PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
Spinoza
1.
2. “Todos os livros que ensinam e contam
coisas excelentes são sagrados, não
importando a língua e a nação em que foram
escritos”.
3. Da obra: O livro forjado no inferno
De Steven Nadler
4. Tratado Teológico-Político (1669-1670)
Subtítulo: O que contem diversas
dissertações que mostram como a liberdade
de filosofar pode garantir sem prejuízo à
Piedade e à Paz do Estado e que não pode
destruir-se sem que se destrua também a
própria Piedade e a Paz estatais.
5. Foi imediatamente catalogado como inimigo
da religião: um Anticristo ou um agente de
Satã.
“Um livro tão obsceno e blâsfemo como o
mundo jamais viu”.
“Forjado no inferno pelo judeu apóstata em
colaboração com o demônio”.
6. “Espinosa é consciente de que é uma guerra
perdida. A hegemonia das paixões, o
racionalista não lhe cabe mais do que admitir
a necessidade da religião para os indivíduos
irracionais, isto é, para a maioria da
sociedade”.
7. O Tratado Teológico-Político
O tema, leitmotiv, é a libertação, seja
psicológica, política ou religiosa, libertar as
mentes das pessoas da superstição e as vidas
do controle clerical. Sua meta é uma
sociedade democrática tolerante guiados
pela verdadeira religião, a religião moral.
8. Defende a liberdade de pensamento e
expressão e em especial a liberdade de
filosofar e liberdade de religião.
A insegurança leva a superstição. Medo e
esperança são emoções instáveis.
9. Religião
“A religião continuará sendo necessária, pois
os homens incapazes de levar uma vida
racional e sequem encarnados às suas
paixões”.
A religião que tal a conhecemos nada mais é
do que superstição organizada. Clérigos ávidos
pelo poder exploram a ingenuidade das
pessoas.
10. Os clérigos, aproveitando-se de suas
esperanças e seus temores em relação a vida
para exercer controle sobre suas crenças e
suas vidas.
“Os sábios ou filósofos, não apelam à fé para
fazer o bem, nem estímulos nem ameaças
exteriores para exercer a justiça e a piedade.
A virtude é em si mesma sua recompensa”.
11. O cerne da religião é a obediência não as leis
cerimoniais feitas pelos homens.
O preceito de conhecer a Deus e amar a
Deus é ambíguo.
Só se ama a Deus em consequência do
conhecimento com o qual O conhece.
12. Política e Religião
A crença em milagres é insensatez, asnos
falantes, mortos se levantando, é coisa de
clérigos para manipular a credulidade das
massas e exercerem controle sobre suas vidas
espirituais e até civil.
13. Espinosa faz um exame muito crítico da
profecia e dos milagres, revela superstições
que sustenta o sectarismo religioso.
A lei divina prescreve que o homem deve fazer
para obter o “sumo bem”, ou seja, aquilo que
lhe mais lhe interessa não como ser corporal,
social ou político, mas como ser racional e
moral.
14. E essa lei preceitua é, ao menos
aparentemente, bastante simples: Conhecer a
Deus e amar a Deus e ao próximo como a nós
mesmos.
15. O que tinha em mente era uma religião racional
universal que abstivesse de rituais
supersticiosos, sem sentido, e se concentrasse
em vez disso em alguns simples princípios
morais, sobretudo amar o próximo.
Espinosa, como Hobbes, entende que os
homens são motivados pelo interesse próprio.
16. Raramente os homens vivem sobre o domínio da
razão, geralmente são invejosos e molestos uns
para com os outros. Vivendo assim percebem
que é mais vantajoso abrir mão da busca
desenfreada de interesse pessoal e unir-se em
“um só corpo”, uma sociedade tendo em
consideração a vontade de todos em conjunto.
O cumprimento político é o resultado de um
acordo voluntário e racional entre indivíduos.
17. Espinosa assim como Hobbes crê que o pacto
social só funcionará se o Estado tiver poder
absoluto. Mas ao contrário de Hobbes onde o
poder seria conferido ao um soberano,
Espinosa acredita que o Estado é melhor
servido pela democracia. A democracia por ser
mais estável por se portar de forma mais
sensata é menos propensa em alienar seus
cidadãos.
18. A liberdade de opinião é um direito que
ninguém pode renunciar.
Não existe algo mais pernicioso que condenar
homens honestos pelo fato de pensarem de
maneira diferente.
19. Filosofia e Religião
“Religião e filosofia são esferas estritamente
separadas: a religião não busca a verdade e sim
predicar a piedade e justiça. Seu reino é a
obediência, a submissão; já o âmbito da filosofia
é o da liberdade e a razão”.
A razão, portanto, não deve ser serva da
teologia e vice versa.
20. As Escrituras
“Boa parte, inclusive, dos teólogos está
preocupada em saber como extorquir dos
Livros Sagrados as suas próprias fantasias e
arbitrariedade, corroborando-as com a
autoridade divina”.
21. A bíblia não passa de literatura. Em o qual seus
autores frequentemente discordam um do
outro. Por conseguinte não são
necessariamente uma fonte de verdades, ainda
que sejam instrumento proveitoso para
motivar a obediência à Deus ou seja levar as
massas à conduta moral.
22. Para Espinosa a abordagem da Bíblia deve ser
histórica, suas histórias são fruto de vários
contextos. Interpretar a Bíblia requer uso da
faculdade da razão atuação metódica.
