O documento discute o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), definindo-o como um transtorno neurobiológico caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade. Aborda fatores de risco, diagnóstico, comorbidades, aspectos neurobiológicos e tratamento, enfatizando a importância de uma avaliação clínica completa para o diagnóstico.
2. TDAH
O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade é
atualmente um dos temas mais debatidos,
principalmente quando se consideram crianças em
idade escolar.
Esse termo é utilizado para definir um transtorno
neurobiológico que surge na infância e pode
acompanhar o indivíduo por toda a vida.
É um quadro composto de sinais e sintomas
comportamentais relacionados à desatenção, à
hiperatividade e à impulsividade.
3. TDAH NA INFÂNCIA
As crianças portadoras de TDAH representam uma
população bastante heterogênea, com uma variação
considerável no grau de seus sintomas, na idade de
início, na disseminação intersituacional desses
sintomas e no grau em que outros transtornos
ocorrem em associação com o TDAH. O transtorno
representa uma das razões mais comuns para o
encaminhamento de crianças a profissionais da
medicina e saúde mental devido a problemas e é um
dos transtornos psiquiátricos mais comuns na
infância.
4. TDAH E CONTEXTO HISTÓRICO
A descrição médica foi surgir pela primeira vez em
1902, feita por George Still e Alfred Tredgold, que
foram os primeiros autores a dedicar atenção clínica
séria a uma condição comportamental infantil que se
aproximava do que hoje se conhece como TDAH.
Em uma série de três palestras proferidas no Royal
College of Physicians e publicadas, Still (1902)
descreve 43 crianças atendidas em seu consultório
que tinham dificuldades sérias para manter a
atenção.
5. TDAH CONTEXTO HISTORICO
A descrição médica foi surgir pela primeira vez em
1902, feita por um pediatra. As nomenclaturas
atribuídas ao transtorno estão em constantes
mudanças. O termo “lesão cerebral mínima” surgiu
em 1940 e em 1962 tornou-se “disfunção cerebral
mínima”, com a justificativa de que o transtorno era
caracterizado por uma disfunção relacionada ao
sistema nervoso do que uma lesão.
6. Com a publicação do DSM-III, em 1980, fica clara a
possibilidade do TDAH permanecer no adulto e a
partir daí as classificações seguintes do DSM
passaram a considerar essa probabilidade.
7. NOMENCLATURA ADOTADA AO LONGO DO
TEMPO
1940 – Lesão cerebral minima
1960 – Disfunção cerebral mínima
1968 – Reação hipercinética da Infância e da
Adolescência
1980 – Transtorno de Déficit de Atenção
1980 – Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade
8. DSM-V
Os transtornos do neurodesenvolvimento são um
grupo de condições com início no período do
desenvolvimento. Os transtornos tipicamente se
manifestam cedo no desenvolvimento, em geral
antes de a criança ingressar na escola, sendo
caracterizados por déficits no desenvolvimento que
acarretam prejuízos no funcionamento pessoal,
social, acadêmico ou profissional. Os déficits de
desenvolvimento variam desde limitações muito
específicas na aprendizagem ou no controle de
funções executivas até prejuízos globais em
habilidades sociais ou inteligência.
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14. FATORES DE RISCO DSM-V
Temperamentais: O TDAH está associado a níveis
menores de inibição comportamental, de controle à
base de esforço ou de contenção, a afetividade
negativa e/ou maior busca por novidades. Esses
traços predispõem algumas crianças ao TDAH,
embora não sejam específicos do transtorno.
15. Ambientais: Muito baixo peso ao nascer (menos de
1.500 gramas) confere um risco 2 a 3 vezes maior
para TDAH, embora a maioria das crianças com
baixo peso ao nascer não desenvolva transtorno.
Embora o TDAH esteja correlacionado com
tabagismo na gestação, parte dessa associação
reflete um risco genético comum. Uma minoria de
casos pode estar relacionada a reações a aspectos
da dieta. Pode haver história de abuso infantil,
negligência, múltiplos lares adotivos, exposição a
neurotoxina (p. ex., chumbo), infecções (p. ex.,
encefalite) ou exposição ao álcool no útero.
Exposição a toxinas ambientais foi correlacionada
com TDAH subsequente, embora não se saiba se
tais associações são causais.
