Os profissionais de saúde devem se atentar para o cuidado clínico e social antes de indicar dietas restritivas frente a um caso suspeito de alergia alimentar.
Material de 14 de março de 2022
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MITOS E VERDADES SOBRE
ALERGIA ALIMENTAR NA CRIANÇA
Os profissionais de saúde devem se atentar para o cuidado
clínico e social antes de indicar dietas restritivas frente a um
caso suspeito de alergia alimentar.
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MITOS E VERDADES SOBRE
ALERGIA ALIMENTAR NA CRIANÇA
Objetivos desta apresentação:
• Definir alergia alimentar;
• Citar suas principais manifestações clínicas;
• Discutir aspectos relevantes em casos suspeitos e verdadeiros de alergia
alimentar.
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Introdução
• Na prática clínica é cada vez mais comum se deparar com o diagnóstico de alergia
alimentar e dietas restritivas.
• Observa-se que muitos casos que são classificados como alergia alimentar, na
realidade não são, fato este que deve ser visto com muita atenção até o fechamento
do diagnóstico pelo profissional de saúde.
• Ao longo dos anos, observou-se aumento dos casos de reação grave à alimentos.
• Os casos ocorrem majoritariamente na população pediátrica, mas observa-se
também, na população adulta.
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Aumento recente da frequência de reações a alimentos
Fonte: Sampson HA, 2016.
Observa-se um significativo
aumento na frequência de
reações graves relacionadas a
alimentos, principalmente em
crianças de 0 a 4 anos.
Idade
Taxa
por
100,000
habitantes
Aumento >5 vezes
A maioria dos casos suspeitos de
alergia alimentar, quando testados,
não positivam para esse diagnóstico.
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O que é Alergia Alimentar?
• Alergia alimentar é uma dentre as variadas reações adversas aos
alimentos.
• A reação adversa ao alimento é uma reação anômala relacionada à
ingestão de uma alimento que pode ser de ordem imunológica ou não
imunológica.
• As alergias alimentares são de ordem imunológica e acontecem quando
o organismo responde exacerbadamente à proteína de uma alimento
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Reações Adversas aos Alimentos
Reação
Adversa
Imunológica
IgE
Mediada
Mista
Não IgE
Mediada
Não
Imunológica
Associada ao
Hospedeiro
Enzimático/
Metabólico
Fisiológico
Não Associada
ao Hospedeiro
Tóxico Farmacológico
Fonte: Onyimba F, et al., 2021.
ATENÇÃO:
aqui tem-se
alergia
alimentar
ATENÇÃO:
aqui não
há alergia
alimentar
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Exemplos de Manifestações Clínicas de Reações Imunomediadas
Solé D, Silva LR, Cocco RR, Ferreira CT, Sarni RO, Oliveira LC, et al, 2018 - Parte 1.
IgE mediadas
• Anafilaxia
• Urticária/angiodema
• Síndrome pólen-fruta
Mistas
• Dermatite Atópica
• Esofagite eosinofílica
Não IgE mediadas
• Proctocolite
• Enteropatia induzida
por alimentos
• FPIES (síndrome de
enterocolite induzida
por proteína
alimentar)
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Alergia Alimentar: alimentos mais frequentes na infância
► Leite de vaca
► Ovo
► Trigo
► Soja
► Banana
Sicherer SH, Sampson HÁ, 2018.
A proteína de qualquer alimento pode causar alergia, o desenvolvimento da alergia
irá depender da resposta individual de cada organismo.
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Fatores de Risco
Halken S. et al, 2021; Gabryszewski SJ, Hill DA, 2021.
• História familiar e pessoal de alergia
• Dermatite atópica
• Esofagite eosinofílica
Fatores
Pessoais
• Tipo de parto
• Uso de antibiótico e inibidores de bomba de próton
• Obesidade
• Vitamina D
• Disbiose
• Desmame precoce
Fatores
Ambientais
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❖ Criança com diagnóstico de alergia à proteína do leite de vaca (APLV) aos 4 meses que, após
tomar mamadeira apresentou placas vermelhas no corpo e edema em face. Outra criança
também com diagnóstico de APLV por apresentar sangue persistente nas fezes após começar a
tomar complemento. Os dois possuem a mesma alergia?
