O documento discute estratégias de intervenção para a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA). Aborda os objetivos da intervenção, como reduzir os sintomas e problemas futuros. Também discute intervenções em casa, como criar rotinas, e na escola, como sentar a criança próximo do professor.
2. Programa:
O que é a PHDA?
Como se manifesta?
Modelos cognitivos e psicológicos da PHDA
Causas da PHDA
Prognóstico
Comorbilidades
Diagnóstico
Intervenção
3.
4. O que é a PHDA?
Perturbação de origem neurobiológica
Sintomas têm origem na infância
Caracteriza-se por:
Excesso de atividade motora
Impulsividade
Défice de atenção
5. 1.ª definição: G. Still (The Lancet, 1902)
43 crianças com graves problemas
capacidade de manter a atenção
autorregulação dos comportamentos
A. Tredgold (1914)
PHDA consequência de encefalite
O que é a PHDA?
6. Lauferr e Denhoff (1957)
Perturbação Hipercinética
DSM-II (1968)
Reação Hipercinética da Infância
DSM-III (1980)
Perturbação de Défice de Atenção
DSM-IV-TR (2001)
Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção
O que é a PHDA?
7. Perturbação do funcionamento cerebral
Causa stresse e afeta a vida das pessoas com PHDA e seus
familiares
Se não diagnosticada - repercussões negativas a longo
prazo:
Insucesso escolar
Comportamentos de risco
Instabilidade laboral e familiar
O que é a PHDA?
8. Afeta cerca de 5 a 10% da população
Maior n.º de casos no sexo masculino (???)
No sexo feminino os sintomas podem ser menos
percetíveis
Em 50% dos casos os sintomas persistem na idade
adulta
O que é a PHDA?
9.
10. Manifestações clínicas são diversas
Podem variar de pessoa para pessoa e na própria
pessoa ao longo da vida
De acordo com o défice predominante falamos em
PHDA do tipo:
Predominantemente Hiperativo-Impulsivo
Como se manifesta?
11. Tipo Predominantemente Hiperativo- Impulsivo
Crianças com dificuldade em permanecer “quietas” –
“bicho carpinteiro”
Agem sem pensar - impulsividade
Interrompem com frequência
Têm dificuldade em prever as consequências dos seus atos
São ruidosos – gritam
Deixam cair ou movem os objetos de modo brusco…
Como se manifesta?
12. Manifestações clínicas são diversas
Podem variar de pessoa para pessoa e na própria
pessoa ao longo da vida
De acordo com o défice predominante falamos em
PHDA do tipo:
Predominantemente Hiperativo-Impulsivo
Predominantemente Desatento
Como se manifesta?
13. Tipo Predominantemente Desatento
Crianças com “a cabeça nas nuvens”
Frequentemente considerados preguiçosos e desmotivados
Passa frequentemente despercebido – não afeta o
funcionamento da aula
Trabalhos escolares com muitos erros e poucos detalhes
Dificuldade em manter a atenção em tarefas consideradas
entediantes ou aborrecidas, prolongadas no tempo
Como se manifesta?
14. Tipo Predominantemente Desatento
Dificuldade em abstrair-se de estímulos irrelevantes
Dificuldade na organização e planificação
Fraca gestão do tempo
Adia a realização de tarefas que implicam esforço
Interrompe as tarefas para prestar atenção a outras atividades
Dificuldade em completar tarefas que requerem vários passos
Esquecem/perdem as coisas necessárias às atividades
Como se manifesta?
15. Manifestações clínicas são diversas
Podem variar de pessoa para pessoa e na própria pessoa ao
longo da vida
De acordo com o défice predominante falamos em PHDA
do tipo:
Predominantemente Hiperativo-Impulsivo
Predominantemente Desatento
Combinado
Como se manifesta?
16. Manifestações secundárias:
Inflexibilidade e conduta explosiva
Perante imposição de regras
Mudanças súbitas nas rotinas
Dificuldades na Memória de Trabalho (memória a
curto termo)
Como se manifesta?
