Este documento discute as características da pesquisa quantitativa, incluindo seu uso de técnicas estatísticas e preocupações com validade interna e externa. Também aborda como controlar variáveis que ameaçam a validade e as diferenças entre pesquisa quantitativa e qualitativa.
2. Pesquisa quantitativa: características
• Baseia-se na experimentação, onde os
delineamentos podem ser:
– Pré-experimentais: pouco controle; quase
nenhum valor científico;
– Experimentais: grande controle e valor
científico;
– Quase experimentais: similares aos
experimentais, mais sem o controle
apropriado.
3. Suas preocupações
• Validade interna: mínimo necessário para
garantir que o experimento é válido para a
instância específica onde foi realizado;
• Validade externa: refere-se às questões de
inferência indutiva ou de generalização do
experimento/resultados/conclusões;
• Controle das variáveis que ameaçam a
validade (tanto interna, quanto externa).
4. Técnicas
• Faz uso intensivo de técnicas estatísticas,
correlacionando as variáveis e verificando o
impacto e a validade do experimento.
• A fidedignidade é resolvida por meio da
estatística.
• A validade deve ser alcançada por meio do
maior número possível de critérios de
validade.
5. Validade interna: variáveis a controlar
• História: são eventos ocorridos entre a
primeira e a segunda observação ou entre o
estímulo experimental e uma observação;
• Maturação: processos internos aos sujeitos,
que são função do transcorrer do tempo;
• Testagem: efeitos da aplicação de um teste
sobre os escores de uma segunda aplicação;
6. Validade interna: variáveis a controlar
• Instrumentação: mudanças nos instrumentos
de medida, nos observadores e nos
encarregados da atribuição de notas;
• Regressão estatística: fenômeno que ocorre
quando grupos tenham sido selecionados com
base em seus escores extremos;
• Vieses de seleção: causados por seleção
diferencial de sujeitos para a comparação de
grupos;
7. Validade interna: variáveis a controlar
• Mortalidade diferencial: causada pela perda
de respondentes por parte dos grupos
comparados;
• Interação seleção-maturação e outras
interações: ocorrem quando um dos grupos
(de controle experimental) está sujeito a
maturação ou a uma evolução
significativamente maior do que a do outro
grupo.
8. Validade externa: variáveis a controlar
• Efeito reativo: o pré-teste pode aumentar ou
diminuir a sensibilidade ou a capacidade de
respostas dos sujeitos à variável experimental;
• Interação entre os vieses decorrentes da
seleção e a variável experimental: pode
ocorrer que os efeitos demonstrados sejam
válido apenas para a população onde foram
selecionados o grupo de controle e o
experimental
9. Validade externa: variáveis a controlar
• Interferência de tratamentos múltiplos: pois
os efeitos dos tratamentos anteriores não
podem ser cancelados.
10. A pesquisa coerente
• Segundo Gowin (1970, 1981, 2005), o processo de pesquisa
pode ser visto como uma estrutura de significados cujos
elementos básicos são conceitos, eventos e fatos.
• O que a pesquisa faz através de suas ações:
a) Estabelece conexões específicas entre um dado evento,
seus registros, os julgamentos factuais feitos com base
nestes registros, os conceitos que focalizam regularidades
no evento e os conceitos e sistemas conceituais utilizados
para interpretar os julgamentos factuais a fim de se chegar
à explanação do evento, entendida como a identificação
das relações causais a ele subjacentes.
b) Cria essa estrutura de significados em certa investigação é
ter feito uma pesquisa coerente.
12. Definindo os componentes da
estrutura
• Conceitos - São signos/símbolos que apontam regularidades em
eventos. Os conceitos, as unidades básicas dos Princípios e das
Teorias, são utilizados pelos sujeitos para pensar e dar respostas
rotineiras e estáveis ao fluxo de eventos.
• Princípios - São relações significativas entre dois ou mais conceitos.
Os Princípios são proposições tomadas a priori como verdadeiras. A
partir dos princípios, consequências são derivadas e são essas
consequências que são verificáveis experimentalmente.
• Sistemas Conceituais - São conjuntos de conceitos logicamente
ligados, usados para descrever regularidades relacionadas (como, por
exemplo, na Mecânica em Física).
13. Definindo os componentes da
estrutura
• Teorias - São similares a princípios e sistemas conceituais no sentido de
que expressam relações entre conceitos, porém são mais abrangentes,
mais inclusivas, envolvendo muitos conceitos e princípios.
• Filosofias - São, por sua vez, sistemas de valores subjacentes às Teorias.
São visões de mundo, crenças profundas.
14. Definindo os componentes da
estrutura
• Fatos - Podem ter sentidos distintos, porém relacionados. Em um
primeiro sentido significam registros de eventos que ocorrem
naturalmente ou que são provocados pelo pesquisador (um evento não
pode ser estudado se nenhum registro for feito). Em um segundo
sentido, fatos são asserções, tipicamente em forma verbal ou
matemática, baseadas em registros dos eventos e nas transformações
feitas nesses registros. Portanto, nos sentidos usados por Gowin, fatos
não são, como usualmente se pensa, coisas sobre as quais não se têm
dúvidas.
15. Diferenças entre pesquisa
quantitativa de qualitativa
Estratégias Quantitativas Qualitativas
Dados Números Textos
Análise Estatística Interpretação
Pesquisa de Entrevista em
Protótipo
opinião profundidade
Qualidade Hard Soft
16. Não há análise estatística sem
interpretação
• Os dados não falam por si mesmos, mesmo que
sejam processados cuidadosamente, com modelos
estatísticos sofisticados.
• A pesquisa numérica possui um amplo repertório de
formulações estatísticas a seu dispor.
17. A formalização e a não formalização
da pesquisa
Quantitativa Qualitativa
Não formalização Frequências descritivas Citações, descrições
Formalização Modelagem estatística Modelagem teórico-gráfica
18. Padrões de boa prática
• A vantagem didática e prática da pesquisa numérica
é sua clareza de procedimentos e seu elaborado
discurso de qualidade no processo de investigação.
19. Rowntree*
• O trabalho quantitativo de Rowntree consistia em
uma estatística descritiva; se mostrou poderosa
devido a sua habilidade em expor condições ocultas
de pobreza e privação.
• “É um fato que pode muito bem causar grandes
sofrimentos, que nesse país de abundante riqueza,
durante um tempo de prosperidade sem igual, mais
de um quarto da população esteja vivendo na
pobreza” (1902:304).
*sociólogo inglês, fez pesquisas sobre a pobreza em Londres
20. A recepção dos resultados da pesquisa
• Deve-se levar em conta a recepção pelo público
pretendido.
• Os achado de pesquisa realizadas com grupos focais
sobre o consumo de álcool.
21. Referências bibliográficas
BAUER, Martin W. e GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com
texto, imagem e som.Petrópolis: Ed. Vozes, 2003, 2ª. Ed.
GOWIN, D. B. (1970). The structure of knowledge. Educational
Theory, 20(4): 319-28.
GOWIN, D. B.; ALVAREZ, M. (2005). The art of educating with V
diagrams. New York: Cambridge University Press.
MOREIRA, M.A & ROSA, Paulo da Silva. Uma introdução à pesquisa
quantitativa em ensino. Disponível em
http://www.dfi.ufms.br/paulorosa/PesquisaQuantitativa.pdf. Acesso
em 25/1/2013.