► Sim, ambos apresentam APLV por mecanismos imunológicos distintos. No primeiro, trata-se de
uma reação IgE mediada, onde os sintomas comumente iniciam em poucos minutos à 2 horas
após a exposição ao alimento alergênico. Nesse caso, as manifestações podem ser localizadas
ou sistemas (anafilaxia).
► O segundo caso é um provável quadro de Proctocolite induzido pela proteína do leite de vaca. O
mecanismo imunológico envolvido é não IgE mediado e os testes que avaliam esse
biomarcador, em geral, são negativos.
Solé D, et. al.; 2018
Perguntas e Respostas
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❖ Bebê de 6 meses, em aleitamento materno exclusivo, apresentou placas no corpo após
ingerir biscoito com leite. Foi realizado o diagnóstico de APLV. É recomendado que a mãe
faça dieta de restrição de leite, uma vez que deseja continuar amamentando?
► Não é necessário retirar o leite da dieta da mãe. Se a criança nunca apresentou reação quando
estava em aleitamento materno exclusivo, a mãe não necessita retirar o leite de vaca da sua
dieta.
Perguntas e Respostas
Solé D, et. al.; 2018
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❖ Criança de 1 ano diagnosticada com APLV. Recomenda-se produtos que sejam zero
lactose?
► Não. Os produtos que são zero lactose, em sua maioria seguem tendo proteína do
leite. Eles podem ser opções para os pacientes com intolerância a lactose e não para
os pacientes que têm alergia à proteína do leite de vaca.
Di Costanzo M, Berni Canani R.; 2018.
Perguntas e Respostas
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❖ Criança fez teste na pele para alergia a muitos
alimentos e todos foram positivos. Deve-se retirar esses
alimentos da sua dieta? Ele é alérgico a todos?
► Não. O teste de puntura alérgica (prick teste) indica
sensibilização ao alimento, devendo se correlacionar com
a história clínica para sua interpretação correta.
Perguntas e Respostas
Solé D, et. al.; 2018
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❖ Testes alérgicos em criança, com resultado de IgG para leite, ovo, amendoim, trigo
e camarão positivos. Isso significa alergia à estes alimentos?
► Não. Não existe evidência científica que suporte a utilização desses exames
para restrições alimentares.
Dietas restritivas baseadas somente nesses exames não devem ser realizadas.
Hammond C, Lieberman JÁ.; 2018.
Perguntas e Respostas
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❖ Criança de 1 ano apresentou vômitos intensos, precisando inclusive ser
hospitalizada, 4 horas após comer pela primeira vez ovo. Isso pode ser alergia?
► Sim. Pode ser um quadro de alergia não IgE mediada, denominado FPIES (Síndrome de
Enterocolite Induzida por Proteína Alimentar).
Nowak-Wegrzyn A, Berin MC, Mehr S.; 2020.
Perguntas e Respostas
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❖ A alergia a corantes é um quadro frequente?
► Não. Apesar de serem frequentemente relacionados com reações adversas, os casos
que puderam ser confirmados são raros e descritos de maneira isolada. Há
discrepância entre a prevalência de reações adversas a aditivos referida pelo paciente
ou seus pais (7%) e a prevalência comprovada após realização de testes de
provocação (0,01-0,23%).
Lemoine A, et. al.;2020.
Perguntas e Respostas
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❖ Adolescente de 14 anos, apresentou anafilaxia com camarão, sem nenhuma reação
anterior. Os testes foram positivos para alergia à camarão. Ele pode comer
caranguejo, siri, lagosta ou peixes e fazer exames com contraste?
► A alergia pode ser desenvolvida ao longo dos anos. Uma vez realizado o diagnóstico de
alergia a camarão, esse paciente deve ser orientado a evitar todos os crustáceos pois
apresentam uma reação cruzada alta (75%).
► No caso dos peixes, avaliar história clínica, porém as principais proteínas alergênicas
são diferentes.
► Contrastes: não existe relação entre alergia a crustáceos e alergias aos contrastes. O
que causa alergia nos crustáceos não está presente nos contrastes e vice-versa
Perguntas e Respostas
Solé D, et. al.; 2018
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❖ Pode-se tomar antialérgico e ingerir alimentos que sabidamente se tenha alergia?