17. Manifestações secundárias:
Dificuldades na aprendizagem
Na organização das suas ideias oralmente e por escrito
Na compreensão leitora
Baixa autoestima
Como se manifesta?
18. Manifestações secundárias:
Alterações nos padrões de sono
Insónia
Sonambulismo
Sono inquieto/falar
Síndrome das Pernas Inquietas
Como se manifesta?
19.
20. 2 modelos:
Modelo Cognitivo de défice único
Baixa eficiência de um mecanismo cognitivo básico
permitiria explicar por si só todas as manifestações
Modelos Cognitivos e Psicológicos
da PHDA
21. Modelos Cognitivos de défice único
R. Barkley (1994) – Modelo da Inibição da Conduta
Défice na inibição da resposta (ou comportamento),
devido a uma disfunção pré-frontal
Capacidade de regular o comportamento ligada às
Funções Executivas
Modelos Cognitivos e Psicológicos
da PHDA
22. Modelos Cognitivos de défice único
R. Barkley (1994) – Modelo da Inibição da Conduta
Funções Executivas
Linguagem interna
Memória de trabalho não verbal (capacidade de nos
regularmos no espaço e no tempo)
Capacidade de planificação, organização, monitorização
Controlo das emoções e da motivação
Modelos Cognitivos e Psicológicos
da PHDA
23. Modelos Cognitivos de défice único
J. Sergeant – Modelo da Regulação do Estado
Aceita a disfunção nas Funções Executivas como um
aspeto nuclear da perturbação
Substitui o défice na inibição da resposta por um défice
na capacidade de regular o esforço e a motivação
Modelos Cognitivos e Psicológicos
da PHDA
24. Modelos Cognitivos de défice único
Sonuga e Barke – Modelo Motivacional
Preferência por uma gratificação imediata
Dificuldade em trabalhar adequadamente durante
períodos longos para alcançar uma recompensa
Dificuldade em motivar-se para uma tarefa
Modelos Cognitivos e Psicológicos
da PHDA
25. 2 modelos:
Modelo Cognitivo de défice único
Baixa eficiência de um mecanismo cognitivo básico
permitiria explicar por si só todas as manifestações
Modelo Cognitivo de défice múltiplo
Interação de vários aspetos cognitivos
Modelos Cognitivos e Psicológicos
da PHDA
26. Modelos Cognitivos de défice múltiplo
Juntam:
Dificuldades de ativação energética
Dificuldades motivacionais
Alteração nas funções executivas
Modelos Cognitivos e Psicológicos
da PHDA
27. Funções Executivas
Planificação e programação de uma tarefa,
mantendo a atenção, ignorando estímulos
irrelevantes
Áreas afetadas na PHDA (domínio
Cognitivo e Neuropsicológico )
28. Memória de Trabalho
Armazenamento temporário da informação
Processamento da informação de modo a dirigir o
comportamento para um objetivo
Áreas afetadas na PHDA (domínio
Cognitivo e Neuropsicológico )
29. Velocidade de Processamento da Informação
Rapidez ou velocidade de execução de uma tarefa
relativamente complexa
PHDA: excessivamente lentas/rápidas
Áreas afetadas na PHDA (domínio
Cognitivo e Neuropsicológico )
30.
31. Alterações no funcionamento do lóbulo pré-frontal
Causas da PHDA
32. Alterações químicas
Na atividade dos neurotransmissores
Dopamina
Noradrenalina
Nas sinapses (espaço entre dois neurónios)
Causas da PHDA
33. Alterações estruturais
Menor volume do cérebro
Diminuição
Do volume no córtex pré-frontal direito
Do tamanho do núcleo caudado
Do volume do cerebelo
Causas da PHDA
34.
