O que é processo sucessório? Por que esse assunto é importante em empreendimentos coletivos? Como fazer a sucessão? O que deve fazer o sucessor de um presidente de grupo produtivo? Essas e outras perguntas devem ser respondidas com essa apresentação.
2. Introdução
http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
Falar em sucessão em
um grupo produtivo
provoca em todos os
envolvidos diversos
dilemas. Em muitas
associações é possível
ouvir o presidente
relatar a sobrecarga, a
necessidade de que os
outros se envolvam e a
vontade em passar o
bastão para outra
pessoa.
No entanto, quando
surge uma pessoa
interessada, muitas
vezes demonstrando
ótimas atitudes devido
à empolgação, pode
acontecer do Presidente
externar sua aprovação,
porém internamente, as
vezes até por atitudes
inconscientes, pode
haver boicote ao
trabalho de possíveis
sucessores.
3. Estudo de caso
http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
Esses conflitos
acontecem
principalmente quando
os princípios de
Solidariedade ainda não
estão internalizados no
Grupo. Internalizar o
bem do grupo como
objetivo principal ajuda
muito a superar esse
tipo de obstáculo.
Vejam a história ao lado
e reflita um pouco sobre
como o grupo deveria
ter se portado...
Em um grupo de costureiras havia 17 associadas. Em dado
momento, em virtude de conflito sobre qual deveria ser o
destino de recursos de um projeto, surgiu uma forte
oposição à Presidente. A situação ficou de forma que 08
associadas ficaram “contra”, enquanto a Presidente tinha
apoio de mais 08, totalizando uma maioria de 09. As 08 que
perderam, contrariadas, saíram aos poucos do grupo.
Restando novo conflito, houve novo racha na associação,
ficando 04 contrárias às decisões da Presidente e de suas
04 aliadas. Nova debandada, restaram apenas 05
associadas. Os problemas continuaram e, após mais um
conflito, mais duas associadas saíram. O grupo, antes
promissor, foi minguando até ser extinto.
O que, de fato causou o
fim da associação? O
que as associadas
deveriam ter feito? Que
tipo de outros
problemas estavam
escondidos nesse
grupo?
As divisões “apertadas”
demonstram que os
conflitos não eram
devidamente
discutidos. Cada dúvida,
o grupo deve sentar e
discutir até sanar,
buscando, se não o
consenso, a ampla
maioria. Outra questão
pode ter sido o
posicionamento da líder
que, ao “estimular” a
divisão de forma a
manter seu
posicionamento...
... estimulou que
sempre houvesse uma
minoria na associação. É
provável que essas
minorias formadas não
tivessem a voz
adequada no grupo,
preferindo assim
sempre abandonar a
associação. Fato similar
já aconteceu em um
grupo assessorado pela
Prefeitura do Natal. Por
fim, o grupo foi extinto
e um projeto não
beneficiou à
comunidade.
4. O que passa na cabeça do
Presidente?
http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
É importante deixar
claro que essas
situações não
acontecem porque o
Presidente é ruim ou
algo parecido. Há nesse
processo uma dimensão
humana muito
significativa. Mesmo
quando é o próprio
quem decide sair, veja o
que ele pensa em um
primeiro momento...
É... Hora de
passar a peteca
pra outro. Tenho
certeza que dei o
meu melhor e vou
ser reconhecido
por isso!
Poxa... O pessoal
já quer me ver
pelas costas!
Parece até que
querem que eu
saia logo!
Nesse momento em
que ele anuncia que
pretende sair, recebe
mensagens de apoio e
elogios. Logo as pessoas
já imaginam aquele
associado que poderá
substituí-lo.
Eventualmente vem
uma ou outra
comparação, e a
natureza humana não
falha...
Caramba... Sinto
que não faço mais
parte disso aqui.
O melhor a fazer é
ir embora.
