1. Modos de produção da informação:
métodos disponíveis na Sociologia
Método e técnicas
2. Noção de método
• Processo de seleção das técnicas adequadas à
pesquisa concreta, de controlo da utilização
destas técnicas e de integração dos resultados
obtidos.
– É o plano, o esquema ordenador, a estratégia com
que o investigador aborda os problemas que
estuda.
4. Método experimental
• O método experimental foi importado da Física e da Biologia.
No entanto, a sua aplicabilidade nas Ciências Sociais é
relativamente restrita;
• Consiste na realização de observações e recolha de dados que
têm em vista a comprovação de uma relação causal entre
duas variáveis.
• São constituídos dois grupos homogéneos:
– o grupo experimental em que é introduzido um facto ou fator – a
variável independente;
– o grupo de controlo, em que não é introduzida a variável
independente.
• No grupo experimental faz‐se variar de forma controlada a
variável independente e observam‐se os seus efeitos no
grupo, em confronto com o grupo de controlo, a fim de se
concluir se a variável independente é a causa dos efeitos
observados.
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5. Método experimental – um exemplo
• Um investigador interessado em divórcio quer investigar se o
aconselhamento matrimonial ajuda os casais a ficarem juntos.
• Ele recrutará casais para a experimentação e dividi‐los‐á em dois grupos,
assegurando que os membros de cada grupo sejam semelhantes em termos
de idade, rendimento, educação e religião bem como de duração do
casamento.
– Um grupo, o grupo experimental, receberá aconselhamento matrimonial,
– enquanto o outro, o grupo de controlo, não receberá aconselhamento
matrimonial.
– A variável independente (fator a que previsivelmente é atribuída a causa da
mudança) é o aconselhamento matrimonial.
– A variável dependente (fator que é modificado pela variável independente) é a
possibilidade de manter o casamento ou de se divorciar.
• Nesta experimentação o investigador poderá comparar os dois grupos e
então retirar conclusões sobre se o aconselhamento matrimonial conduz a
que mais casais se mantenham casados ou mais casais se divorciem ou não
tem qualquer impacto.
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6. Análise intensiva ou estudo de casos
• Os estudos de casos ou análise intensiva pressupõe a
realização de uma análise intensiva, tanto em amplitude
como em profundidade.
• A análise centra‐se numa amostra particular da população,
selecionada de acordo com determinado objetivo e recorre
a uma diversidade de técnicas de pesquisa.
• Após a recolha de dados, estes serão ordenados com o
intuito de preservar o carácter unitário da amostra,
obtendo‐se assim uma compreensão profunda do grupo e
do fenómeno em estudo.
• Exemplos: sem‐abrigo; crianças de rua; uma comunidade
cigana; arrumadores de carros…
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7. Análise intensiva ou estudo de casos:
outros exemplos
Para fazer um estudo de caso, o investigador centra‐se num acontecimento, situação, ou
mesmo indivíduo particulares. O propósito é compreender a dinâmica das relações, as
relações de poder, ou mesmo os processos de pensamento que conduzem a um
acontecimento particular. O sociólogo Ken Levi (2009), por exemplo, quis estudar assassinos
em série. Ele gostaria de ter um grande número de assassinos para entrevistar, mas só teve
acesso a um. Ele entrevistou este homem repetidamente, oferecendo‐nos a compreensão
de como alguém pode matar outros por dinheiro.
O sociólogo Kai Erikson (1978), que ficou intrigado com a explosão de uma barragem em
West Virginia que matou vários milhares de pessoas, centrou‐se nos acontecimentos que
conduziram e se seguiram ao desastre.
Para um caso de violência doméstica, um estudo de caso centrar‐se‐á numa só esposa ou
marido, explorando a história de vida e relação do casal.
Como se pode ver, o estudo de caso revela um grande número de pormenores, mas uma
questão se levanta sempre. Até que ponto estes pormenores se aplicam a outras situações?
Este problema da generalização que afeta os casos de estudo, é a razão fundamental para
que poucos sociólogos usem este método. VOLTAR AO ESQUEMA
8. Análise extensiva ou de medida
• A observação é feita por meio de perguntas diretas
(entrevistas) ou indiretas (questionários) de
populações relativamente numerosas.
• As respostas são tratadas mediante análise
quantitativa.
• Exige o recurso às técnicas de amostragem, pois tem
por objeto populações numerosas.
• Permite a deteção de regularidades nas práticas sociais
estudadas.
