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CURSO CIENTÍFICO-HUMANÍSTICO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
HISTÓRIA A
GUIA DE ESTUDO
MÓDULO 1 – A ROMANIZAÇÃO DA PENÍNSULA IBÉRICA

O processo de aculturação desenvolvido na sequência da chegada das
primeiras legiões romanas à Península Ibérica parece ter tido nos próprios soldados os
principais agentes. A instalação na Península de antigos soldados que aqui tinham
combatido, terão constituído, um primeiro e importante passo em todo o processo.
Por um lado, é evidente que a fixação na Península de antigos soldados
constituiu um importante contributo para a generalização de um novo modo de vida.
No entanto, a participação de auxiliares hispânicos no exército romano terá
contribuído de igual modo para a habitação dos naturais a esta nova existência, a que
não deixaram certamente de ser indiferentes.
Outra componente de agentes de romanização era constituída pelos inúmeros
comerciantes que se encontravam na Península Ibérica, nas proximidades dos
acampamentos militares, durante todo o período da conquista.
O processo de constituição de clientelas locais promovido por diferentes
governadores das províncias hispânicas terá constituído uma outra forma de,
progressivamente, ambientar as populações locais ao modo de vida romano. No
período de guerras civis em Roma, a emigração de romanos para a Hispânia passou a
ter um carácter diferente. Não se tratava já de emigrantes que tentavam a sorte num
novo território ou de representantes dos interesses de ricos patronos, mas sim de
emigrantes políticos, exilados da sua cidade. Tratava-se, pois, de uma emigração de
elite.
O estabelecimento de sólidas alianças com os poderes indígenas locais; a
constituição de uma escola para os filhos dos magnatas peninsulares; a organização de
um exército regular de forte componente indígena constituíram outros factores de
romanização.
Durante o reinado de Augusto [primeiro imperador romano] a instalação de
grandes contingentes com a fundação de diversas colónias; a política de urbanização,
não só das novas cidades, mas também de alguns povoados indígenas, como, por
exemplo, Conímbriga, constitui um outro importante contributo na afirmação de um
novo modo de vida.
A cidade da Antiguidade é, como sempre, um centro de poder político,
administrativo e religioso. Constitui também um pólo territorial, que tira a sua
subsistência e acumula riquezas extraídas de um espaço mais vasto, exercendo uma
natural atracção não só sobre os habitantes desse espaço, mas também sobre os de
paragens mais longínquas. Por tudo isso, concentra-se na cidade uma população
numerosa e heterogénea, que inclui os representantes dos poderes; uma elite
proeminente, com eles relacionada; uma grande multiplicidade de indivíduos, de
diversos níveis sociais, ligados às actividades institucionais; os trabalhadores que se
dedicam ao comércio e ao artesanato; e ainda uma multidão indiferenciada de
escravos, assalariados, militares e marginais.
As cidades são, por outro lado, importantes mercados e centros de
transformação, onde, naturalmente, afluem, por vezes vindos de muito longe, os mais
diversos produtos. Suscitam também o desenvolvimento de vastas áreas agropecuárias nas suas imediações, para garantir o abastecimento dos seus moradores.
Assim, nos locais onde o fenómeno urbano já existia, a romanização consistiu
na progressiva assimilação dos hábitos e instituições romanos, apesar de em muitos
deles os indígenas poderem manter o seu direito, religião e costumes próprios.
Por outro lado, as vias constituem uma das mais famosas e impressionantes
realizações do poder imperial de Roma. Constituíram um dos elementos materiais
mais poderosos da administração romana, para além das cidades. Formavam uma rede
constituída por estradas, pavimentadas com grandes lajes de pedra, frequentemente
pontuadas por colunas cilíndricas – os chamados marcos miliários –, que forneciam
ao viajante indicações sobre as distâncias percorridas ou a percorrer entre os
principais centros urbanos.
A Romanização implicou uma profunda transformação dos modos de vida –
material e cultural – dos povos da região onde se situa o actual território português: a
alteração da propriedade fundiária (que de comunitária passou a individual); a
introdução de novas culturas, como a oliveira e a vinha; a introdução de uma
economia comercial e monetária; o desenvolvimento de actividades ligadas à
exploração mineira, à pesca e à indústria conserveira; a introdução de um novo estilo
de vida, copiado dos Romanos, mais pacífico e civilizado, testemunhado pela
existência de teatros, anfiteatros, estádios, termas, balneários públicos e fóruns; a
difusão da língua latina, falada e escrita, da qual derivou a língua portuguesa,
constitui, porventura, o mais duradouro dos legados da Civilização Romana.