Por fim, se a pessoa
selecionada já tomar a
frente de tudo, pode
causar um mal estar. O
grupo não pode
esquecer o que foi feito,
as dificuldades
encontradas e o que
precisou ser superado
para que os avanços
fossem mais fáceis
hoje...
5. O Presidente como
empreendedor social
• Adotar uma missão para criar e manter
valor social;
• Reconhecer e procurar novas
oportunidades para servir essa missão;
• Empenhar-se em um processo contínuo
de inovação, adaptação e aprendizagem;
• Agir com ousadia sem estar limitado
pelos recursos disponíveis e;
• Prestar contas com transparência às
clientelas que servem e em relação aos
resultados obtidos.
http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
Em muitos casos o
Presidente de uma
associação é um
empreendedor social. É
um líder dentro da
comunidade e sucedê-
lo não é tarefa fácil.
Dees(2001) relaciona
quais o que torna uma
pessoa um
empreendedor social:
6. http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
Os desafios são
imensos, mas devem
ser mais facilmente
ultrapassados do que
em uma empresa,
devido ao espirito do
associativismo.
Edileusa de Sousa
(2010) expressa, de
forma muito feliz, essa
força:
“As associações assumem os
princípios do associativismo, que
expressam a crença de que juntas as
pessoas conseguem melhores
soluções para os conflitos
apresentados pela vida em
sociedade.”
8. • Gradativa e planejada
• Por meio de processo inesperado
ou repentino de mudança de
direção quando ocorre morte,
acidente ou doença afastando o
dirigente do cargo.
http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
As associações devem
estar preparadas para o
futuro. Temos que
considerar que
incertezas podem afetar
drasticamente o destino
do grupo. Em termos de
processo sucessório,
Leone (1992) destaca
pode ocorrer de duas
formas:
Uma das formas mais
eficazes de minimizar os
riscos inerentes a esses
processos é a utilização
de programas
permanentes de
preparação de
sucessores, já que em
uma organização, o
poder não se transfere,
mas é conquistado.
Mesmo a forma
gradativa e planejada
merece um certo
cuidado das associadas.
Sousa (2010), por
exemplo, cita que em
uma pesquisa realizada
com líderes do terceiro
setor dos EUA, 75%
deles afirmaram que
pretendem se
aposentar entre 2 a 5
anos, o que demonstra
que os grupos devem
ao máximo depender
exclusivamente de seus
líderes.
9. http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
Sousa (2010) realizou
uma pesquisa onde
identificou que um
grupo deixou de existir
porque a sua fundadora
se afastou por motivos
de saúde e não havia
ninguém para assumir a
direção da associação. É
muito triste quando um
grupo se acaba por um
motivo como esse...
10. http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
Sabe outro problema do
processo sucessório que
incomoda...?
Que me deixa
loooooouco...
“Os presidentes que entram não
fazem nada. Porque é assim, aqui a
gente tem vários segmentos, né, tem
o pessoal do cipó, o pessoal da
madeira, então, toda vez que entrava
um presidente, que ele era do cipó,
ele só tratava do assunto do cipó, os
outros segmentos ele não ligava,
entendeu?”
É quando o grupo sofre
as consequências de ser
representado por um
presidente que assumiu
para buscar
oportunidades para o
seu próprio grupo,
paras as pessoas que
trabalham com a
mesma tipologia,
mesmo produto que
ele... Vejam esse
depoimento levantado
por Sousa (2010):
As vezes nem é culpa da
pessoa, mas isso pode
acabar com um grupo.
Escolher quem vai ficar
a frente e ter um
ambiente aberto de
discussão é de vital
importância para a
saúde do
empreendimento.
11. http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
O fato é que esse
processo é tão
complicado, traumático
e perigoso para as
associações devido ao
caráter multifuncional
dos seus presidentes.
Poucos integrantes
ajudam ele no lado
administrativo da
associação. As pessoas
precisam ver que
participar também
representa uma
oportunidade de
desenvolvimento
pessoal.
