2. Os Líderes em Israel
Em seguida à seção que tratava
da adoração em Israel, vem uma
seção que trata do caráter dos
líderes de Israel, os juízes (16:18-
20), rei (17:14-20), e profetas (18:9-
22). Cada um com sua esfera de
ação definida.
3. Juízes (Dt 16:18-20)
Neste texto encontramos a instituição dos juízes em Israel.
Estes tiveram um papel diferente dos juízes encontrados no Livro
canônico dos Juízes. Os juízes encontrados no Livro dos Juízes não
exerciam a mesma função dos juízes legais de Israel. Na verdade, a
tarefa desempenhada na esfera legal, como árbitros nas disputas
humanas, era uma função subsidiaria de seus personagens
centrais.
A chave para a conotação do termo em hebraico poderá
ser encontrada em (Jz 2:16). Os juízes eram, primordialmente,
“salvadores” ou “libertadores” de seu povo, contra seus inimigos
(Jz 3:9, 15; 1Sm 12:11); foram líderes militares e políticos, e não
presidentes de tribunais. O destaque deles era o fato de serem
sustentados e fortalecidos por Deus (Jz 2:18).
Os Líderes em Israel
4. Durante o período da peregrinação Moisés é
apresentado como o juiz principal de Israel,
assessorado por juízes assistentes recrutados dentre
as tribos (Dt 1:12-18; Ex 18:13-27). A presente
passagem contempla dois grupos de oficiais: Juízes e
oficiais (a serem escolhidos em todas as cidades). Não
é improvável que os juízes tenham sido os líderes dos
conselhos locais de anciãos (19:12).
O segundo grupo, os oficiais, eram uma espécie
de assistentes. Não eram, todavia, meros escribas
(2Cr 34:13) talvez fossem “auxiliares de tribunal”
associados aos juízes (1Cr 23:4; 26:29). É uma
questão aberta o terem ou não sido estes dois
grupos, funcionários do estado em dias posteriores.
Os Líderes em Israel
6. A responsabilidade dos juízes era julgar o povo
com reto juízo. Três regras são apresentadas: Não
torcerás a justiça, não farás acepção de pessoas, nem
tomarás suborno. Para casos judiciais que fossem difíceis
para os tribunais locais, as cortes de primeira instância
localizadas nas cidades podiam apelar ao tribunal
superior, localizado no santuário central.
Surge alguma ambiguidade quanto a quem fazia a
apelação ao tribunal superior, se o corpo de juízes
mencionados em 16: 18-20 ou as partes litigantes. A
presente passagem não elucida por não ser clara.
Todavia, uma referencia ao precedente encontrado em
(Ex 18: 13). Onde os homens escolhidos por Moises
traziam a ele os casos mais difíceis, pode sugerir que os
próprios juízes tomavam a decisão de levantar-se e ir ao
lugar que Javé teu Deus escolher.
Os Líderes em Israel
7. O veredito da corte central era inapelável,
pois era considerado como a expressão do
próprio pensamento de Deus sobre o caso (Ex
18:15, 16). Nem os juízes podiam agir diferente
da decisão (17:10-11), nem o homem que
recebesse sua sentença (17:12). Parece que o
corpo jurídico central consistia de vários
sacerdotes e juízes (19:17), tendo cada grupo
seu próprio líder, ou seja, o sumo sacerdote
(chefe dos sacerdotes) e o chefe dos juízes
(17:12). Cada um deles é definido pelo artigo
neste versículo.
Os Líderes em Israel
8. Rei (17:14-20)
Após a morte de Josué, a nação
hebraica não tinha um governo central forte.
Era uma confederação de doze tribos
independentes, sem qualquer força
unificadora, exceto o seu Deus. A forma de
governo nos dias dos juízes diz-se
comumente que era “teocrática”, isto é,
acreditava-se que Deus era o governante
direto da nação (Jz 8:23).
