O poema caracteriza Portugal como estando em crise política, de identidade e valores morais. O poeta expressa um sentimento de tristeza e incerteza devido à falta de liderança e visão de futuro para o país. No entanto, no último verso, sugere que "é a hora" de mudança para melhorar a situação.
1. Nevoeiro Mensagem, Fernando Pessoa Ana Margarida Pinto, nº2 12ºA Escola e.b. 2,3/s de mora
2. Quinto Nevoeiro Nem rei nem lei, nem paz nem guerra, Define com perfil e ser Este fulgor baço da terra Que é Portugal a entristecer- Brilho sem luz e sem arder, Como o que o fogo-fátuo encerra. Ninguém sabe que coisa quer. Ninguém conhece que alma tem, Nem o que é mal nem o que é bem. (Que ânsia distante perto chora?) Tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro. Ó Portugal, hoje és nevoeiro... É a Hora!
16. Nem rei nem lei, nem paz nem guerra, Define com perfil e ser Este fulgor baço da terra Que é Portugal a entristecer- Brilho sem luz e sem arder, Como o que o fogo-fátuo encerra. Primeira estrofe… O poeta começa por caracterizar o momento de Portugal. E o desespero do poeta é tão grande que ele acaba por dizer que “nem rei nem lei, nem paz nem guerra” o “define com perfil e ser”. Continuará a ser “fulgor baço da terra” este País a “entrestecer”. A vida é vista como “brilho sem luz e sem arder”. E mais ainda, é pior, é “como o que o fogo-fátuo encerra”, é aparência de brilho (vida exterior), mas sem luz interior (vida interior).
17. Ninguém sabe que coisa quer. Ninguém conhece que alma tem, Nem o que é mal nem o que é bem. (Que ânsia distante perto chora?) Tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro. Ó Portugal, hoje és nevoeiro... Segunda estrofe…. Fernando Pessoa começa a falar individualmente. Portugal é um país perdido onde“ninguém sabe que coisa quer”, onde ”ninguém conhece que alma tem”, sem noção nem do que “é mal nem o que é bem”. No entanto, há uma ligeira esperança: uma “ânsia distante” que “perto chora” (impulso positivo). Mas tudo é tão “incerto e derradeiro”, “disperso”. “Nada é inteiro”. E o poeta demonstra o tal desespero deixando uma interjeição dolorosa: “Ó Portugal, hoje és nevoeiro…”.
18. É a Hora! Última estrofe… É o momento de surgir à Nova Vida. "É a Hora" de acordarem, de se unirem, e de fazerem voltar tudo de novo, e quem sabe D. Sebastião não reaparecerá, do opaco nevoeiro em que desapareceu, montado no seu cavalo branco, e o mito e a glória de Portugal ressurgirão das cinzas, como o Fénix o faz na sua recriação de nova vida após a morte. E “Hora” é também o momento em que Fernando Pessoa é lido até ao fim, quando se conclui a leitura da “Mensagem”, do plano de Pessoa para regenerar Portugal.
19. Alguns dos recursos estilísticos: Antítese: “Este fulgor baço da terra” Personificação: “Que é Portugal a entristecer” Anáfora: “Ninguém sabe que coisa quer./ Ninguém conhece que alma tem” “Tudo é incerto e derradeiro./ Tudo é disperso, nada é inteiro.” Comparação: “Brilho sem luz e sem arder,/ Como o que o fogo-fátuo encerra.”
20. Conclusão O poema "Nevoeiro" permite a Fernando Pessoa encerrar “Mensagem” da melhor maneira, indo repescar o mito sebastianista de que o Rei voltará numa manhã de nevoeiro e mostrando que, simbolicamente, nevoeiro é a situação que então se vive em Portugal… Mas já é tempo de mudança, "É a Hora!“de partir novamente à descoberta e conquistar o mundo; “É a Hora!” de voltar a sonhar! É tempo de renascer.
21. Resposta à questão: Camões e Pessoa ambos exortam. Camões exorta um rei vivo às ainda possíveis conquistas, embora se adivinhe já o fim do Império. Pessoa já não tem Império em que ter esperança e a sua exortação é necessariamente interior, espiritual. O que é parecido em ambos é a esperança positiva na mudança – não há um fatalismo triste. Ambos esperam a mudança para melhor, acreditam num futuro mais positivo. A “apagada e vil tristeza” de Camões, o “fulgor baço da terra” de Pessoa, são maneiras semelhantes de caracterizar o presente do país. Ambos estão desapontados com a realidade e querem a mudança – um pela guerra, o outro pela irmandade.