23. Precariedade do conhecimento do hebraico;
não se dispõe de uma história completa do
hebraico; muitas informações linguísticas
foram perdidas incluindo regras gramaticais e
o vocabulário comum; o que temos são
hipóteses ...
24. ... conhecimento fragmentado do hebraico;
“os antigos hebraístas não nos legaram nada à
posteridade sobre os fundamentos e a
estrutura da língua”; não nos deixaram um
dicionário ou uma gramática. E ainda nos falta
um conhecimento idiomático e coloquial que
ajudaria em passagens obscuras.
25. Com todas essas dificuldades não temos
dúvida em afirmar que muitas passagens da
Bíblia ou ignoramos o seu verdadeiro sentido
ou nos pomos a adivinhar.
Não transformar a Bíblia em ídolo, não faze-la
maior do que Deus.
26. Muitos enfocam em demasia as palavras da
Bíblia e não sua mensagem. Ao promover
mitos sobre a sua origem e procuram sentido
oculto em vez das doutrinas éticas dos
profetas isso é idolatria um ídolo de papel e
tinta e não de imagens. Em vez de se ater ao
conteúdo moral da Bíblia a divinizam a
idolatram.
27. A palavra de Deus pode ser encontrada em
muitos livros não há razão para que a escrita
dos hebreus, escrita a milénios, tenha o
monopólio sobre o ensinamento da
verdadeira religião.
28. Os Profetas
Para profetizar não necessita de ser dotado de
uma mente mais perfeita e sim de imaginação
mais viva.
29. O que o profeta percebe são visões, e as
noções que ele colhe dessas visões são em
seguida transmitidas por parábolas e
alegorias, são de difícil entendimento ao
intelecto, mas são importante ao público do
profeta. O intelecto nada soma à profecia
bíblica.
30. Os profetas não eram particularmente cultos
eram homens simples e com instrução
comum, baixa até. Não tinha formação
filosófica ou teológica e científica por isso
não se pode levar a sério quanto aos seus
assuntos: a profecia nunca torna os profetas
mais sábios, ouvir um profeta não deixa
ninguém mais inteligente.
31. A profecia e altamente subjetiva. As visões de
um profeta de origem rural conterá imagens
com bois e vacas, se o profeta for urbano
será diversa deste. As qualidades
imaginativas do profeta não lhe dá vantagem
alguma sobre o filósofo.
Epistemologicamente o intelecto é melhor
do que a imaginação.
32. A imaginação do profeta lhe confere uma
perspicuidade notável, se bem que efêmera.
Uma imaginação forte é um estorvo ao
intelecto e a busca racional do conhecimento.
33. Os profetas eram eticamente superiores,
tinham um aguçado senso do certo e errado,
discernimento sobre questões práticas.
Buscavam a justiça e o bem. Essa superioridade
eram-lhes atribuído como divinas: filhos de
Deus. Quando um profeta fala sobre justiça e
caridade sabe o que esta falando, mas a
respeito de qualquer outros assuntos não tem
nenhum direito legítimo à obediência.
34. Às vezes, umas poucas boas histórias
ficcionais são mais eficazes do que uma
porção de verdades filosóficas
rigorosamente demonstradas.
Os antigos profetas não eram especialmente
instruídos ou dotados e com certeza não
eram filósofos. Eram apenas figuras
carismáticas. Imaginosos capazes de inspirar
com suas mensagens morais.
35. Deus é Natureza
Os ritos religiosos para agradar a Deus e evitar
sua ira, se apoiam na falsa superstição de que
Deus é agente muitíssimo racional, dotado tal
como nós de uma vida psicológica e um caráter
moral. Ou que Deus tenha vontade, inteligência,
e até emoções, um deus sábio e justo capaz de
atos de misericórdia e vingança.
Antropomorfismo tolo.
36. A Natureza é um todo indivisível, infinito, não
causado e substancial. Fora dela não há nada
e que tudo o que existe faz parte da Natureza,
é engendrado por ela e dentro dela com
necessidade determinística mediante suas
leis.
37. Deus é Natureza. Deus sive natura. Não há
finalidade par o Universo ou dentro dele, fora
dos projetos que os seres humanos possam
definir por si mesmos. Deus ou Natureza não
servem a nenhuma finalidade ou cumprem
quaisquer metas. A ordem das coisas
decorrem dos atributos de Deus.
38. O cosmos de Espinosa é estritamente
determinístico e até necessitarista. Tudo sem
exceção, é causalmente de terminado a ser tal
como é.
Todo acontecimento tem uma causa e uma
explicação naturais, e as leis da natureza,
como suprema expressão dos atributos de
Deus, não podem admitir nenhuma exceção. A
crença em verdadeiros milagres se apoia na
39. Um mundo coeterno com Deus não esta aberto
as intervenções divinas.
Deus a causar um milagre supranatural, estaria
agindo em oposição a si mesmo.
Não encontramos nenhum conforto no Deus
de Espinosa, não nos voltaríamos a ele em
momentos de necessidade.
40. Secularismo
Na medida em estejamos comprometidos com
o ideal de uma sociedade secular, livre da
influência clerical e pautada pela tolerância,
pela liberdade e por uma concepção de virtude
cívica ...
41. ... na medida em que consideremos que a
verdadeira devoção religiosa consiste em
tratar nossos semelhantes com dignidade e
respeito e que a Bíblia é simplesmente uma
obra densa da literatura contendo uma
mensagem moral universal, somos os
herdeiros do tratado escandaloso de Espinosa.
Steven Nadler