O documento discute reações adversas a alimentos, incluindo alergia alimentar e intolerância a alimentos. Apresenta os principais alérgenos alimentares e as manifestações clínicas associadas, como dermatite atópica, síndrome da alergia oral e proctocolite induzida por alimentos. Também descreve métodos de diagnóstico como história clínica, testes cutâneos e provocação oral, além de estratégias de tratamento como dieta de eliminação e substituição.
3. Alergia ao alimento: Será entendido como “qualquer
reação adversa ao alimento em que o sistema imunológico
é envolvido.
Intolerância a alimento. Será entendido como “qualquer
reação adversa a alimento, diferente da alergia a alimento e
aversão ao alimento, onde o envolvimento do sistema
imunológico não é demonstrado.
REAÇÕES ADVERSAS AOS ALIMENTOS
9. ALERGIAS ALIMENTARES
Exata prevalência é desconhecida, mas a taxa estimada é:
• Adultos: 2%
• Crianças < 3 anos: até 8%
• Dermatite Atópica (leve/moderada): ~35%
• Paciente Asmático: 6 - 8%
• Prevalência depende de: fatores genéticos, idade, hábitos
alimentares, localização geográfica, procedimentos
diagnósticos.
10. ALERGIAS ALIMENTARES
TGI
Maior órgão imunológico do corpo.
FUNÇÕES:
- Digerir adequadamente os
alimentos;
- Barreira contra patógenos;
- Desenvolver tolerância a
proteínas alimentares.
BARREIRAS IMUNOLÓGICAS
BARREIRAS NÃO-IMUNOLÓGICAS
11. ALERGIAS ALIMENTARES
BARREIRAS IMUNOLÓGICAS BARREIRAS NÃO-IMUNOLÓGICAS
GALT (tecido linfoide)
Linfócitos intraepiteliais
Células imunes da lâmina própria
Linfonodos mesentéricos
Resposta imunológica aos
alimentos: CD4+, CD25+, TH3,
Tr1, IgA
Barreiras físicas
Produção de muco
Peristalse
Secreções digestivas
Enzimas proteolíticas
12. ALERGIAS ALIMENTARES
•Proteínas (não gorduras ou carboidratos)
- 10-70 kD glicoproteínas;
•Resistentes ao calor, estáveis com a acidez;
•Principais alérgenos a alimentos (>85% de alergia)
- crianças: leite, ovo, ,soja, trigo, outrtos dependem da
área geográfica;
ALÉRGENOS ALIMENTARES
13. •Adultos: amendoim, castanhas, ,frutos do mar, peixe.
•Alimento único (ou relacionado) > maioria das alergias
alimentares.
14. •Leite de vaca: Caseína (α, β,κ), α-lactoalbumina, β-
lactoglobulina, albumina sérica;
•Ovo de galinha: Ovomucóide, ovalbumina,
ovotransferrina;
•Amendoim: Vicilina, conglutina, glicinina;
•Lentilha: Vicilina;
•Soja: Glicinina, profilina, inibidor de tripsina;
CLASSE 1: ALÉRGENOS ALIMENTARES
16. •Patógeno-relacionado à proteína do grupo 2
(glucanase): Látex, abacate, banana, castanha, figo;
•Patógeno-relacionado à proteína do grupo 3
(chitinase): Látex (Hev b6), abacate
CLASSE 2: ALÉRGENOS ALIMENTARES (REAÇÃO CRUZADA)
17. •Patógeno-relacionado à proteína do grupo 5
(thaumatin-like): Cereja,maçã, kiwi;
•V1 homólogo a Bétula (Patógeno-relacionado à
proteína do grupo 10): Maçã, cereja, damasco, pêssego,
pera, cenoura, aipo, salsinha, avelã;
•V2 homólogo a Bétula (síndrome temperos aipo-
artemísia) profilina: Látex, aipo, batata, pera, amendoim,
soja.
18. AA - MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Urticária/angioedema
Rinite/Asma
Anafilaxia
Síndrome da Alergia Oral
Sintomas gastrintestinais
Dermatite
Atópica
Alterações
gastrintestinai
s Eosinofílicas
Enterocolite e proctocolite
induzida por proteína
Doença Celíaca
Dermatite de Contato
Dermatite herpetiforme
Síndrome de Heiner
IgE Misto Não IgE
19. AA – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Urticária aguda
• Manifestações clínicas mais
encontradas em associação com
alergia alimentar.