13. http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
Primeiramente a
associação tem que
identificar quais são as
funções essenciais de
direção. Falamos
bastante em presidente
devido ao seu caráter
de representante da
associação, mas toda e
qualquer função deve
ter um plano de
sucessão de base. Em
geral, as associações
possuem essas funções
administrativas:
Presidente Vice Secretário Tesoureiro
O ideal é que cada
função tenha dois
potenciais substitutos
que possuas as
características
necessárias. Pra
tesoureiro, a pessoa
deve ser boa de cálculo,
controle e ser idônea.
Secretário deve ser
organizado e
responsável. Vice deve
ter um perfil
complementar ao do
Presidente...
14. Perfil do próximo líder
http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
E Qual deve ser o perfil
do próximo líder?
Vamos debater? Vamos
separar a turma em dois
grupos. Cada grupo
deverá defender o perfil
do líder conforme os
bonecos ao lado!
O presidente deve ter um
perfil carismático, do povo,
voltado para o grupo e
sempre tomar decisões
ouvindo a todos!
Nada disso! O presidente deve ser
diretivo, apontando os caminhos do grupo
e ser politico, buscando parcerias para o
desenvolvimento do grupo!
15. http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
Certamente a discussão
deve ter sido rica para
todos e cada um,
independente da
posição que tomou,
deve ter ficado com
uma pulga na orelha
imaginando se o outro
grupo não tinha razão.
De fato ambos os
grupos estavam certos,
depende da ótica que
está sendo falado!
Refico e Gutierrez
(2006), por exemplo,
coloca que cada
organização social
possui 04 fases e cada
uma dessas fases exige
um perfil de liderança
diferente! Analisem a
tabela ao lado e
percebam em
habilidades e estilos de
liderança se o que foi
dito no debate não se
encaixa. Perfis
diferentes podem ser
mais adequados para o
grupo dependendo de
que fase ele se
encontre.
16. http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
Entendido o perfil do
líder, ter um plano
sucessório no
empreendimento é
muito importante, mas
muitas vezes não é
possível. Na
necessidade de
substituição, é
necessário que sejam
evitados os “rachas”,
buscando ao máximo o
consenso entre os
associados.
Isso é necessário pelo
fato de que uma
eventual divisão pode
vir a prejudicar a
continuidade do grupo.
O fato é que uma
sucessão mal feita é
traumática, podendo
atingir a todos os
envolvidos. Veja ao lado
algumas falas colhidas
por Sousa (2010) no que
se refere a sucessões
dentro dos grupos:
“O que a gente sente necessidade é
isso, inovações, de um outro tipo de
direcionamento pra associação,
porque ela é uma pessoa já de idade,
o que ela faz é com muita
competência, mas ela não tem mais
aquela visão de futuro...”
“Porque até agora tem andado muito
bem, não está como a gente pensa,
mas tem andado como a gente pode,
e aí o pessoal tem cisma de colocar
algum outro e a coisa não dar certo, e
aí não querem que outro assuma.”
“A gente faz assembleia, né, pra tentar
por outro, só que os companheiros
aqui têm um ditado que diz: “Time
que ganha não mexe!”. Só que eu digo
pra eles o seguinte, o que eu tinha de
fazer eu acho que já fiz, tem de vir
alguém pra completar aquilo que eu
não consegui.”
Por essas e outras falas,
a busca de
entendimento coletivo
é tão importante. Em
uma sucessão, o novo
presidente deve ser
legitimado pela grande
maioria, para que não
ocorra conflitos
destrutivos ao grupo.
17. DINÂMICA – ATIVIDADES
QUE O SUCESSOR DEVE TER
Em uma cartolina, o grupo deve
anotar 10 qualidades que o
sucessor na presidência deve ter.