35. Fatores genéticos
70 - 80% dos casos genética/neurodesenvolvimental
Fatores adquiridos (20 – 30%)
Consumo de álcool, drogas e tabaco durante a gravidez
Prematuros e com baixo peso à nascença
Traumatismo craneoencefálico nos primeiros anos de
vida
Causas da PHDA
36.
37. Persiste ao longo de toda a vida
75% das crianças com PHDA serão adolescentes com PHDA
50% dos adolescentes com PHDA serão adultos com PHDA
(Wilens, 2004)
10-20% dos casos - remissão funcional (ausência de sintomas
com repercussões negativas na vida do indivíduo) –
Biederman, 2005
Prevalência na idade adulta: 3-4%
Prognóstico
38. Persiste ao longo de toda a vida
20% das crianças com PHDA serão adultos com
sintomatologia grave
Tratamento na infância incidirá sobre a prevenção dos
problemas secundários:
fracasso escolar
baixa autoestima
marginalização social
Prognóstico
39.
40. Perturbação da Leitura e da Escrita
Perturbação do Comportamento
Perturbação de Oposição e Desafio
Perturbações do Humor
Perturbações da Ansiedade
Perturbações de Tiques
Comorbilidade
43. Critérios DSM-IV
6 ou mais sintomas de falta de atenção
(5 adolescentes/adultos – DSM-V)
Diagnóstico
44. Critérios DSM-IV – Falta de Atenção
Não presta atenção pormenores – erros por descuido
Dificuldades em manter a atenção
Parece não ouvir o que lhe é dito
Não segue instruções nem termina os trabalhos
Dificuldade em organizar tarefas e atividades
Diagnóstico
45. Critérios DSM-IV – Falta de Atenção
Evita/é relutante em realizar tarefas que impliquem
esforço mantido
Perde objetos necessários para a realização de tarefas ou
atividades
Distrai-se facilmente com estímulos irrelevantes
Esquece-se frequentemente das atividades quotidianas
Diagnóstico
46. Critérios DSM-IV
6 (5) ou mais sintomas de falta de atenção
6 ou mais sintomas de hiperatividade/impulsividade
(5 adolescentes/adultos – DSM-V)
Diagnóstico
47. Critérios DSM-IV – Hiperatividade
Movimenta excessivamente as mãos e os pés, mexe-se
quando está sentado
Levanta-se na sala de aula ou noutras situações em que
se espera que esteja sentado
Corre ou salta excessivamente, em situações
inadequadas
Diagnóstico
48. Critérios DSM-IV – Hiperatividade
Dificuldade em jogar ou dedicar-se tranquilamente a
atividades de lazer
Age como se estivesse “ligado a um motor”
Fala em excesso
Diagnóstico
49. Critérios DSM-IV – Impulsividade
Precipita as respostas antes que as perguntas tenham
terminado
Tem dificuldade em esperar a sua vez.
Interrompe ou interfere com as atividades dos outros.
Diagnóstico
50. Critérios DSM-IV
6 (5) ou mais sintomas de falta de atenção
6 (5) ou mais sintomas de hiperatividade/impulsividade
Alguns dos sintomas eram visíveis antes dos 7 anos
(12 anos – DSM-V)
Os sintomas estão presentes em 2 ou mais contextos
Os sintomas afetam o funcionamento social, escolar ou laboral
Não são explicados por outra perturbação
Diagnóstico
51.
52. Objetivos
Reduzir os sintomas da PHDA
Reduzir o risco de problemas futuros
Fornecer informação às pessoas que lidam com a criança
a fim de conhecerem estratégias adequadas
Fomentar um bom desempenho académico
Intervenção
53. Com quem intervir?
Com a criança
Com a escola
Com a família
Como intervir?