• Urticária aguda: frutas, vegetais,
peixe e frutos do mar.
20. AA – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Dermatite atópica
• Geralmente começa no início da
infância.
• Caracterizada por distribuição
típica, prurido intenso, e curso
crônico e recidivante.
21. • IgE específica se liga a células de Langerhans que atuam
como receptores “não tradicionais” na captação de
antígenos.
• Alergia alimentar exerce um papel na piora da dermatite
atópica em 35% dos casos especialmente em crianças
com dermatite atópica moderada a grave.
22. AA – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Síndrome da Alergia oral – Síndrome Pólen-fruta
• Desencadeado por uma variedade de
proteínas de plantas que
apresentam reação cruzada com
aeroalérgenos.
23. • Paciente alérgico a pólen podem desenvolver sintomas
após a ingestão de frutas e legumes crus (batata,
cenoura, maçã, kiwi).
• Imunoterapia para tratar a rinite desencadeada por
polens pode reduzir os sintomas orais de alergia.
24. AA – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Proctocolite induzida por alimentos
• Normalmente inicia-se nos primeiros meses de vida e pode
estar relacionada a proteínas que atravessam o leite
materno ou fórmulas de leite ou soja ingeridos pelo
paciente.
• Sangramento retal é comum
25. • Diagnóstico: endoscopia e biópsia de cólon (presença de
eosinófilos no epitélio e lâmina própria).
• Boa resposta a fórmulas extensamente hidrolisadas. No caso
de crianças em aleitamento materno exclusivo, dieta sem
leite e derivados.
• Bom prognóstico com resolução em geral aos 12 meses de
vida.
26. AA – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Enterocolite induzida por alimentos
• Acomete geralmente crianças abaixo de 3 meses (leite ou
soja estão implicados).
• Sintomas podem incluir irritabilidade, vômitos incoercíveis
1 a 3 horas após a alimentação, diarreia sanguinolenta
(levando a desidratação), anemia, dor abdominal e
dificuldade de ganho de peso.
27. • Em adultos e crianças mais velhas, hipersensibilidade a
peixe, crustáceos e cereais podem provocar uma
síndrome semelhante com náuseas dores abdominais e
vômitos.
• Resolução: 50% aos 18 meses, 90% aos 36 meses.
28. AA – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Enteropatia induzida por alimentos
• Ocorre de 0 a 24 meses.
• Diarreia (leve a moderada com esteatorreia em 80% dos
casos), baixo ganho pondero estatural, distensão ou dor
abdominal, vômitos.
• Alimentos implicados: leite cereais, ovo , peixe.
29. • Diagnóstico:
Biópsia mostra áreas de atrofia de vilos com
proeminente infiltrado de células, poucos eosinófilos.
Boa resposta a dieta de exclusão.
Teste de provocação pode ser necessário.
• Resolução entre dois e três anos de idade.
30. AA – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Esofagite Eosinofílica
• Disfagia.
• Dor abdominal - Baixa resposta a
medicamentos anti-refluxo.
• Biópsia: presença de eosinófilos
++++ mais de 20 eosinófilos por
campo de grande aumento.
31. AA – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Gastroenterite Eosinofílica
• Perda de peso, dificuldade de
desenvolvimento e edema.
• Vômito e diarreia ( pós prandial).
• Perda de sangue.
• Deficiência de ferro.
32. • Enteropatia perdedora de proteína e ferro.
• Quadro clínico de difícil controle.
• Tratamento prolongado com dietas elementares e
imunossupressores, incluindo corticóides.
33. AA – MANIFESTAÇÕES RESPIRATÓRIAS
Asma
• Uma manifestação incomum de alergia alimentar.
• Geralmente vista associada a outros sintomas induzidos por
alimentos.
• Vapores emitidos durante a cocção podem induzir reações
asmáticas.
34. • Sintomas de asma devem ser suspeitados em pacientes
com asma refratária a tratamento associados a:
história de dermatite atópica;
refluxo gastroesofágico;
distúrbios alimentares quando lactente;
história de testes cutâneos positivos a alimentos ou
reações a alimentos.
35. ALERGIAS ALMENTARES
Anafilaxia induzida por alimentos
• Reações alérgicas sistêmicas graves, potencialmente fatais
que ocorrem subitamente após contato com um alérgeno.
• Início agudo de envolvimento de pele e associado a
comprometimento respiratório.
• Qualquer alimento pode desencadear, maiores riscos;
amendoim, castanha crustáceeos, leite e ovo.