Os Líderes em Israel
9. Desde os primeiros dias de Israel, o próprio
Deus havia dirigido Seu povo, revelado Seus
mandamentos e concedido lideres apropriados. Não
pode haver dúvida de que os planos de Deus para
Israel incluíam um rei (Nm 24:7, 17-19), uma dinastia
especialmente escolhida, da tribo de Judá (Gn 49:10).
Já nos dias de Abraão, o Senhor havia predito
reinado (Gn 17:6). Antecipando esse evento, o Senhor
estabeleceu na legislação hebraica certos controles
(Dt 17:14-20). Deus era o verdadeiro Rei de Israel,
consciência teológica que havia raiado no êxodo do
Egito (Ex 15:18). No devido tempo, Deus daria um rei
a Israel.
Os Líderes em Israel
10. A possibilidade de um monarca humano não era
de todo excluída, desde que tal monarca exercesse
sua autoridade sob a égide de Javé e de conformidade
com as estipulações da aliança que Ele outorgara a
Israel, pois em ultima analise Javé era o Rei de Israel.
Assim, a questão da monarquia em si não constitui
um mal para Israel. Essa necessidade é retratada com
clareza (Jz 17:6; 18:1; 19:1; 21:25).
No texto de (1Sm 2:10) a referência aqui ao rei
do Senhor antevê o evento central dos livros de
Samuel, a saber, a instituição de uma monarquia, e
subentende que a ideia de uma monarquia,
corretamente cogitada, não é errada.
Os Líderes em Israel
11. Contudo, na ocasião de (1Sm 8), Israel pecou ao
buscar um rei (1Sm 8:7; 10:19; 12:17-20). Todavia, a razão
por que o pedido do povo desagradou ao Senhor? Vejamos
abaixo:
(1Sm 8:5) Os motivos apresentados pelos anciãos para
desejarem um rei são realmente um pretexto; o que
realmente queriam era ser "como todas as nações" (v.
20). Baseou-se no desejo de seguir os vizinhos pagãos
quanto à forma de governo. A motivação de Israel era
poder assemelhar-se ao mundo a seu redor, em vez de
apegar-se à constituição santa e perfeita que Deus lhes
outorgara, o código do Pentateuco. Em um sentido
definitivo, Israel estava rejeitando as leis do Senhor,
como se fossem inadequadas para às necessidades,
preferindo seguir as pegadas dos pagãos idólatras.
Os Líderes em Israel
12. (1Sm 8.7) Samuel inicialmente interpreta a
petição em termos de um ataque contra
sua própria liderança (v. 6). Mas o Senhor
lhe indica que a afronta é muito mais grave
do que isso. O pecado deles foi o de rejeitar
a Deus como seu Rei e desejar um monarca
humano em seu lugar (1Sm 10:19; 12:12-
20; contrastar a recusa de Gideão em - Jz
8:23).
Os Líderes em Israel
13. (1Sm 12:3-15) Samuel apresenta argumentos para
compelir o povo a reconhecer a sua própria culpa
em pedir um rei. Ressalta que no passado, sempre
tinha sido o Senhor quem nomeava líderes
plenamente adequados (v.6-8). Mesmo quando os
israelitas "esqueceram-se do SENHOR", o Senhor
fora gracioso para com eles. Embora os sujeitasse à
opressão dos inimigos (v. 9), atendia suas confissões
e seus rogos por livramento (v. 10) e suscitava juízes.
Dentro desse contexto da suficiência da provisão do
Senhor, a exigência do povo em ter um rei humano,
embora o próprio Senhor fosse seu rei (v.12), pode
ser considerada rebelião (8:7).
Os Líderes em Israel
14. No tempo dos juízes, a unidade política e espiritual das
doze tribos deteriorou-se gravemente (Jz 17:6; 21:25).
