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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
conjunturac o n j u n t u r a
GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM CONJUNTURA
Nº 33 DEZ / 2004
APRESENTAÇÃO
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 01
No primeiro semestre de 2003, no início do Augusto de Oliveira Candiota, Cássio Casseb e
governo Lula, discutia-se se havia um outro plano Henrique Meirelles, Candiota demitiu-se da
que não fosse a continuidade da política diretoria do Banco Central da qual fazia parte.
econômica neoliberal. Essa discussão desenro- Cássio Casseb saiu da presidência do Banco do
lou-se até o momento em que o próprio Lula Brasil, em 16/11/04, após as denúncias da
afirmou que não havia um plano A, nem B e nem contratação de Boanerges Ramos Freire, James
C, quer dizer, não havia nenhum plano alternativo Rubio e Joaquim Xavier da Silveira, sem licitação,
de mudança. Entretanto, muitos dos que por salários de até R$ 820.000,00, anuais, para
apoiavam Lula e esperavam mudanças ainda cada um. Os três tinham sido executivos da
tinham esperanças de que o governo mudasse Credicard na época em que Casseb era o
de rumo. Após dois anos, a maioria perdeu as presidente. Quanto a Henrique Meirelles, que
esperanças e, dentre os que participavam do havia obtido privilégios de ministro, agora está
governo, vários saíram ou foram demitidos após mais protegido contra as acusações pelas
as eleições municipais, nas quais a derrota do PT declarações falsas apresentadas à justiça
apareceu de forma mais contundente em Porto eleitoral e ao imposto de renda, antes de ser
Alegre e em São Paulo. Dentre os que saíram, os nomeado para o Banco Central. Apesar do
nomes mais vistosos foram o de Frei Betto, Oded parecer de inconstitucionalidade emitido pelo
Grajew, Carlos Lessa, Bernardo Kucinski e Ana Procurador Geral da República, a Câmara e o
Fonseca. Senado federal aprovaram a medida provisória e
Para aqueles que, por ingenuidade política, Meirelles só poderá ser julgado pelo Supremo
por algum tipo de interesse ou falta de opção, TribunalFederal.
ainda permanecem no governo ou no PT, Lula A aliança partidária construída para obter a
deu mais um recado. Segundo a Folha de São aprovação das reformas tributária e da previdên-
Paulo (11/12/04), "o presidente disse que quem cia, além da enorme quantidade de medidas
quiser ser oposição que procure outro lugar. (...) O provisórias, está sofrendocom as disputas internas
recado de Lula cobrando 'unidade' entre os nos partidos da base de apoio parlamentar. Parte
membros do governo teve endereços certos: da direção do PMDB e do PPS querem que seus
ministros petistas que reclamaram recentemente Ministros entreguem os cargos e que o partido
da política econômica, parlamentares do PT que saia da base de apoio, mas a outra parte
batem em Palocci e os ministros José Dirceu e pretende continuar. Mas isso não significa que
Aldo Rebelo." Essa é mais uma razão pela qual o esteja havendo qualquer mudança na aliança
senador Cristóvam Buarque, que muito mal entre as frações da burguesia que comandam o
poderia ser considerado como de esquerda, país e nem na estratégia neoliberal implementa-
afirma que o governo Lula está cada vez mais à da desde o final dos anos oitenta. Por isso, o
direita do de FHC. governo não deixará de conseguir a aprovação
Fernando Rodrigues (FSP, 22/11/04), contes- de todas as medidas que considere realmente
tando a interpretação de que o governo está importante dentro dessa estratégia. O que esses
dando uma guinada para a direita escrevia, conflitos expressam é somente a disputa por
"Palocci éo homemforte. Intelectuaiscomo Amir espaços dentro do poder do Estado, visto que o
Lando recebem Lula para jantar e são incentiva- núcleo central do poder não está sendo
dos a nomear mais gente para cargos na efe tiv ame nte que sti ona do. Tanto que a
Previdência Social. Tudo verdade, menos concluir "dissidência" interna ao PT, que votou contra a
que exista uma guinada à direita. Só vai ficar mais medida provisória que concedeu o status de
difícil disfarçar, mas o governo petista está onde ministro ao Presidente do Banco Central, sequer
sempre esteve. É uma administração medíocre foi repreendida pela direção do partido, apenas
(no sentido de mediana, sem criatividade), receberam o recado de Lula, "que procure outro
centrista e de pálida coloração social- lugar". Nesse sentido, o momento atual da luta de
democrata." classes no Brasil não tem mais canais para se
O governo Lula não perdeu somente aqueles expressar através do parlamento e muito menos
que ainda acreditavam em mudanças e faziam dentro do aparelho estatal, a não ser de forma
críticas contra a política neoliberal. Após a marginal, como tem sido há muito tempo.
denúncia da revista Istoé (28/07/04), contra Luis
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 02
1. POLÍTICA ECONÔMICA
Ilusão e algemas do crescimento de mercado, não há espaços para políticas de
crescimento nem para a realização de investi-
Projeções do mercado indicam que a mentos públicos e privados, que poderiam
economia brasileira deve crescer, este ano, entre remover incertezas e gargalos estruturais
3,5% e 4%. Não é uma taxa espetacular, mas indispensáveis para o ingresso numa trajetória de
depois de permanecer praticamente estagnada crescimento sustentado. Os superávits primários
nos últimos três anos (2001-2003) é um resultado bloqueiam os investimentos públicos; o controle
que merece ser comemorado. Para o governo, da inflação, mediante a manutenção de
este é o melhor indicador de que, após o forte elevadas taxas de juros reais, os investimentos
ajuste realizado em 2003, quando se registrou um privados; o câmbio apreciado, com o ingresso de
crescimento negativo de -0,2%, estão criadas as capitais externos em busca de maior rentabilida-
condições para uma nova etapa de desenvolvi- de, num cenáriointernacional favorável, embora
mento sustentado e de que essa trajetória não benéfico para o controle da inflação, ao
deverá ser interrompida por muitos anos. Um prejudicar as exportações e favorecer as
evidente exagero, porque o próprio governo está importações, acentua a vulnerabilidade externa
se encarregando de adotar medidas para da economia. Neste modelo, qualquer
abortar essa recuperação, demonstrando, na recuperação cíclica tende rapidamente a
realidade, que não existem fundamentos esbarrar em tetos intransponíveis (balanço de
econômicos sólidos para garantir sua sustenta- pagamentos, capacidade de oferta do setor
ção. privado, infra-estrutura econômica, pressões
Nas duas últimas reuniões do Comitê de inflacionárias, etc.) que se traduzem em tensões,
Política Monetária (Copom) a taxa de juros (Selic) que precisam ser reprimidas para evitar maior
foi elevada, em outubro, de 16,5% para 16,75% deterioração das expectativas privadas.
e, agora em novembro, para 17,25%, com o Acionadas para este propósito, as mesmas
claro objetivo de conter exatamente o ímpeto algemas - monetária, fiscal, cambial - operam
dessa recuperação. De acordo com justificativas para deteriorar ainda mais a capacidade de
técnicas divulgadas pelo Banco Central, este superação das dificuldades que enfrenta o país e
crescimento estaria provocando pressões sobre o as possibilidades de criação das condições
nível de preços e comprometendo a estabilidade necessárias para remover os obstáculos do
da moeda. Por isso, ainda que com prejuízos para crescimento.
a dívida pública e para a atividade produtiva, a O fato é que, neste modelo, não existem
medida seria necessária para desaquecer a esp aço s par a o cre sci men to. Pequen as
demanda e garantir o atingimento da meta de recuperações cíclicas, como a observada neste
inflação de 5,5% estabelecida para 2004. ano, e também em 2000, tornam-se possíveis
Ao contrário do discurso do governo, o enquanto o cenário internacional for favorável.
objetivo da estabilidade monetária tornou-se um Mesmo nessa situação, o fôlego do crescimento
fim em si mesmo e não um meio necessário para tende a ser curto porque limites estruturais
abrir caminhos para o crescimento de forma rapidamente se manifestam. A nova elevação
sustentada. O modelo que a sustenta, apoiado dos juros pelo Banco Central e a sinalização de
em algemas monetária, fiscal e cambial, que se que poderáocorrer umanova altaem dezembro
auto-alimentam e se auto-reforçam, diante da contrariam qualquer discurso otimista e represen-
ausência de fundamentos sólidos da economia tam a prova mais evidente de que o país continua
brasileira, é incompatível com qualquer ensaio enredado na armadilha da estabilização com
mais robusto de recuperação da economia. estagnação. Os últimos indicadores da atividade
Neste modelo, onde o compromisso com a econômica confirmam que a recuperação
geração de elevados superávits primários fiscais começa a perder forças, tendência que deve ser
para impedir o crescimento da dívida pública reforçada com a postura ortodoxa e conservado-
tornou-se peça nuclear da política econômica e ra das autoridades monetárias. Sem se desfazer
as ambiciosas metas de inflação, para uma dessa armadilha, ou seja, sem alterar as peças do
economia emergente com profundos desequilí- modelo, não há como vislumbrar perspectivas
brios estruturais, um compromisso sagrado, e melhores para o país nos próximos anos.
onde a taxa cambial é determinada pelas forças
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 03
2. INFLAÇÃO
Um dos assuntos preferidos em economia é a ultrapassado e o objetivo da política monetária é
inflação, principalmente quando se trata do Brasil, de que no IPCA não ultrapasse os 8%.
com uma história complicada a esse respeito. A redução do IPCA e do INPC, em setembro,
Hoje, com a economia cada vez mais globaliza- foi decorrenteem grandeparte pelaredução dos
da e uma política econômica cada vez mais preços dos alimentos cebola (-17,4%), tomate (-
dependente de fatores externos, se torna ainda 15,9%), hortaliças (-9,2%), farinha de mandioca (-
mais difícil fazer previsões sobre a inflação 6,5%), feijão carioca (-5,0%), arroz (-3,68%) e
brasileira. peixes (-2,80%). Os produtos que apresentaram
Contudo, mesmo para um ano conturbado efeito contrário foram alho (11,6%), açúcar
no exterior, como vem sendo 2004, a inflação refinado (9,4%), açúcar cristal (2,5%) e enlatados
vem se mantendo próxima das taxas previstas no (2,2%). Os produtos não alimentícios também
inicio do ano. Principalmente no último trimestre, apresentaram uma pequena redução, de 0,15
houve uma desaceleração em todos os ponto percentual, em setembro em relação a
indicadores de inflação. Neste contexto, ocorreu agosto.
uma a desaceleração dos indicadores em Em outubro, o INPC manteve-se constante e o
setembro e uma ligeira retomada em outubro. IPCA apresentou um aumento de 0,11 ponto
Ainda não se tem claro o que poderá ocorrer com percentual. Esse resultado foi devido à continuida-
o aquecimento das vendas no final do ano e após de da queda dos preços dos alimentos (-0,23%)
o reajuste de preços dos combustíveis, que foi que afetam as famílias de menor renda. Os
transferido para o período pós-eleitoral. O Copom produtos com as maiores quedas foram a
demonstrava preocupação quanto ao petróleo, cenoura (-17,2%), cebola (-27,9), tomate (-
"...no cenário doméstico, continua indefinida a 16,7%), batata-inglesa (-10,1%), farinha de trigo (-
trajetória de realinhamento dos preços dos 3,2%), óleo de soja (-2,9%), farinha de mandioca
derivados de petróleo em relação às cotações (-1,8%), arroz (-1,7%) e pão francês (-1,1%). O
internacionais, e aumenta a possibilidade de que feijão-carioca apresentou um aumento de
o impacto desse realinhamento - na medida em 11,7%, apósa quedade 5,0%em setembro.
que possa ser postergado, mas não evitado - O aumento do IPCA, índice que inclui as
acabe contaminando mais fortemente a inflação famílias com renda mensal de até 40 salários
de 2005" (Ata da 101º reunião, 10/ 04). mínimos, foi influenciado principalmente pela
Entretanto, o Banco Central está firmemente gasolina (1,5%) e álcool (5,3%), que juntos
decidido que a inflação se mantenha dentro da provocaram um aumento 0,11 ponto percentual
meta de 5,5% ± 2,5%, fixada para 2004. Para no índice.Além dos combustíveis,as tarifas aéreas
tanto, vem aumentando seguidamente a taxa (5,0%), automóvel novo (1,3%) e artigos de
básica de juros, que foi novamente aumentada vestuário (1,1%) também contribuíram para o
em novembro, para 17,25% a. a., e se espera aumento.
novos aumentos. Em agosto o IGP-DI aumentou 1,31% ante o
As variações mensais do nível de preços mês anterior, totalizando 9,53% nos primeiros oito
estimados pelos índices IPCA e INPC, em outubro, meses do ano. A aceleração se deu novamente
foram de 0,17% e 0,44%, respectivamente. Estes devido ao comportamento dos preços do
indicadores já acumularam 5,95% e 4,77%, no atacado e ao consumidor. O IPC-Br elevou-se
ano. Assim, o centro da meta de inflação já foi 0,79% no mês,e o IPA-DIelevou-se em 1,59% ante
1,35% em
j u l h o . O
I N C C
registrou alta
de 0,81%
ante 1,12%
n o m ê s
anterior. No
acumulado
do ano, até
Tabela 2.1 Índices de preços (em %)
Indicadores Set/03 Jul/04 Ago/04 Set/04 Out/04 No ano 12 meses
IPC -FIPE 0, 84 0, 58 0, 98 0, 21 0,62 5,27 5,99
ICV -DIEESE 1,26 1,21 0, 69 0,24 0,53 6,23 6,84
IGP -M 1,18 1,31 1,22 0,69 0,39 10,69 11,91
IGP -DI 1,05 1,14 1,31 0,48 0,53 10,65 11,85
INPC 0,82 0,73 0,50 0,17 0,17 4,77 5,72
IPCA 0,78 0,91 0,69 0,33 0,44 5,95 6,96
Fonte: FIPE, IBGE, FGV e DIEESE
Tabela 2.1 – Índices de preços (em %)
Indicadores Set/03 Jul/04 Ago/04 Set/04 Out/04 No ano 12 meses
IPC-FIPE 0, 84 0, 58 0, 98 0, 21 0,62 5,27 5,99
ICV-DIEESE 1,26 1,21 0, 69 0,24 0,53 6,23 6,84
IGP-M 1,18 1,31 1,22 0,69 0,39 10,69 11,91
IGP-DI 1,05 1,14 1,31 0,48 0,53 10,65 11,85
INPC 0,82 0,73 0,50 0,17 0,17 4,77 5,72
IPCA 0,78 0,91 0,69 0,33 0,44 5,95 6,96
Fonte: FIPE, IBGE, FGV e DIEESE
agosto, o IPC-Br, o IPA-DI e o INCC acumularam em agosto apresentou alta de 0,98%, sendo a maior
altas de 5,11%, 11,58% e 7,79%, respectivamen- alta nos últimos 12 meses, destacando os gastos
te. O aumento dos preços industriais no atacado com habitação (1,78%) e alimentação (1,06%).
(exceto combustíveis), refletido no IPA, acumula No grupo de habitação o aumento deveu-se
4,97% nos três meses findos em agosto. principalmente ao aumento das tarifas de energia
Em setembro, o IGP-DI, aumentou 0,48% em (9,55%) e telefonia fixa (5,23%). No grupo de
setembro, ante elevação de 1,31% no mês alimentação a alta deveu-se aos produtos in-
anterior, totalizando variação de 10,06% nos natura, que aumentaram 6,54%, decorrente da
primeiros nove meses do ano. A desaceleração entressafra e de fatores climáticos. No mês de
do IGP-DI pode ser observada em todos os seus setembro o índice reduziu, em comparação ao
componentes. O IPC-Br aumentou 0,01% em mês anterior, e fechou em 0,21%. A queda foi
setembro após alta de 0,79% no mês anterior. A significativa nos grupos de habitação (0,57%) e
elevação do INCC foi de 0,58%, ante 0,81% em transporte (0,44%),além dadeflação nogrupo de
agosto. A elevação do IPA-DI caiu para 0,65% em alimentação (-0,57%), que se deve a queda nos
setembro, contra 1,59% em agosto, acumulando produtos in-natura e nos preços monitorados. No
12,31% nos primeiros nove meses de 2004. No mês de outubro, o índice geral apresentou um
período de doze meses findo em setembro, o IGP- crescimento de 0,62%, 0,41 ponto percentual
DI e o IPA-DI acumularam em 11,74% e 14,22% maior do que em setembro. Os maiores aumentos
respectivamente. foram nos grupos transporte (1,32%), vestuário
Em outubro, o IGP-DI aumentou 0,53% (1,10%) e habitação (0,69%). Os grupos com
acumulando 10,65% no ano e 11,85% em 12 menores aumentos foram educação (0,02%) e
meses. O IGP-DI é composto pelo índice de preços alimentação (0,28%).
no atacado - IPA, com peso de 60%, pelo índice
de preços ao consumidor - IPC, com peso de 30% Cesta Básica
e pelo índice nacional de custos da construção - No mês de outubro, o preço da cesta básica
INCC, com peso de 10%. O IPA cresceu 0,61%, no diminuiu em todas as capitais pesquisadas, com
mês, um pouco abaixo do que havia aumentado exceção de BeloHorizonte, ondeaumentou 1,6%.
no mês anterior (0,65%). Nesse índice, o grupo que A cesta básica mais cara do país continua sendo
apresentou a maior alta foi o de ferro, aço e a de Porto Alegre vindo em seguida São Paulo e
derivados com aumento de 7,38% e as maiores Brasília, apesar da pequena redução, em outubro.
quedas foram soja (-8,88%) e cacau (-5,27%). O As cestas mais baratas são as de Recife, Salvador
IPC cresceu 0,10%, no mês, impulsionado pelo e Fortaleza. O valor médio também diminuiu em
aumento da gasolina que respondeu pelo setembro (-4,6%) e outubro (-2,5%), ficando
aumento de 0,06 ponto percentual, com um abaixo daquele registrado em julho de 2004. Os
aumento de 1,90%. O INCC cresceu 1,19%, no maiores aumentos acumulados nos dez primeiros
mês, muito mais do que no mês
anterior (0,58%). O principal
aumento foi no grupo materiais e
serviços que passou de 1,09, em
setembro, para 1,99%, em
outubro.
O IPC-FIPE (Índice de Preços
ao Consumidor) confirmou a
expectativa de aumento dos
índices de inflação, associado ao
reajuste dos preços monitorados,
e está acumulado em 5,27% no
ano, apesar da redução no mês
de julho (0,59%) em relação ao
mês anterior (0,92%). Essa
redução pode ser atribuída a
queda no preço da gasolina no
mês de julho (0,39%), diminuindo
os gastos no grupo de transporte,
além da queda no grupo de
vestuário (1,72%). O mês de
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 04
Tabela 2.2- Preço da cesta básica nas capitais brasileiras
Capital Jul/04 Ago/04 Set/04 Out/04 Ano (%)
Porto Alegre 181,83 189,99 182,38 179,82 6,34
São Paulo 173,95 182,26 178,37 177,14 7,49
Brasília 165,02 169,32 170,25 169,23 8,89
Belo Horizonte 169,59 176,21 166,05 168,76 12,07
Rio de Janeiro 168,53 178,81 171,51 167,21 7,14
Florianópolis 162,52 175,64 170,15 165,03 11,89
Curitiba 165,47 171,95 166,03 162,92 2,34
Vitória 153,40 165,05 154,71 151,84 9,02
Belém 153,53 158,21 154,64 149,08 6,04
Goiânia 147,12 150,58 148,70 147,23 6,67
João Pessoa 140,74 150,07 139,11 136,09 6,26
Natal 140,46 152,07 138,71 132,74 3,13
Aracaju 138,36 150,15 137,49 131,49 -4,77
Fortaleza 144,19 139,70 135,69 127,41 -0,26
Salvador 135,99 140,48 132,58 125,49 3,82
Recife 141,58 147,03 131,53 123,81 -4,54
Fonte: DIEESE
meses do ano foram em Belo Horizonte produtos que ficaram mais caros foram a batata
(12,07%), Florianópolis (11,89%) e Vitória (56,04%) e o leite (21,07%). Em Aracaju, com
(9,02%). Aracaju, Recife e Fortaleza apresen- exceção do tomate e da banana, todos os
taram uma redução de 4,77%, 4,54% e produtos da cesta básica tiveram seus preços
0,26%, respectivamente. reduzidos. Os produtos que ficaram mais baratos
Os produtos que mais aumentaram de foram a farinha (-27,78%), o feijão (-25,26%) e o
preço em Belo Horizonte, no ano, foram a arroz (-17,50%). Em Recife, o tomate (-30,65%), a
batata (114,29%) e o tomate (68,22%), em farinha (-26,03%) e o arroz (-20,67%) tiveram seus
Florianópolis foram também os mesmos preços reduzidos, mas o feijão (9,74%) e o pão
produtos com aumentos de 118,57% e (8,74%) tiveram seus preços elevados.
40,58%, respectivamente. Em Vitória, os
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 05
3. NÍVEL DE ATIVIDADE
O PIB brasileiro, pela ótica do dispêndio, aumentou 0,2%, as exportações de bens e
manteve sua rota de crescimento no segundo serviços cresceram 2,2 % e as importações de
semestre de 2004, apresentando uma variação bens e serviços em 1,6%.
positiva de 1,5% em relação ao trimestre anterior. O sustentáculo do crescimento econômico
Nesta comparação, o desempenho do PIB é continua sendo as exportações, mas outros dois
justificado pelo comportamento positivo dos fatores vêm contribuindo significativamente para
componentes da demanda. A formação bruta o reaquecimento da economia: o aumento da
de capital fixo cresceu 1,5%, assim como o renda média do trabalhador e a expansão do
consumo das famílias. O consumo do governo crédito a longo prazo, que influem diretamente
no crescimento do consumo
interno. No segundo trimestre
de 2004, o consumo das
famílias aumentou 5,0% em
relação ao mesmo trimestre de
2003. Esse crescimento é
importante pois este agregado
representa cerca de 57% do
PIB nacional.
Em termos setoriais, a
agropecuária e a indústria
apresentaram baixos níveis de
crescimento, -0,3% e 0,2%
respectivamente. Já o setor de
serviços cresceu 2,5%, em
relação ao trimestre anterior.
De acordo com o IBGE, o
s u b s e t o r i n d u s t r i a l q u e
apresentou maior taxa de
crescimento, em relação ao
mesmo trimestre de 2003, foi a
indústria de transformação
(8,5%), devido a uma elevação
do nível de produção de bens
duráveis e bens de capitais. O
crescimento da produção de
bens duráveis foi beneficiado
pela maior oferta de crédito.
Após um período de consecuti-
vas quedas, a construção civil
apresentou, pela primeira vez
Tabela 3.1- Brasil: Produto Interno Bruto (em %)
Setor de Atividade
2004II/
2003II
2004II/
2004I
Acum.