16. Genéticos e fisiológicos: O TDAH é frequente em
parentes biológicos de primeiro grau com o transtorno. A
herdabilidade do TDAH é substancial. Enquanto genes
específicos foram correlacionados com o transtorno, eles
não constituem fatores causais necessários ou
suficientes. Deficiências visuais e auditivas,
anormalidades metabólicas, transtornos do sono,
deficiências nutricionais e epilepsia devem ser
considerados influências possíveis sobre sintomas de
TDAH. O TDAH não está associado a características
físicas específicas, ainda que taxas de anomalias físicas
menores (p. ex., hipertelorismo, palato bastante
arqueado, baixa implantação de orelhas) possam ser
relativamente aumentadas. Atrasos motores sutis e
outros sinais neurológicos leves podem ocorrer. (Notar
que falta de jeito e atrasos motores comórbidos devem
ser codificados em separado [p. ex., transtorno do
desenvolvimento da coordenação].)
17. Modificadores do curso: Padrões de interação
familiar no começo da infância provavelmente não
causam TDAH, embora possam influenciar seu
curso ou contribuir para o desenvolvimento
secundário de problemas de conduta.
18. Existem dois principais conjuntos de critérios
diagnósticos e o APA DSM-V 2014 determina
3 subtipos de TDAH: de apresentação
combinada, quando todos os critérios de
desatenção e hiperatividade são preenchidos nos
últimos seis meses, de atenção
predominantemente desatenta ou de
apresentação hiperativa/impulsiva.
19. Diagnóstico Diferencial
Transtorno de oposição desafiante.
Transtorno explosivo intermitente.
Outros transtornos do neurodesenvolvimento.
Transtorno específico da aprendizagem.
Deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual).
Transtorno do espectro autista
Transtorno de apego reativo. Transtornos de ansiedade.
Transtornos depressivos.
Transtorno bipolar.
Transtorno disruptivo de desregulação do humor.
Transtorno por uso de substância.
Outro Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade Especificado
Transtornos da personalidade.
Transtornos psicóticos.
Transtornos neurocognitivos.
20. Comorbidades
Atualmente o TDAH é um desafio, pois várias
doenças podem apresentar sinais e sintomas de
alerta comuns como dislexia, deficiência intelectual
e comorbidades.
21. Nas crianças nota-se dificuldade em atividades de
persistencia e vigilia Essas dificuldades quanto à
persistência às vezes são visíveis em momentos de
livre brincar, evidenciadas por durações mais curtas
das brincadeiras com brinquedos variados. Todavia,
elas são vistas de forma mais dramática em
situações que exijam que a criança preste atenção
em tarefas enfadonhas e repetitivas, como por
exemplo, tarefas domésticas.
22. Entretanto, o quadro clínico pode diferenciar-se
quando existem outras atividades alternativas que
prometam gratificação ou reforço imediato, ao
contrário do reforço mais fraco ou de conseqüências
associadas à tarefa estabelecida. Nesses casos,
uma criança com TDAH pode parecer distraída e, de
fato, provavelmente se desviará da tarefa para se
envolver na atividade gratificante.
23. Hiperatividade relacionados com as dificuldades de
controlar impulsos em indivíduos portadores de
TDAH, são observados sintomas de níveis de
atividade excessivos ou inadequados ao
desenvolvimento, seja atividade motora, seja vocal.
Inquietação, agitação e movimentos corporais brutos
desnecessários são comuns, tanto nas queixas de
pais e professores quanto em medidas objetivas
24. Os pais e educadores inúmeras vezes descrevem
esse tipo de criança como “a mil”, “a todo vapor”,
“salta excessivamente”, “não consegue ficar
parada”, “fala demais”, “está sempre murmurando
ou fazendo sons estranhos” e “está sempre se
contorcendo” e os problemas de atenção como:
“parece não ouvir”, “não termina as tarefas”, “sonha
acordado”, “costuma perder as coisas”, “não se
concentra”, “distrai-se facilmente”, “não consegue
trabalhar sem supervisão”, “precisa de mais
direcionamento”, “muda de uma atividade
incompleta para outra” e “parece confuso ou estar
nas nuvens” (Barkley, DuPaul e McMurray, 1990; Stewart, Pitts,
Craig e Dieruf, 1966).
25. Controvérsia
Alguns pesquisadores se opõem à ideia da
existência desse transtorno devido às discrepâncias
e à falta de critérios científicos na definição dos
sintomas.
Por outro lado, há evidências de que se trata de
uma disfunção da neurotransmissão dopaminérgica
na área frontal do cérebro, regiões subcorticais e
região límbica cerebral.
26. Fatores Neurobiológicos
Os dados que relacionam o TDAH como tendo uma
característica neurobiológica são obtidos através de
estudos da neuropsicologia e por recursos de
neuroimagem.