Israel viu-se constantemente sob o risco de ser invadido
por seus inimigos (1Sm 9:16; 12:12). Em vez de confiar
em Deus, o povo quis um rei e um exército que
conduzissem a nação à vitória. Queriam alguém que os
julgasse e que combatesse suas batalhas, alguém que
pudessem ver e seguir. Assim, quando os anciãos
pediram para ter um rei, (1Sm 8:5, 20), estavam se
esquecendo de que a força de Israel deveria ser
diferente da outras nações. O motivo pelo qual eles
queriam um rei não era certo. Não foi porque
quisessem ter um homem de Deus reinando sobre a
nação, mas porque queriam que um homem reinasse
sobre eles. Eles desejavam ter um rei para julgá-los com
pompa e poder exterior, como todas as nações.
Os Líderes em Israel
15. Os filhos de Israel tinham clamado por um
rei. Deus lhes deu primeiro um rei, conforme o
desejo do coração deles, Saul. Saul é escolhido,
um rei capaz, talentoso, na pessoa de Saul. Era
formoso de aspecto, alto e de porte nobre,
revelou-se um chefe militar. Entretanto, o
primeiro rei foi um fracasso. Tornou-se carnal,
voluntarioso, desobediente e ciumento a ponto
de ficar insano e sedento de sangue, nos últimos
anos de seu reinado.
O fato de Saul ser da tribo de Benjamim
(1Sm 9:1) e não de Judá (linhagem escolhida por
Deus), já é forte indício de que não se esperava
em momento algum que ele instituísse uma
dinastia (Gn 49:8-10).
Os Líderes em Israel
16. Depois do primeiro rei Deus lhes deu
outro, segundo o desejo do coração divino -
Davi. Em Davi vemos o tipo de Cristo como Rei.
A única profecia específica sobre Cristo nos
livros de Samuel é a semente prometida de Davi,
a qual estabeleceria o seu Reinado para sempre
(2Sm 7:16; Lc 1:32, 33).
Apesar de haver rei, os juízes continuariam
a funcionar em um âmbito judicial, não numa
posição administrativa ou política.
Os Líderes em Israel
18. Profetas (Dt 18:9-22)
A palavra profeta significa basicamente
“aquele que fala em nome de um deus e
interpreta sua vontade para o homem”.
Longe do que parece ser à primeira vista, os
profetas de Israel surgiram logo cedo com
Abraão, Moisés e Samuel (Gn 20:7; Dt 18:15;
1Sm 3:20). Deus usou estes homens para
falar ao povo. A profecia não é um fenômeno
do tempo do reinado em Israel.
Os Líderes em Israel
19. Geralmente se pensa que os profetas viviam
proclamando as coisas do futuro. No entanto não é assim
que acontecia. Menos que 2% da profecia do Antigo
Testamento é messiânica, menos que 5%
especificamente descreve a era da Nova Aliança, e menos
que 1% diz respeito a eventos ainda vindouros. Como
vemos, a minoria do conteúdo profético estava
relacionada com os acontecimentos futuros.
Suas mensagens eram bem atuais para sua época.
Sua função era fazer o povo retornar aos mandamentos
da Lei. Os profetas denunciavam os erros sociais e
religiosos da sociedade e da monarquia, e assim se
tornaram arautos de uma compreensão verdadeiramente
moral do reino de Deus. Traziam consolações e
exortações ao povo da Aliança.
Os Líderes em Israel
20. O Senhor faria Sua vontade conhecida
através dos Seus profetas, cujas palavras seriam
plenamente compreensíveis ao povo, em
contraste com as “revelações misteriosas” dos
que operavam com adivinhações. A Lei sobre os
profetas é apresentada:
Enumeram-se as práticas proibidas (Dt 18:9-
14);
Explica-se o ofício de profeta (Dt 18:15-18);
Referência àqueles que rejeitarem a palavra
profética ou que corromperem o ofício
profético (Dt 18:19-22);
Os Líderes em Israel
21. O homem que se lança ao ofício profético sem
ser chamado por Deus é um profeta falso (Dt
18:20);
Os profetas autênticos falariam somente as
palavras que Deus lhe desse (Dt 18:18);
Suas palavras se cumpririam infalivelmente (Dt
18:22);
Os falsos profetas poderiam, em certos casos,
operar milagres e ter a palavra cumprida, mas
ficariam a descoberto através de sua doutrina
em desacordo com a de Deus (Dt 13:1, 2);
Deus permitiria que os falsos profetas fizessem
sinais, a fim de provar Seu povo (Dt 13:3).