Ao escrever a qualidade, a pessoa
deve passar a caneta para outra a
sua escolha, que deve se dirigir à
cartolina e escrever nova
qualidade.
http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
18. Habilidades que o sucessor
deve ter
• Habilidade de alinhamento estratégico
conciliar o foco estratégico da organização
com as necessidades dos diferentes grupos
de interesse;
• Habilidade para harmonizar conciliar os
interesses do grupo com os dos parceiros;
• Habilidade para motivar formar e
motivar equipes comprometidas com a
associação e;
• Habilidade de visão e compromisso social
compreender a problemática do entorno e
identificar-se com a realidade que
enfrentam distintos grupos de interesse.
http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
Muito Bem! Reficco e
Gutierrez citam também
as seguintes
habilidades:
19. Processo de eleição do novo
Presidente
http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
Para eleger uma nova
diretoria, o regimento
da associação deve ser
observado. Pode ser
que seja interessante
convidar algum
parceiro, como por
exemplo uma entidade
incubadora, para
participar do processo.
Feito isso, basta seguir
as etapas a seguir:
Convocar os membros
conforme estatuto
Realizar votação
Realizar apuração
No caso da votação, é
recomendável que seja
em votação secreta.
20. Assumi. E agora?
http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
Após a eleição, o novo
presidente eleito deve
procurar se inteirar
contexto em que a
associação está
inserida. Um grupo
possui diversos
Stakeholders, ou seja,
grupos de pessoas e
entidades que se
relacionam com a
associação. A tabela ao
lado mostra como o
novo presidente deve
agir com eles:
21. Dicas para os potenciais
sucessores
• Descobrir as características pessoais e
profissionais do Presidente, para aprender
com suas qualidades e defeitos;
• Manter aberto o canal de comunicação,
mantendo-o em sua rede de
relacionamento e consultando-o sempre
que possível;
• Criar e consultar uma rede de
aconselhamento, formada por pessoas de
confiança que possam ajudar na gestão;
• Concentrar-se em seu objetivo de focar no
coletivo, dedicando-se bastante de inicio
para dominar os processos.
http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
Também após a eleição,
e antes quando for uma
situação consensual, o
sucessor não deve
desgrudar do
antecessor. As dicas ao
lado valem ouro e
devem ser
internalizadas com
cuidado por quem
assume essa
responsabilidade!
22. Quem tem mais influência,
poder, em uma associação?
a) O cliente
b) O presidente
c) O associado
d) O incubador
http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
23. Nunca esquecer quem
manda...
http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
A pergunta anterior
serviu apenas para
desafiar. Quem pode ou
não pode é o Associado.
Ele quem vai conviver
com as consequências
da escolha. O
Presidente é
importante, mas ele
não pode esquecer que
é um como todos os
demais. Por fim, uma
última citação das
entrevistas feitas por
Sousa (2010)
“O presidente está ali somente pra
dizer que é o presidente e quando
precisa assinar alguma coisa que é ele
que assina, porque todos não podem
assinar, na verdade TODOS OS SÓCIOS
são responsáveis pela associação.”
24. Referências
• CIAMPA, Dan e WATKINS, Michael. O dilema do sucessor. HSM nº 21, julho/agosto de
2000, pgs 130-140.
• LOPES, Maurício e WILHELM, Pedro. Simulador Líder 8.0. Universidade Federal de Santa
Catarina.
• NATRIELL NETO, Antônio e GUIMARO JUNIOR, Orlando. Manual das associações: como
constituir e administrar uma associação. 1ª edição, Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Social, Piracicaba, 2011.
• SOUSA, Edileusa Godói de. O processo sucessório em associações produtivas no Brasil :
Estrutura, desafios e oportunidades. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
26. Obrigado! Comente!
• Adm. Álvaro Leandro Borges
• admborges@yahoo.com.br /
alvaroborges@caern.com.br
• Administrador e Especialista em
Economia Solidária e Desenvolvimento
Territorial pela UFRN
• Administrador na CAERN – Companhia
de Águas e Esgotos do Rio Grande do
Norte
• http://admborges.wix.com/gestaocoletiva
http://admborges.wix.com/gestaocoletiva