O documento discute as ideias de Foucault e Bentham sobre o panoptismo. Bentham projetou o Panóptico, um edifício circular com celas individuais voltadas para uma torre central de vigilância, permitindo que um guarda observasse todos os prisioneiros sem ser visto. Isso exercia um poder disciplinar através da visibilidade constante, fazendo com que os prisioneiros se sentissem sempre sob vigilância e internalizassem a norma.
2. “Me desculpo com os historiadores da filosofia
por esta afirmação, porém creio que Bentham
é mais importante para nossa sociedade que
Kant ou Hegel. Devia-se lhe render
homenagem cada uma de nossas sociedades.
Foi ele quem programou, definiu e escreveu
de maneira mais precisa, as formas de poder
em que vivemos ...”
4. O panoptismo foi uma invenção tecnológica
na ordem do poder, como a máquina a
vapor na ordem da produção.
5. O Panóptico era um edifício em forma de anel,
no meio do qual havia um pátio com uma torre
no centro. O anel dividia-se em pequenas
celas que davam tanto para o interior quanto
para o exterior. Em cada uma dessas
pequenas celas, havia, segundo o objetivo [ ...
] um prisioneiro a ser corrigido, um louco
tentando corrigir a sua loucura, etc. Na torre
havia um vigilante.
6. O panoptismo é uma forma de exercício do
poder que não se baseia não na investigação,
mas em um procedimento completamente
diferente: o exame.
7. Arquitetura
O tema da arquitetura esta estreitamente
ligado com a questão do poder. Uma
arquitetura do espetáculo e outra da vigilância
cuja forma paradigmática é o panóptico de
Bentham. Esta relação entre arquitetura e
poder passa pelo modo em que nele a
organização do espaço distribui o movimento
do vigiar ...
8. ... determina a visibilidade. Tradicional-mente
o poder é o que se vê, o que se mostra, o que
se manifesta e, de maneira paradoxal,
encontra o princípio da sua força no
movimento para o qual se desagarra. Aqueles
sobre os quais se exerce o poder, podem se
esconder. Eles recebem luz só de uma parte
do poder que lhes é concedida o do reflexo
que por um instante os alcança.
9. O poder disciplinador se exerce tornando-
se invisível. Como contrapartida impõe
àqueles que são somente um princípio de
visibilidade obrigatória. Na disciplina, são os
sujeitos os que devem ser vistos.
10. A arquitetura dos templos, palácios, teatros,
corresponde ao jogo da visibilidade no
exercício tradicional do poder; a
correspondência do poder disciplinatório será
a arquitetura das prisões, hospitais, escolas.
11. Panóptico
Ao estudar a "Sociedade Disciplinar", Foucault
constata que a sua singularidade reside na
existência do desvio diante a norma. E assim,
para "normalizar" o sujeito moderno, foram
desenvolvidos mecanismos e dispositivos de
vigilância, capazes de interiorizar a culpa e
causar no indivíduo remorsos pelos seus atos.
12. O panoptismo corresponde à observação total,
é a tomada integral por parte do poder
disciplinador da vida de um indivíduo. Ele é
vigiado durante todo o tempo, sem que veja o
seu observador, nem que saiba em que
momento está a ser vigiado.
13. Aí está a finalidade do Panóptico, induzir no
detido um estado consciente e permanente de
visibilidade que assegura o funcionamento
autoritário do poder.
14. Mais importante do que vigiar o prisioneiro,
era que o mesmo se soubesse vigiado.
Logo, não era finalidade do Panóptico fazer
com que as pessoas fossem punidas, mas
que nem tivessem a oportunidade para
cometer o mal, pois sentiriam-se
mergulhadas, imersas num campo de
visibilidade.
15. Em suma, o Panóptico desfaz a
necessidade de combater a violência física
com outra violência física, combatendo-a
antes, com mecanismos de ordem
psicológica.