No ano
12
meses
Agropecuária 5,0 (-)0,3 5,7 3,4
Indústria 6,6 0,2 4,7 1,4
Extrativa Mineral (-)1,9 (*) (-)2,9 0,4
Transformação 8,5 (*) 7,3 3,7
Construção Civil 6,7 (*) 2,0 (-)4,9
Serv. Ind. Util. Pública 2,7 (*) 2,0 1,4
Serviços 4,4 2,5 2,8 1,3
Comércio 9,9 (*) 7,6 1,9
Transportes 6,5 (*) 6,9 3,6
Comunicações (-)0,1 (*) (-)1,0 (-)1,7
Instituições financeiras 5,2 (*) 3,6 1,3
Outros Serviços 7,5 (*) 2,6 1,3
Aluguel de Imóveis 1,5 (*) 1,3 1,3
Admin. Pública 1,8 (*) 1,5 0,9
Dummy Financeiro* 6,3 (*) 3,3 1,2
V. adic. pr. básicos 5,3 1,5 3,9 1,6
Impostos s/ produtos 9,1 (*) 6,6 2,3
PIB a pr. de mercado 5,7 1,5 4,2 1,7
Consumo das famílias 5,0 1,5 3,1 0,4
Consumo do governo 1,3 0,2 1,4 1,1
Form. bruta de cap. fixo 11,7 1,5 6,8 (-)0,6
Exportação 16,5 2,2 17,8 12,1
Importação (-) 14,1 1,6 13 7,2
Fonte: IBGE - Contas Nacionais Trimestrais
em 5 trimestres, uma variação positiva de 6,7%. Segundo a tabela 3.2, quatro categorias
Nesta comparação, o único subsetor industrial pesquisadas apresentaram crescimento: móveis
que apresentou queda foi o da indústria extrativa e eletrodomésticos (29,50%); hipermercados,
mineral (-1,9%), provocado pelo desempenho do supermercados, produtos alimentícios, bebidas e
petróleo. No setor de serviços, o subsetor de fumo (4,06%); combustíveis e lubrificantes
comunicações apresentou uma queda de 0,1%, (1,78%); e veículos, motos, partes e peças
justificada pela redução em volume da telefonia (32,20%). A categoria de tecidos, vestuário e
fixa e do correio. Mesmo com o comportamento calçados registrou pequena retração no volume
positivo registrado pela economia brasileira, resta de vendas (-0,02%),permanecendo praticamen-
ainda a dúvida em relação a sua sustentabilida- te estagnada.
de. No segundo trimestre de 2004, o investimento A alta observada deveu-se, principalmente,
cresceu 11,7% em relação ao mesmo período ao aumento da renda dos trabalhadores. Essa
de 2003, mas, em relação ao trimestre imediata- recuperação refletiu-se, em primeiro lugar, no
mente anterior, ele caiu pela segunda vez aumento do consumo de eletrodomésticos, que
consecutiva. Esses dados, associados à timidez são muito procurados mas muito sensíveis ao nível
do governo em relação aos seus gastos, de renda, e, em segundo lugar, no aumento dos
demonstram que uma política de investimentos itens de primeira necessidade. É interessante
não é prioridade deste, uma vez que apenas observar que, além do aumento dos itens que
0,5% do PIB foi reservado este ano para tais fins. A fazem parte da cesta básica de consumo,
falta de prioridade do governo em relação aos também cresceu a procura por itens considera-
investimentos também pode ser verificada na dos supérfluos, como os produtos light e diet,
manutenção da taxa de juros em patamares normalmente consumidos por classes de maior
elevados e na carga tributária imposta. renda.
As indústrias brasileiras estão operando em Apesar do expressivo crescimento registrado
seu limite de capacidade produtiva (cerca de nos últimos meses, percebe-se que este é pouco
90% da capacidade instalada) e, para que esta sustentável, observa-se uma pequena desacele-
capacidade possa ser expandida de forma a ração desse ritmo. O aumento da taxa básica de
absorver a demanda crescente, osinvestimentos juros (Selic), para 16,75%, pode ser considerado
em infra-estrutura são primordiais. como um dos fatores responsáveis por essa
A Pesquisa Mensal de Comércio registrou, no desaceleração,além daforte basede compara-
mês de agosto, um aumento de 7,53% no ção dos dados apresentados pelo IBGE para os
volume de vendas do comércio varejista. No períodos anteriores.
acumulado de janeiro a agosto,o crescimento foi O aumento da taxa de juros pode, por um
de 9,45% e, nos últimos doze meses, de 5,83%. lado, inibir o crescimento da economia através
Esses resultados são conseqüência de que a da redução do endividamento dos consumido-
maioria dos estados brasileiros obteve resultados res, mas, por outro, pode impedir o desencadea-
positivos. mento de um processo de aumento dos preços.
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 06
Tabela 3.2 - Vendas no Varejo por Atividade - Brasil e Espírito Santo (Var. real %)
Ago/04 /
Ago/03
Acum.
no ano
Acum.
12 MesesAtividade
BR ES BR ES BR ES
Comércio Varejista 7,53 10,71 9,45 18,34 5,83 13,09
Combustíveis e Lubrificantes 1,78 -0,50 6,01 1,15 2,82 -0,81
Hiper, Super, Prod. de Alim., Bebi. e Fumo 4,06 11,57 5,86 23,70 3,08 19,18
Super e Hipermercados 4,27 11,68 6,01 24,01 3,20 19,63
Tecidos, Vestuário e Calçados -0,02 -4,99 6,41 -1,44 3,27 -6,81
Móveis e Eletrodomésticos 29,50 37,91 29,78 25,23 22,90 11,51
Veículos, Motos, Partes e Peças 32,20 16,92 19,24 15,93 13,38 12,67
Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal de Comércio
dificuldades de se manter a oferta, e,
finalmente, obrigar a Autoridade
Monetária a elevar a taxa de juros
novamente. No caso do Espírito Santo,
observa-se que o estado registrou taxas
de crescimento muito superiores à
média nacional, em agosto, embora
alguns setores tenham registrado taxas
negativas, como o de equipamentos e
materiais para escritório, informática e
comunicação (-28,56%), na compara-
ção com o mês anterior. Seguindo a
tendência nacional, setores capixabas
como o de móveis e eletrodomésticos,
e veículos, motos, partes e peças,
apresentaram expressivos aumentos
de 37,91% e 16,92%, respectivamente,
em relação a agosto de 2003.
Os dados do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), relativos ao
terceiro trimestre do ano, nos mostram
que o vigor esperado da economia
brasileira, devido ao crescimento
apresentado nos últimos meses, não se
dará de forma contínua. Os indicado-
res da produção industrial, para
setembro, demonstram certa
acomodação do nível de atividade,
após seis meses de expansão, o que
está de acordo com os dados
estatísticos relacionados ao comércio
varejista.
As atividades onde se verificaram
as maiores altas, no mês, foram,
veículos motores (30,08%), máquinas e
equipamentos (19,40%), de bebidas
(17,94%), borracha e plástico (12,61%),
equipamentos de informática e de
comunicações (11,71%), têxtil (11,60%)
e de calçados (10,02%). Salienta-se
que a maior queda foi a do segmento
farmacêutico (queda de 10,20).
Também houve queda (ainda que de
menor magnitude) em: diversos;
edição, reprodução e impressão e
refino de petróleo e álcool, sendo este
último de grande importância no
cômputo geral (Tabela 3.3).
A produção industrial por categori-
as de uso (tabela 3.5) mostra que a
produção de bens de capital (-2,5%),
Como a indústria brasileira opera próximo de sua bens intermediários (-0,2%)e a debens
capacidade máxima, um aumento das vendas de consumo duráveis (-1,9%) diminuíram no mês
pode, através de um aumento da demanda, de setembro. Entretanto, as produções nessas
causar uma elevação dos preços, pois haverá mesmas categorias cresceram significativamen-
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 07
Tabela 3.3 - Indicadores da Produção Industrial
por Seções e Atividades – Brasil
Seções e atividades
Set04/
Set03
Acum.
no ano
Últ. 12
meses
Indústria Geral 7,61 9,01 7,22
Indústrias Extrativas 6,27 3,56 4,07
Ind. de transformação 7,68 9,32 7,39
Alimentos 4,36 3,34 1,77
Bebidas 17,94 5,58 1,61
Fumos 3,82 23,87 20,72
Têxtil 11,60 10,70 6,70
Vest. e Acessórios 4,71 1,72 -2,08
Calçados 10,02 1,01 -2,65
Madeira 8,95 10,28 8,90
Celulose e Papel 5,20 8,12 7,16
Edição, Impr. e Repr. -2,65 0,77 5,27
Refino de Petr. E Álcool -3,51 0,40 0,20
Farmacêutica -10,20 0,01 -3,22
Perf. E Prod. Químicos 12,57 12,66 10,11
Outros Prod. Químicos 4,22 6,87 5,93
Borracha e Plástico 12,61 9,41 6,52
Minerais não Metálicos 8,57 4,87 1,99
Metarlugia Básica 4,18 3,87 3,09
Produtos de Metal 11,72 9,45 5,87
Maq. e Equipamentos 19,40 18,99 15,75
Equip. de Informática 22,22 44,55 49,11
Materiais Elétricos 0,87 12,20 10,73
Equip. de Comunicações 11,71 28,25 29,00
Equip. Hospitalares 3,90 8,88 7,72
Veículos Motores 30,08 30,17 25,03
Outros Equip. de Transp. 9,26 11,23 25,03
Mobiliário 0,50 10,62 9,81
Diversos -3,06 10,98 6,35
Fonte: IBGE – Pesquisa Industrial Mensal
Tabela 3.4 - Indicadores da Produção Industrial do
Espírito Santo
Seções e atividades
Ago04/
ago03
Acum.
no ano
Últ. 12
meses
Indústria Geral 5,00 3,87 2,13
Indústrias Extrativas 7,35 2,79 3,87
Ind. de transformação 4,03 4,32 1,43
Alimentos 18,92 13,57 5,69
Celulose e Papel 5,54 1,66 2,83
Minerais não metálicos -2,47 0,67 -1,54
Metalurgia Básica -0,98 3,83 -0,60
Fonte: IBGE/DPE/Coordenação de Indústria
te em relação ao mesmo mês
do ano anterior. Da mesma
maneira, a produção de bens
de capital e a de bens de
consumo duráveis cresceram
significativamente em 12 meses
e nos nove primeiros meses de
2004.
Os números da produção
industrial do Espírito Santo, no
mês de agosto, continuam sua
trajetória de crescimento se
comparados com igual período
de 2003, com variação positiva
na casa de 5,0%. Esse
percentual de crescimento foi
resultado que confirma a interrupção na
sustentado graças ao incremento na produção
desaceleração a partir de maio. Contribuíram
de três diferentes segmentos: O de alimentos e
para esse resultado, com impactos positivos, as
bebidas (18,9%), a indústria extrativa (7,4%) e o
indústrias extrativas (3,9%) e de alimentos (5,7%),
segmento de celulose e papel (5,5%). A melhora
enquanto que a de metalurgia básica (-0,6%) e
se deu, respectivamente, pelo aumento na
de minerais não-metálicos (-1,5%) impediram um
produção de bombons; minério de ferro; e pastas
maior índice de expansão. O crescimento
químicas de madeira (celulose). Mas, o desem-
industrial capixaba também não acompanhou a
penho não é o mesmo se observamos a taxa
média da produção industrial do Brasil no
acumulada no ano (3,87%) e nos últimos 12
período. As taxas foram inferiores tanto na
meses (2,13%). No acumulado dos últimos doze
comparação com 2003 quanto nas taxas
meses, a produção industrial até agosto cresceu,
acumuladas no ano e em 12 meses.
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 08
Tabela 3.5 - Indicadores da Produção Industrial por
Categorias de Uso - Brasil
Categorias de Uso
Set04/
Ago04
Set04/
Set03
Acum.
no ano
12
meses
Bens de capital -2,5 19,8 25,7 23,0
Bens intermediários -0,2 6,4 7,4 6,1
Bens de consumo 0,9 7,5 7,8 5,4
Duráveis -1,9 18,3 25,0 20,8
Semidur. e não dur. 1,5 4,9 3,9 2,0
Industria geral 0,0 7,6 9,0 7,2
Fonte: IBGE/DPE/Coordenação de indústria
4. EMPREGOS E SALÁRIOS
Nos últimos meses vêm ocorrendo uma estão permitindo esta expansão do nível de
recuperação dos indicadores de emprego e emprego.
renda nas principais pesquisas que tratam do As informações divulgadas pelo IBGE (tabela.
tema no Brasil. De fato, o número de vagas 4.1) mostram uma pequena retração no nível de
criadas neste ano, pequeno ainda para alcançar desocupação o que poderia indicar uma
as metas estabelecidas durante a campanha estabilização da taxa de desemprego, porém,
eleitoral, representaum importantemovimento e existe a possibilidade de essa taxa voltar a uma
se reflete na retração das taxas de desocupação trajetória descendente, devido à grande oferta
ao longo de 2004. de vagas temporárias que visa atender à
Contudo, deve-se ser cauteloso ao analisar demanda gerada pelas festividades de fim de
este momento específico. Ao mesmo tempo em ano.
que há uma tendência de
contratações temporári-
as, típicas do fim do ano,
as recentes elevações da
taxa básica de juro (SELIC)
ainda não surtiram pleno
efeito sobre a economia.
O governo espera um
ciclo de crescimento
longo, mas, na verdade,
são apenas alguns
movimentos sazonais que
Tabela 4.1 – Taxa de desemprego (%)
IBGE DIEESE*
Meses
2003** 2004** 2003* 2004* 2003 2004
Julho 12,8 11,2 14,5 12,5 19,7 18,5
Agosto 13,0 11,4 14,9 12,6 20,0 18,3
Setembro 12,9 10,9 14,8 11,7 20,6 17,9
* Região Metropolitana de São Paulo
** Média das seis maiores regiões metropolitanas do país
Fonte: IBGE/PME e DIEESE/PED
De acordo com a PME, de julho a setembro taxa de desemprego nos últimos três meses.Tanto
deste ano, aproximadamente 245 mil pessoas o desemprego por desalento (de 1,9% em julho
obtiveram algum tipo de ocupação o que, para 1,7%, em setembro) como o desemprego
apesar do aumento da população economica- por trabalho precário (de 5% em julho para 4,8%,
mente ativa (PEA) de 21.534 pessoas, em julho, em setembro) caíram na Região Metropolitana
para 21.738, em setembro, ajudou a diminuir o de São Paulo.
nível de desemprego apurado pela PME para o Essa queda se impôs apesar do aumento da
período. A taxa de desemprego no período sofreu PEA (9.972 em julho, para 10.012, em setembro),
redução de 11,2% para 10,9%. Os rendimentos ocasionado, em parte, porpessoas quevoltaram
médios reais, recebidos pelos ocupados, a procurar emprego estimuladas pelo aumento
apurados pelo IBGE mostraram ligeira melhora no do número de postos de trabalho. Essa é uma
período, porém, houve redução no mês de tendência que se observa nos últimos meses. Isso
agosto. Em julho, os rendimentos reais foram de é demonstrado pela queda do tempo médio de
R$ 907,71 tendo recuado em agosto para R$ procura por trabalho de 55 semanas, em julho,
894,81 e voltou a se recuperar em setembro para 52 semanas,em setembro.
atingindo R$ 910,10, valor substancialmente Apesar da diminuição do desemprego, o
maior do que o verificado no mesmo período do nível médio desalários (R$ 1.008,00em julho para
ano passado, quando o rendimento real foi de R$ R$ 1.003,00 em agosto) manteve-se estável,
881,73. sendo que a média salarial do trabalho com
Segundo o IBGE, de julho a setembro de carteira assinada foi a única que obteve
2004, houve retração na taxa de desemprego de aumento (R$ 1.087 em julho para R$ 1.093 em
12,5% para 11,7%, na região metropolitana de agosto), ocorrendo uma queda tanto nos salários
São Paulo. Em agosto, assim como na pesquisa de trabalhadores sem carteira quanto dos
nacional, a PME registrou uma estabilidade no autônomos. No entanto, comparando agosto de
nível de emprego e a tendência de queda voltou 2003 com agosto de 2004, houve um aumento
a confirmar-se em setembro. A PEA passou de de 2,3% no nível médio de salários, sendo que o
9.211 pessoas para 9.162 (-0,5%) e o número de trabalho sem carteira assinada foi o único que
pessoas ocupadas cresceu de 8.055 para 8.089 sofreu decréscimo.
(acréscimo de 0,4%). O rendimento real médio Os dados do cadastro geral de empregados
dos trabalhadores foi de R$ 1.046,20 em e desempregados - CAGED, mostram que o
setembro, praticamente o mesmo que em julho trimestre julho-setembro registrou um saldo
deste ano. Em comparação com setembro do positivo de 631.532 novos vínculos empregatíci-
ano passado, houve aumento de de 5,7%. A os. Destacam-se a indústria de transformação, o
pesquisa de emprego e desemprego (PED) do setor de serviços e o comércio, que determina-
Dieese para a região metropolitana de São Paulo ram o crescimento desse indicador, no ano. Seus
também apresentou uma melhora em seus saldos foram responsáveis pelos bons resultados
indicadores, ocorrendo uma ligeira queda na gerados nos meses de julho a setembro. Dado o
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 09
Tabela 4.2 - Saldo de admitidos e desligados – CAGED
Jul/04 Ago/04 Set/04 No Ano
Atividade Econômica
Brasil ES Brasil ES Brasil ES Brasil ES
Extrativa Mineral 935 159 1132 212 1.352 -16 9.623 695
Ind. Transformação 56.027 1596 72.168 1.220 101.101 1.251 555.656 8.375
Serv. Ind. Util. Pública 907 -5 1683 2 691 -24 7.362 221
Construção Civil 10.697 532 18.752 854 8.453 919 98.510 3.494
Comércio 33.552 827 50.478 712 45.181 1.052 260.056 4.843
Serviços 42.729 911 74.040 1.358 58.859 3.462 442.379 10.065
Admin. Pública 2.032 39 1.591 54 -77 7 26.887 464
Agropecuária 55.155 -363 9.892 6 -15.823 -1.085 265.654 4.942
Saldo* 202.033 3.696 229.757 4.418 199.742 5.566 1.666.188 33.099
* O item Outros está contabilizado em Saldo
Fonte: MTE – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
caráter sazonal dos setores de serviços e setor que produziu o maior impacto para esse
comércio, além de algumas atividades da declínio foi do segmento outros, que se refere aos
indústria de transformação que atendem ao gêneros de couro e peles, produtos farmacêuti-
consumo de bens não-duráveis, pode-se atribuir cos, veterinários e perfumaria, sabões e velas,
grande parte desse saldo a movimentos finalizando o mês de agosto com -19,35%.
sazonais. Entre os setores industriais o maior Embora o nível de empregos na indústria em
destaque foi a indústria de alimentação e geral tenha começado a declinar em agosto, o
bebidas que acrescentou 50.535 vagas em setor de material elétrico e comunicação, que
setembro e 169.833 no ano. em maio e abril apresentou uma queda, foi o que
Além disso, o CAGED indica que a maior mais cresceu neste mês, tendo um aumento de
exp ans ão d o em pre go c ele tis ta o cor re 19,77%. Outros setores também apresentaram
atualmente fora das maiores regiões metropolita- variações positivas: vestuário e calçados, 4,55%,
nas do país. Durante todo o ano de 2004 foram química, 4,02% e material de transporte,3,07%.
acrescentados 847.014 vínculos no interior, No mês de julho, o setor mais expressivo foi
enquanto que as principais regiões metropolita- outros que, contrariamente ao mês de agosto,
nas criaram 454.771 vagas contabilizou um aumento de 8,14% em postos
Empregos eSalários noEspírito Santo de trabalhos, sendo seguido por madeira, 4,78%
Os dados do Instituto Euvaldo Lodi (IEL-ES) e mecânica, 3,80%. Em queda, o setor de
demonstram que após um período de quatro borracha foi o que mais variou negativamente o
meses seguidos de crescimento (julho 0,93%, nível de emprego,fechando com -3,13%.
junho 0,66%, abril 2,95% e maio 0,21%) o nível de No acumulado do ano, a indústria revela um
emprego da indústria no Espírito Santo começou acréscimo de 3,92% no número de vagas, sendo
a cair, fechando o mês de agosto em -0,38%. O de destaque o resultado das indústrias químicas
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 10
Tabela 4.3 – Variação mensal e acumulada do
pessoal ocupado por gênero de atividade no ES (%)
Discriminação Ago/04 Jun/04 Jul/04 No ano 12 meses
Indústria Extrativa Mineral 0,03 0,91 -0,20 5,09 23,33
Minerais não Metálicos 0,77 0,89 0,97 6,00 4,05
Metalúrgica 0,86 0,00 0,62 3,05 3,61
Mecânica 1,89 7,05 3,80 35,75 26,98
Mat. Eletr. e de Comum. 19,77 4,36 1,59 16,07 16,49
Material de Transporte 3,07 -3,46 2,24 -3,29 1,77
Madeira 0,46 5,03 4,78 4,27 -6,72
Mobiliário 0,41 -0,51 0,97 11,83 10,99
Papel e Papelão 1,69 0,26 0,07 3,17 5,11
Borracha -3,23 0,00 -3,13 -4,74 -20,13
Química 4,02 0,81 1,16 40,41 25,37
Material Plástico -1,52 0,63 -0,25 2,35 3,43
Têxtil 0,67 1,09 0,67 6,80 9,21
Vestuário e Calçados 4,55 -0,42 1,06 10,16 4,72
Produtos Alimentares 3,21 1,37 2,04 3,33 5,77
Bebidas -0,75 0,10 3,10 5,57 16,44
Editorial e Gráfica 0,33 0,75 0,33 -1,38 -2,50
Indústrias Diversas -0,61 -0,62 2,52 -1,83 0,61
Outros (1) -19,35 -4,44 8,14 -15,60 -17,35
Construção Civil 2,33 -2,14 2,67 -0,49 -9,80
Utilidade Pública -0,58 0,03 -0,16 -0,45 -1,89
Total daIndústria -0,38 0,66 0,93 3,92 4,18
refere-se aos gêneros de couros e peles,
produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, sabões e velas.
Fonte: IEL-ES
(40,41%) e mecânica (35,75%). O setor outros trabalhadores e no acumulado do ano este
evidencia, no acumulado do ano, uma retração numero é de 51.311 trabalhadores. Nestes 9
de 15,60%. primeiros meses do ano a mão de obra
No que se refere aos doze últimos meses, o cadastrada já supera o total do ano de 2002 que
total da indústria é positivo em 4,18%. Os setores foi de 51.073. No mês de agosto teve-se um total
que mais se destacaram neste período foram: de 1.639 vagas captadas, com 2.586 trabalha-
mecânica (26,98%), química (25,37%) constru- dores encaminhados e 735 colocados, que
ção civil (23,33%), material elétrico e de representa uma taxa de alocação de 44,84%.
comunicações (16,49%) e bebidas (16,44%). Na Comparado-se com o mesmo mês do ano
contra-mão da criação de vagas de emprego passado, a taxa de alocação foi de apenas
na indústria tem-se:borracha (-20,13%) eoutros (- 34,84%. Em julho deste ano teve-se a maior taxa
17,35%). de alocação do ano, 49,33%.
O CAGED indica que no período de julho a No que se refere à mão de obra colocada,
setembro deste ano ocorreu uma expansão do no mês de julho foi de 810 trabalhadores, em
nível de emprego. Nesse período criaram-se agosto houve um declínio para 735 trabalhado-
13.680 vagas em todo o estado, em que se res e em setembro foi reduzida para 420, o que
destaca o setor de serviços (5.731 vagas) e a representou uma queda de aproximadamente
indústria de transformação (4.067 vagas). 48,15%.
Também se destaca o comércio (2.591 vagas) e
a construção civil (2.305
vagas).