Pesquisas relacionam o TDAH com ações dos
neurotransmissores, sendo que os principais
envolvidos são: dopamina e noradrenalina.
(ROHDE; HALPER, 2004)
27. Fatores Neurobiológicos
O TDAH é considerado um dos transtornos
psiquiátricos com maior influência genética. Sabe-
se, por exemplo, que um indivíduo que tenha um pai
com TDAH tem uma chance oito vezes maior de ter
também o transtorno. Além disso, gêmeos
univitelinos, que compartilham 100% da carga
genética, têm uma probabilidade de 70% de ambos
apresentarem TDAH.
28. Fatores Ambientais
Isso, não significa que a carga genética seja a única
responsável pelo surgimento do TDAH. Há fatores
ambientais específicos que também foram
associados como surgimento do transtorno.
Pessoas expostas intrauterinamente à nicotina ou
ao álcool (mães fumantes ou que fizeram uso de
álcool durante a gravidez), que nasceram com baixo
peso, prematuros ou que foram expostas a toxinas
(chumbo e corantes) durante a infância são mais
propensas a apresentarem desatenção e
hiperatividade. Além disso, pessoas que viveram em
ambientes familiares ou sociais estressantes
também têm uma chance maior de ter TDAH.
29. DIAGNÓSTICO
Infelizmente, ainda não é possível utilizar exames de
ressonância para confirmar o diagnóstico de TDAH,
sendo utilizados apenas para pesquisa. O
diagnóstico de TDAH é feito através de uma
entrevista (consulta), que deve ser feita por um
clínico com conhecimentos amplos sobre o
transtorno, com seus familiares (no caso de crianças
que não saibam expressar adequadamente suas
dificuldades). A entrevista é focada no levantamento
da presença de sintomas de desatenção,
hiperatividade e impulsividade e sobre os prejuízos
decorrentes.
30. DIAGNÓSTICO
Nenhum exame de sangue, neuropsicológico,
psicopedagógico,fonoaudiológico ou
eletroencefalográfico tem a capacidade de fazer o
diagnóstico de TDAH.
Alguns destes exames podem ser solicitados para
auxiliar no diagnóstico (p.ex., teste de QI para
determinar a inteligência), exame de sangue para
eliminar causas específicas (p.ex., níveis de
hormônios tiroidianos para descartar
hipotireoidismo, uma causa de desânimo e
desatenção) ou garantir que o tratamento seja
realizado com segurança (p.ex.,
eletroencefalograma para descartar epilepsia ou
eletrocardiograma para verificar a função cardíaca
31. TESTES
BATERIA PSICOLÓGICA PARA AVALIAÇÃO DA
ATENÇÃO – BPA (6 anos)
ESCALA DO TDAH NO CONTEXTO ESCOLAR
(ETDAH-II)
WISC IV (6 anos)
R-2 - Teste não Verbal de Inteligência para Criança
32. DIAGNÓSTICO
O diagnóstico ainda é questionado, porque pode ser
influênciado por pessoas ao redor da criança e pelo
próprio examinador.
O uso de farmaco é prescrito na maioria dos casos;
A principal substância no Brasil no mundo é o
metilfenidato (comercializado com os nomes de
Concerta, Ritalina e Ritalina LA)
A produção brasileira passou de 40kg em 2002 para
226kg em 2006. (Itaborahy & Ortega, 2013).
33. DIAGNÓSTICO
Nos casos de resistência ou intolerância aos
estimulantes existem alternativas eficazes,
principalmente com uso de antidepressivos, agentes
promotores de vigília e anti-hipertensivos
(guanfacina). Estas substâncias, apesar de terem
aplicações originais tão diferentes, têm em comum a
capacidade de aumentar a concentração de
noradrenalina e dopamina, semelhante ao dos
estimulantes, mas de forma mais sutil ou atenuada.
Também, são drogas que podem ter uma relevância
muito importante quando os pacientes com TDAH
apresentam comorbidades ou transtornos
relacionados com o uso de substâncias.
34. DIAGNÓSTICO
O aumento do diagnóstico no Brasil à influência na
mídia que explica o transtorno de forma simplista
pode influenciar o diagnóstico inadequado.
Aumento de uso por pessoas saudáveis que
buscam aumentar o rendimento em atividades
intelectuais.
Por outro lado a alta no uso do medicamento reflete
maior conhecimento da doença e aumento de
diagnóstico.