Os Líderes em Israel
22. Moisés introduziu o tema da profecia israelita.
Deus comunicaria a sua Palavra a Israel através de
uma sucessão de profetas. Na qualidade de
mediadores da Palavra de Deus ao povo de Israel os
demais profetas funcionariam de maneira semelhante
a Moisés, todavia, nenhum deles seria o mediador
inicial de uma aliança, e nenhum deles teria igual
intimidade com Deus como tinha Moisés, e nem
receberia revelações divinas tão claras como aquelas
que lhe foram dadas (Nm 12.6-8; Dt 34:10, 11).
A passagem de (Dt 18:15, 18, 19) encontra
cumprimento final no profeta que é maior do que
Moisés - Jesus Cristo (At 3:22-26; 7:37). À semelhança
de Moisés, Cristo foi o Mediador de uma aliança entre
Deus e o seu povo (Lc 22.20; Hb 8:6-13). Na verdade,
Moisés é um tipo profético que aponta para Jesus.
Os Líderes em Israel
23. A advertência contra os falsos profetas
foi dada para enfatizar que, embora um
profeta parecesse ter credenciais
impressionantes, o teste teológico
continuava sendo crucial. Dois meios de
discernir os falsos profetas são dados:
1º Integridade teológica - um verdadeiro
profeta não ensinará o erro, nem desviará o
povo (Dt 18:20; 13:1-5);
2º Profecias cumpridas (Dt 18:22).
Os Líderes em Israel
24. Ao se defrontar com profetas traiçoeiros,
Israel deveria seguir três linhas de ação:
a) Não deveria ouvir. O povo poderia
reconhecer, na tentativa do profeta de desvia-
los de sua lealdade, um teste para a mesma.
b) O falso profeta deveria ser morto, pois
estimulara rebelião contra Javé. A ameaça de
execução a qualquer ofensor tinha por objetivo
a prevenção da difusão de tal câncer e a
eliminação do mal de entre o povo de Israel (Dt
13:5; 17:12; 19:11-13; 21:18-21; 22:21-24; 24:
7).
Os Líderes em Israel
25. Está claro biblicamente que tanto os sacerdotes
como os profetas foram ordenados por Deus, porém
havia diferenças entre si:
1-Quanto ao chamado: Os profetas eram convocados
individualmente por Deus, os sacerdotes eram
descendentes de Arão;
2-Quanto ao cargo: Os profetas constituíam-se
representantes de Deus diante do povo; os sacerdotes
eram representantes do povo diante de Deus;
3-Quanto à obra: Os profetas clamavam por justiça
espiritual e pureza interior; os sacerdotes tinham sua
visão voltada aos ritos religiosos da Aliança;
4-Quanto ao ensino: Os sacerdotes eram os que
ensinavam habitualmente; os profetas pregavam
reavivamento, reforma.
Os Líderes em Israel
27. Aplicações:
Os juízes que governam nas igrejas locais
são os presbíteros, e da mesma forma que
no passado, devem julgar retamente;
A igreja deve tomar cuidado em relação aos
falsos profetas, pois pode ser provado por
meio destes;
A igreja deve levar à sério os desvios
doutrinários como era no Antigo
Testamento;
Os Líderes em Israel
28. Devemos nos policiar para não nos rebelar
contra o governo do Senhor em nossas
vidas como fizeram os anciãos;
Os profetas da era da Nova Aliança não são
inspirados como os do Antigo Testamento;
Os Líderes em Israel