De acordo com os
dados de intermediação
de mão de obra do
Sistema Nacional do
Emprego do Ministério do
Trabalho - SINE-ES, nos
meses julho, agosto e
setembro a mão de obra
cadastrada foi de 22.044
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 11
Tabela 4.4 - Intermediação de mão de obra no ES
Especificação Jun/04 Jul/04 Ago/04 Set/04 No Ano
M.O. cadastrada 7.274 8.353 6.710 6.981 51.311
Vagas captadas 1.157 1.642 1.639 1.086 9.254
M.O. encaminhada 2.232 3.030 2.586 1.647 16.758
M.O. colocada 500 810 735 420 4.276
Taxa de alocação 43,22% 49.33% 44,84% 38,67% 46,21%
Fonte: SINE
5. POLÍTICA MONETÁRIA
Base Monetária Os dados da tabela 5.1 apontam que o
Em teoria, um dos objetivos da política saldo da base monetária atingiu R$ 70,9 bilhões
monetária do Banco Central é o controle da base em setembro. Isto quer dizer que, embora a
monetária, com o suposto objetivo de combater variação no mês tenha sido negativa em 1,7%, a
a inflação. Entretanto, na prática, na opinião de base acumulauma expansãode quase27% nos
alguns especialistas não é isto o que ocorre. últimos doze meses. O comportamento do saldo
O economista Gerson Lima, por exemplo, em médio diário dos meios de pagamentos (M1) não
seu artigo "A Recessão Econômica pode ser um foi muitodiferente, alcançou R$109,5 bilhõesem
instrumento de Política Monetária" (Rev. FAE. V.3, setembro, um crescimento mensal de 3% e de
n.2, p. 31-43, mai/ago, 2000), procurou 27,1%, emrelação asetembrode 2003.
demonstrar que, historicamente, a política fiscal e Para as demais definições dos ativos
cambial tem cumprido o papel de contração da monetários e financeiros, tem-se o conceito M2,
base, enquanto a própria política monetária tem que representa o M1 mais os depósitos de
provocado expansões da oferta de moeda, com poupança e os títulos de emitidos pelas
uma implicação de alto custo para a sociedade. instituições financeiras, que apresentou
Mas tal constatação não é suficiente, visto crescimento de 1,3%, em setembro, e 17,6% em
que o referido artigo trata do período compreen- 12 meses. Já o M3, (20,9%) formado pelo M2
dido entre os anos de 1979 e 1998. Contudo, faz- mais as cotas do fundo de renda fixa e opera-
se necessário verificar o que acontece na ções compromissadas com títulos federais,
atualidade. expandiu 1,4%, no mês e 20,9% em 12 meses.
Para o M4, ou seja, M3 mais os títulos federais Nacional bem como as operações do setor
indexados à Selic e títulos estaduais e municipais, externo encontram-se fora do controle do
o crescimento também foi de 1,3%, no mês de Bacen. A primeira dependeda política fiscaldo
19,0% em 12 meses. governo e da busca insaciável de aumento do
Por esta razão, segundo a Folha de São superávit primário, visto que trata basicamente
Paulo, de15.10.2004, "alguns especialistas estão da receita tributária da União e dos gastos fiscais
preocupados com o fato de os agregados do governo federal. A segunda revela a
monetários estarem aumentando muito, o que influência da política cambial e da liberação do
enfraqueceria a capacidade do Banco Central mercado de câmbio, referindo-se à compra e
de conter as pressões inflacionárias, utilizando-se venda de divisas por conta do movimento de
apenas da Selic". entrada (receita de exportação e entrada de
A tabela 5.2 apresenta os fatores responsá- capitais externos para qualquer finalidade) e
veis pela oscilação da base monetária. saída (importações e renda líquida enviada ao
Entretanto, é válido destacar que o Banco exterior, inclusive os juros da dívida externa) de
Central possui um poder de intervenção limitado divisas, em geral dólares. De certa maneira,
sobre tais condicionantes. Por esta razão, é que ambas expressam movimentos reais da
se costuma agrupar estas contas em fatores economia e que, no mês de setembro,
monetáriose não-monetários. acumularam um movimento contracionista
Assim, como condicionantes monetários, próximo a R$ 3,9 bilhões.
temos as operações com títulos públicos, Co mp ro va nd o a af ir ma çã o i ni ci al ,
juntamente com a assistência financeira de observamos que o movimento do Tesouro
liquidez, depósito das instituições e o item outras Nacional apresentou a maior contribuição para
contas. A tabela5.2 revelaque ocomportamen- a contração da base no mês de setembro. Em
to dessas contas foi expansionista, na ordem de outras palavras, isto quer dizer que o crédito com
R$ 2,62 bilhões. tributos foi superior aos gastos fiscais. O que é
Por outro lado, as operações do Tesouro preocupante, pois, como se sabe, os gastos
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 12
Tabela 5.1 – Base monetária, componentes e meios de pagamentos
Saldos em final de período (em R$ milhões) e variação mensal (%)
Set/03 Jul/04 Ago/04 Set/04
Componentes
R$ % R$ % R$ % R$ %
Base Monetária 56.110 -4,0 73.110 7,5 72.201 -1,2 70.955 -1,7
Papel moeda emitido 39.156 -1,7 48.229 3,4 48.064 -0,3 49.827 3,7
Reservas bancárias 16.954 -8,9 24.882 16,6 24.137 -3,0 21.129 -12,5
Meios de Pagamento* 86.147 0,5 106.565 2,5 106.278 -0,3 109.467 3,0
P. moeda em poder do público 34.274 0,9 40.959 2,8 41.116 0,4 41.704 1,4
Depósitos à vista 51.873 0,2 65.606 2,3 65.162 -0,7 67.763 4,0
*Os dados de meios de pagamento referem-se à média dos saldos nos dias úteis.
Fonte: BCB. Nota para a imprensa 26.10.2004.
Tabela 5.2 Fatores condicionantes da base monetária
Fluxos acumulados no mês (R$ milhões)
Período
Tesouro
Nacional
Títulos
Públicos
Setor
Externo
Assist.
Finan.
Depó-
sitos
Outras
Contas*
Var. da
Base
Jun/04 -3.609 6.328 3 -6 -1.187 -360 1.170
Jul/04 -928 7.661 -28 -0 -555 -1.031 5.118
Ago/04 -6.315 7.339 -1 -1 -513 -1.419 -909
Set/04 -3.852 4.443 -15 4 -325 -1.500 -1.246
* Inclui operações com derivativos
Fonte: BCB. Nota para a imprensa 26.10.2004.
fiscais do governo é que expandem a demanda Primeiro, por vincular qualquer volatilidade dos
agregada e possibilita a criação de novos índices de preços a um excesso de demanda e,
empregosparaa sociedade. segundo, por considerar o crescimento
Apesar disso, o crescimento da base econômico como uma variável secundária (a
monetária e dos meios de pagamentos, no ano, prioridade é o controle da inflação). Dessa
foram muito superiores à taxa de crescimento do maneira, ela deixa explicita como a autoridade
produto, contradizendo a teoria quantitativa da monetária e o governo são submetidos aos
moeda, na qual um crescimento da oferta interesses do mercado financeiro. Dessa forma,
monetária acima do crescimento do produto podemos observar que nem a melhoria de
produz um aumento de preços na mesma alguns indicadores tem impedido a equipe
proporção. econômica de continuar com a política
Taxa de Juros contracionista.
Em reunião nos dias 19 e 20 de setembro, o Enquanto isso, o lucro líquido dos maiores
comitê de Política Monetária do Banco Central, bancos privados do país apresentou variação
acompanhando as expectativas do mercado positiva considerável. De janeiro a junho de 2004,
financeiro, optou por elevar a meta da taxa em relação ao mesmo período do ano passado,
básica de juros em 0,5 p.p., elevando-a para o aumento foi de 21,5%, 10,6% e 18,2%
16,75%, sem viés. Dessa maneira, por unanimi- respectivamente para o Bradesco, Itaú e
dade, os membro s do COP OM segu em Unibanco. Todavia, quanto à participação
continuam a trajetória de aumento na taxa efetiva do lucro líquido em relação aos ativos
básica de juros iniciada na reunião de agosto, totais, o resultado se manteve praticamente o
quando a taxa Selic foi fixada em 16,25%, sem mesmo nos períodos supracitados, enquanto a
viés. De fato, o argumento apresentado como taxa SELIC passou de 26,5% para 16%, ao ano,
justificativa para este aumento, crescente nas até o mês de setembro de 2004, quando se
ultimas reuniões, é basicamente a não conver- iniciou a retomada dos aumentos. A diferença
gência entre as projeções futuras para inflação e entra a taxa de média captação e a taxa média
as metas fixadas. De acordo com esta perspecti- de aplicação, ou seja, o spread bancário
va, na ata da 101ª reunião do COPOM são cobrado para pessoas físicas e jurídicas,também
apresentados, potenciais perigos para o apresentou queda, porém a um ritmo muito
agravamento do cenário referente a inflação. Os menor do que o da SELIC; 4,2 p.p., no mesmo
perigos potenciais são a indefinição quanto ao período.
realinhamento dos preços internos, que sofrem
impactos em razão do elevado preço do Operações de Crédito
petróleo no mercado internacional, "na medida As operações de crédito do sistema
em que possa ser postergado, mas não evitado" - financeiro brasileiro (tabela 5.3), em setembro de
posição que encontrou discordância dentro do 2004, apresentaram crescimento de 1,4% em
próprio governo -; a "surpreendente recupera- relação ao mês de agosto de 2004 e de 12,3%,
ção" dos índices de crescimento da economia, no ano. O total de empréstimos atingiu R$ 460,3
mais precisamente o perigo de desajuste entre o bilhões, em setembro de 2004, ante R$ 453,8
aumento da demanda e o aumento de bilhões em agosto e R$ 446,9 bilhões, em julho. A
produção e, finalmente, potenciais repasses do relação com PIB evoluiu para 26,3% em
atacado para ovarejo. setembro, representando ínfimos incrementos de
Assim, apesar da desaceleração de diversos 0,3 p.p. em relação a agosto (26%) e 0,9 p.p se
índices inflacionários, no último mês, o COPOM, comparado a setembro de 2003 (25,4%).
seguindo o receituário ortodoxo, afirma que "é Em setembro de 2004, o desempenho nas
importante ressaltar o caráter transitório de operações de crédito foi mais significativo na
grande parte das influências positivas observa- carteira de crédito com recursos livres (financia-
das no período" referindo-se à inflação. Ele deixa mentos com recursos internos para empresas e
implícito que se deve garantir a "sustentabilidade" os empréstimos concedidos para pessoas
do crescimento econômico atual, não o físicas), que somaram R$ 263,3 bilhões no mês,
corroendo com aumentos nos índices de preços com um acréscimo de 1,9% no mês. Dentro
- na expressão popular atualmente, evitar que a dessa categoria, os que mais se destacaram
economia "alce novos vôos de galinha". foram as operações com recursos internos
Encontra-se alguns equívocos nesta análise. destinadas a pessoas jurídicas, no valor de R$
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 13
156,7 bilhões,representando incremento de1,5% desembolsou R$ 3,5 bilhões no mês de setembro
no mês, seguidas pelos empréstimos contratados somando R$ 27,7 bilhões no ano, registrando
pelas pessoas físicas, com variação de 2,4% no crescimento de 5,7% no mês e superior em 46,3%
mês, atingindo R$ 106,6 bilhões. A carteira de em relação ao mesmo período de 2003. A dívida
crédito destinada a pessoas jurídicas apresentou bancária do setor privado elevou-se 1,45% no
evolução de 4,1% no crescimento das modalida- mês, atingindo R$ 440,9 bilhões e 3,9% de junho a
des de recursos domésticos (104,3 bilhões), nos setembro de 2004 (tabela 5.3). Em setembro, os
descontos de duplicatas e capital de giro. maiores a umentos f oram o bservados n o
Enquanto a carteira de crédito para pessoas comércio (3,26%), e no crédito concedido às
jurídicas em moeda estrangeira apresentou pessoas físicas (2,6%), seguido pelo crédito rural
queda de 3,3% no mês, atingindo R$ 52,4 bilhões, (2,1%) e outros serviços, que aumentaram em
cuja retração foi justificada pelo Banco Central 1,2%. A indústria e habitação apresentaram
pela apreciação cambial e pelo elevado volume queda de -0,13% e-0,23% respectivamente.
de liquidações em ACC e repasses externos. O setor público elevou seu endividamento,
O custo médio das operações de crédito frente ao sistema financeiro em 0,87% no mês,
com recursos livres atingiu 45,1% a.a., em passando de R$ 19,2 bilhões para R$ 19,4 bilhões.
setembro de 2004, reflexo da elevação das taxas O governo federal foi o principal responsável por
dos contratos com pessoas jurídicas (30,4% a.a), esse crescimento com R$ 5,4 bilhões (aumento
enquanto a taxa de juros sobre empréstimos para de 1,4%). Os estados e municípios ampliaram o
pessoas físicas passou de 63,1% a.a em agosto seu endividamento em 0,64%, no mês.
para 63,2% a.a em setembro de 2004. A classificação das operações de crédito
A concessão de crédito das instituições segundo faixas de risco efetuadas no mês de
financeiras privadas totalizou R$ 280,4 bilhões no setembro pelosistema financeirobrasileiro (tabela
mês de setembro, representando 61% do 5.3), manteve-se estável em relação a junho de
estoque do sistema financeiro brasileiro, com 2004. As operações de crédito classificadas na
expansão de 1,8% no mês e 15,3% no ano. O faixa de baixo risco (AA+A), dívidas não vencidas
destaque ficou com os financiamentos para ou com até quinze dias de atraso, passaram de
pessoas físicas, comércio e ao setor rural. 61,27% em junho para 61,26% em setembro.
Enquanto o sistema financeiro público concedeu Apenas 3,29% foram enquadradas nas opera-
empréstimos no valor de R$ 179,9 bilhões no ano, ções de risco mais elevado (H), ou seja, emprésti-
com expansão em 0,8% no mês e 7,9% no ano, mo com atraso de mais de 180 dias. Em junho,
cujo destaque ficou com setor agropecuário. eram 3,30%. Comparando com os dados de
Os recursos direcionados se elevaram em junho de 2004, os governos estaduais e municipa-
0,9% ao mês, acumulando um saldo de R$ 165,9 is aumentaram a parcela de suas dívidas com
bilhões, direcionados com maior ênfase ao setor mais de 180 dias de atraso em 1,58 p.p. (de
agropecuário, dos quais o sistema BNDES registrou 7,76,% em junho para 9,34% em setembro de
um incremento de 0,4% no mês. O BNDES 2004).
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 14
Tabela 5.3 - Operações de crédito do sistema financeiro - saldos em final de período (R$ milhões)
e classificação das faixas de risco do saldo das operações em setembro (em %)
Setor Público Setor Privado
Meses Governo
Federal
Governo
Mun/Est
Total
Set. Publ
Indús-
tria
Habi-
tação
Rural Comer-
cio
Pess.
Física
Outros
Serviços
Total
Set. Priv
Total
Geral
Jul/04 5.239 13.405 18.644 121.224 25.395 47.208 48.806 109.698 75.942 428.273 446.917
Ago/04 5.325 13.918 19.243 121.019 25.473 48.151 50.622 113.170 76.146 434.581 453.824
Set/04 5.402 14.008 19.410 120.856 25.414 49.141 52.274 116.130 77.069 440.884 460.294
Faixas de risco
AA+A 99,94 61,24 72,01 68,15 40,89 59,59 59,40 58,15 61,50 60,79 61,26
B até G 0,06 29,42 21,25 29,89 52,31 39,01 38,10 36,69 36,23 36,07 35,45
H 0,00 9,34 6,74 1,97 6,80 1,40 2,51 5,16 2,27 3,14 3,29
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Fonte: BCB – Nota para a imprensa - 26.10.2004
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 15
6. POLÍTICA FISCAL
O governo Lula tem mostrado, através dos PIB) para pagamentos de juros, resultado do
resultados de suas políticas, um forte empenho superávit fiscal, sendo que o acordo com o FMI
no combate à inflação através do controle da previa um montante de R$ 56,9 bilhões para o
demanda agregada via aumento da taxa período. A tabela 6.1 apresenta as contas do
básica de juros - SELIC -, da valorização cambial Governo Central, no conceito "acima da linha",
e do controle das contas públicas. na qual são apresentadas, resumidamente, as
Durante todo o governo, economistas e receitas e as despesas do governo. Comparando
comentaristas sempre ressaltaram o peso dado os valores acumulados dos nove primeiros meses
às metas estabelecidas pelo FMI para a dos anos de 2003 e 2004, percebe-se que o
estabilização da economia brasileira, seja para superávit primário acumulado deste ano é de R$
criticá-lo ou para defendê-lo. Entretanto, causa 46,2 bilhões (3,71% do PIB), enquanto o do
espanto, tanto aoscríticos comoaos defensores mesmo período do ano anterior foi de R$ 38,6
dessa política, a proporção a que chegaram as bilhões (3,47% do PIB). Descontando-se as
medidas adotadaspelo governo. transferências para estados e municípios do total
Dentre esses fatos, destaca-se o resultado do arrecadado, a receita líquida aumentou em
superávit primário do Governo Central (tesouro 19,3% (de R$ 214,0 bilhões em 2003 para R$
nacional, previdência social e banco central) 256,0 bilhões em 2004), sendo que as despesas
alcançado em setembro deste ano, que atingiu cresceram na mesma proporção, aproximada-
aproximadamente 4,7 bilhõesde dólares.A meta mente 19,3% (de R$ 176,0 bilhões em 2003 para
estabelecida pelo Fu ndo Monetário R$ 210,0 bilhões em 2004). Embora em sua
Internacional, portanto, já foi atingida nesse mês. análise global as contas do governo apresentem
Reações surpresas, até mesmo por parte do uma trajetória convergente, os subitens que as
Fundo, questionavam o entusiasmo exacerbado compõem demonstraram variações significati-
do governo em elevar a meta se superávit de vas.
4,25% a 4,5% do PIB para o próximo ano. Até Dentre as receitas, a do tesouro recebeu forte
setembro o setor público (União, estados e influência do aumento da alíquota da Confins e
municípios) economizou R$ 69,8 bilhões (5,6% do de sua aplicação às importações (representan-
Tabela 6.1 - Resultado Primário do Governo Central (R$ milhões)
Discriminação Set03
Jan-
Set03
Jul04 Ago04 Set04
Jan-
Set04
I.RECEITATOTAL 28.204 259.934 35.129 33.812 34.895 305.261
I.1. Receita do Tesouro 21.560 204.329 27.526 26.135 27.246 239.312
I.2. Receita da Prev. Social 6.603 54.899 7.509 7.583 7.527 65.095
I.3. Receita do Banco Central 40 706 94 94 122 854
II. TRANF. A EST. E MUNIC. 4.306 45.473 5.317 6.034 5.064 49.290
III. RECEITALÍQUIDA TOTAL (I-II) 23.897 214.462 29.813 27.779 29.831 255.971
IV. DESPESATOTAL 20.133 175.904 26.251 24.230 25.149 209.792
IV.1. Pessoal e Enc. Sociais 5.926 56.539 7.914 6.576 7.068 61.493
IV.2. Benef. Previdenciários 8.906 71.826 9.774 10.154 10.078 84.793
IV.3. Custeio e Capital 5.195 46.269 8.404 7.331 7.813 62.069
IV.4. Transf. do Tesouro ao BC 7 385 47 45 59 431
IV.5. Despesas do B. central 98 885 112 124 132 1.005
V. RES. PRIM. GOV. CENTRAL 3.764 38.558 3.562 3.549 4.682 46.179
V.1. Tesouro Nacional 6.125 55.664 5.845 6.149 7.243 66.029
V.2. Previdência Social (RGPS) -2.303 -16.927 -2.265 -2.571 -2.550 -19.698
V.3. Banco Central -58 -179 -18 -29 -10 -151
VI. RES. PRIMÁRIO/PIB (%) 3,47% 3,71%
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional – Ministério da Fazenda.
do uma variação positiva de 23,8% na arrecada- A tabela 6.2 apresenta a necessidade de
ção de contribuições), em detrimento do financiamento do setor público no conceito
aumento na restituição de imposto de renda que "abaixo da linha", ou seja, toda a demanda de
aumentou de R$ 6,0 bilhões no período anterior recursos proveniente do setor público, compre-
para R$ 10,0 bilhões no acumulado deste ano. endido pela União, estados e municípios. O
Todavia, a previsão é de que ocorra um baixo terceiro trimestre do ano tem acompanhado a
crescimento da arrecadação nos últimos três tendência de resultados primários positivos.
meses do ano, relativamente ao período Apenas em setembro as empresas estatais
anteriores, tendo em vista algumas concessões apresentaram um resultado muito baixo, apenas
tributárias lançadas pelo governo para estimular R$ 1,0 milhão de superávit.
determinados setores. O baixo crescimento das O superávit primário dos três primeiros
transferências aestados e municípios (proporcio- trimestres totalizou R$ 69,7 bilhões (5,6% do PIB).
nalmente ao acréscimo de receita) é reflexo do Os governosregionais apresentaramsuperávit de
aumento da restituição do IR, que reduz o fundo R$ 47,5 bilhões e as empresas estatais de R$ 7,1
de participação dos municípios. Embora uma bilhões.
parcela da CIDE tenha sido transferida a estados Esses resultados embora, sejam significativos,
e municípios, esse montante mostrou-se não são suficientes para cobrir as despesas
insuficiente para promover o mesmo acréscimo decorrentes dos juros nominais sobre a dívida
a essas transferências. pública, ocasionando um resultado nominal
Quanto às despesas nota-se forte variação deficitário. Ressalta-se que as empresas estatais
em alguns segmentos, entretanto, no total o apresentaram resultado nominal superavitário,
crescimento da despesa foi proporcional ao da muito provavelmente devido às receitas obtidas
receita líquida total. Nesse sentido, observa-se com a aplicação em títulos públicos. As
forte influência do item custeio e capital alternativas de financiamento dos governos
(variação de 32,3%), notadamente pelo caráter (central e regionais) não conseguem cobrir os
do atual governo de concessão de subsídios e dispêndios totais com pagamento de juros. O
subvenções econômicas, acrescentado em déficit nominal acumulado até setembro foi de
40,5%. Os benefícios previdenciários cresceram R$ 25,5 bilhões (2% do PIB).
na mesma média que as despesas totais. no Os esforços fiscais do governo federal e
entanto os gastos com Pessoal e encargos sociais de alguns estados e municípios vêm alcançando
(incluindo o INSS), cresceram 8,8%. resultados esperados, na medida em que o
O tesouro nacional contribui com R$ 66,0 montante a ser pago de juros da dívida pública
bilhões para o resultado primário do governo viu-se reduzido em 16,3%, de janeiro a setembro,
central, enquanto a previdência social e o banco enquanto que o déficit nominal diminui em 55%,
central apresentaram déficit de R$ 19,7 bilhões e em comparação com o mesmo período do ano
R$ 151,2 milhões,respectivamente. anterior, impulsionado pelo Governo Central, que
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 16
Tabela 6.2 - Necessidade de Financiamento do Setor Público (R$ milhões)
Discriminação Set03
Jan-
Set03
Jul04 Ago04 Set04
Jan-
Set04
I. Resultado Primário -7.784 -57.077 -6.614 -10.931 -6.044 -69.771
I.1. Governo Central -4.081 -39.361 -4.047 -3.766 -4.103 -47.503
I.2. Governos Regionais -1.327 -11.441 -1.394 -1.637 -1.940 -15.153
I.3. Empresas Estatais -2.375 -6.274 -1.173 -5.528 -1 -7.115
II. Juros Nominais 11.458 113.877 10.375 11.582 11.498 95.284
II.1. Governo Central 8.453 82.505 6.517 7.680 5.620 56.670
II.2. Governos Regionais 3.177 29.623 4.959 4.602 5.005 41.808
II.3. Empresas Estatais -172 1.749 -1.102 - 699 873 -3.195
III. Resultado Nominal 3.674 56.801 3.761 651 5.454 25.513
III.1. Governo Central 4.371 43.144 2.470 3.914 1.517 9.168
III.2. Gov. Regionais 1.849 18.181 3.566 2.964 3.065 26.655
III.3. Empresas Estatais -2.547 -4.525 -2.274 -6.227 873 -10.310
Fonte: BCB – Nota para a imprensa, 29.10.2004
em abril chegou
a ser superavitá-
rio.
