropecuária
Indústria
Comércio
e
serviços
79. 79
Porte das empresas
Tipo Trabalhadores
(em milhares)
Estabelecimentos
(em milhares)
Micro (até 19 empregados) 641,0 179,1
Pequeno (20 a 99 empregados) 454,6 11,8
Médio (100 a 499 empregados) 381,6 1,9
Grande (500 empregados ou mais) 492,4 0,3
Total 1.969,6 193,1
Fonte: Fiesc (SC em Dados, 2012)
A Agência de Fomento do Estado de Santa Cata-
rina (Badesc) é importante financiadora das empresas
e do setor público catarinenses, oferecendo emprésti-
mos de longo prazo e com taxas de juros competitivas.
Em 2011, emprestou R$ 407,7 milhões, aumento de
21% em relação ao ano anterior.
Micro e pequenas empresas também exercem um
papel importante na economia catarinense – são res-
ponsáveis por 55% dos empregos no Estado. De cada
100 empresas catarinenses, apenas uma tem 100 em-
pregados ou mais.
Número de empresas por setor
Setor Empresas
(em milhares)
Serviços 68
Indústria 31,9
Comércio 74,3
Construção civil 10,4
Agropecuária, extrativismo vegetal e pesca 8,5
Total 193,1
Fonte: Fiesc (SC em Dados, 2012)
Mão de obra empregada por setor
Setor Trabalhadores
(em milhares)
Serviços 796,5
Indústria 641,4
Comércio 392,0
Construção civil 94,5
Agropecuária, extrativismo vegetal e pesca 45,2
Total 1.969,6
Fonte: Fiesc (SC em Dados, 2012)
80. 80
Indústria
Qualquer brasileiro que
olhe para os lados dentro de
casa ou no ambiente de traba-
lho provavelmente encontrará
produtos de Santa Catarina.
Com um amplo leque de ativi-
dades, a produção catarinense
vai dos itens mais complexos,
como compressores de ar e
motores elétricos, àqueles que
fazem parte do cotidiano de
todos nós – carne de frango,
suínos e pescados, leite, maçã,
cebola, mel, geladeiras, móveis,
portas de madeira, cerâmicas
para revestimento, descartáveis
de plástico, embalagens de pa-
pel, camisetas, toalhas, tubos
de PVC, brinquedos, entre
muitos outros.
Participação dos principais setores na indústria catarinense
Posição Produto % da indústria
catarinense
1 Alimentícios 16
2 Artigos de vestuário e acessórios 13,1
3 Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 9,3
4 Produtos têxteis 8,3
5 Máquinas e equipamentos 6,7
6 Produtos de borracha e material plástico 6,2
7 Metalurgia básica 5,7
8 Produtos de minerais não metálicos 4,7
9 Produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 4,4
10 Celulose, papel e produtos de papel 4,2
Fonte: Fiesc (SC em Dados 2012)
Participação da indústria no PIB estadual
Posição Estado Participação (%)
1 Amazonas 43,9
2 Pará 41,4
3 Espírito Santo 36
4 Santa Catarina 34,1
5 Minas Gerais 33,6
Fonte: IBGE (Contas Regionais do Brasil 2010)
Participação dos segmentos industriais no PIB catarinense
Segmento %
Indústria da transformação 22,6
Construção civil 5,7
Produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza pública 5,3
Extrativa 0,5
Total 34,1
Fonte: IBGE (Contas Regionais do Brasil 2010)
81. 81
A indústria contribui com
34,1% do PIB catarinense,
quarta maior participação entre
todas as Unidades da Federação.
O parque industrial do Estado
é o quarto do país em quanti-
dade de empresas e o quinto
em número de trabalhadores. À
frente do setor está a Federação
das Indústrias de Santa Cata-
rina (Fiesc), criada no início
da década de 1950 para defen-
der os interesses da indústria e
trabalhar por melhorias na in-
fraestrutura e na qualificação da
mão de obra.
A atividade industrial está
bem distribuída pelo território
catarinense. No Norte, há em-
presas de metalurgia, máquinas
e equipamentos, material elétri-
co, autopeças, plástico, confec-
ções e mobiliário. No Vale do
Itajaí, destaque para os setores
têxtil e naval. No Oeste, a ên-
fase está na indústria alimen-
tar e na fabricação de móveis.
No Sul, os principais setores
são o cerâmico, o carbonífero,
de vestuário e de descartáveis
plásticos. Na região serrana,
há concentração das atividades
madeireira e de celulose e pa-
pel. Na Grande Florianópolis, a
Tecnologia da Informação vem
ocupando um espaço cada vez
mais relevante.
Um terço do PIB
catarinense vem
da indústria
WEG/Divulgação