Este documento resume os principais pontos sobre desnutrição energético-protéica. Aborda a avaliação nutricional por antropometria, exame clínico e inquéritos alimentares. Descreve as classificações de kwashiorkor, marasmo e formas mistas, além dos tratamentos em três fases: estabilização, reabilitação e acompanhamento ambulatorial.
1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
INTERNATO DE MEDICINA
ESTAGIO EM PEDIATRIA II
DESNUTRIÇÃO
ENERGETICO- PROTEICA
2. Tratado de Pediatria. Sociedade Brasileira de Pediatria
(SBP). Dennis Alexander Rabelo Burns... [et al.] -- 4.
ed.-- Barueri, SP : Manole, 2017.
3. DESNUTRIÇÃO – COMO AVALIAR?
É imprescindível ao médico generalista conhecer métodos e técnicas
de avaliação da situação nutricional:
Antropometria;
Exame clínico;
Inquéritos alimentares;
Exame bioquímico.
4. ANTROPOMETRIA
PESO - (lactentes devem ser mensurados em
balança com graduação de 10g, maiores de 2 anos
podem ser pesados em balanças com graduação
de 100g);
ALTURA – Uso da régua antropométrica - em
pacientes que não podem deambular, pode-se
medir o comprimento horizontal. Existem duas
técnicas que também servem de alternativa.
6. ANTROPOMETRIA
COMPRIMENTO DO M.I A PARTIR DO JOELHO (CJ,
distância do joelho ao tornozelo).
MEDIDA DO SEGMENTO ESTATURA
ESTIMADA (CM)
DESVIO –PADRÃO
(CM)
COMP. SUP. DO BRAÇO
(CSB)
COMP. TIBIAL (CT) E = (3,26 x CT) + 30,8
COMP. A PARTIR DO
JOELHO (CJ)
E = (2,69 X CJ) + 24,2
7. ANTROPOMETRIA
Medidas auxiliares para estimar o teor corporal do
indivíduo.
Possuem valores de referência para idade e sexo.
Circunferências corpóreas ( cintura, circ. do braço,
circ. musc. do braço).
Dobras cutâneas.
9. INQUÉRITO ALIMENTAR
Método utilizado para conhecer o hábito alimentar do
individuo, assim como suas condições sócio-econômicas e
culturais.
Recordatório de 24h.
Registro alimentar.
Frequência alimentar.
10. DESNUTRIÇÃO
Deficiência nutricional, que pode ser tanto de
macro quanto de micronutrientes ou ambos.
Pode ser primária, onde não doença relacionada
(insegurança alimentar), ou secundária, quando há
uma doença de base que provoque o quadro
(síndrome disabsortiva).
11. FISIOPATOLOGIA X QUADRO CLÍNICO
Delicado equilíbrio homeostático, limítrofe ao
colapso endócrino-metabólico.
Mudanças intensas em múltiplos sistemas
orgânicos: endócrino, imune, nervoso central,
gastrointestinal, cardiovascular e renal.
Alterações secundárias nos eixos da insulina.
Alterações na via tireoidiana.
Alterações nas bombas iônicas de membrana
celular.
Alterações morfofuncionais do sistema nervoso
central (SNC).
Alterações gastrointestinais
12. CLASSIFICAÇÃO
Quanto à gravidade
Moderada
Grave
Marasmo
Kwashiorkor
Kwashiorkor marasmático
13. KWASHIORKOR
“Doença do primogênito, quando nasce o segundo
filho”.
Causa primária, associa-se a uma dieta com
qualidade nutricional pobre (incluindo deficiência
de zinco, fósforo e magnésio).
Com consequente
Perda do apetite;
Comprometimento do crescimento;
Resposta desfavorável a infecções;
Modificando a resposta da criança diante do estresse
ambiental.
14. KWASHIORKOR
Crianças acima de 2 anos;
Alterações de pele;
Acometimento de cabelos;
Hepatomegalia;
Ascite;
Face de lua;
Edema de membros inferiores e/ou anasarca;
Apatia.
15.
16. MARASMO
Crianças menores de 12 meses;
Emagrecimento acentuado;
Baixa atividade;
Irritabilidade;
Atrofia muscular e subcutânea;
Desaparecimento da bola de Bichat (fáscies senil
ou simiesca);
Costelas visíveis e nádegas hipotróficas;
O abdome pode ser globoso;
Raramente com hepatomegalia.