No último
m ê s d e
s e t e m b r o a
dívida líquida do
setor público
s o f r e u u m a
p e q u e n a
redução de R$
0,8 bilhão em
seu estoque e a
r e l a ç ã o
d í v i d a / P I B
d i m i n u i u d e mercado atingiu um total de R$ 701,3 bilhões, um
54,0% para 53,7% do produto interno bruto. Os crescimento de 1,3%, no mês de setembro.
bons resultados do mês de setembro no que diz Entretanto, os valores desses títulos, "apurados
respeito à dívida pública, são provenientes da com base na posição de custódia avaliada pelo
apreciação cambial, que garantiu um ganho preço da curva de rentabilidade intrínseca dos
cambial de R$ 5,6 bilhões e da forte retração dos títulos, adicionada com o valor das operações de
gastos governamentais que viabilizaram um mercado aberto" atingiram um total de R$ 845,4
superávit primário de R$ 6,0 bilhões. O governo bilhões. Desse total, 53,2% estão sendo
central foi superavitário em R$ 4,1 bilhões e os remunerados pela taxa Over/Selic e desses,
governos estaduais e municipais em R$ 1,9 bilhão 48,4% são protegidos das desvalorizações
(tabela 6.2). cambiais por contratos de swap. Do total, 11,2%
A redução do gasto foi tão drástica, que são remunerados pela taxa de câmbio, com
faltando apenas três meses para o fim do ano de opção de swap, e dos demais títulos, 15,9% são
2004, o governo federal havia realizado menos prefixados, 14,0% são remunerados por índices
de 17% dos investimentos autorizados por lei para de preços e 8,8% pela taxa do mercado aberto.
esse ano, segundo o Siafi. Obviamente, a meta A dívida bruta total do governo geral atingiu
do governo é fazer com que o resultado fiscal R$ 1,3 trilhões (74,3% do PIB) e a dívida líquida, R$
deste ano fique em 4,5% do PIB e para tanto, ele 942,2 bilhões. Desse total, R$ 299,6 bilhões são os
tem promovido a maior redução do gasto, desde títulos do tesouro no banco central e R$ 733,6
1991. As implicações reais dessa desmedida bilhões de dívida mobiliária no mercado. Dentre
austeridade fiscal são marcantes. Somente para os créditos mais importantes, encontramos as
ilustrar essa situação, podemos tomar como disponibilidades do governo federal no banco
exemplo o programa de manutenção das central (R$ 143,9 bilhões), os recursos do FAT na
rodovias federais, do Ministério dos Transportes. rede bancária (R$ 83,9 bilhões), aplicações de
Ele chegou ao final de outubro com cerca 20% fundos e programas (R$ 48,3 bilhões), créditos
dos investimentos realizados, que totalizam junto às estatais (R$ 26,4 bilhões) e outros créditos
apenas R$ 960 milhões, dos R$ 4,8 bilhões (R$ 25,3 bilhões).
previstos no orçamento geral da união. O total de
títulos emitidos
p e l o t e s o u r o
nacional atingiu o
montante de R$
1.054,8 bilhões,
dos quais R$ 299,6
bilhões estão na
carteira do banco
central. O valor
total dos títulos, do
t e s o u r o e d o
b a c e n , n o
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 17
Tabela 6.3 – Dívida Líquida do Setor Público (R$ bilhões)
Discriminação Set03 Dez03 Jul04 Ago 04 Set04
Dívida Total Líquida 891,09 913,14 945,65 941,31 940,54
Governo Central (1) 545,08 584,54 604,94 602,95 596,91
Governos estaduais (2) 304,78 278,01 297,50 299,58 301,72
Governos municipais (3) 41,23 38,70 42,52 43,16 43,58
Dívida Total Líquida 891,09 913,14 945,65 941,31 940,54
Dívida líquida interna 702,69 726,68 773,59 779,90 781,21
Dívida líquida externa 188,40 186,45 172,06 161,40 159,33
DLSP em % do PIB 57,7 58,7 54,7 54,0 53,7
Fonte: BCB – Nota para a imprensa, 29.10.04
(1) Inclui Banco Central e empresas estatais federais
(2) Inclui as empresas estatais estaduais
(3) Inclui as empresas estatais municipais
Tabela 6.4 – Títulos Públicos Federais e Operações de
Mercado Aberto (% por indexador)
Discriminação Set03 Dez03 Jul04 Ago04 Set04
Dívida total (R$ bilhões) 766.668 787.575 838.786 841.113 845.392
Indexadores (%)
Over/Selic* 46,2 46,6 48,7 48,0 48,4
Câmbio* 24,3 20,5 12,7 11,9 11,2
Prefixado 8,3 11,6 13,7 15,1 15,9
TR 1,7 1,7 1,7 1,7 1,7
Índices de preço 11,8 12,6 13,7 13,9 14,0
Oper. de merc. Aberto 7,7 7,1 9,5 9,4 8,8
FONTE: BCB – Notas para a imprensa, 29.10.04 - * com swap
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 18
7. SETOR EXTERNO
O saldo acumulado da balança comercial Os Estados Unidos foram o maior importador
atingiu em setembro um superávit de US$ 25,1 do Brasil no período janeiro/setembro, respon-
bilhões, 41% superior ao do mesmo período de dendo por cerca de 20,6% do total das
2003. Segundo alguns analistas esse resultado exportações. Destaque para a elevação das
confere maior credibilidade ao Brasil, na exportações para a Argentina, que cresceram
medida que a entrada de divisas permite, ao 72,3% no acumulado até setembro de 2004 em
país, uma maior capacidade de honrar seus relação ao mesmo período do ano anterior.
compromissos em moeda estrangeira, o que De janeiro a setembro houve uma elevação
demonstraria o compromisso com a estabilida- de 18% das importações de bens de capital,
de econômica. tendo como base o mesmo período do ano
No mês de julho de 2004, a balança anterior. No entanto, a participação desta
comercial encerrou com o maior saldo do categoria no total das importações diminuiu.
período compreendido entre julho e setembro, Neste período esta participação foi de 18,25%,
US$ 3,5 bilhões. O menor saldo do período enquanto que no ano de 2003 esse montante
ocorreu no mês de setembro, provocado pelo totalizou 21,05%. A despeito do que afirmam
aumento nas importações em relação ao mês alguns analistas, a elevação das importações
anterior, que atingiram um montante de US$ 5,7 deve-se a elevação das importações totais,
bilhões, e pela diminuição das exportações em quase que proporcionais para todas as
US$ 133 milhões. O aumento das importações categorias de uso, já que todas obtiveram
no período está ligado à recuperação da aumento no período e mantiveram, entretanto,
economia, uma vez que houve um acréscimo seus níveis de participação praticamente
das importações por conta da elevação na inalterados.
demanda por máquinas e equipamentos e da Os gastos líquidos com serviço foram de US$
recuperação do mercado interno. 437 milhões em setembro, um decréscimo de
Nos últimos nove meses as matérias-primas 10,1% em relação ao mês anterior. No
e os produtos intermediários foram responsáveis acumulado do ano, esse decréscimo chega a
por 58,26% do total das exportações brasileira, 11%. Não obsta nte, os dispê ndios com
sendo que os produtos minerais totalizaram transporte se elevaram em 23% durante o ano,
16,52 p.p. deste resultado. As categorias bens elevando sua participação no déficit da sub-
de capital, bens de consumo e combustíveis e conta serviços de 34% para 48%, entre 2003 e
lubrificantes contribuíram, respectivamente, 2004.
com 13,38%, 22,34% e 4,5% no total das O resultado das remessas líquidas de rendas
exportações. para o exterior em 2004 teve um aumento de
Tabela 7.1 – Conta de transações correntes (US$ milhões)
Discriminação Set/03
Jan-
Set/03 Jul/04 Ago/04 Set/04
Jan-
Set/04
Balança comercial 2.664 17.790 3.481 3.433 3.171 25.114
Exportações 7.280 52.790 8.992 9.056 8.923 70.278
Importações 4.616 35.000 5.512 5.623 5.751 45.164
Serviços -550 -3.763 -446 -486 -437 -3.346
Transportes -183 -1.292 -174 -188 -231 -1.612
Rendas -1.021 -12.343 -1.502 -1.460 -1.217 -14.547
Juros -776 -8.940 -1.037 -981 -842 -9.722
Lucros e Dividendos -255 -3.492 -475 -492 -384 -4.959
Transf. unilaterais 225 2.106 282 274 223 2.381
Trans. correntes 1.319 3.790 1.814 1.761 1.741 9.603
Trans. Correntes/PIB (%) - 1,03 - - - 2,28
Fonte: BCB – Notas para a imprensa
18%, quando comparado ao ano anterior. Esse Até setembro deste ano, US$ 7,9 bilhões haviam
resultado é decorrente do aumento de 8,7% nos deixado o país nessa modalidade de transa-
juros pagos, que passaram de passaram de US$ ções (Tabela7.2).
8,9 bilhões para US$ 9,7 bilhões, e de 42% na A conta capital, que registra as transações
saída de lucros e dividendos, estimulada pela relativas às transferências unilaterais de
taxa de cambio, dentre outros fatores, já que a patrimônio de imigrantes e as aquisi-
taxa de câmbio deprec iada pe rmite a ções/alienações de bens não financeiros,
aquisição de uma mesma quantidade de apresenta um saldo positivo em termos
divisas por uma quantia menor da moeda absolutos: US$ 548 milhões acumulados até
nacional. setembro. Houve um aumento considerável,
As transferências unilaterais, que contabili- 61%, na entrada de recursos nos três primeiros
zam os pagamentos e recebimentos de bens ou trimestres de 2004, comparado ao mesmo
moeda sem contrapartida entre residentes e período de 2003. Mas, em termos relativos, a sua
não residentes, acumulam US$ 2,4 bilhões neste participação no total do balanço é pequena,
ano, apresentando um aumento de 9,0% em influindo pouco frente o movimento das
comparação com o ano anterior, que foi de US$ operações com ativos financeiros,por exemplo.
2,1 bilhões. A variação deste período represen- Em 2004, tem havido uma reversão dos
ta, em sua maior parte, o crescimento da fluxos do capital financeiro em relação ao ano
remessa de dinheiro dos emigrantes brasileiros passado. Os resultados positivos de 2003
que vivem no exterior. tornaram-se negativos este ano. Até setembro
Houve um aumento significativo do saldo de 2003, haviam ingressado US$ 9,7 bilhões pela
em transações correntes, que apresenta neste sub-conta financeira. Somente no terceiro
ano um total de US$ 9,6 bilhões, enquanto que trimestre o resultado foi uma saída líquida de
no ano anterior foi de US$ 3,8 bilhões, configu- divisas deUS$ 6,3bilhões, devidoa reduçãodos
rando um aumento de 153,4%. A relação das ingressos de recursos, o pagamento de
transações correntes como porcentagem do PIB compromissos externos e um aumento nos
aumentou de 1,03% para 2,23%. As transações ativos debrasileiros noexterior.
correntes são o principal indicador da vulnerabi- No terceiro trimestre os ingressos líquidos
lidade externa de um país, já que mensura a (liquidado de ativo e passivo brasileiro) na
entrada e saída de dólares por meio do modalidade de investimento externo direto (IED)
comércio, serviços, rendas e transferências de foram de US$ 471 milhões. O acumulado até
brasileiros que moram no exterior. setembro registra um ingresso de US$ 3,6 bilhões,
O resultado da conta capital e financeira é, 43% menor do que o observado no mesmo
em geral, menos divulgado que os saldos da período de 2003. O resultado que mais chama
balança comercial. A tendência observada atenção na série é a saída líquida de US$ 827
nesta conta é oposta a das transações milhões no mês de agosto. O ingresso de
comerciais do Brasil com o exterior. Ao longo de investimentos estrangeiros no mês de agosto foi
2004 tem ocorrido uma sistemática saída de de US$ 7,4 bilhões, o maior valor mensal
recursos, sobretudo nas operações financeiras. registrado nos últimos três anos, sendo US$ 1,1
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 19
Tabela 7.2 – Conta capital e financeira (US$ milhões)
Discriminação Set/03
Jan-
Set/03 Jul/04 Ago/04 Set/04
Jan-
Set/04
Conta capital e financeira 2.415 10.044 -1.472 -2.926 -1.713 -7.372
Conta capital 43 340 50 56 44 548
Conta financeira 2.372 9.704 -1.522 -2.982 -1.757 -7.920
Investimento direto 1.156 6.244 1.098 -827 200 3.555
Invest. em carteira 1.337 3.649 -315 -295 83 -4.228
Derivativos -76 -180 -276 10 -28 -534
Outros investimentos -46 -8 -2.030 -1.870 -2.011 -6.714
Erros e omissões -93 -680 -180 647 -428 -1.641
Resultado do balanço 3.641 13.154 162 -519 -400 590
Fonte: BCB – Notas para a imprensa
bilhão oriundos de conversões de dívidas, brasileiros a estrangeiros, somente em agosto. O
representando apenas uma operação contábil saldo das saídas, em setembro, é mais do que o
no balanço de pagamentos e não significa dobro de todas as remessas (líquidas) de todo o
nada em termos de entrada de novos recursos. ano de 2003. Essa é a maior movimentação
O ingresso de investimentos se deveu principal- mensal nas contas desde a fuga de capitais de
mente à operação de troca de ações no valor 2002 no ataque especulativo do período
de US$ 4,9 bilhões resultante da fusão da Ambev eleitoral. No trimestre, os empréstimos concedi-
com a belga Interbrew. Em setembro, o ingresso dos por residentes ao exterior somaram US$ 3,0
de IED caiu para US$ 1,1 bilhão, acumulando bilhões,nessa modalidade.
um total de US$ 17,8 bilhões. No mês de agosto, O resultado global do balanço continuou
quase US$ 7,0 bilhões deixaram o país como apresentando saldos negativos no terceiro
investimento direto de brasileiros no exterior. trimestre de 2004 (com exceção de julho),
Desse total, a maior parte refere-se à troca de apesar dos sucessivos recordes da balança
ações da Ambev e US$ 2,1 bilhões foram na comercial. Não obstante, o saldo acumulado
forma de empréstimos concedidos por até setembro ainda é positivo. Mas, por conta
empresas no Brasil a companhias estrangeiras. da saída significativa de divisas nas transações
Em setembro, a saída foi de apenas US$ 446 financeiras, o resultado dos três primeiros
milhões, acumulando US$ 8,8 bilhões, no ano. A semestres de 2004 (US$ 590 milhões) equivale
partir dos resultados do mês de agosto o BC apenas a 4,5% do saldo do mesmo período de
prevê que até o fim do ano os ingressos de 2003 (US$ 13,1 bilhões). A tendência de
investimentos estrangeiros diretos totalizem US$ deterioração da conta financeira frente aos
17 bilhões. A previsão da Sobeet - Sociedade bons resultados nas transações comerciais
Brasileira de Estudos e Empresas Transnacionais e "reabre" a discussão sobre o controle dos fluxos
da Globalização Econômica - é menos otimista: de capitais, principalmente financeiros. A
US$ 12 bilhões para 2004. Findado o período de abertura (desregulamentação) financeira foi
privatização, sobretudo dos filões mais rentáveis utilizada paraatração decapitais especulativos,
dos serviços públicoso crescimento econômico orientados pelas altas taxas de juros brasileiras,
e do mercado interno são os principais indutores na tentativa de equilibrar as contas externas do
ao ingressodo investimentoestrangeiro. país, no contexto da valorização cambial e dos
Na modalidade de investimentos em sucessivos déficits comerciais acumulados na
carteira (operações com ações e títulos de primeira metade do Plano Real. Agora a
renda fixa: bônus de governos, títulos privados, situação se inverte. Todo o desempenho do
notes e commercial papers) o balanço de setor exportador está sendo revertido para
pagamentos registra uma saída líquida de remunerar e repatriar o capital financeiro,
divisas de US$ 3,7 bilhões, de janeiro a setembro, aproveitando-se da liberdade de movimenta-
frente ao ingresso de US$ 3,7 bilhões no mesmo ção. Essa estratégia é favorecida pela atual
período do ano anterior. A saída de recursos foi política cambialque mantéma taxade cambio
resultado, sobretudo, das amortizações de baix a, pouco c ompe titi va pa ra o s etor
compromissos realizadas no ano. As amortiza- exportador, intocada e determinada exclusiva-
ções de notes e commercial papers totalizam, mente pelas operações do mercado.
em 2004, US$ 7,6 bilhões. As amortizações de O volume de reser vas brasileiras, no
bônus do setor público atingiram US$ 4,6 bilhões, conceito de liquidez internacional, totalizou US$
mas foram refinanciadasem US$ 4,2bilhões. 49,2 bilhões até o dia 11 de novembro de 2004.
A taxa de rolagem de empréstimos de Ao longo do ano, a posição brasileira se reduziu
médio e longo prazo do setor privado em em 7,7%. Essa contração deve-se, principal-
setembro foi de 26%. A mesma taxa em mente, à redução dos recursos de empréstimo
setembro de 2003 era de 144%. A redução do FMI disponíveis para o país. As reser vas
indica maior dificuldade de captação de novos líquidas ajustadas (RLA), queexcluem os recursos
recursos frente ao vencimento dos compromis- do Fundo, perfazem, segundo dados de
sos. setembro, US$ 22,9 bilhões. Desde o início do
Na operação com as contas CC-5, ano o volume de RLA cresceu 32%, apesar de
residentes no país remeteram US$ 3,4 bilhões ainda se situar em um patamar baixo quando
para o exterior, no terceiro trimestre. Saíram US$ 2 comparados com outros países semelhantes ao
bilhões por essa conta, como empréstimos Brasil.
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 20
A dív ida ext ern a bra sil eir a con tin ua esse movimento de redução dos compromissos
apresentando redução no período analisado. externos brasileiros no período. No último
Entre os meses de maio e julho houve uma trimestre deste ano estão previstas amortizações
diminuição de US$ 4,2 bilhões, ou 2,1% (vide da dívida externa no valor total de US$ 11,0
tabela 7.3) do estoque da dívida total. Uma bilhões, incluindo os pagamentos ao FMI. Essa
redução mais significativa, de 6,5%, pode ser saída de recursos repercute diretamente no
verificada quando comparados os meses de resultado da conta financeira do balanço de
julho de 2003 (US$ 217,1 bilhões) e julho deste pagamentos. A valorização cambial também
ano (US$ 203 bilhões). tem ajudado a reduzir o volume da dívida.
Essa tendência de queda é mais acentua- Segundo o BACEN, em julho a variação de
da na parcela da dívida de médio e longo prazo paridade ocasionou uma diminuição de cerca
do setor privado e público financeiro. Nos últimos de US$ 806 milhões.
doze meses, encerrados em julho de 2004, A balança comercial do Espírito Santo
houve uma retração de 8,84% neste segmento. apresentou, nos primeiros nove meses do ano,
Em relação à dívida de médio e longo prazo do um superávit de US$ 819,6 milhões, equivalente
seto r públ ico perc ebe- se tamb ém uma a 3,3% do saldo positivo da balança comercial
redução de 5,4%, no mesmo período. No do Brasil (Tabela 7.4). Não obstante, o saldo
entanto, a divida do setor público representa comercial capixaba acumulado de janeiro a
56% da dívida total do país, enquanto, a dívida setembro de2004 foimenor doque oregistrado
do setor privado e o público financeiro no mesmoperíododo ano anterior em 21%.
representam 44%. O elevado volume de As exportações realizadas pelos portos
amortizações e a baixa captação de recursos capixabas somaram US$ 2,9 bilhões no ano, um
no exterior, sobretudo do setor privado, explicam aumento de 14% em comparação com o
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 21
Tabela 7.3 – Dívida externa (US$ milhões)
Discriminação jul/03 dez/03 mai/04
1
jun/04 jul/04
1
Dívida de médio e longo prazos 196.814 194.736 186.427 185.735 183.536
Setor público
2
120.187 119.785 114.671 113.933 113.686
Setor privado
3
76.628 74.950 71.757 71.802 69.850
Dívida de curto prazo 20.297 20.194 20.814 18.935 19.428
Setor público
2
9 11 11 8 8
Setor privado
3
20.288 20.183 20.803 18.927 19.419
Dívida externa total 217.112 214.930 207.241 204.670 202.964
Fonte: BCB – Notas para a imprensa
1. Dados estimados.
2. Não inclui o setor público financeiro
3. Inclui o setor público financeiro
Tabela 7.4 - Balança Comercial do Espírito Santo (US$ mil)
Discriminação Set/03 Jan-Set/03 Jul/04 Ago/04 Set/04 Jan-Set/04
Balança comercial 144.074 1.035.348 147.379 52.968 135.470 819.640
Exportações 360.916 2.554.843 339.015 315.604 402.157 2.915.938
Básicos 144.274 1.032.589 157.727 146.146 150.693 1.331.112
Semimanufaturados 174.286 1.254.392 119.689 120.548 170.095 1.153.666
Manufaturados 42.356 267.862 61.599 48.910 81.369 431.160
Importações 216.842 1.519.495 191.636 262.636 266.687 2.096.298
Básicos 14.892 185.555 40.493 24.588 15.695 193.779
Semimanufaturados 13.771 121.450 13.429 17.357 17.972 156.120
Manufaturados 188.179 1.212.490 228.453 220.691 233.020 1.746.399
Fonte: Mdic - Indicadores e estatísticas
mesmo período do ano anterior. A exportação comparado ao mesmo período de 2003.
de produtos básicos, que no período de janeiro O volume decomércio realizado atravésdo
a setembro de 2003 havia ficado em segundo estado fornece indicações a respeito do
lugar nas exportações (US$ 1 bilhão), apresentou comércio exterior brasileiro. O ES figura como
um aumento significativo ocupando o primeiro plataforma avançada de exportações e
lugar, em2004. importações para outras regiões do país, devido
As importações, neste ultimo trimestre, a sua posição geográfica privilegiada e sua
apresentaram um acentuado crescimento infra-estrutura logística. Cerca de 55% das
(39,2%), sobretudo no segmento de semimanu- exportações processadas através de portos
faturados (33,8%). O total acumulado até capixabas provém de empresas situadas fora
setembro foi 38,0% superior a soma do mesmo do estado. O atual desempenho da balança
período de 2003. A importação de manufatura- comercial capixaba acompanha a boa fase
dos apresentou um acréscimo de 44%, nos dos setores exportadores do país.
nove primeiros meses de 2004, quando
Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 22
Grupo de Estudos e Pesquisas em Conjuntura
Departamento de Economia - Graduação em Economia
Universidade Federal do Espírito Santo
Av. Fernando Ferrari, 514 - Campus Goiabeiras - Vitória - ES
CEP 29075-910 - Tel/Fax: 27-3335-2605/2615
Coordenadores: Paulo Nakatani e Fabrício Augusto de Oliveira
Professores Pesquisadores: Maurício de Souza Sabadini e Sebastião José Balarini
Professores Colaboradores: Angela Maria Morandi e Reinaldo Antonio Carcanholo
Participaram neste número: Alexsandro Mairink Hoffman, Alysson Correia Pedra, Álvaro Ferreira Caiado
Neto, Ana Paula de Oliveira Moreira, André Cetto Zanon, Camilla dos Santos Nogueira, Celso Bissoli Sessa,
Daniel Antonio Sarmento, Daniel do Valle Pretti, Diogo Franco Magalhães, Diogo Franco Magalhães,
Dionathan Boiher Gambate, Eduardo Reis, Felipe Cunha Salles, Gabriela Vichi Abel de Almeida,
Guilherme Lucas Barcelos, Julia Ribeiro Tobias, Julierme Gomes Tosta, Lorena Zardo Trindade, Luciana
Ghidetti de Oliveira, Luis Antônio de Souza F. Lima, Lyncoln Wchoa S. Silva, Mariana S. Borges, Marinilda
Knaak Buss, Martinho de Freitas Salomão, Panmella da Silva Manfré, Rodrigo Delpupo Monfardini, Rodrigo
Straessli Franklin, Ronaud Souza Gomes, Silvia Buzzone de Souza Varejão, Vinícius Barcelos de Oliveira.

