Desde que o século 21 começou, a economia brasileira vive o seu pior ano: dados do PIB
apontam, no terceiro trimestre, um crescimento de apenas 0,7% em relação ao anterior e
indicam que fecharemos 2012 no patamar de 1%.
Coluna do Senador Aécio Neves da Folha - BNDES com transparência
Coluna do Senador Aécio Neves da Folha - O pior ano do século
1. O pior ano do século
Coluna do senador Aécio Neves na Folha de São Paulo, em 17 de dezembro de 2012
Desde que o século 21 começou, a economia brasileira vive o seu pior ano: dados do PIB
apontam, no terceiro trimestre, um crescimento de apenas 0,7% em relação ao anterior e
indicam que fecharemos 2012 no patamar de 1%.
A inflação em alta superou o centro da meta e as projeções indicam que tende a crescer ainda
mais. Os investimentos continuam em queda livre. Os dois primeiros anos do atual governo
foram períodos perdidos para a economia, para o país e para a sociedade brasileira –os
resultados de 2012 conseguem ser ainda pio- res que os de 2011, quando o PIB registrou
medíocre crescimento de 2,7%.
Foi um período de desperdício da capacidade de crescimento do Brasil e de explícita
inoperância dos sucessivos “pacotes” anunciados com estardalhaço. Desnuda, ainda, a
manipulação das autoridades econômicas de tentar vender à sociedade um ambiente de
otimismo, que, agora, se confirma fantasioso. O governo federal começou o ano prometendo
crescimento de 4% para o PIB.
O mundo real mostra que o Brasil crescerá bem menos que os emergentes –Rússia (2,9%),
China (7,4%) e Índia (5,3%)–, ficando, ainda, abaixo da média da América do Sul (2,7%) e a um
terço da média da América Latina e do Caribe (3,1%), só à frente do Paraguai.
O contraditório é que, mesmo assim, a máquina governamental bate novos recordes de
arrecadação. Essa exuberância fiscal pouco tem contribuído para reverter a agenda negativa
ou mesmo reabilitar os entes federados, à beira da insolvência em face da grave concentração
de recursos e de poder em Brasília.
Está claro que não dá mais para responsabilizar as crises externas por tudo o que acontece no
país. É uma terceirização que visa absolver os que vêm adotando uma sucessão de medidas
equivocadas.
É hora de retomar as reformas iniciadas sob o governo Fernando Henrique Cardoso e
paralisadas pelo petismo na última década.
Não se compreende por que o governo não coloca a serviço do país a ampla maioria que
possui no Congresso Nacional e os índices de aprovação indicados pelas pesquisas, que
poderiam criar as bases políticas necessárias para viabilizar as grandes mudanças que o Brasil
precisa.
Já disse antes que popularidade é como colesterol: tem a boa e a ruim. A boa é aquela que é
usada como instrumento para a superação de desafios que sufocam o país. A ruim é aquela
que inebria, que faz seus detentores, na expectativa de mantê-la indefinidamente,
acomodarem-se, evitando qualquer tipo de contencioso, e que acaba custando caro aos
brasileiros.
Uma transforma, a outra paralisa. Uma serve à pátria. A outra, ao poder.