35. DIAGNÓSTICO
Psicoterapias comportamentais:
Visam aumentar a capacidade de organização
podem ser extremamente efetivas, já que otimizam
a utilização da capacidade inata de atenção do
indivíduo. Por exemplo, muitos pacientes podem se
sentir novamente sob controle de suas vidas apenas
utilizando uma agenda de forma sistemática. O
tratamento psicoterápico, e as técnicas cognitivo-
comportamentais podem ajudar diminuindo
sentimentos de desvalia decorrentes do fracasso e
de anos vividos sem uma explicação mais
convincente do que os acometia.
36. DIAGNÓSTICO
Muitos pacientes se sentem muito aliviados quando
compreendem que não são desmotivados ou
medrosos crônicos e que apenas evitam situações
de aumento de demanda, devido aos sucessivos
fracassos vivenciados ao longo da vida.
37. FAMÍLIA E TDAH
O Comportamento parental contribui para acentuar a
apresentação e continuidade dos sintomas do
transtorno.
As interações entre pais e filhos em familias em que
pelo menos uma das crianças é portadora do TDAH
se caracterizam por mais conflitos, coerção e
estresse.
Construir um ambiente familiar com comunicação
positiva, poderia, assim, minimizar as reações de
estresse diante os padrões disfuncionais, já que
esses podem trazer comportamentos reativos de
maus tratos à criança.
38. CONTRIBUIÇÕES PSICANALÍTICAS
Leuzinger-Bohleber et al. (2011) compreendem o
TDAH como um produto de relações complexas,
que envolve a história de vida e os aspectos
inconscientes, relacionais, institucionais e sociais,
bem como os fatores neurobiológicos e genéticos.
Nesse sentido, a Psicanálise auxilia na
compreensão dessas realidades psiquicas como
produtos de um entrelaçamento complexo de fatores
inconscientes e de raízes sociais.
39. A Psicanálise vem sendo uma teoria e um
tratamento para o TDAH e sugere aos terapeutas
para trabalharem com essas crianças no sentido de
aumentar a capacidade para a simbolização e a
mentalização no relacionamento transferencial.
O medicamento esconde as fantasias sádicas, e
portanto, camuflaria o que a criança realmente
sente.
40. TDAH e Psicanálise
Atualmente as crianças são pressionadas para
crescer depressa ou são incentivadas a adquirirem
habilidades precoces. A criança “supergaroto” é
competente para lidar com todas as vicissitudes da
vida. O Supergaroto, é uma invenção social
construída para aliviar a culpa dos pais que não têm
tempo para cuidar da infância.
Debord (1997) aponta a sociedade do espetáculo,
não há limites para as exigências de atenção e
performance, deste modo, na busca desses ideais,
todo indivíduo será um pouco desatento.
Psicanálise e Sociedade
41. TDAH e Psicanálise
Alguns psicanalistas lacanianos, levantam a
hipótese de que o aumento dos diagnósticos de
TDAH expressa o mal-estar no laço social
decorrente do declínio da função paterna na
sociedade contemporânea. Nessa perspectiva,
destacamos que a evidência do TDAH resulta da
inconsistência das marcas simbólicas no mundo
contemporâneo”.
42. Contribuições Winnicottianas
A contribuição fundamental de Winnicott para o
pensamento psicanalítico pode ser resumida em três
áreas principais: relação mãe-bebê, criatividade
primária e fenômenos transicionais.
Atravessando todos esses conceitos, encontramos o
valor atribuído ao Self
43. Contribuições Winnicottianas
Winnicott (1986/2005) afirma que todo indivíduo
possui uma tendência inata para o desenvolvimento,
entretanto, o ambiente externo é de suma
importância para que isso aconteça, pois ele
representa os cuidados dos quais os pais
dispendem para o seu filho e deve ser um facilitador
do desenvolvimento emocional do indivíduo.
Constituição do Self se dá pela interação com o
ambiente*
44. Nesse sentido, na teoria winnicottiana, a relação do
bebê com a mãe é primordial, pois um bebê não
pode existir sozinho: ele é parte de uma relação,
primeiramente com a mãe e após com o pai e outras
pessoas próximas. Assim, a família possui um papel
primordial para que ocorra o desenvolvimento e o
amadurecimento individual
45. Winnicott desenvolveu o conceito de "preocupação
materna primária”, para nomear o estado
psicológico que atua sobre as mulheres cuja
duração se estende entre algum momento antes do
parto e algumas semanas após o nascimento do
bebê. Em um primeiro momento, a mãe parece
padecer de um estado esquizoide ou regressivo,
porém, isso é temporário. A mãe desloca o foco de
sua atenção de todos os seus interesses anteriores
voltando-se exclusivamente para o bebê.