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  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO conjunturac o n j u n t u r a GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM CONJUNTURA Nº 33 DEZ / 2004
  • 2. APRESENTAÇÃO Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 01 No primeiro semestre de 2003, no início do Augusto de Oliveira Candiota, Cássio Casseb e governo Lula, discutia-se se havia um outro plano Henrique Meirelles, Candiota demitiu-se da que não fosse a continuidade da política diretoria do Banco Central da qual fazia parte. econômica neoliberal. Essa discussão desenro- Cássio Casseb saiu da presidência do Banco do lou-se até o momento em que o próprio Lula Brasil, em 16/11/04, após as denúncias da afirmou que não havia um plano A, nem B e nem contratação de Boanerges Ramos Freire, James C, quer dizer, não havia nenhum plano alternativo Rubio e Joaquim Xavier da Silveira, sem licitação, de mudança. Entretanto, muitos dos que por salários de até R$ 820.000,00, anuais, para apoiavam Lula e esperavam mudanças ainda cada um. Os três tinham sido executivos da tinham esperanças de que o governo mudasse Credicard na época em que Casseb era o de rumo. Após dois anos, a maioria perdeu as presidente. Quanto a Henrique Meirelles, que esperanças e, dentre os que participavam do havia obtido privilégios de ministro, agora está governo, vários saíram ou foram demitidos após mais protegido contra as acusações pelas as eleições municipais, nas quais a derrota do PT declarações falsas apresentadas à justiça apareceu de forma mais contundente em Porto eleitoral e ao imposto de renda, antes de ser Alegre e em São Paulo. Dentre os que saíram, os nomeado para o Banco Central. Apesar do nomes mais vistosos foram o de Frei Betto, Oded parecer de inconstitucionalidade emitido pelo Grajew, Carlos Lessa, Bernardo Kucinski e Ana Procurador Geral da República, a Câmara e o Fonseca. Senado federal aprovaram a medida provisória e Para aqueles que, por ingenuidade política, Meirelles só poderá ser julgado pelo Supremo por algum tipo de interesse ou falta de opção, TribunalFederal. ainda permanecem no governo ou no PT, Lula A aliança partidária construída para obter a deu mais um recado. Segundo a Folha de São aprovação das reformas tributária e da previdên- Paulo (11/12/04), "o presidente disse que quem cia, além da enorme quantidade de medidas quiser ser oposição que procure outro lugar. (...) O provisórias, está sofrendocom as disputas internas recado de Lula cobrando 'unidade' entre os nos partidos da base de apoio parlamentar. Parte membros do governo teve endereços certos: da direção do PMDB e do PPS querem que seus ministros petistas que reclamaram recentemente Ministros entreguem os cargos e que o partido da política econômica, parlamentares do PT que saia da base de apoio, mas a outra parte batem em Palocci e os ministros José Dirceu e pretende continuar. Mas isso não significa que Aldo Rebelo." Essa é mais uma razão pela qual o esteja havendo qualquer mudança na aliança senador Cristóvam Buarque, que muito mal entre as frações da burguesia que comandam o poderia ser considerado como de esquerda, país e nem na estratégia neoliberal implementa- afirma que o governo Lula está cada vez mais à da desde o final dos anos oitenta. Por isso, o direita do de FHC. governo não deixará de conseguir a aprovação Fernando Rodrigues (FSP, 22/11/04), contes- de todas as medidas que considere realmente tando a interpretação de que o governo está importante dentro dessa estratégia. O que esses dando uma guinada para a direita escrevia, conflitos expressam é somente a disputa por "Palocci éo homemforte. Intelectuaiscomo Amir espaços dentro do poder do Estado, visto que o Lando recebem Lula para jantar e são incentiva- núcleo central do poder não está sendo dos a nomear mais gente para cargos na efe tiv ame nte que sti ona do. Tanto que a Previdência Social. Tudo verdade, menos concluir "dissidência" interna ao PT, que votou contra a que exista uma guinada à direita. Só vai ficar mais medida provisória que concedeu o status de difícil disfarçar, mas o governo petista está onde ministro ao Presidente do Banco Central, sequer sempre esteve. É uma administração medíocre foi repreendida pela direção do partido, apenas (no sentido de mediana, sem criatividade), receberam o recado de Lula, "que procure outro centrista e de pálida coloração social- lugar". Nesse sentido, o momento atual da luta de democrata." classes no Brasil não tem mais canais para se O governo Lula não perdeu somente aqueles expressar através do parlamento e muito menos que ainda acreditavam em mudanças e faziam dentro do aparelho estatal, a não ser de forma críticas contra a política neoliberal. Após a marginal, como tem sido há muito tempo. denúncia da revista Istoé (28/07/04), contra Luis
  • 3. Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 02 1. POLÍTICA ECONÔMICA Ilusão e algemas do crescimento de mercado, não há espaços para políticas de crescimento nem para a realização de investi- Projeções do mercado indicam que a mentos públicos e privados, que poderiam economia brasileira deve crescer, este ano, entre remover incertezas e gargalos estruturais 3,5% e 4%. Não é uma taxa espetacular, mas indispensáveis para o ingresso numa trajetória de depois de permanecer praticamente estagnada crescimento sustentado. Os superávits primários nos últimos três anos (2001-2003) é um resultado bloqueiam os investimentos públicos; o controle que merece ser comemorado. Para o governo, da inflação, mediante a manutenção de este é o melhor indicador de que, após o forte elevadas taxas de juros reais, os investimentos ajuste realizado em 2003, quando se registrou um privados; o câmbio apreciado, com o ingresso de crescimento negativo de -0,2%, estão criadas as capitais externos em busca de maior rentabilida- condições para uma nova etapa de desenvolvi- de, num cenáriointernacional favorável, embora mento sustentado e de que essa trajetória não benéfico para o controle da inflação, ao deverá ser interrompida por muitos anos. Um prejudicar as exportações e favorecer as evidente exagero, porque o próprio governo está importações, acentua a vulnerabilidade externa se encarregando de adotar medidas para da economia. Neste modelo, qualquer abortar essa recuperação, demonstrando, na recuperação cíclica tende rapidamente a realidade, que não existem fundamentos esbarrar em tetos intransponíveis (balanço de econômicos sólidos para garantir sua sustenta- pagamentos, capacidade de oferta do setor ção. privado, infra-estrutura econômica, pressões Nas duas últimas reuniões do Comitê de inflacionárias, etc.) que se traduzem em tensões, Política Monetária (Copom) a taxa de juros (Selic) que precisam ser reprimidas para evitar maior foi elevada, em outubro, de 16,5% para 16,75% deterioração das expectativas privadas. e, agora em novembro, para 17,25%, com o Acionadas para este propósito, as mesmas claro objetivo de conter exatamente o ímpeto algemas - monetária, fiscal, cambial - operam dessa recuperação. De acordo com justificativas para deteriorar ainda mais a capacidade de técnicas divulgadas pelo Banco Central, este superação das dificuldades que enfrenta o país e crescimento estaria provocando pressões sobre o as possibilidades de criação das condições nível de preços e comprometendo a estabilidade necessárias para remover os obstáculos do da moeda. Por isso, ainda que com prejuízos para crescimento. a dívida pública e para a atividade produtiva, a O fato é que, neste modelo, não existem medida seria necessária para desaquecer a esp aço s par a o cre sci men to. Pequen as demanda e garantir o atingimento da meta de recuperações cíclicas, como a observada neste inflação de 5,5% estabelecida para 2004. ano, e também em 2000, tornam-se possíveis Ao contrário do discurso do governo, o enquanto o cenário internacional for favorável. objetivo da estabilidade monetária tornou-se um Mesmo nessa situação, o fôlego do crescimento fim em si mesmo e não um meio necessário para tende a ser curto porque limites estruturais abrir caminhos para o crescimento de forma rapidamente se manifestam. A nova elevação sustentada. O modelo que a sustenta, apoiado dos juros pelo Banco Central e a sinalização de em algemas monetária, fiscal e cambial, que se que poderáocorrer umanova altaem dezembro auto-alimentam e se auto-reforçam, diante da contrariam qualquer discurso otimista e represen- ausência de fundamentos sólidos da economia tam a prova mais evidente de que o país continua brasileira, é incompatível com qualquer ensaio enredado na armadilha da estabilização com mais robusto de recuperação da economia. estagnação. Os últimos indicadores da atividade Neste modelo, onde o compromisso com a econômica confirmam que a recuperação geração de elevados superávits primários fiscais começa a perder forças, tendência que deve ser para impedir o crescimento da dívida pública reforçada com a postura ortodoxa e conservado- tornou-se peça nuclear da política econômica e ra das autoridades monetárias. Sem se desfazer as ambiciosas metas de inflação, para uma dessa armadilha, ou seja, sem alterar as peças do economia emergente com profundos desequilí- modelo, não há como vislumbrar perspectivas brios estruturais, um compromisso sagrado, e melhores para o país nos próximos anos. onde a taxa cambial é determinada pelas forças
  • 4. Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 03 2. INFLAÇÃO Um dos assuntos preferidos em economia é a ultrapassado e o objetivo da política monetária é inflação, principalmente quando se trata do Brasil, de que no IPCA não ultrapasse os 8%. com uma história complicada a esse respeito. A redução do IPCA e do INPC, em setembro, Hoje, com a economia cada vez mais globaliza- foi decorrenteem grandeparte pelaredução dos da e uma política econômica cada vez mais preços dos alimentos cebola (-17,4%), tomate (- dependente de fatores externos, se torna ainda 15,9%), hortaliças (-9,2%), farinha de mandioca (- mais difícil fazer previsões sobre a inflação 6,5%), feijão carioca (-5,0%), arroz (-3,68%) e brasileira. peixes (-2,80%). Os produtos que apresentaram Contudo, mesmo para um ano conturbado efeito contrário foram alho (11,6%), açúcar no exterior, como vem sendo 2004, a inflação refinado (9,4%), açúcar cristal (2,5%) e enlatados vem se mantendo próxima das taxas previstas no (2,2%). Os produtos não alimentícios também inicio do ano. Principalmente no último trimestre, apresentaram uma pequena redução, de 0,15 houve uma desaceleração em todos os ponto percentual, em setembro em relação a indicadores de inflação. Neste contexto, ocorreu agosto. uma a desaceleração dos indicadores em Em outubro, o INPC manteve-se constante e o setembro e uma ligeira retomada em outubro. IPCA apresentou um aumento de 0,11 ponto Ainda não se tem claro o que poderá ocorrer com percentual. Esse resultado foi devido à continuida- o aquecimento das vendas no final do ano e após de da queda dos preços dos alimentos (-0,23%) o reajuste de preços dos combustíveis, que foi que afetam as famílias de menor renda. Os transferido para o período pós-eleitoral. O Copom produtos com as maiores quedas foram a demonstrava preocupação quanto ao petróleo, cenoura (-17,2%), cebola (-27,9), tomate (- "...no cenário doméstico, continua indefinida a 16,7%), batata-inglesa (-10,1%), farinha de trigo (- trajetória de realinhamento dos preços dos 3,2%), óleo de soja (-2,9%), farinha de mandioca derivados de petróleo em relação às cotações (-1,8%), arroz (-1,7%) e pão francês (-1,1%). O internacionais, e aumenta a possibilidade de que feijão-carioca apresentou um aumento de o impacto desse realinhamento - na medida em 11,7%, apósa quedade 5,0%em setembro. que possa ser postergado, mas não evitado - O aumento do IPCA, índice que inclui as acabe contaminando mais fortemente a inflação famílias com renda mensal de até 40 salários de 2005" (Ata da 101º reunião, 10/ 04). mínimos, foi influenciado principalmente pela Entretanto, o Banco Central está firmemente gasolina (1,5%) e álcool (5,3%), que juntos decidido que a inflação se mantenha dentro da provocaram um aumento 0,11 ponto percentual meta de 5,5% ± 2,5%, fixada para 2004. Para no índice.Além dos combustíveis,as tarifas aéreas tanto, vem aumentando seguidamente a taxa (5,0%), automóvel novo (1,3%) e artigos de básica de juros, que foi novamente aumentada vestuário (1,1%) também contribuíram para o em novembro, para 17,25% a. a., e se espera aumento. novos aumentos. Em agosto o IGP-DI aumentou 1,31% ante o As variações mensais do nível de preços mês anterior, totalizando 9,53% nos primeiros oito estimados pelos índices IPCA e INPC, em outubro, meses do ano. A aceleração se deu novamente foram de 0,17% e 0,44%, respectivamente. Estes devido ao comportamento dos preços do indicadores já acumularam 5,95% e 4,77%, no atacado e ao consumidor. O IPC-Br elevou-se ano. Assim, o centro da meta de inflação já foi 0,79% no mês,e o IPA-DIelevou-se em 1,59% ante 1,35% em j u l h o . O I N C C registrou alta de 0,81% ante 1,12% n o m ê s anterior. No acumulado do ano, até Tabela 2.1 Índices de preços (em %) Indicadores Set/03 Jul/04 Ago/04 Set/04 Out/04 No ano 12 meses IPC -FIPE 0, 84 0, 58 0, 98 0, 21 0,62 5,27 5,99 ICV -DIEESE 1,26 1,21 0, 69 0,24 0,53 6,23 6,84 IGP -M 1,18 1,31 1,22 0,69 0,39 10,69 11,91 IGP -DI 1,05 1,14 1,31 0,48 0,53 10,65 11,85 INPC 0,82 0,73 0,50 0,17 0,17 4,77 5,72 IPCA 0,78 0,91 0,69 0,33 0,44 5,95 6,96 Fonte: FIPE, IBGE, FGV e DIEESE Tabela 2.1 – Índices de preços (em %) Indicadores Set/03 Jul/04 Ago/04 Set/04 Out/04 No ano 12 meses IPC-FIPE 0, 84 0, 58 0, 98 0, 21 0,62 5,27 5,99 ICV-DIEESE 1,26 1,21 0, 69 0,24 0,53 6,23 6,84 IGP-M 1,18 1,31 1,22 0,69 0,39 10,69 11,91 IGP-DI 1,05 1,14 1,31 0,48 0,53 10,65 11,85 INPC 0,82 0,73 0,50 0,17 0,17 4,77 5,72 IPCA 0,78 0,91 0,69 0,33 0,44 5,95 6,96 Fonte: FIPE, IBGE, FGV e DIEESE
  • 5. agosto, o IPC-Br, o IPA-DI e o INCC acumularam em agosto apresentou alta de 0,98%, sendo a maior altas de 5,11%, 11,58% e 7,79%, respectivamen- alta nos últimos 12 meses, destacando os gastos te. O aumento dos preços industriais no atacado com habitação (1,78%) e alimentação (1,06%). (exceto combustíveis), refletido no IPA, acumula No grupo de habitação o aumento deveu-se 4,97% nos três meses findos em agosto. principalmente ao aumento das tarifas de energia Em setembro, o IGP-DI, aumentou 0,48% em (9,55%) e telefonia fixa (5,23%). No grupo de setembro, ante elevação de 1,31% no mês alimentação a alta deveu-se aos produtos in- anterior, totalizando variação de 10,06% nos natura, que aumentaram 6,54%, decorrente da primeiros nove meses do ano. A desaceleração entressafra e de fatores climáticos. No mês de do IGP-DI pode ser observada em todos os seus setembro o índice reduziu, em comparação ao componentes. O IPC-Br aumentou 0,01% em mês anterior, e fechou em 0,21%. A queda foi setembro após alta de 0,79% no mês anterior. A significativa nos grupos de habitação (0,57%) e elevação do INCC foi de 0,58%, ante 0,81% em transporte (0,44%),além dadeflação nogrupo de agosto. A elevação do IPA-DI caiu para 0,65% em alimentação (-0,57%), que se deve a queda nos setembro, contra 1,59% em agosto, acumulando produtos in-natura e nos preços monitorados. No 12,31% nos primeiros nove meses de 2004. No mês de outubro, o índice geral apresentou um período de doze meses findo em setembro, o IGP- crescimento de 0,62%, 0,41 ponto percentual DI e o IPA-DI acumularam em 11,74% e 14,22% maior do que em setembro. Os maiores aumentos respectivamente. foram nos grupos transporte (1,32%), vestuário Em outubro, o IGP-DI aumentou 0,53% (1,10%) e habitação (0,69%). Os grupos com acumulando 10,65% no ano e 11,85% em 12 menores aumentos foram educação (0,02%) e meses. O IGP-DI é composto pelo índice de preços alimentação (0,28%). no atacado - IPA, com peso de 60%, pelo índice de preços ao consumidor - IPC, com peso de 30% Cesta Básica e pelo índice nacional de custos da construção - No mês de outubro, o preço da cesta básica INCC, com peso de 10%. O IPA cresceu 0,61%, no diminuiu em todas as capitais pesquisadas, com mês, um pouco abaixo do que havia aumentado exceção de BeloHorizonte, ondeaumentou 1,6%. no mês anterior (0,65%). Nesse índice, o grupo que A cesta básica mais cara do país continua sendo apresentou a maior alta foi o de ferro, aço e a de Porto Alegre vindo em seguida São Paulo e derivados com aumento de 7,38% e as maiores Brasília, apesar da pequena redução, em outubro. quedas foram soja (-8,88%) e cacau (-5,27%). O As cestas mais baratas são as de Recife, Salvador IPC cresceu 0,10%, no mês, impulsionado pelo e Fortaleza. O valor médio também diminuiu em aumento da gasolina que respondeu pelo setembro (-4,6%) e outubro (-2,5%), ficando aumento de 0,06 ponto percentual, com um abaixo daquele registrado em julho de 2004. Os aumento de 1,90%. O INCC cresceu 1,19%, no maiores aumentos acumulados nos dez primeiros mês, muito mais do que no mês anterior (0,58%). O principal aumento foi no grupo materiais e serviços que passou de 1,09, em setembro, para 1,99%, em outubro. O IPC-FIPE (Índice de Preços ao Consumidor) confirmou a expectativa de aumento dos índices de inflação, associado ao reajuste dos preços monitorados, e está acumulado em 5,27% no ano, apesar da redução no mês de julho (0,59%) em relação ao mês anterior (0,92%). Essa redução pode ser atribuída a queda no preço da gasolina no mês de julho (0,39%), diminuindo os gastos no grupo de transporte, além da queda no grupo de vestuário (1,72%). O mês de Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 04 Tabela 2.2- Preço da cesta básica nas capitais brasileiras Capital Jul/04 Ago/04 Set/04 Out/04 Ano (%) Porto Alegre 181,83 189,99 182,38 179,82 6,34 São Paulo 173,95 182,26 178,37 177,14 7,49 Brasília 165,02 169,32 170,25 169,23 8,89 Belo Horizonte 169,59 176,21 166,05 168,76 12,07 Rio de Janeiro 168,53 178,81 171,51 167,21 7,14 Florianópolis 162,52 175,64 170,15 165,03 11,89 Curitiba 165,47 171,95 166,03 162,92 2,34 Vitória 153,40 165,05 154,71 151,84 9,02 Belém 153,53 158,21 154,64 149,08 6,04 Goiânia 147,12 150,58 148,70 147,23 6,67 João Pessoa 140,74 150,07 139,11 136,09 6,26 Natal 140,46 152,07 138,71 132,74 3,13 Aracaju 138,36 150,15 137,49 131,49 -4,77 Fortaleza 144,19 139,70 135,69 127,41 -0,26 Salvador 135,99 140,48 132,58 125,49 3,82 Recife 141,58 147,03 131,53 123,81 -4,54 Fonte: DIEESE
  • 6. meses do ano foram em Belo Horizonte produtos que ficaram mais caros foram a batata (12,07%), Florianópolis (11,89%) e Vitória (56,04%) e o leite (21,07%). Em Aracaju, com (9,02%). Aracaju, Recife e Fortaleza apresen- exceção do tomate e da banana, todos os taram uma redução de 4,77%, 4,54% e produtos da cesta básica tiveram seus preços 0,26%, respectivamente. reduzidos. Os produtos que ficaram mais baratos Os produtos que mais aumentaram de foram a farinha (-27,78%), o feijão (-25,26%) e o preço em Belo Horizonte, no ano, foram a arroz (-17,50%). Em Recife, o tomate (-30,65%), a batata (114,29%) e o tomate (68,22%), em farinha (-26,03%) e o arroz (-20,67%) tiveram seus Florianópolis foram também os mesmos preços reduzidos, mas o feijão (9,74%) e o pão produtos com aumentos de 118,57% e (8,74%) tiveram seus preços elevados. 40,58%, respectivamente. Em Vitória, os Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 05 3. NÍVEL DE ATIVIDADE O PIB brasileiro, pela ótica do dispêndio, aumentou 0,2%, as exportações de bens e manteve sua rota de crescimento no segundo serviços cresceram 2,2 % e as importações de semestre de 2004, apresentando uma variação bens e serviços em 1,6%. positiva de 1,5% em relação ao trimestre anterior. O sustentáculo do crescimento econômico Nesta comparação, o desempenho do PIB é continua sendo as exportações, mas outros dois justificado pelo comportamento positivo dos fatores vêm contribuindo significativamente para componentes da demanda. A formação bruta o reaquecimento da economia: o aumento da de capital fixo cresceu 1,5%, assim como o renda média do trabalhador e a expansão do consumo das famílias. O consumo do governo crédito a longo prazo, que influem diretamente no crescimento do consumo interno. No segundo trimestre de 2004, o consumo das famílias aumentou 5,0% em relação ao mesmo trimestre de 2003. Esse crescimento é importante pois este agregado representa cerca de 57% do PIB nacional. Em termos setoriais, a agropecuária e a indústria apresentaram baixos níveis de crescimento, -0,3% e 0,2% respectivamente. Já o setor de serviços cresceu 2,5%, em relação ao trimestre anterior. De acordo com o IBGE, o s u b s e t o r i n d u s t r i a l q u e apresentou maior taxa de crescimento, em relação ao mesmo trimestre de 2003, foi a indústria de transformação (8,5%), devido a uma elevação do nível de produção de bens duráveis e bens de capitais. O crescimento da produção de bens duráveis foi beneficiado pela maior oferta de crédito. Após um período de consecuti- vas quedas, a construção civil apresentou, pela primeira vez Tabela 3.1- Brasil: Produto Interno Bruto (em %) Setor de Atividade 2004II/ 2003II 2004II/ 2004I Acum. No ano 12 meses Agropecuária 5,0 (-)0,3 5,7 3,4 Indústria 6,6 0,2 4,7 1,4 Extrativa Mineral (-)1,9 (*) (-)2,9 0,4 Transformação 8,5 (*) 7,3 3,7 Construção Civil 6,7 (*) 2,0 (-)4,9 Serv. Ind. Util. Pública 2,7 (*) 2,0 1,4 Serviços 4,4 2,5 2,8 1,3 Comércio 9,9 (*) 7,6 1,9 Transportes 6,5 (*) 6,9 3,6 Comunicações (-)0,1 (*) (-)1,0 (-)1,7 Instituições financeiras 5,2 (*) 3,6 1,3 Outros Serviços 7,5 (*) 2,6 1,3 Aluguel de Imóveis 1,5 (*) 1,3 1,3 Admin. Pública 1,8 (*) 1,5 0,9 Dummy Financeiro* 6,3 (*) 3,3 1,2 V. adic. pr. básicos 5,3 1,5 3,9 1,6 Impostos s/ produtos 9,1 (*) 6,6 2,3 PIB a pr. de mercado 5,7 1,5 4,2 1,7 Consumo das famílias 5,0 1,5 3,1 0,4 Consumo do governo 1,3 0,2 1,4 1,1 Form. bruta de cap. fixo 11,7 1,5 6,8 (-)0,6 Exportação 16,5 2,2 17,8 12,1 Importação (-) 14,1 1,6 13 7,2 Fonte: IBGE - Contas Nacionais Trimestrais