► Não. Os anti-histamínicos podem não conseguir frear a reação alérgica grave.
Perguntas e Respostas
Solé D, et. al.; 2018
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❖ Gestante com diversos quadros de alergias, deve evitar alimentos alergênicos
durante a gestação e/ou lactação para prevenir alergia alimentar na criança?
► Não. A gestante deve ter uma alimentação saudável e balanceada.
Halken S. et al; 2021.
Perguntas e Respostas
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❖ Para que serve o Teste de Provocação Oral?
Padrão ouro para avaliação das alergias alimentares.
► Indicações:
• Confirmar ou excluir uma alergia alimentar;
• Avaliar a aquisição de tolerância em alergias alimentares;
• Avaliar reatividade clínica em pacientes sensibilizados e/ou com dieta restritiva a múltiplos
alimentos;
• Avaliar a tolerância a alimentos envolvidos em possíveis reações cruzadas;
• Avaliar o efeito do processamento do alimento em sua tolerabilidade.
Perguntas e Respostas
Solé D, et. al.; 2018
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❖ A alergia alimentar tem cura?
► Avaliações individualizadas de cada caso. Alguns pacientes tem maiores chances de se
tornarem tolerantes comparados a outros. Mas cada caso deve ser analisado para se
estabelecer a melhor e mais segura forma de indução.
Waserman S, Bégin P, Watson W.; 2018.
Perguntas e Respostas
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MITOS E VERDADES SOBRE
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• Dietas restritivas desnecessárias devem ser evitadas
• Garantir acompanhamento multidisciplinar às crianças com quadros de
alergia alimentar
• Ter um plano de ação, caso seja necessário intervir
• Manter-se atualizado quanto às novas opções terapêuticas em estudo.
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MITOS E VERDADES SOBRE
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• Solé D, Silva LR, Cocco RR, Ferreira CT, Sarni RO, Oliveira LC, et al. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 – Parte 1 – Etiopatogenia,
clínica e diagnóstico. Documento conjunto elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Arq
Asma Alerg Imunol. 2018;2(1):7-38
• Solé D, Silva LR, Cocco RR, Ferreira CT, Sarni RO, Oliveira LC, et al. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 – Parte 2 – Diagnóstico,
tratamento e prevenção. Documento conjunto elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Arq
Asma Alerg Imunol. 2018;2(1):39-82
• Sampson HA. Food allergy: Past, present and future. Allergol Int. 2016;65(4):363-369. doi:10.1016/j.alit.2016.08.006
• Onyimba F, Crowe SE, Johnson S, Leung J. Food Allergies and Intolerances: A Clinical Approach to the Diagnosis and Management of Adverse
Reactions to Food. Clin Gastroenterol Hepatol. 2021;19(11):2230-2240.e1. doi:10.1016/j.cgh.2021.01.025
• Sicherer SH, Sampson HA. Food allergy: A review and update on epidemiology, pathogenesis, diagnosis, prevention, and management. J Allergy Clin
Immunol. 2018;141(1):41-58. doi:10.1016/j.jaci.2017.11.003
• Halken S, Muraro A, de Silva D, et al. EAACI guideline: Preventing the development of food allergy in infants and young children (2020 update).
Pediatr Allergy Immunol. 2021;32(5):843-858. doi:10.1111/pai.13496
• Gabryszewski SJ, Hill DA. One march, many paths: Insights into allergic march trajectories. Ann Allergy Asthma Immunol. 2021;127(3):293-300.
doi:10.1016/j.anai.2021.04.036
• Nowak-Wegrzyn A, Berin MC, Mehr S. Food Protein-Induced Enterocolitis Syndrome. J Allergy Clin Immunol Pract. 2020 Jan;8(1):24-35
• Di Costanzo M, Berni Canani R. Lactose Intolerance: Common Misunderstandings. Ann Nutr Metab. 2018;73 Suppl 4:30-37. doi:10.1159/000493669
• A. Lemoine, S. Pauliat-Desbordes, P. Challier, & P. Tounian (2020). Adverse reactions to food additives in children: A retrospective study and a
prospective survey. Archives de Pédiatrie, 27(7), 368-371.
Referências
25. ATENÇÃO À
CRIANÇA
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