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  • 1. CURSO CIENTÍFICO-HUMANÍSTICO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS HISTÓRIA A GUIA DE ESTUDO MÓDULO 1 – A ROMANIZAÇÃO DA PENÍNSULA IBÉRICA O processo de aculturação desenvolvido na sequência da chegada das primeiras legiões romanas à Península Ibérica parece ter tido nos próprios soldados os principais agentes. A instalação na Península de antigos soldados que aqui tinham combatido, terão constituído, um primeiro e importante passo em todo o processo. Por um lado, é evidente que a fixação na Península de antigos soldados constituiu um importante contributo para a generalização de um novo modo de vida. No entanto, a participação de auxiliares hispânicos no exército romano terá contribuído de igual modo para a habitação dos naturais a esta nova existência, a que não deixaram certamente de ser indiferentes. Outra componente de agentes de romanização era constituída pelos inúmeros comerciantes que se encontravam na Península Ibérica, nas proximidades dos acampamentos militares, durante todo o período da conquista. O processo de constituição de clientelas locais promovido por diferentes governadores das províncias hispânicas terá constituído uma outra forma de, progressivamente, ambientar as populações locais ao modo de vida romano. No período de guerras civis em Roma, a emigração de romanos para a Hispânia passou a ter um carácter diferente. Não se tratava já de emigrantes que tentavam a sorte num novo território ou de representantes dos interesses de ricos patronos, mas sim de emigrantes políticos, exilados da sua cidade. Tratava-se, pois, de uma emigração de elite. O estabelecimento de sólidas alianças com os poderes indígenas locais; a constituição de uma escola para os filhos dos magnatas peninsulares; a organização de um exército regular de forte componente indígena constituíram outros factores de romanização. Durante o reinado de Augusto [primeiro imperador romano] a instalação de grandes contingentes com a fundação de diversas colónias; a política de urbanização, não só das novas cidades, mas também de alguns povoados indígenas, como, por exemplo, Conímbriga, constitui um outro importante contributo na afirmação de um novo modo de vida. A cidade da Antiguidade é, como sempre, um centro de poder político, administrativo e religioso. Constitui também um pólo territorial, que tira a sua subsistência e acumula riquezas extraídas de um espaço mais vasto, exercendo uma natural atracção não só sobre os habitantes desse espaço, mas também sobre os de paragens mais longínquas. Por tudo isso, concentra-se na cidade uma população numerosa e heterogénea, que inclui os representantes dos poderes; uma elite proeminente, com eles relacionada; uma grande multiplicidade de indivíduos, de diversos níveis sociais, ligados às actividades institucionais; os trabalhadores que se dedicam ao comércio e ao artesanato; e ainda uma multidão indiferenciada de escravos, assalariados, militares e marginais. As cidades são, por outro lado, importantes mercados e centros de transformação, onde, naturalmente, afluem, por vezes vindos de muito longe, os mais diversos produtos. Suscitam também o desenvolvimento de vastas áreas agropecuárias nas suas imediações, para garantir o abastecimento dos seus moradores.
  • 2. Assim, nos locais onde o fenómeno urbano já existia, a romanização consistiu na progressiva assimilação dos hábitos e instituições romanos, apesar de em muitos deles os indígenas poderem manter o seu direito, religião e costumes próprios. Por outro lado, as vias constituem uma das mais famosas e impressionantes realizações do poder imperial de Roma. Constituíram um dos elementos materiais mais poderosos da administração romana, para além das cidades. Formavam uma rede constituída por estradas, pavimentadas com grandes lajes de pedra, frequentemente pontuadas por colunas cilíndricas – os chamados marcos miliários –, que forneciam ao viajante indicações sobre as distâncias percorridas ou a percorrer entre os principais centros urbanos. A Romanização implicou uma profunda transformação dos modos de vida – material e cultural – dos povos da região onde se situa o actual território português: a alteração da propriedade fundiária (que de comunitária passou a individual); a introdução de novas culturas, como a oliveira e a vinha; a introdução de uma economia comercial e monetária; o desenvolvimento de actividades ligadas à exploração mineira, à pesca e à indústria conserveira; a introdução de um novo estilo de vida, copiado dos Romanos, mais pacífico e civilizado, testemunhado pela existência de teatros, anfiteatros, estádios, termas, balneários públicos e fóruns; a difusão da língua latina, falada e escrita, da qual derivou a língua portuguesa, constitui, porventura, o mais duradouro dos legados da Civilização Romana.