  • 7. em 5 trimestres, uma variação positiva de 6,7%. Segundo a tabela 3.2, quatro categorias Nesta comparação, o único subsetor industrial pesquisadas apresentaram crescimento: móveis que apresentou queda foi o da indústria extrativa e eletrodomésticos (29,50%); hipermercados, mineral (-1,9%), provocado pelo desempenho do supermercados, produtos alimentícios, bebidas e petróleo. No setor de serviços, o subsetor de fumo (4,06%); combustíveis e lubrificantes comunicações apresentou uma queda de 0,1%, (1,78%); e veículos, motos, partes e peças justificada pela redução em volume da telefonia (32,20%). A categoria de tecidos, vestuário e fixa e do correio. Mesmo com o comportamento calçados registrou pequena retração no volume positivo registrado pela economia brasileira, resta de vendas (-0,02%),permanecendo praticamen- ainda a dúvida em relação a sua sustentabilida- te estagnada. de. No segundo trimestre de 2004, o investimento A alta observada deveu-se, principalmente, cresceu 11,7% em relação ao mesmo período ao aumento da renda dos trabalhadores. Essa de 2003, mas, em relação ao trimestre imediata- recuperação refletiu-se, em primeiro lugar, no mente anterior, ele caiu pela segunda vez aumento do consumo de eletrodomésticos, que consecutiva. Esses dados, associados à timidez são muito procurados mas muito sensíveis ao nível do governo em relação aos seus gastos, de renda, e, em segundo lugar, no aumento dos demonstram que uma política de investimentos itens de primeira necessidade. É interessante não é prioridade deste, uma vez que apenas observar que, além do aumento dos itens que 0,5% do PIB foi reservado este ano para tais fins. A fazem parte da cesta básica de consumo, falta de prioridade do governo em relação aos também cresceu a procura por itens considera- investimentos também pode ser verificada na dos supérfluos, como os produtos light e diet, manutenção da taxa de juros em patamares normalmente consumidos por classes de maior elevados e na carga tributária imposta. renda. As indústrias brasileiras estão operando em Apesar do expressivo crescimento registrado seu limite de capacidade produtiva (cerca de nos últimos meses, percebe-se que este é pouco 90% da capacidade instalada) e, para que esta sustentável, observa-se uma pequena desacele- capacidade possa ser expandida de forma a ração desse ritmo. O aumento da taxa básica de absorver a demanda crescente, osinvestimentos juros (Selic), para 16,75%, pode ser considerado em infra-estrutura são primordiais. como um dos fatores responsáveis por essa A Pesquisa Mensal de Comércio registrou, no desaceleração,além daforte basede compara- mês de agosto, um aumento de 7,53% no ção dos dados apresentados pelo IBGE para os volume de vendas do comércio varejista. No períodos anteriores. acumulado de janeiro a agosto,o crescimento foi O aumento da taxa de juros pode, por um de 9,45% e, nos últimos doze meses, de 5,83%. lado, inibir o crescimento da economia através Esses resultados são conseqüência de que a da redução do endividamento dos consumido- maioria dos estados brasileiros obteve resultados res, mas, por outro, pode impedir o desencadea- positivos. mento de um processo de aumento dos preços. Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 06 Tabela 3.2 - Vendas no Varejo por Atividade - Brasil e Espírito Santo (Var. real %) Ago/04 / Ago/03 Acum. no ano Acum. 12 MesesAtividade BR ES BR ES BR ES Comércio Varejista 7,53 10,71 9,45 18,34 5,83 13,09 Combustíveis e Lubrificantes 1,78 -0,50 6,01 1,15 2,82 -0,81 Hiper, Super, Prod. de Alim., Bebi. e Fumo 4,06 11,57 5,86 23,70 3,08 19,18 Super e Hipermercados 4,27 11,68 6,01 24,01 3,20 19,63 Tecidos, Vestuário e Calçados -0,02 -4,99 6,41 -1,44 3,27 -6,81 Móveis e Eletrodomésticos 29,50 37,91 29,78 25,23 22,90 11,51 Veículos, Motos, Partes e Peças 32,20 16,92 19,24 15,93 13,38 12,67 Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal de Comércio
  • 8. dificuldades de se manter a oferta, e, finalmente, obrigar a Autoridade Monetária a elevar a taxa de juros novamente. No caso do Espírito Santo, observa-se que o estado registrou taxas de crescimento muito superiores à média nacional, em agosto, embora alguns setores tenham registrado taxas negativas, como o de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-28,56%), na compara- ção com o mês anterior. Seguindo a tendência nacional, setores capixabas como o de móveis e eletrodomésticos, e veículos, motos, partes e peças, apresentaram expressivos aumentos de 37,91% e 16,92%, respectivamente, em relação a agosto de 2003. Os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), relativos ao terceiro trimestre do ano, nos mostram que o vigor esperado da economia brasileira, devido ao crescimento apresentado nos últimos meses, não se dará de forma contínua. Os indicado- res da produção industrial, para setembro, demonstram certa acomodação do nível de atividade, após seis meses de expansão, o que está de acordo com os dados estatísticos relacionados ao comércio varejista. As atividades onde se verificaram as maiores altas, no mês, foram, veículos motores (30,08%), máquinas e equipamentos (19,40%), de bebidas (17,94%), borracha e plástico (12,61%), equipamentos de informática e de comunicações (11,71%), têxtil (11,60%) e de calçados (10,02%). Salienta-se que a maior queda foi a do segmento farmacêutico (queda de 10,20). Também houve queda (ainda que de menor magnitude) em: diversos; edição, reprodução e impressão e refino de petróleo e álcool, sendo este último de grande importância no cômputo geral (Tabela 3.3). A produção industrial por categori- as de uso (tabela 3.5) mostra que a produção de bens de capital (-2,5%), Como a indústria brasileira opera próximo de sua bens intermediários (-0,2%)e a debens capacidade máxima, um aumento das vendas de consumo duráveis (-1,9%) diminuíram no mês pode, através de um aumento da demanda, de setembro. Entretanto, as produções nessas causar uma elevação dos preços, pois haverá mesmas categorias cresceram significativamen- Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 07 Tabela 3.3 - Indicadores da Produção Industrial por Seções e Atividades – Brasil Seções e atividades Set04/ Set03 Acum. no ano Últ. 12 meses Indústria Geral 7,61 9,01 7,22 Indústrias Extrativas 6,27 3,56 4,07 Ind. de transformação 7,68 9,32 7,39 Alimentos 4,36 3,34 1,77 Bebidas 17,94 5,58 1,61 Fumos 3,82 23,87 20,72 Têxtil 11,60 10,70 6,70 Vest. e Acessórios 4,71 1,72 -2,08 Calçados 10,02 1,01 -2,65 Madeira 8,95 10,28 8,90 Celulose e Papel 5,20 8,12 7,16 Edição, Impr. e Repr. -2,65 0,77 5,27 Refino de Petr. E Álcool -3,51 0,40 0,20 Farmacêutica -10,20 0,01 -3,22 Perf. E Prod. Químicos 12,57 12,66 10,11 Outros Prod. Químicos 4,22 6,87 5,93 Borracha e Plástico 12,61 9,41 6,52 Minerais não Metálicos 8,57 4,87 1,99 Metarlugia Básica 4,18 3,87 3,09 Produtos de Metal 11,72 9,45 5,87 Maq. e Equipamentos 19,40 18,99 15,75 Equip. de Informática 22,22 44,55 49,11 Materiais Elétricos 0,87 12,20 10,73 Equip. de Comunicações 11,71 28,25 29,00 Equip. Hospitalares 3,90 8,88 7,72 Veículos Motores 30,08 30,17 25,03 Outros Equip. de Transp. 9,26 11,23 25,03 Mobiliário 0,50 10,62 9,81 Diversos -3,06 10,98 6,35 Fonte: IBGE – Pesquisa Industrial Mensal Tabela 3.4 - Indicadores da Produção Industrial do Espírito Santo Seções e atividades Ago04/ ago03 Acum. no ano Últ. 12 meses Indústria Geral 5,00 3,87 2,13 Indústrias Extrativas 7,35 2,79 3,87 Ind. de transformação 4,03 4,32 1,43 Alimentos 18,92 13,57 5,69 Celulose e Papel 5,54 1,66 2,83 Minerais não metálicos -2,47 0,67 -1,54 Metalurgia Básica -0,98 3,83 -0,60 Fonte: IBGE/DPE/Coordenação de Indústria
  • 9. te em relação ao mesmo mês do ano anterior. Da mesma maneira, a produção de bens de capital e a de bens de consumo duráveis cresceram significativamente em 12 meses e nos nove primeiros meses de 2004. Os números da produção industrial do Espírito Santo, no mês de agosto, continuam sua trajetória de crescimento se comparados com igual período de 2003, com variação positiva na casa de 5,0%. Esse percentual de crescimento foi resultado que confirma a interrupção na sustentado graças ao incremento na produção desaceleração a partir de maio. Contribuíram de três diferentes segmentos: O de alimentos e para esse resultado, com impactos positivos, as bebidas (18,9%), a indústria extrativa (7,4%) e o indústrias extrativas (3,9%) e de alimentos (5,7%), segmento de celulose e papel (5,5%). A melhora enquanto que a de metalurgia básica (-0,6%) e se deu, respectivamente, pelo aumento na de minerais não-metálicos (-1,5%) impediram um produção de bombons; minério de ferro; e pastas maior índice de expansão. O crescimento químicas de madeira (celulose). Mas, o desem- industrial capixaba também não acompanhou a penho não é o mesmo se observamos a taxa média da produção industrial do Brasil no acumulada no ano (3,87%) e nos últimos 12 período. As taxas foram inferiores tanto na meses (2,13%). No acumulado dos últimos doze comparação com 2003 quanto nas taxas meses, a produção industrial até agosto cresceu, acumuladas no ano e em 12 meses. Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 08 Tabela 3.5 - Indicadores da Produção Industrial por Categorias de Uso - Brasil Categorias de Uso Set04/ Ago04 Set04/ Set03 Acum. no ano 12 meses Bens de capital -2,5 19,8 25,7 23,0 Bens intermediários -0,2 6,4 7,4 6,1 Bens de consumo 0,9 7,5 7,8 5,4 Duráveis -1,9 18,3 25,0 20,8 Semidur. e não dur. 1,5 4,9 3,9 2,0 Industria geral 0,0 7,6 9,0 7,2 Fonte: IBGE/DPE/Coordenação de indústria 4. EMPREGOS E SALÁRIOS Nos últimos meses vêm ocorrendo uma estão permitindo esta expansão do nível de recuperação dos indicadores de emprego e emprego. renda nas principais pesquisas que tratam do As informações divulgadas pelo IBGE (tabela. tema no Brasil. De fato, o número de vagas 4.1) mostram uma pequena retração no nível de criadas neste ano, pequeno ainda para alcançar desocupação o que poderia indicar uma as metas estabelecidas durante a campanha estabilização da taxa de desemprego, porém, eleitoral, representaum importantemovimento e existe a possibilidade de essa taxa voltar a uma se reflete na retração das taxas de desocupação trajetória descendente, devido à grande oferta ao longo de 2004. de vagas temporárias que visa atender à Contudo, deve-se ser cauteloso ao analisar demanda gerada pelas festividades de fim de este momento específico. Ao mesmo tempo em ano. que há uma tendência de contratações temporári- as, típicas do fim do ano, as recentes elevações da taxa básica de juro (SELIC) ainda não surtiram pleno efeito sobre a economia. O governo espera um ciclo de crescimento longo, mas, na verdade, são apenas alguns movimentos sazonais que Tabela 4.1 – Taxa de desemprego (%) IBGE DIEESE* Meses 2003** 2004** 2003* 2004* 2003 2004 Julho 12,8 11,2 14,5 12,5 19,7 18,5 Agosto 13,0 11,4 14,9 12,6 20,0 18,3 Setembro 12,9 10,9 14,8 11,7 20,6 17,9 * Região Metropolitana de São Paulo ** Média das seis maiores regiões metropolitanas do país Fonte: IBGE/PME e DIEESE/PED
  • 10. De acordo com a PME, de julho a setembro taxa de desemprego nos últimos três meses.Tanto deste ano, aproximadamente 245 mil pessoas o desemprego por desalento (de 1,9% em julho obtiveram algum tipo de ocupação o que, para 1,7%, em setembro) como o desemprego apesar do aumento da população economica- por trabalho precário (de 5% em julho para 4,8%, mente ativa (PEA) de 21.534 pessoas, em julho, em setembro) caíram na Região Metropolitana para 21.738, em setembro, ajudou a diminuir o de São Paulo. nível de desemprego apurado pela PME para o Essa queda se impôs apesar do aumento da período. A taxa de desemprego no período sofreu PEA (9.972 em julho, para 10.012, em setembro), redução de 11,2% para 10,9%. Os rendimentos ocasionado, em parte, porpessoas quevoltaram médios reais, recebidos pelos ocupados, a procurar emprego estimuladas pelo aumento apurados pelo IBGE mostraram ligeira melhora no do número de postos de trabalho. Essa é uma período, porém, houve redução no mês de tendência que se observa nos últimos meses. Isso agosto. Em julho, os rendimentos reais foram de é demonstrado pela queda do tempo médio de R$ 907,71 tendo recuado em agosto para R$ procura por trabalho de 55 semanas, em julho, 894,81 e voltou a se recuperar em setembro para 52 semanas,em setembro. atingindo R$ 910,10, valor substancialmente Apesar da diminuição do desemprego, o maior do que o verificado no mesmo período do nível médio desalários (R$ 1.008,00em julho para ano passado, quando o rendimento real foi de R$ R$ 1.003,00 em agosto) manteve-se estável, 881,73. sendo que a média salarial do trabalho com Segundo o IBGE, de julho a setembro de carteira assinada foi a única que obteve 2004, houve retração na taxa de desemprego de aumento (R$ 1.087 em julho para R$ 1.093 em 12,5% para 11,7%, na região metropolitana de agosto), ocorrendo uma queda tanto nos salários São Paulo. Em agosto, assim como na pesquisa de trabalhadores sem carteira quanto dos nacional, a PME registrou uma estabilidade no autônomos. No entanto, comparando agosto de nível de emprego e a tendência de queda voltou 2003 com agosto de 2004, houve um aumento a confirmar-se em setembro. A PEA passou de de 2,3% no nível médio de salários, sendo que o 9.211 pessoas para 9.162 (-0,5%) e o número de trabalho sem carteira assinada foi o único que pessoas ocupadas cresceu de 8.055 para 8.089 sofreu decréscimo. (acréscimo de 0,4%). O rendimento real médio Os dados do cadastro geral de empregados dos trabalhadores foi de R$ 1.046,20 em e desempregados - CAGED, mostram que o setembro, praticamente o mesmo que em julho trimestre julho-setembro registrou um saldo deste ano. Em comparação com setembro do positivo de 631.532 novos vínculos empregatíci- ano passado, houve aumento de de 5,7%. A os. Destacam-se a indústria de transformação, o pesquisa de emprego e desemprego (PED) do setor de serviços e o comércio, que determina- Dieese para a região metropolitana de São Paulo ram o crescimento desse indicador, no ano. Seus também apresentou uma melhora em seus saldos foram responsáveis pelos bons resultados indicadores, ocorrendo uma ligeira queda na gerados nos meses de julho a setembro. Dado o Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 09 Tabela 4.2 - Saldo de admitidos e desligados – CAGED Jul/04 Ago/04 Set/04 No Ano Atividade Econômica Brasil ES Brasil ES Brasil ES Brasil ES Extrativa Mineral 935 159 1132 212 1.352 -16 9.623 695 Ind. Transformação 56.027 1596 72.168 1.220 101.101 1.251 555.656 8.375 Serv. Ind. Util. Pública 907 -5 1683 2 691 -24 7.362 221 Construção Civil 10.697 532 18.752 854 8.453 919 98.510 3.494 Comércio 33.552 827 50.478 712 45.181 1.052 260.056 4.843 Serviços 42.729 911 74.040 1.358 58.859 3.462 442.379 10.065 Admin. Pública 2.032 39 1.591 54 -77 7 26.887 464 Agropecuária 55.155 -363 9.892 6 -15.823 -1.085 265.654 4.942 Saldo* 202.033 3.696 229.757 4.418 199.742 5.566 1.666.188 33.099 * O item Outros está contabilizado em Saldo Fonte: MTE – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
  • 11. caráter sazonal dos setores de serviços e setor que produziu o maior impacto para esse comércio, além de algumas atividades da declínio foi do segmento outros, que se refere aos indústria de transformação que atendem ao gêneros de couro e peles, produtos farmacêuti- consumo de bens não-duráveis, pode-se atribuir cos, veterinários e perfumaria, sabões e velas, grande parte desse saldo a movimentos finalizando o mês de agosto com -19,35%. sazonais. Entre os setores industriais o maior Embora o nível de empregos na indústria em destaque foi a indústria de alimentação e geral tenha começado a declinar em agosto, o bebidas que acrescentou 50.535 vagas em setor de material elétrico e comunicação, que setembro e 169.833 no ano. em maio e abril apresentou uma queda, foi o que Além disso, o CAGED indica que a maior mais cresceu neste mês, tendo um aumento de exp ans ão d o em pre go c ele tis ta o cor re 19,77%. Outros setores também apresentaram atualmente fora das maiores regiões metropolita- variações positivas: vestuário e calçados, 4,55%, nas do país. Durante todo o ano de 2004 foram química, 4,02% e material de transporte,3,07%. acrescentados 847.014 vínculos no interior, No mês de julho, o setor mais expressivo foi enquanto que as principais regiões metropolita- outros que, contrariamente ao mês de agosto, nas criaram 454.771 vagas contabilizou um aumento de 8,14% em postos Empregos eSalários noEspírito Santo de trabalhos, sendo seguido por madeira, 4,78% Os dados do Instituto Euvaldo Lodi (IEL-ES) e mecânica, 3,80%. Em queda, o setor de demonstram que após um período de quatro borracha foi o que mais variou negativamente o meses seguidos de crescimento (julho 0,93%, nível de emprego,fechando com -3,13%. junho 0,66%, abril 2,95% e maio 0,21%) o nível de No acumulado do ano, a indústria revela um emprego da indústria no Espírito Santo começou acréscimo de 3,92% no número de vagas, sendo a cair, fechando o mês de agosto em -0,38%. O de destaque o resultado das indústrias químicas Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 10 Tabela 4.3 – Variação mensal e acumulada do pessoal ocupado por gênero de atividade no ES (%) Discriminação Ago/04 Jun/04 Jul/04 No ano 12 meses Indústria Extrativa Mineral 0,03 0,91 -0,20 5,09 23,33 Minerais não Metálicos 0,77 0,89 0,97 6,00 4,05 Metalúrgica 0,86 0,00 0,62 3,05 3,61 Mecânica 1,89 7,05 3,80 35,75 26,98 Mat. Eletr. e de Comum. 19,77 4,36 1,59 16,07 16,49 Material de Transporte 3,07 -3,46 2,24 -3,29 1,77 Madeira 0,46 5,03 4,78 4,27 -6,72 Mobiliário 0,41 -0,51 0,97 11,83 10,99 Papel e Papelão 1,69 0,26 0,07 3,17 5,11 Borracha -3,23 0,00 -3,13 -4,74 -20,13 Química 4,02 0,81 1,16 40,41 25,37 Material Plástico -1,52 0,63 -0,25 2,35 3,43 Têxtil 0,67 1,09 0,67 6,80 9,21 Vestuário e Calçados 4,55 -0,42 1,06 10,16 4,72 Produtos Alimentares 3,21 1,37 2,04 3,33 5,77 Bebidas -0,75 0,10 3,10 5,57 16,44 Editorial e Gráfica 0,33 0,75 0,33 -1,38 -2,50 Indústrias Diversas -0,61 -0,62 2,52 -1,83 0,61 Outros (1) -19,35 -4,44 8,14 -15,60 -17,35 Construção Civil 2,33 -2,14 2,67 -0,49 -9,80 Utilidade Pública -0,58 0,03 -0,16 -0,45 -1,89 Total daIndústria -0,38 0,66 0,93 3,92 4,18 refere-se aos gêneros de couros e peles, produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, sabões e velas. Fonte: IEL-ES
  • 12. (40,41%) e mecânica (35,75%). O setor outros trabalhadores e no acumulado do ano este evidencia, no acumulado do ano, uma retração numero é de 51.311 trabalhadores. Nestes 9 de 15,60%. primeiros meses do ano a mão de obra No que se refere aos doze últimos meses, o cadastrada já supera o total do ano de 2002 que total da indústria é positivo em 4,18%. Os setores foi de 51.073. No mês de agosto teve-se um total que mais se destacaram neste período foram: de 1.639 vagas captadas, com 2.586 trabalha- mecânica (26,98%), química (25,37%) constru- dores encaminhados e 735 colocados, que ção civil (23,33%), material elétrico e de representa uma taxa de alocação de 44,84%. comunicações (16,49%) e bebidas (16,44%). Na Comparado-se com o mesmo mês do ano contra-mão da criação de vagas de emprego passado, a taxa de alocação foi de apenas na indústria tem-se:borracha (-20,13%) eoutros (- 34,84%. Em julho deste ano teve-se a maior taxa 17,35%). de alocação do ano, 49,33%. O CAGED indica que no período de julho a No que se refere à mão de obra colocada, setembro deste ano ocorreu uma expansão do no mês de julho foi de 810 trabalhadores, em nível de emprego. Nesse período criaram-se agosto houve um declínio para 735 trabalhado- 13.680 vagas em todo o estado, em que se res e em setembro foi reduzida para 420, o que destaca o setor de serviços (5.731 vagas) e a representou uma queda de aproximadamente indústria de transformação (4.067 vagas). 48,15%. Também se destaca o comércio (2.591 vagas) e a construção civil (2.305 vagas). De acordo com os dados de intermediação de mão de obra do Sistema Nacional do Emprego do Ministério do Trabalho - SINE-ES, nos meses julho, agosto e setembro a mão de obra cadastrada foi de 22.044 Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 11 Tabela 4.4 - Intermediação de mão de obra no ES Especificação Jun/04 Jul/04 Ago/04 Set/04 No Ano M.O. cadastrada 7.274 8.353 6.710 6.981 51.311 Vagas captadas 1.157 1.642 1.639 1.086 9.254 M.O. encaminhada 2.232 3.030 2.586 1.647 16.758 M.O. colocada 500 810 735 420 4.276 Taxa de alocação 43,22% 49.33% 44,84% 38,67% 46,21% Fonte: SINE 5. POLÍTICA MONETÁRIA Base Monetária Os dados da tabela 5.1 apontam que o Em teoria, um dos objetivos da política saldo da base monetária atingiu R$ 70,9 bilhões monetária do Banco Central é o controle da base em setembro. Isto quer dizer que, embora a monetária, com o suposto objetivo de combater variação no mês tenha sido negativa em 1,7%, a a inflação. Entretanto, na prática, na opinião de base acumulauma expansãode quase27% nos alguns especialistas não é isto o que ocorre. últimos doze meses. O comportamento do saldo O economista Gerson Lima, por exemplo, em médio diário dos meios de pagamentos (M1) não seu artigo "A Recessão Econômica pode ser um foi muitodiferente, alcançou R$109,5 bilhõesem instrumento de Política Monetária" (Rev. FAE. V.3, setembro, um crescimento mensal de 3% e de n.2, p. 31-43, mai/ago, 2000), procurou 27,1%, emrelação asetembrode 2003. demonstrar que, historicamente, a política fiscal e Para as demais definições dos ativos cambial tem cumprido o papel de contração da monetários e financeiros, tem-se o conceito M2, base, enquanto a própria política monetária tem que representa o M1 mais os depósitos de provocado expansões da oferta de moeda, com poupança e os títulos de emitidos pelas uma implicação de alto custo para a sociedade. instituições financeiras, que apresentou Mas tal constatação não é suficiente, visto crescimento de 1,3%, em setembro, e 17,6% em que o referido artigo trata do período compreen- 12 meses. Já o M3, (20,9%) formado pelo M2 dido entre os anos de 1979 e 1998. Contudo, faz- mais as cotas do fundo de renda fixa e opera- se necessário verificar o que acontece na ções compromissadas com títulos federais, atualidade. expandiu 1,4%, no mês e 20,9% em 12 meses.