• Um exemplo: se um investigador pretender conhecer a
relação entre as crenças religiosas e a taxa de divórcios,
numa determinada sociedade, recorrerá a este método.
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9. Análise extensiva e análise intensiva:
comparação
• A análise extensiva é um método caracteristicamente quantitativo, ou
seja, baseado na quantidade de casos observados ou de dados
recolhidos, para com eles poder efetuar generalizações.
• A análise intensiva é um método qualitativo, isto é, em que não
importa tanto a quantidade e a generalização, mas mais a qualidade
(profundidade e amplitude) da informação sobre determinado caso.
• A análise extensiva corre o risco de ficar pela superficialidade dos
fenómenos, perdendo muitos pormenores que podem ser obtidos com
uma análise intensiva.
• A análise intensiva permite obter uma informação mais rica e
aprofundada sobre o caso ou casos abordados, porém, as
generalizações dos conhecimentos obtidos para populações mais
vastas podem não ser legítimas ou serem muito menos fiáveis.
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10. Método comparativo
• O método comparativo baseia‐se num conjunto de
procedimentos científicos que examinam os vários
fenómenos sociais, tentando descobrir aquilo que
eles têm de comum, de forma a constituírem‐se
regularidades ou princípios válidos e significativos na
sua explicação.
• Quando neste tipo de método introduzimos a
variável tempo, situamo‐nos no âmbito de um
estudo histórico‐comparativo.
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11. Investigação‐ação
• É um método das Ciências Sociais que associa a
análise à transformação da realidade estudada.
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APRESENTAÇÃO
12. Técnicas de investigação na Sociologia
Documentais
De inquirição
De observação
Técnicas
de
investigação
Análise estatística
Análise de conteúdo
Inquérito por questionário
Entrevista
História de vida
Observação participante
Observação direta
Sociologia visual
13. Técnicas documentais: a análise
estatística
• A análise estatística consiste na análise de
informação constante de documentos:
– Dados constantes de documentos produzidos pelo
investigador, por exemplo, os resultantes de
entrevistas ou inquéritos por questionário que
efetuou no decorrer da investigação – fontes
primárias.
– Informação constante de documentos já
existentes antes da pesquisa – fontes secundárias.
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14. Técnicas documentais: a análise de
conteúdo
• A análise de conteúdo visa isolar na massa de textos as
linhas mestras que lhes dão o seu sentido real.
• Trata‐se, em primeiro lugar, de decompor o conteúdo
de um conjunto complexo em elementos mais simples.
• Posteriormente estes elementos serão classificados e,
se for necessário, medir‐se‐á a sua frequência e
importância relativa.
– É uma técnica quantitativa moderna que permite a análise
de noticiários, comentários, discursos, leis e do
aparecimento de certas expressões e ideias capazes de
revelarem correntes de opinião ou teses dissimuladas na
apresentação aparentemente objetiva dos factos.
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15. Técnicas documentais ‐ exemplo
• Para investigar a vida social os sociólogos
examinam documentos tão diversos como livros,
jornais, diários, registos bancários, relatórios de
polícia e registos mantidos por organizações. O
termo também inclui gravações de vídeo e de
áudio.
– Por exemplo, para estudar a violência doméstica
devem ser examinados os relatórios policiais e os
registos dos tribunais. Isto pode revelar qual a
percentagem de queixas que resultam em detenção e
qual a proporção de homens detidos que são
condenados ou colocados em liberdade condicional.
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16. Técnicas de inquirição: inquérito por
questionário
• O inquérito por questionário é uma técnica de recolha
indireta de informação apoiada, normalmente, por um
conjunto de perguntas, testes, escalas de atitudes, que o
inquiridor, direta ou indiretamente propõe ao inquirido.
• No inquérito:
– ou o inquirido regista as suas próprias respostas – administração
direta;
– ou o inquiridor formula a pergunta e regista a resposta do
inquirido – administração indireta.
– Num questionário de questões abertas, o inquirido responde
livremente.
– Num questionário de questões fechadas, o inquirido tem de
optar por uma lista tipificada de respostas.
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17. • Planeamento do inquérito
– definição dos objetivos a atingir;
– definição do universo conceptual;
– dimensão e tipo da amostra;
– escolha das variáveis a observar.
• Preparação do instrumento de recolha de dados:
– elaboração e redação do questionário.
• Trabalho no terreno:
– Fase de obtenção das respostas.
• Análise dos resultados:
– codificação das respostas;
– apuramento e tratamento da informação;
– elaboração das conclusões.