36. DIAGNÓSTICO
HISTÓRIA CLÍNICA
• Importância: identificar alimento desencadeante e possível
mecanismo imunológico envolvido.
- descrição dos sintomas.
- o tempo de aparecimento dos sintomas após a
ingestão do alimento.
37. - quantidade de alimento que desencadeou os
sintomas.
- o processamento do alimento.
- a descrição de fatores associados (exercícios,
ingestão de bebidas alcoólicas).
- uso de medicações.
• Antecedentes familiares e individuais.
39. • Alérgeno alimentar não identificado: registro alimentar de
1 semana.
• Horário, tipo, quantidade do alimento consumido, doses
de medicamentos e sintomas.
40. DIETAS DE ELIMINAÇÃO
DIAGNÓSTICO
• Dieta composta por alimentos hipoalergênicos.
• Posteriormente reintroduzir um alimento suspeito por
vez, observando-se a ocorrência dos sintomas.
• Excluir o leite de vaca.
41. • Substituição por leite humano, hidrolisados de caseína ou
proteínas do soro de leite de vaca, fórmulas à base de
soja ou de leite de outras espécies (cabra) ou à base de
carne.
42. DIAGNÓSTICO
TESTES CUTÂNEOS
Prick (teste de puntura ): reprodutível, sensível
e não irritante.
Prick to prick: Utilização do alimento cru ou
cozido. Especialmente recomendado para
frutos e verduras (os extratos comercialmente
preparados são geralmente inadequados pela
labilidade dos alérgenos, alimentos frescos
devem ser utilizados neste teste.
43. DIAGNÓSTICO
TESTES CUTÂNEOS
Intradérmicos: Não recomendadosAtopy
Patch test (APT) : Dermatite atópica,
reações tardia
Recomendado alimento fresco ou seco.
Não padronizado.
Dificuldade na interpretação de resultados.
44. DIAGNÓSTICO
TESTES DE PROVOCAÇÃO ORAL
- Necessária Supervisão Médica
- Necessário suporte de emergência para eventual reação
adversa.
O paciente deve estar sem sintomas e comparecer em jejum.
A quantidade de alimento começar para início do teste pode
depender da quantidade de alimento que induziu a última
reação.
45. É altamente é recomendado começar com doses mínimas,
com um aumento cuidadoso e em geral aguardar-se o
tempo superior o período que o paciente experimentou em
reações prévias.
46. TRATAMENTO
•Exclusão dos alimentos.
•Dieta de substituição deve ser
adequada para promover crescimento.
•Usar fórmulas específicas
(hipoalergênica ou extremamente
hidrolisada).
•Esclarecimento do paciente e da
família.
47. ALERGIA A PROTEÍNA DO LEITE DE VACA
•Forma mais comum de hipersensibilidade alérgica
alimentar.
•O leite de vaca contém mais de 20 componentes
protéicos.
50. TRATAMENTO
Tratamento Dietas de eliminação
•Dieta composta por alimentos hipoalergênicos.
•Posteriormente reintroduzir um alimento suspeito por vez,
observando-se a ocorrência dos sintomas.
•Excluir o leite de vaca.
•Substituição por leite humano, hidrolisados de caseína ou
proteínas do soro de leite de vaca, fórmulas à base de soja
ou de leite de outras espécies (cabra) ou à base de carne.
51.
52.
53. PROFILAXIA
•A amamentação pode ajudar a evitar alergias.
•Não existe nenhuma forma conhecida de evitar alergias.
Esperar mais tempo para introduzir na dieta das crianças
alimentos que possam causar alergia (maturidade do
trato gastrintestinal).
•Evitar o alimento responsável pela alergia é o mais
indicado.
54. INTOLERÂNCIA ALIMENTAR
•INTOLERÂNCIA À LACTOSE: a lactose que não é
hidrolisada a galactose e glicose permanece no intestino e
atua osmoticamente para atrair água ao intestino. As
bactérias colônicas fermentam a lactose não digerida,
formando AGCC, dióxido de carbono e gás hidrogênio.
•SINTOMAS: inchaço abdominal, flatulência, cólicas e
diarreia.
55.
56. INTOLERÂNCIA À LACTOSE
CUIDADO NUTRICIONAL
•Consumo reduzido de alimentos
que contém lactose ( não
ausente).
•Retirada de açúcares simples:
sacarose.
•Permitido o uso da enzima lactase
e os derivados de leite tratados
com enzimas lactase (Lactaid).