17. Tratado de Pediatria. Sociedade Brasileira de Pediatria
(SBP). Dennis Alexander Rabelo Burns... [et al.] -- 4.
ed.-- Barueri, SP : Manole, 2017.
21. DIAGNÓSTICO: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
Anamnese:
Antecedentes neonatais;
Nutricionais;
Aspectos psicossociais;
Presença ou não de doenças associadas.
Exame físico:
Aferição de medidas antropométricas:
CB < 11,5 cm;
Escore Z de peso para estatura (ZPE) abaixo de -3.
E/ ou
Emagrecimento intenso visível;
Alterações dos cabelos;
Dermatoses;
Hipotrofia muscular (p.ex., na região glútea);
E redução do tecido celular subcutâneo.
Exames laboratoriais.
22. TRATAMENTO
Considerar...
Quem é esta criança?
Quando começou a alterar seu peso e/ou altura?
Onde mora?
Integração com equipe de saúde?
Existem complicações clínicas e metabólicas que
justifiquem a internação hospitalar?
23. TRATAMENTO
1ª fase: estabilização
1º ao 7º dia
2ª fase: reabilitação.
2ª a 7ª semana
3ª fase: acompanhamento (ambulatorial para
prevenir recaída).
24. TRATAMENTO: 1ª FASE ESTABILIZAÇÃO
Tratar as morbidades associadas com risco de
morte;
Corrigir as deficiências nutricionais específicas;
Reverter anormalidades metabólicas;
Iniciar a alimentação.
ATENÇÃO: Não é prevista recuperação do estado
nutricional, e sim sua conservação e a
estabilização clínico-metabólica.
25. TRATAMENTO: 1ª FASE ESTABILIZAÇÃO
Alimentação....
No máximo 100 kcal/kg/dia
Iniciando com taxa metabólica basal acrescida de fator
de estresse que varia de 10 a 30%;
Fornecendo de 50 a 60 kcal/kg/dia no primeiro dia;
E aumentando de acordo com a avaliação clínica e
laboratorial da criança).
130 mL/kg/dia de oferta hídrica.
1 a 1,5 g de proteína/kg/dia.
Dieta com baixa osmolaridade (< 280 mOsmol/L) e
com baixo teor de lactose (< 13 g/L) e sódio.
26. TRATAMENTO: 1ª FASE ESTABILIZAÇÃO
Se a ingestão inicial for inferior a 60 a 70
kcal/kg/dia, indica-se terapia nutricional por sonda
nasogástrica.
Aumento gradual de volume e diminuição gradativa
da frequência.
Preparado alimentar artesanal contendo 75 kcal e
0,9 g de proteína/100 mL ou fórmula infantil
polimérica isenta de lactose.
Em situações de doenças associadas que cursam
com má absorção grave, pode ser necessária a
utilização de fórmulas extensamente hidrolisadas
ou à base de aminoácidos.
27. TRATAMENTO: 2ª FASE REABILITAÇÃO
Progredir a dieta de modo mais intensivo, visando
a recuperar grande parte do peso perdido;
Estimular física e emocionalmente;
Orientar a mãe ou cuidador da criança e preparar
para a alta.
Devem ser ofertadas 1,5 vez a recomendação de
energia para a idade (cerca de 150 kcal/kg/dia);
Oferta hídrica de 150 a 200 mL/kg/dia
Oferta protéica de 3 a 4 g/kg/ dia
Menor teor de lactose.
28. TRATAMENTO: 2ª FASE REABILITAÇÃO
Utilizar preparado artesanal contendo 100 kcal e
2,9 g de proteína para cada 100 mL
Fórmula infantil com menor conteúdo de lactose
Ou dieta enteral polimérica pediátrica isenta de
lactose para crianças com idade inferior a 1 ano (1
kcal/mL).
Preparados com multivitaminas (1,5 vez a
recomendação para crianças saudáveis) e de
zinco, cobre e ferro;
29. TRATAMENTO: 3ª FASE ACOMPANHAMENTO
(AMBULATORIAL PARA PREVENIR RECAÍDA)
Hospitais-dia ou ambulatórios.
Prosseguir na orientação, monitoração do
crescimento (vigilância dos índices peso por
estatura e estatura por idade) e desenvolvimento
da criança.
Intensificação do trabalho da equipe
multiprofissional.
30. BIBLIOGRAFIA
Tratado de Pediatria. Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP). Dennis Alexander Rabelo Burns...
[et al.] -- 4. ed.-- Barueri, SP : Manole, 2017.