  • 13. Para o M4, ou seja, M3 mais os títulos federais Nacional bem como as operações do setor indexados à Selic e títulos estaduais e municipais, externo encontram-se fora do controle do o crescimento também foi de 1,3%, no mês de Bacen. A primeira dependeda política fiscaldo 19,0% em 12 meses. governo e da busca insaciável de aumento do Por esta razão, segundo a Folha de São superávit primário, visto que trata basicamente Paulo, de15.10.2004, "alguns especialistas estão da receita tributária da União e dos gastos fiscais preocupados com o fato de os agregados do governo federal. A segunda revela a monetários estarem aumentando muito, o que influência da política cambial e da liberação do enfraqueceria a capacidade do Banco Central mercado de câmbio, referindo-se à compra e de conter as pressões inflacionárias, utilizando-se venda de divisas por conta do movimento de apenas da Selic". entrada (receita de exportação e entrada de A tabela 5.2 apresenta os fatores responsá- capitais externos para qualquer finalidade) e veis pela oscilação da base monetária. saída (importações e renda líquida enviada ao Entretanto, é válido destacar que o Banco exterior, inclusive os juros da dívida externa) de Central possui um poder de intervenção limitado divisas, em geral dólares. De certa maneira, sobre tais condicionantes. Por esta razão, é que ambas expressam movimentos reais da se costuma agrupar estas contas em fatores economia e que, no mês de setembro, monetáriose não-monetários. acumularam um movimento contracionista Assim, como condicionantes monetários, próximo a R$ 3,9 bilhões. temos as operações com títulos públicos, Co mp ro va nd o a af ir ma çã o i ni ci al , juntamente com a assistência financeira de observamos que o movimento do Tesouro liquidez, depósito das instituições e o item outras Nacional apresentou a maior contribuição para contas. A tabela5.2 revelaque ocomportamen- a contração da base no mês de setembro. Em to dessas contas foi expansionista, na ordem de outras palavras, isto quer dizer que o crédito com R$ 2,62 bilhões. tributos foi superior aos gastos fiscais. O que é Por outro lado, as operações do Tesouro preocupante, pois, como se sabe, os gastos Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 12 Tabela 5.1 – Base monetária, componentes e meios de pagamentos Saldos em final de período (em R$ milhões) e variação mensal (%) Set/03 Jul/04 Ago/04 Set/04 Componentes R$ % R$ % R$ % R$ % Base Monetária 56.110 -4,0 73.110 7,5 72.201 -1,2 70.955 -1,7 Papel moeda emitido 39.156 -1,7 48.229 3,4 48.064 -0,3 49.827 3,7 Reservas bancárias 16.954 -8,9 24.882 16,6 24.137 -3,0 21.129 -12,5 Meios de Pagamento* 86.147 0,5 106.565 2,5 106.278 -0,3 109.467 3,0 P. moeda em poder do público 34.274 0,9 40.959 2,8 41.116 0,4 41.704 1,4 Depósitos à vista 51.873 0,2 65.606 2,3 65.162 -0,7 67.763 4,0 *Os dados de meios de pagamento referem-se à média dos saldos nos dias úteis. Fonte: BCB. Nota para a imprensa 26.10.2004. Tabela 5.2 Fatores condicionantes da base monetária Fluxos acumulados no mês (R$ milhões) Período Tesouro Nacional Títulos Públicos Setor Externo Assist. Finan. Depó- sitos Outras Contas* Var. da Base Jun/04 -3.609 6.328 3 -6 -1.187 -360 1.170 Jul/04 -928 7.661 -28 -0 -555 -1.031 5.118 Ago/04 -6.315 7.339 -1 -1 -513 -1.419 -909 Set/04 -3.852 4.443 -15 4 -325 -1.500 -1.246 * Inclui operações com derivativos Fonte: BCB. Nota para a imprensa 26.10.2004.
  • 14. fiscais do governo é que expandem a demanda Primeiro, por vincular qualquer volatilidade dos agregada e possibilita a criação de novos índices de preços a um excesso de demanda e, empregosparaa sociedade. segundo, por considerar o crescimento Apesar disso, o crescimento da base econômico como uma variável secundária (a monetária e dos meios de pagamentos, no ano, prioridade é o controle da inflação). Dessa foram muito superiores à taxa de crescimento do maneira, ela deixa explicita como a autoridade produto, contradizendo a teoria quantitativa da monetária e o governo são submetidos aos moeda, na qual um crescimento da oferta interesses do mercado financeiro. Dessa forma, monetária acima do crescimento do produto podemos observar que nem a melhoria de produz um aumento de preços na mesma alguns indicadores tem impedido a equipe proporção. econômica de continuar com a política Taxa de Juros contracionista. Em reunião nos dias 19 e 20 de setembro, o Enquanto isso, o lucro líquido dos maiores comitê de Política Monetária do Banco Central, bancos privados do país apresentou variação acompanhando as expectativas do mercado positiva considerável. De janeiro a junho de 2004, financeiro, optou por elevar a meta da taxa em relação ao mesmo período do ano passado, básica de juros em 0,5 p.p., elevando-a para o aumento foi de 21,5%, 10,6% e 18,2% 16,75%, sem viés. Dessa maneira, por unanimi- respectivamente para o Bradesco, Itaú e dade, os membro s do COP OM segu em Unibanco. Todavia, quanto à participação continuam a trajetória de aumento na taxa efetiva do lucro líquido em relação aos ativos básica de juros iniciada na reunião de agosto, totais, o resultado se manteve praticamente o quando a taxa Selic foi fixada em 16,25%, sem mesmo nos períodos supracitados, enquanto a viés. De fato, o argumento apresentado como taxa SELIC passou de 26,5% para 16%, ao ano, justificativa para este aumento, crescente nas até o mês de setembro de 2004, quando se ultimas reuniões, é basicamente a não conver- iniciou a retomada dos aumentos. A diferença gência entre as projeções futuras para inflação e entra a taxa de média captação e a taxa média as metas fixadas. De acordo com esta perspecti- de aplicação, ou seja, o spread bancário va, na ata da 101ª reunião do COPOM são cobrado para pessoas físicas e jurídicas,também apresentados, potenciais perigos para o apresentou queda, porém a um ritmo muito agravamento do cenário referente a inflação. Os menor do que o da SELIC; 4,2 p.p., no mesmo perigos potenciais são a indefinição quanto ao período. realinhamento dos preços internos, que sofrem impactos em razão do elevado preço do Operações de Crédito petróleo no mercado internacional, "na medida As operações de crédito do sistema em que possa ser postergado, mas não evitado" - financeiro brasileiro (tabela 5.3), em setembro de posição que encontrou discordância dentro do 2004, apresentaram crescimento de 1,4% em próprio governo -; a "surpreendente recupera- relação ao mês de agosto de 2004 e de 12,3%, ção" dos índices de crescimento da economia, no ano. O total de empréstimos atingiu R$ 460,3 mais precisamente o perigo de desajuste entre o bilhões, em setembro de 2004, ante R$ 453,8 aumento da demanda e o aumento de bilhões em agosto e R$ 446,9 bilhões, em julho. A produção e, finalmente, potenciais repasses do relação com PIB evoluiu para 26,3% em atacado para ovarejo. setembro, representando ínfimos incrementos de Assim, apesar da desaceleração de diversos 0,3 p.p. em relação a agosto (26%) e 0,9 p.p se índices inflacionários, no último mês, o COPOM, comparado a setembro de 2003 (25,4%). seguindo o receituário ortodoxo, afirma que "é Em setembro de 2004, o desempenho nas importante ressaltar o caráter transitório de operações de crédito foi mais significativo na grande parte das influências positivas observa- carteira de crédito com recursos livres (financia- das no período" referindo-se à inflação. Ele deixa mentos com recursos internos para empresas e implícito que se deve garantir a "sustentabilidade" os empréstimos concedidos para pessoas do crescimento econômico atual, não o físicas), que somaram R$ 263,3 bilhões no mês, corroendo com aumentos nos índices de preços com um acréscimo de 1,9% no mês. Dentro - na expressão popular atualmente, evitar que a dessa categoria, os que mais se destacaram economia "alce novos vôos de galinha". foram as operações com recursos internos Encontra-se alguns equívocos nesta análise. destinadas a pessoas jurídicas, no valor de R$ Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 13
  • 15. 156,7 bilhões,representando incremento de1,5% desembolsou R$ 3,5 bilhões no mês de setembro no mês, seguidas pelos empréstimos contratados somando R$ 27,7 bilhões no ano, registrando pelas pessoas físicas, com variação de 2,4% no crescimento de 5,7% no mês e superior em 46,3% mês, atingindo R$ 106,6 bilhões. A carteira de em relação ao mesmo período de 2003. A dívida crédito destinada a pessoas jurídicas apresentou bancária do setor privado elevou-se 1,45% no evolução de 4,1% no crescimento das modalida- mês, atingindo R$ 440,9 bilhões e 3,9% de junho a des de recursos domésticos (104,3 bilhões), nos setembro de 2004 (tabela 5.3). Em setembro, os descontos de duplicatas e capital de giro. maiores a umentos f oram o bservados n o Enquanto a carteira de crédito para pessoas comércio (3,26%), e no crédito concedido às jurídicas em moeda estrangeira apresentou pessoas físicas (2,6%), seguido pelo crédito rural queda de 3,3% no mês, atingindo R$ 52,4 bilhões, (2,1%) e outros serviços, que aumentaram em cuja retração foi justificada pelo Banco Central 1,2%. A indústria e habitação apresentaram pela apreciação cambial e pelo elevado volume queda de -0,13% e-0,23% respectivamente. de liquidações em ACC e repasses externos. O setor público elevou seu endividamento, O custo médio das operações de crédito frente ao sistema financeiro em 0,87% no mês, com recursos livres atingiu 45,1% a.a., em passando de R$ 19,2 bilhões para R$ 19,4 bilhões. setembro de 2004, reflexo da elevação das taxas O governo federal foi o principal responsável por dos contratos com pessoas jurídicas (30,4% a.a), esse crescimento com R$ 5,4 bilhões (aumento enquanto a taxa de juros sobre empréstimos para de 1,4%). Os estados e municípios ampliaram o pessoas físicas passou de 63,1% a.a em agosto seu endividamento em 0,64%, no mês. para 63,2% a.a em setembro de 2004. A classificação das operações de crédito A concessão de crédito das instituições segundo faixas de risco efetuadas no mês de financeiras privadas totalizou R$ 280,4 bilhões no setembro pelosistema financeirobrasileiro (tabela mês de setembro, representando 61% do 5.3), manteve-se estável em relação a junho de estoque do sistema financeiro brasileiro, com 2004. As operações de crédito classificadas na expansão de 1,8% no mês e 15,3% no ano. O faixa de baixo risco (AA+A), dívidas não vencidas destaque ficou com os financiamentos para ou com até quinze dias de atraso, passaram de pessoas físicas, comércio e ao setor rural. 61,27% em junho para 61,26% em setembro. Enquanto o sistema financeiro público concedeu Apenas 3,29% foram enquadradas nas opera- empréstimos no valor de R$ 179,9 bilhões no ano, ções de risco mais elevado (H), ou seja, emprésti- com expansão em 0,8% no mês e 7,9% no ano, mo com atraso de mais de 180 dias. Em junho, cujo destaque ficou com setor agropecuário. eram 3,30%. Comparando com os dados de Os recursos direcionados se elevaram em junho de 2004, os governos estaduais e municipa- 0,9% ao mês, acumulando um saldo de R$ 165,9 is aumentaram a parcela de suas dívidas com bilhões, direcionados com maior ênfase ao setor mais de 180 dias de atraso em 1,58 p.p. (de agropecuário, dos quais o sistema BNDES registrou 7,76,% em junho para 9,34% em setembro de um incremento de 0,4% no mês. O BNDES 2004). Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 14 Tabela 5.3 - Operações de crédito do sistema financeiro - saldos em final de período (R$ milhões) e classificação das faixas de risco do saldo das operações em setembro (em %) Setor Público Setor Privado Meses Governo Federal Governo Mun/Est Total Set. Publ Indús- tria Habi- tação Rural Comer- cio Pess. Física Outros Serviços Total Set. Priv Total Geral Jul/04 5.239 13.405 18.644 121.224 25.395 47.208 48.806 109.698 75.942 428.273 446.917 Ago/04 5.325 13.918 19.243 121.019 25.473 48.151 50.622 113.170 76.146 434.581 453.824 Set/04 5.402 14.008 19.410 120.856 25.414 49.141 52.274 116.130 77.069 440.884 460.294 Faixas de risco AA+A 99,94 61,24 72,01 68,15 40,89 59,59 59,40 58,15 61,50 60,79 61,26 B até G 0,06 29,42 21,25 29,89 52,31 39,01 38,10 36,69 36,23 36,07 35,45 H 0,00 9,34 6,74 1,97 6,80 1,40 2,51 5,16 2,27 3,14 3,29 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Fonte: BCB – Nota para a imprensa - 26.10.2004
  • 16. Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 15 6. POLÍTICA FISCAL O governo Lula tem mostrado, através dos PIB) para pagamentos de juros, resultado do resultados de suas políticas, um forte empenho superávit fiscal, sendo que o acordo com o FMI no combate à inflação através do controle da previa um montante de R$ 56,9 bilhões para o demanda agregada via aumento da taxa período. A tabela 6.1 apresenta as contas do básica de juros - SELIC -, da valorização cambial Governo Central, no conceito "acima da linha", e do controle das contas públicas. na qual são apresentadas, resumidamente, as Durante todo o governo, economistas e receitas e as despesas do governo. Comparando comentaristas sempre ressaltaram o peso dado os valores acumulados dos nove primeiros meses às metas estabelecidas pelo FMI para a dos anos de 2003 e 2004, percebe-se que o estabilização da economia brasileira, seja para superávit primário acumulado deste ano é de R$ criticá-lo ou para defendê-lo. Entretanto, causa 46,2 bilhões (3,71% do PIB), enquanto o do espanto, tanto aoscríticos comoaos defensores mesmo período do ano anterior foi de R$ 38,6 dessa política, a proporção a que chegaram as bilhões (3,47% do PIB). Descontando-se as medidas adotadaspelo governo. transferências para estados e municípios do total Dentre esses fatos, destaca-se o resultado do arrecadado, a receita líquida aumentou em superávit primário do Governo Central (tesouro 19,3% (de R$ 214,0 bilhões em 2003 para R$ nacional, previdência social e banco central) 256,0 bilhões em 2004), sendo que as despesas alcançado em setembro deste ano, que atingiu cresceram na mesma proporção, aproximada- aproximadamente 4,7 bilhõesde dólares.A meta mente 19,3% (de R$ 176,0 bilhões em 2003 para estabelecida pelo Fu ndo Monetário R$ 210,0 bilhões em 2004). Embora em sua Internacional, portanto, já foi atingida nesse mês. análise global as contas do governo apresentem Reações surpresas, até mesmo por parte do uma trajetória convergente, os subitens que as Fundo, questionavam o entusiasmo exacerbado compõem demonstraram variações significati- do governo em elevar a meta se superávit de vas. 4,25% a 4,5% do PIB para o próximo ano. Até Dentre as receitas, a do tesouro recebeu forte setembro o setor público (União, estados e influência do aumento da alíquota da Confins e municípios) economizou R$ 69,8 bilhões (5,6% do de sua aplicação às importações (representan- Tabela 6.1 - Resultado Primário do Governo Central (R$ milhões) Discriminação Set03 Jan- Set03 Jul04 Ago04 Set04 Jan- Set04 I.RECEITATOTAL 28.204 259.934 35.129 33.812 34.895 305.261 I.1. Receita do Tesouro 21.560 204.329 27.526 26.135 27.246 239.312 I.2. Receita da Prev. Social 6.603 54.899 7.509 7.583 7.527 65.095 I.3. Receita do Banco Central 40 706 94 94 122 854 II. TRANF. A EST. E MUNIC. 4.306 45.473 5.317 6.034 5.064 49.290 III. RECEITALÍQUIDA TOTAL (I-II) 23.897 214.462 29.813 27.779 29.831 255.971 IV. DESPESATOTAL 20.133 175.904 26.251 24.230 25.149 209.792 IV.1. Pessoal e Enc. Sociais 5.926 56.539 7.914 6.576 7.068 61.493 IV.2. Benef. Previdenciários 8.906 71.826 9.774 10.154 10.078 84.793 IV.3. Custeio e Capital 5.195 46.269 8.404 7.331 7.813 62.069 IV.4. Transf. do Tesouro ao BC 7 385 47 45 59 431 IV.5. Despesas do B. central 98 885 112 124 132 1.005 V. RES. PRIM. GOV. CENTRAL 3.764 38.558 3.562 3.549 4.682 46.179 V.1. Tesouro Nacional 6.125 55.664 5.845 6.149 7.243 66.029 V.2. Previdência Social (RGPS) -2.303 -16.927 -2.265 -2.571 -2.550 -19.698 V.3. Banco Central -58 -179 -18 -29 -10 -151 VI. RES. PRIMÁRIO/PIB (%) 3,47% 3,71% Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional – Ministério da Fazenda.