Tratamento multimodal: Psicofarmacológico
Psicoeducativo
Intervenção
54. Em casa…
Criar rotinas
Reforçar os comportamentos adequados
Evitar o confronto
Explicitar as regras e as consequências a aplicar
Recompensar ou aplicar as consequências estipuladas de
imediato
Intervenção
55. Em casa…
Utilizar quadros de recompensas
Utilizar horários diários e/ou semanais
Procurar o contacto visual direto ao dar-lhe instruções
Utilizar o “time-out” em situações mais extremas
Intervenção
56. Na escola…
Sentar numa mesa próximo da professora e do quadro,
longe das janelas e dos lugares onde se possa distrair,
próximo dos colegas mais tranquilos e trabalhadores
Supervisionar frequentemente o seu trabalho e ajudar a
prosseguir nas tarefas
Intervenção
57. Na escola…
Permitir tempo extra para a conclusão dos trabalhos
Reduzir as tarefas, ou os períodos de trabalho, para
coincidirem com o seu âmbito de atenção
Dividir trabalhos longos em partes mais pequenas para
que possa perspetivar o fim do trabalho
Intervenção
58. Na escola…
Atribuir uma tarefa de cada vez para evitar sobrecarga de
trabalho
Dar instruções claras e concisas
Associar instruções escritas a instruções verbais
Combinar uma sinalização, não verbal, para ajudar a
manter a atenção
Intervenção
59. Na escola…
Ignorar comportamentos inadequados menos
relevantes
Aumentar o imediatismo das recompensas e das
consequências
Supervisionar o aluno de perto, durante os períodos
de transição
Intervenção
60. Na escola…
Reagir ao comportamento adequado usando o
reforço positivo
Permitir que, por vezes, se levante enquanto está a
trabalhar
Intervenção
61. Na escola…
Recordar-lhe de que deve verificar o produto do seu
trabalho, se o seu desempenho for apressado e
desleixado
Evitar penalizá-lo pelos erros cometidos por
distração/impulsividade
Pedir-lhe para rever os exercícios em que errou devido a
distração
Intervenção
62. Na escola…
Proporcionar tempo extra, com limite de tempo,
para a realização de cada tarefa
Valorizar os conhecimentos adquiridos a médio e a
longo prazo e não apenas num momento pontual
Intervenção
63. Tratamento farmacológico
Iniciado após período de intervenção educativa sem
sucesso no controlo dos sintomas
Os sintomas afetam a vida da criança de um modo
significativo
Quando iniciado antes do aparecimento de problemas
secundários, as expectativas a longo prazo melhoram
Intervenção
64. Tratamento farmacológico
Potencia os efeitos da intervenção educativa
Atuam aumentando o nível de dopamina e/ou
noradrenalina no espaço sináptico
Mais frequente: Metilfenidato
Intervenção
65. Tratamento farmacológico METILFENIDATO
EFEITOS SECUNDÁRIOS A CURTO TERMO
Diminuição do apetite
Alterações nos padrões de sono
Dor de cabeça
Dor abdominal
Nervosismo, irritabilidade, labilidade emocional
Intervenção
66. Tratamento farmacológico METILFENIDATO
EFEITOS SECUNDÁRIOS A LONGO TERMO
Não se conhecem efeitos negativos significativos
Repercussões no crescimento – não é significativa
Devem ser monitorizados
Frequência cardíaca
Pressão arterial
Controlo da curva de crescimento
Intervenção
67.
68. Bibliografia
American Psychiatric Association. DSM-IV-TR: Manual de
diagnóstico e estatística das perturbações mentais.
Climepsi. Lisboa
Barkley, R.A. (ed.) (2006). Attention-Deficit Hyperactivity
Disorders. A handboock for diagnosis and treatment. The
Guilford Press. London
Costa, José C.; Heleno, Susana; Pinhal, Carla (2010). Juntos
no desafio: guia para a promoção de competências
parentais. Textiverso. Leiria
Roca, Enric e outros (2010). El aprendizaje en la infancia y
la adolescencia: claves para evitar el fracaso escolar.
Esplugues de Llobregat: Hospital Sant Joan de Déu