Esse estado permite que a mãe se torne apta a
fornecer um ambiente próprio para o
desenvolvimento.
46. A criação de um ambiente satisfatória nomea-se
como "mãe suficientemente boa". Esta seria capaz
de fazer uma adaptação produtiva às necessidades
do bebê, vivendo temporariamente no mundo dele,
reconhecendo suas particularidades, ela o segura,
manipula o e apresenta-lhe o mundo em pequenas
doses, possibilitando-lhe experimentar um
sentimento de continuidade.
47. A mãe não é suficientemente boa quando não consegue
reconhecer os gestos do bebê; ela o submete aos seus
próprios gestos.
Essa mãe leva em conta suas necessidades, e não as
do filho. Nesse contexto, a criança sente que deve
submeter-se ao ambiente, dando origem ao
desenvolvimento do falso Self, como forma de proteção.
Winnicott divide as funções maternas em três campos
distintos: o holding, o handling e a apresentação de
objetos.
A relação mãe-bebê estará sempre presente na sua
teoria.
48. Desenvolvimento do Self
Winnicott (1990) diz que “No início da vida humana
existem dois estados experimentados pelo bebê, o
estado tranquilo e o estado excitado.”
A vitalidade do bebê se desenvolve por meio da
tensão instintiva, pois ele espera por algo, ele se
movimenta para alcançar algo, com a mão ou com a
boca. A mãe ajuda o bebê a lidar com esse dois
momentos
A repetição entre esses dois estados ajuda o bebê a
construir uma confiança no ambiente
49. Uma experiência bem estabelecida do estado
tranquilo possibilita o descanso, que é a base, na
vida adulta, do desenvolvimento da capacidade de
estar só. O descanso, na vida adulta, estará
presente por meio da atividade imaginativa, da
concentração lúdica ou artística, ou do trabalho
criativo.
Contudo, quando os estados tranquilos não são
vividos de forma saudável, há uma ansiedade com
relação à tranquilidade.
50. Por exemplo: Se a mãe fica ausente por mais tempo
que o bebê pode suportar, a memória da presença
se apaga e pode ocorrer uma sensação de
aniquilamento, de loucura.
Para retomar a sensação de segurança da criança,
é necessário que se inicie todo o processo de
confiança entre a mãe e o bebê.
51. Os três estágios que levam ao amadurecimento da
criança são: o estágio de dependência absoluta, o
estágio de dependência relativa e o rumo à
independência.
A mãe suficientemente boa, frusta o bebê aos
poucos.
O estágio de dependência relativa permiti ao bebê
começar a perceber que é uma pessoa diferente da
mãe.
Entre essa passagem há o espaço transicional: um
objeto substituto da mãe nos momentos de
necessidade (APS)
52. Agressividade
Rumo a independência:
Ao começo de uma relação com objetos externos,
chutes, empurrar, morder. O que em breve será um
comportamento agressivo não passa, no início, de
um simples impulso que desencadeia um
movimento, uma exploração (Winnicott, 1964/2013;
Abram, 2000).
Dessa maneira, a agressão está ligada ao
estabelecimento de uma distinção clara entre o que
é e o que não é o Eu. Sabe-se que, na origem dessa
força, que é inata nos seres humanos, e que
subentende a atividade destrutiva.
53. Estágios da agressividade:
Estágio 1 ou inicial (na dependência absoluta) - pré-
integração da personalidade.
A agressão surge sem propósito, sem intenção.
Instintividade
54. Estágio 2 ou intermediário integração da
personalidade.
A agressão surge com propósito, com piedade e
culpa. Esse estágio precede a pessoa total, mas a
integração da personalidade já alcançou um grau
em que o indivíduo pode perceber a mãe, e, por
isso, experimentar o sentimento de concernimento
quanto aos resultados de suas experiências
instintivas, tanto físicas quanto ideativas, sobre ela.
O estágio de concernimento (ou da dependência
relativa ou das experiências transicionais) traz
consigo a capacidade de sentir culpa.
55. Estágio 3 ou da personalidade total - aqui já é
possível a existência de relações interpessoais e a
experiência de situações triangulares, e o
surgimento de conflitos conscientes e inconscientes
(Complexo de Édipo)
Na formação do Self a sintomatologia da criança
reflete a doença dos pais!
O mau desenvolvimento do Self é resultado da má
relação com o ambiente!
Seria capaz um falso self de estar em um estado
tranquilo e regular suas emoções?