• Apresentação dos resultados, normalmente
através da elaboração de um relatório.
Técnicas de inquirição: inquérito por questionário –
fases de um inquérito por questionário
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18. Sugestões para a construção correta
de um questionário
• Explicitação sucinta, no início do questionário, dos
objetivos do estudo e garantia de anonimato e
confidencialidade da informação.
• As variáveis de caracterização sociográfica – sexo, idade,
nível de instrução, estado civil, nacionalidade, profissão,
etc. ‐ devem situar‐se no início ou fim do questionário.
• Devem ser evitadas questões formuladas negativamente.
• Não é recomendável mudar de escala na mesma questão.
• Evitar a proliferação de escalas em que é possível o
posicionamento intermédio – o inquirido pode, por
conforto, assinalar este posicionamento.
• Os níveis de linguagem devem se adequados aos
destinatários.
19. Técnicas de amostragem
• No método extensivo o objeto de análise da investigação (universo)
é de grande dimensão.
• Por isso, não é possível, incluir todos os elementos do universo na
inquirição, seja por uma questão de tempo ou de custo da
investigação.
• Para ultrapassar este problema, recorre‐se à amostragem – são
considerados apenas alguns elementos do universo (amostra).
• Esta amostra deve ser representativa do universo que estamos a
estudar, isto é, a amostra deve ter uma estrutura semelhante à
estrutura do universo, em termos de sexo, idade, profissão, religião,
etc.
• Se esta condição for respeitada, é possível generalizar para o
universo as conclusões retiradas da análise da amostra, com relativa
confiança.
20. Técnicas de amostragem – alguns tipos
de amostragem
• Amostras probabilísticas (aleatórias):
– Amostragem aleatória simples (a amostragem probabilística mais usada), em que todos os
elementos da população (universo) têm a mesma probabilidade de pertencer à amostra.
• Sorteio; tabela de números aleatórios…
• Amostras não probabilísticas:
– Amostragem por quotas em que se usa informação existente sobre a população – sexo, idade,
escolaridade, profissão, área de residência, etc. – de modo a construir uma amostra com estrutura
semelhante à do universo, tendo em conta estas características.
– Amostragem por bola de neve – neste tipo de amostragem escolhe‐se um indivíduo que
tenha as características da população que se pretende estudar, mas que se desconhece e pede‐se a esse
indivíduo que indique outra pessoa das suas relações com as mesmas características. Faz‐se o mesmo
pedido a este último e assim sucessivamente, até se constituir uma amostra com a dimensão desejada.
– Amostragem intencional – neste caso os elementos da amostra são selecionados de acordo
com critérios teóricos ‐ por exemplo, se quisermos estudar o problema da indisciplina na sala de aula,
podemos selecionar apenas os alunos, que tiveram mais que duas faltas disciplinares, durante o ano letivo
anterior.
21. Técnicas de inquirição: entrevista
• A entrevista é um procedimento direto de recolha
de informação.
• A entrevista obedece a um guião preestabelecido,
de acordo com os objetivos da investigação.
• De acordo com a maior ou menor obediência a
um guião, a entrevista pode ser:
– diretiva;
– semidiretiva (em profundidade);
– não diretiva (livre).
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22. Técnicas de inquirição: história de vida
• Uma série de entrevistas de tipo semidiretivo,
geralmente aplicadas em várias sessões, tendo
subjacente um guião que procura cruzar
dados biográficos e ciclos de vida pessoais
com circunstâncias históricas e sociais.
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23. Técnicas de observação: observação
participante
• As técnicas de observação participante, muitas
vezes designadas por método etnográfico,
caracterizam‐se pela integração do observador no
grupo observado, durante algum tempo,
estabelecendo relações de familiaridade e
interagindo com os observados .
– Se o investigador apenas se integra no grupo que vai
estudar no início da investigação, falamos de
observação‐participação.
– Se o investigador faz parte de um grupo e aproveita
esta situação para o observar, falamos de
participação‐observação.
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24. Técnicas de observação: observação
direta
• Caracteriza‐se pelo facto de o observador ver
e ouvir de acordo com uma grelha de
observação preexistente.
– Registo de posturas corporais, indumentárias,
conversas, descrições do espaço e das relações
das pessoas com esse espaço, sem interagir com
os observados, por exemplo.
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25. Técnicas de observação: sociologia
visual
• Utilização para fins de pesquisa de filmagens e
de fotografia.
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