  • 17. do uma variação positiva de 23,8% na arrecada- A tabela 6.2 apresenta a necessidade de ção de contribuições), em detrimento do financiamento do setor público no conceito aumento na restituição de imposto de renda que "abaixo da linha", ou seja, toda a demanda de aumentou de R$ 6,0 bilhões no período anterior recursos proveniente do setor público, compre- para R$ 10,0 bilhões no acumulado deste ano. endido pela União, estados e municípios. O Todavia, a previsão é de que ocorra um baixo terceiro trimestre do ano tem acompanhado a crescimento da arrecadação nos últimos três tendência de resultados primários positivos. meses do ano, relativamente ao período Apenas em setembro as empresas estatais anteriores, tendo em vista algumas concessões apresentaram um resultado muito baixo, apenas tributárias lançadas pelo governo para estimular R$ 1,0 milhão de superávit. determinados setores. O baixo crescimento das O superávit primário dos três primeiros transferências aestados e municípios (proporcio- trimestres totalizou R$ 69,7 bilhões (5,6% do PIB). nalmente ao acréscimo de receita) é reflexo do Os governosregionais apresentaramsuperávit de aumento da restituição do IR, que reduz o fundo R$ 47,5 bilhões e as empresas estatais de R$ 7,1 de participação dos municípios. Embora uma bilhões. parcela da CIDE tenha sido transferida a estados Esses resultados embora, sejam significativos, e municípios, esse montante mostrou-se não são suficientes para cobrir as despesas insuficiente para promover o mesmo acréscimo decorrentes dos juros nominais sobre a dívida a essas transferências. pública, ocasionando um resultado nominal Quanto às despesas nota-se forte variação deficitário. Ressalta-se que as empresas estatais em alguns segmentos, entretanto, no total o apresentaram resultado nominal superavitário, crescimento da despesa foi proporcional ao da muito provavelmente devido às receitas obtidas receita líquida total. Nesse sentido, observa-se com a aplicação em títulos públicos. As forte influência do item custeio e capital alternativas de financiamento dos governos (variação de 32,3%), notadamente pelo caráter (central e regionais) não conseguem cobrir os do atual governo de concessão de subsídios e dispêndios totais com pagamento de juros. O subvenções econômicas, acrescentado em déficit nominal acumulado até setembro foi de 40,5%. Os benefícios previdenciários cresceram R$ 25,5 bilhões (2% do PIB). na mesma média que as despesas totais. no Os esforços fiscais do governo federal e entanto os gastos com Pessoal e encargos sociais de alguns estados e municípios vêm alcançando (incluindo o INSS), cresceram 8,8%. resultados esperados, na medida em que o O tesouro nacional contribui com R$ 66,0 montante a ser pago de juros da dívida pública bilhões para o resultado primário do governo viu-se reduzido em 16,3%, de janeiro a setembro, central, enquanto a previdência social e o banco enquanto que o déficit nominal diminui em 55%, central apresentaram déficit de R$ 19,7 bilhões e em comparação com o mesmo período do ano R$ 151,2 milhões,respectivamente. anterior, impulsionado pelo Governo Central, que Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 16 Tabela 6.2 - Necessidade de Financiamento do Setor Público (R$ milhões) Discriminação Set03 Jan- Set03 Jul04 Ago04 Set04 Jan- Set04 I. Resultado Primário -7.784 -57.077 -6.614 -10.931 -6.044 -69.771 I.1. Governo Central -4.081 -39.361 -4.047 -3.766 -4.103 -47.503 I.2. Governos Regionais -1.327 -11.441 -1.394 -1.637 -1.940 -15.153 I.3. Empresas Estatais -2.375 -6.274 -1.173 -5.528 -1 -7.115 II. Juros Nominais 11.458 113.877 10.375 11.582 11.498 95.284 II.1. Governo Central 8.453 82.505 6.517 7.680 5.620 56.670 II.2. Governos Regionais 3.177 29.623 4.959 4.602 5.005 41.808 II.3. Empresas Estatais -172 1.749 -1.102 - 699 873 -3.195 III. Resultado Nominal 3.674 56.801 3.761 651 5.454 25.513 III.1. Governo Central 4.371 43.144 2.470 3.914 1.517 9.168 III.2. Gov. Regionais 1.849 18.181 3.566 2.964 3.065 26.655 III.3. Empresas Estatais -2.547 -4.525 -2.274 -6.227 873 -10.310 Fonte: BCB – Nota para a imprensa, 29.10.2004
  • 18. em abril chegou a ser superavitá- rio. No último m ê s d e s e t e m b r o a dívida líquida do setor público s o f r e u u m a p e q u e n a redução de R$ 0,8 bilhão em seu estoque e a r e l a ç ã o d í v i d a / P I B d i m i n u i u d e mercado atingiu um total de R$ 701,3 bilhões, um 54,0% para 53,7% do produto interno bruto. Os crescimento de 1,3%, no mês de setembro. bons resultados do mês de setembro no que diz Entretanto, os valores desses títulos, "apurados respeito à dívida pública, são provenientes da com base na posição de custódia avaliada pelo apreciação cambial, que garantiu um ganho preço da curva de rentabilidade intrínseca dos cambial de R$ 5,6 bilhões e da forte retração dos títulos, adicionada com o valor das operações de gastos governamentais que viabilizaram um mercado aberto" atingiram um total de R$ 845,4 superávit primário de R$ 6,0 bilhões. O governo bilhões. Desse total, 53,2% estão sendo central foi superavitário em R$ 4,1 bilhões e os remunerados pela taxa Over/Selic e desses, governos estaduais e municipais em R$ 1,9 bilhão 48,4% são protegidos das desvalorizações (tabela 6.2). cambiais por contratos de swap. Do total, 11,2% A redução do gasto foi tão drástica, que são remunerados pela taxa de câmbio, com faltando apenas três meses para o fim do ano de opção de swap, e dos demais títulos, 15,9% são 2004, o governo federal havia realizado menos prefixados, 14,0% são remunerados por índices de 17% dos investimentos autorizados por lei para de preços e 8,8% pela taxa do mercado aberto. esse ano, segundo o Siafi. Obviamente, a meta A dívida bruta total do governo geral atingiu do governo é fazer com que o resultado fiscal R$ 1,3 trilhões (74,3% do PIB) e a dívida líquida, R$ deste ano fique em 4,5% do PIB e para tanto, ele 942,2 bilhões. Desse total, R$ 299,6 bilhões são os tem promovido a maior redução do gasto, desde títulos do tesouro no banco central e R$ 733,6 1991. As implicações reais dessa desmedida bilhões de dívida mobiliária no mercado. Dentre austeridade fiscal são marcantes. Somente para os créditos mais importantes, encontramos as ilustrar essa situação, podemos tomar como disponibilidades do governo federal no banco exemplo o programa de manutenção das central (R$ 143,9 bilhões), os recursos do FAT na rodovias federais, do Ministério dos Transportes. rede bancária (R$ 83,9 bilhões), aplicações de Ele chegou ao final de outubro com cerca 20% fundos e programas (R$ 48,3 bilhões), créditos dos investimentos realizados, que totalizam junto às estatais (R$ 26,4 bilhões) e outros créditos apenas R$ 960 milhões, dos R$ 4,8 bilhões (R$ 25,3 bilhões). previstos no orçamento geral da união. O total de títulos emitidos p e l o t e s o u r o nacional atingiu o montante de R$ 1.054,8 bilhões, dos quais R$ 299,6 bilhões estão na carteira do banco central. O valor total dos títulos, do t e s o u r o e d o b a c e n , n o Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 17 Tabela 6.3 – Dívida Líquida do Setor Público (R$ bilhões) Discriminação Set03 Dez03 Jul04 Ago 04 Set04 Dívida Total Líquida 891,09 913,14 945,65 941,31 940,54 Governo Central (1) 545,08 584,54 604,94 602,95 596,91 Governos estaduais (2) 304,78 278,01 297,50 299,58 301,72 Governos municipais (3) 41,23 38,70 42,52 43,16 43,58 Dívida Total Líquida 891,09 913,14 945,65 941,31 940,54 Dívida líquida interna 702,69 726,68 773,59 779,90 781,21 Dívida líquida externa 188,40 186,45 172,06 161,40 159,33 DLSP em % do PIB 57,7 58,7 54,7 54,0 53,7 Fonte: BCB – Nota para a imprensa, 29.10.04 (1) Inclui Banco Central e empresas estatais federais (2) Inclui as empresas estatais estaduais (3) Inclui as empresas estatais municipais Tabela 6.4 – Títulos Públicos Federais e Operações de Mercado Aberto (% por indexador) Discriminação Set03 Dez03 Jul04 Ago04 Set04 Dívida total (R$ bilhões) 766.668 787.575 838.786 841.113 845.392 Indexadores (%) Over/Selic* 46,2 46,6 48,7 48,0 48,4 Câmbio* 24,3 20,5 12,7 11,9 11,2 Prefixado 8,3 11,6 13,7 15,1 15,9 TR 1,7 1,7 1,7 1,7 1,7 Índices de preço 11,8 12,6 13,7 13,9 14,0 Oper. de merc. Aberto 7,7 7,1 9,5 9,4 8,8 FONTE: BCB – Notas para a imprensa, 29.10.04 - * com swap
  • 19. Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 18 7. SETOR EXTERNO O saldo acumulado da balança comercial Os Estados Unidos foram o maior importador atingiu em setembro um superávit de US$ 25,1 do Brasil no período janeiro/setembro, respon- bilhões, 41% superior ao do mesmo período de dendo por cerca de 20,6% do total das 2003. Segundo alguns analistas esse resultado exportações. Destaque para a elevação das confere maior credibilidade ao Brasil, na exportações para a Argentina, que cresceram medida que a entrada de divisas permite, ao 72,3% no acumulado até setembro de 2004 em país, uma maior capacidade de honrar seus relação ao mesmo período do ano anterior. compromissos em moeda estrangeira, o que De janeiro a setembro houve uma elevação demonstraria o compromisso com a estabilida- de 18% das importações de bens de capital, de econômica. tendo como base o mesmo período do ano No mês de julho de 2004, a balança anterior. No entanto, a participação desta comercial encerrou com o maior saldo do categoria no total das importações diminuiu. período compreendido entre julho e setembro, Neste período esta participação foi de 18,25%, US$ 3,5 bilhões. O menor saldo do período enquanto que no ano de 2003 esse montante ocorreu no mês de setembro, provocado pelo totalizou 21,05%. A despeito do que afirmam aumento nas importações em relação ao mês alguns analistas, a elevação das importações anterior, que atingiram um montante de US$ 5,7 deve-se a elevação das importações totais, bilhões, e pela diminuição das exportações em quase que proporcionais para todas as US$ 133 milhões. O aumento das importações categorias de uso, já que todas obtiveram no período está ligado à recuperação da aumento no período e mantiveram, entretanto, economia, uma vez que houve um acréscimo seus níveis de participação praticamente das importações por conta da elevação na inalterados. demanda por máquinas e equipamentos e da Os gastos líquidos com serviço foram de US$ recuperação do mercado interno. 437 milhões em setembro, um decréscimo de Nos últimos nove meses as matérias-primas 10,1% em relação ao mês anterior. No e os produtos intermediários foram responsáveis acumulado do ano, esse decréscimo chega a por 58,26% do total das exportações brasileira, 11%. Não obsta nte, os dispê ndios com sendo que os produtos minerais totalizaram transporte se elevaram em 23% durante o ano, 16,52 p.p. deste resultado. As categorias bens elevando sua participação no déficit da sub- de capital, bens de consumo e combustíveis e conta serviços de 34% para 48%, entre 2003 e lubrificantes contribuíram, respectivamente, 2004. com 13,38%, 22,34% e 4,5% no total das O resultado das remessas líquidas de rendas exportações. para o exterior em 2004 teve um aumento de Tabela 7.1 – Conta de transações correntes (US$ milhões) Discriminação Set/03 Jan- Set/03 Jul/04 Ago/04 Set/04 Jan- Set/04 Balança comercial 2.664 17.790 3.481 3.433 3.171 25.114 Exportações 7.280 52.790 8.992 9.056 8.923 70.278 Importações 4.616 35.000 5.512 5.623 5.751 45.164 Serviços -550 -3.763 -446 -486 -437 -3.346 Transportes -183 -1.292 -174 -188 -231 -1.612 Rendas -1.021 -12.343 -1.502 -1.460 -1.217 -14.547 Juros -776 -8.940 -1.037 -981 -842 -9.722 Lucros e Dividendos -255 -3.492 -475 -492 -384 -4.959 Transf. unilaterais 225 2.106 282 274 223 2.381 Trans. correntes 1.319 3.790 1.814 1.761 1.741 9.603 Trans. Correntes/PIB (%) - 1,03 - - - 2,28 Fonte: BCB – Notas para a imprensa
  • 20. 18%, quando comparado ao ano anterior. Esse Até setembro deste ano, US$ 7,9 bilhões haviam resultado é decorrente do aumento de 8,7% nos deixado o país nessa modalidade de transa- juros pagos, que passaram de passaram de US$ ções (Tabela7.2). 8,9 bilhões para US$ 9,7 bilhões, e de 42% na A conta capital, que registra as transações saída de lucros e dividendos, estimulada pela relativas às transferências unilaterais de taxa de cambio, dentre outros fatores, já que a patrimônio de imigrantes e as aquisi- taxa de câmbio deprec iada pe rmite a ções/alienações de bens não financeiros, aquisição de uma mesma quantidade de apresenta um saldo positivo em termos divisas por uma quantia menor da moeda absolutos: US$ 548 milhões acumulados até nacional. setembro. Houve um aumento considerável, As transferências unilaterais, que contabili- 61%, na entrada de recursos nos três primeiros zam os pagamentos e recebimentos de bens ou trimestres de 2004, comparado ao mesmo moeda sem contrapartida entre residentes e período de 2003. Mas, em termos relativos, a sua não residentes, acumulam US$ 2,4 bilhões neste participação no total do balanço é pequena, ano, apresentando um aumento de 9,0% em influindo pouco frente o movimento das comparação com o ano anterior, que foi de US$ operações com ativos financeiros,por exemplo. 2,1 bilhões. A variação deste período represen- Em 2004, tem havido uma reversão dos ta, em sua maior parte, o crescimento da fluxos do capital financeiro em relação ao ano remessa de dinheiro dos emigrantes brasileiros passado. Os resultados positivos de 2003 que vivem no exterior. tornaram-se negativos este ano. Até setembro Houve um aumento significativo do saldo de 2003, haviam ingressado US$ 9,7 bilhões pela em transações correntes, que apresenta neste sub-conta financeira. Somente no terceiro ano um total de US$ 9,6 bilhões, enquanto que trimestre o resultado foi uma saída líquida de no ano anterior foi de US$ 3,8 bilhões, configu- divisas deUS$ 6,3bilhões, devidoa reduçãodos rando um aumento de 153,4%. A relação das ingressos de recursos, o pagamento de transações correntes como porcentagem do PIB compromissos externos e um aumento nos aumentou de 1,03% para 2,23%. As transações ativos debrasileiros noexterior. correntes são o principal indicador da vulnerabi- No terceiro trimestre os ingressos líquidos lidade externa de um país, já que mensura a (liquidado de ativo e passivo brasileiro) na entrada e saída de dólares por meio do modalidade de investimento externo direto (IED) comércio, serviços, rendas e transferências de foram de US$ 471 milhões. O acumulado até brasileiros que moram no exterior. setembro registra um ingresso de US$ 3,6 bilhões, O resultado da conta capital e financeira é, 43% menor do que o observado no mesmo em geral, menos divulgado que os saldos da período de 2003. O resultado que mais chama balança comercial. A tendência observada atenção na série é a saída líquida de US$ 827 nesta conta é oposta a das transações milhões no mês de agosto. O ingresso de comerciais do Brasil com o exterior. Ao longo de investimentos estrangeiros no mês de agosto foi 2004 tem ocorrido uma sistemática saída de de US$ 7,4 bilhões, o maior valor mensal recursos, sobretudo nas operações financeiras. registrado nos últimos três anos, sendo US$ 1,1 Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 19 Tabela 7.2 – Conta capital e financeira (US$ milhões) Discriminação Set/03 Jan- Set/03 Jul/04 Ago/04 Set/04 Jan- Set/04 Conta capital e financeira 2.415 10.044 -1.472 -2.926 -1.713 -7.372 Conta capital 43 340 50 56 44 548 Conta financeira 2.372 9.704 -1.522 -2.982 -1.757 -7.920 Investimento direto 1.156 6.244 1.098 -827 200 3.555 Invest. em carteira 1.337 3.649 -315 -295 83 -4.228 Derivativos -76 -180 -276 10 -28 -534 Outros investimentos -46 -8 -2.030 -1.870 -2.011 -6.714 Erros e omissões -93 -680 -180 647 -428 -1.641 Resultado do balanço 3.641 13.154 162 -519 -400 590 Fonte: BCB – Notas para a imprensa
  • 21. bilhão oriundos de conversões de dívidas, brasileiros a estrangeiros, somente em agosto. O representando apenas uma operação contábil saldo das saídas, em setembro, é mais do que o no balanço de pagamentos e não significa dobro de todas as remessas (líquidas) de todo o nada em termos de entrada de novos recursos. ano de 2003. Essa é a maior movimentação O ingresso de investimentos se deveu principal- mensal nas contas desde a fuga de capitais de mente à operação de troca de ações no valor 2002 no ataque especulativo do período de US$ 4,9 bilhões resultante da fusão da Ambev eleitoral. No trimestre, os empréstimos concedi- com a belga Interbrew. Em setembro, o ingresso dos por residentes ao exterior somaram US$ 3,0 de IED caiu para US$ 1,1 bilhão, acumulando bilhões,nessa modalidade. um total de US$ 17,8 bilhões. No mês de agosto, O resultado global do balanço continuou quase US$ 7,0 bilhões deixaram o país como apresentando saldos negativos no terceiro investimento direto de brasileiros no exterior. trimestre de 2004 (com exceção de julho), Desse total, a maior parte refere-se à troca de apesar dos sucessivos recordes da balança ações da Ambev e US$ 2,1 bilhões foram na comercial. Não obstante, o saldo acumulado forma de empréstimos concedidos por até setembro ainda é positivo. Mas, por conta empresas no Brasil a companhias estrangeiras. da saída significativa de divisas nas transações Em setembro, a saída foi de apenas US$ 446 financeiras, o resultado dos três primeiros milhões, acumulando US$ 8,8 bilhões, no ano. A semestres de 2004 (US$ 590 milhões) equivale partir dos resultados do mês de agosto o BC apenas a 4,5% do saldo do mesmo período de prevê que até o fim do ano os ingressos de 2003 (US$ 13,1 bilhões). A tendência de investimentos estrangeiros diretos totalizem US$ deterioração da conta financeira frente aos 17 bilhões. A previsão da Sobeet - Sociedade bons resultados nas transações comerciais Brasileira de Estudos e Empresas Transnacionais e "reabre" a discussão sobre o controle dos fluxos da Globalização Econômica - é menos otimista: de capitais, principalmente financeiros. A US$ 12 bilhões para 2004. Findado o período de abertura (desregulamentação) financeira foi privatização, sobretudo dos filões mais rentáveis utilizada paraatração decapitais especulativos, dos serviços públicoso crescimento econômico orientados pelas altas taxas de juros brasileiras, e do mercado interno são os principais indutores na tentativa de equilibrar as contas externas do ao ingressodo investimentoestrangeiro. país, no contexto da valorização cambial e dos Na modalidade de investimentos em sucessivos déficits comerciais acumulados na carteira (operações com ações e títulos de primeira metade do Plano Real. Agora a renda fixa: bônus de governos, títulos privados, situação se inverte. Todo o desempenho do notes e commercial papers) o balanço de setor exportador está sendo revertido para pagamentos registra uma saída líquida de remunerar e repatriar o capital financeiro, divisas de US$ 3,7 bilhões, de janeiro a setembro, aproveitando-se da liberdade de movimenta- frente ao ingresso de US$ 3,7 bilhões no mesmo ção. Essa estratégia é favorecida pela atual período do ano anterior. A saída de recursos foi política cambialque mantéma taxade cambio resultado, sobretudo, das amortizações de baix a, pouco c ompe titi va pa ra o s etor compromissos realizadas no ano. As amortiza- exportador, intocada e determinada exclusiva- ções de notes e commercial papers totalizam, mente pelas operações do mercado. em 2004, US$ 7,6 bilhões. As amortizações de O volume de reser vas brasileiras, no bônus do setor público atingiram US$ 4,6 bilhões, conceito de liquidez internacional, totalizou US$ mas foram refinanciadasem US$ 4,2bilhões. 49,2 bilhões até o dia 11 de novembro de 2004. A taxa de rolagem de empréstimos de Ao longo do ano, a posição brasileira se reduziu médio e longo prazo do setor privado em em 7,7%. Essa contração deve-se, principal- setembro foi de 26%. A mesma taxa em mente, à redução dos recursos de empréstimo setembro de 2003 era de 144%. A redução do FMI disponíveis para o país. As reser vas indica maior dificuldade de captação de novos líquidas ajustadas (RLA), queexcluem os recursos recursos frente ao vencimento dos compromis- do Fundo, perfazem, segundo dados de sos. setembro, US$ 22,9 bilhões. Desde o início do Na operação com as contas CC-5, ano o volume de RLA cresceu 32%, apesar de residentes no país remeteram US$ 3,4 bilhões ainda se situar em um patamar baixo quando para o exterior, no terceiro trimestre. Saíram US$ 2 comparados com outros países semelhantes ao bilhões por essa conta, como empréstimos Brasil. Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 20
  • 22. A dív ida ext ern a bra sil eir a con tin ua esse movimento de redução dos compromissos apresentando redução no período analisado. externos brasileiros no período. No último Entre os meses de maio e julho houve uma trimestre deste ano estão previstas amortizações diminuição de US$ 4,2 bilhões, ou 2,1% (vide da dívida externa no valor total de US$ 11,0 tabela 7.3) do estoque da dívida total. Uma bilhões, incluindo os pagamentos ao FMI. Essa redução mais significativa, de 6,5%, pode ser saída de recursos repercute diretamente no verificada quando comparados os meses de resultado da conta financeira do balanço de julho de 2003 (US$ 217,1 bilhões) e julho deste pagamentos. A valorização cambial também ano (US$ 203 bilhões). tem ajudado a reduzir o volume da dívida. Essa tendência de queda é mais acentua- Segundo o BACEN, em julho a variação de da na parcela da dívida de médio e longo prazo paridade ocasionou uma diminuição de cerca do setor privado e público financeiro. Nos últimos de US$ 806 milhões. doze meses, encerrados em julho de 2004, A balança comercial do Espírito Santo houve uma retração de 8,84% neste segmento. apresentou, nos primeiros nove meses do ano, Em relação à dívida de médio e longo prazo do um superávit de US$ 819,6 milhões, equivalente seto r públ ico perc ebe- se tamb ém uma a 3,3% do saldo positivo da balança comercial redução de 5,4%, no mesmo período. No do Brasil (Tabela 7.4). Não obstante, o saldo entanto, a divida do setor público representa comercial capixaba acumulado de janeiro a 56% da dívida total do país, enquanto, a dívida setembro de2004 foimenor doque oregistrado do setor privado e o público financeiro no mesmoperíododo ano anterior em 21%. representam 44%. O elevado volume de As exportações realizadas pelos portos amortizações e a baixa captação de recursos capixabas somaram US$ 2,9 bilhões no ano, um no exterior, sobretudo do setor privado, explicam aumento de 14% em comparação com o Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 21 Tabela 7.3 – Dívida externa (US$ milhões) Discriminação jul/03 dez/03 mai/04 1 jun/04 jul/04 1 Dívida de médio e longo prazos 196.814 194.736 186.427 185.735 183.536 Setor público 2 120.187 119.785 114.671 113.933 113.686 Setor privado 3 76.628 74.950 71.757 71.802 69.850 Dívida de curto prazo 20.297 20.194 20.814 18.935 19.428 Setor público 2 9 11 11 8 8 Setor privado 3 20.288 20.183 20.803 18.927 19.419 Dívida externa total 217.112 214.930 207.241 204.670 202.964 Fonte: BCB – Notas para a imprensa 1. Dados estimados. 2. Não inclui o setor público financeiro 3. Inclui o setor público financeiro Tabela 7.4 - Balança Comercial do Espírito Santo (US$ mil) Discriminação Set/03 Jan-Set/03 Jul/04 Ago/04 Set/04 Jan-Set/04 Balança comercial 144.074 1.035.348 147.379 52.968 135.470 819.640 Exportações 360.916 2.554.843 339.015 315.604 402.157 2.915.938 Básicos 144.274 1.032.589 157.727 146.146 150.693 1.331.112 Semimanufaturados 174.286 1.254.392 119.689 120.548 170.095 1.153.666 Manufaturados 42.356 267.862 61.599 48.910 81.369 431.160 Importações 216.842 1.519.495 191.636 262.636 266.687 2.096.298 Básicos 14.892 185.555 40.493 24.588 15.695 193.779 Semimanufaturados 13.771 121.450 13.429 17.357 17.972 156.120 Manufaturados 188.179 1.212.490 228.453 220.691 233.020 1.746.399 Fonte: Mdic - Indicadores e estatísticas
  • 23. mesmo período do ano anterior. A exportação comparado ao mesmo período de 2003. de produtos básicos, que no período de janeiro O volume decomércio realizado atravésdo a setembro de 2003 havia ficado em segundo estado fornece indicações a respeito do lugar nas exportações (US$ 1 bilhão), apresentou comércio exterior brasileiro. O ES figura como um aumento significativo ocupando o primeiro plataforma avançada de exportações e lugar, em2004. importações para outras regiões do país, devido As importações, neste ultimo trimestre, a sua posição geográfica privilegiada e sua apresentaram um acentuado crescimento infra-estrutura logística. Cerca de 55% das (39,2%), sobretudo no segmento de semimanu- exportações processadas através de portos faturados (33,8%). O total acumulado até capixabas provém de empresas situadas fora setembro foi 38,0% superior a soma do mesmo do estado. O atual desempenho da balança período de 2003. A importação de manufatura- comercial capixaba acompanha a boa fase dos apresentou um acréscimo de 44%, nos dos setores exportadores do país. nove primeiros meses de 2004, quando Vitória/ES - Boletim N.º 33 - 22 Grupo de Estudos e Pesquisas em Conjuntura Departamento de Economia - Graduação em Economia Universidade Federal do Espírito Santo Av. Fernando Ferrari, 514 - Campus Goiabeiras - Vitória - ES CEP 29075-910 - Tel/Fax: 27-3335-2605/2615 Coordenadores: Paulo Nakatani e Fabrício Augusto de Oliveira Professores Pesquisadores: Maurício de Souza Sabadini e Sebastião José Balarini Professores Colaboradores: Angela Maria Morandi e Reinaldo Antonio Carcanholo Participaram neste número: Alexsandro Mairink Hoffman, Alysson Correia Pedra, Álvaro Ferreira Caiado Neto, Ana Paula de Oliveira Moreira, André Cetto Zanon, Camilla dos Santos Nogueira, Celso Bissoli Sessa, Daniel Antonio Sarmento, Daniel do Valle Pretti, Diogo Franco Magalhães, Diogo Franco Magalhães, Dionathan Boiher Gambate, Eduardo Reis, Felipe Cunha Salles, Gabriela Vichi Abel de Almeida, Guilherme Lucas Barcelos, Julia Ribeiro Tobias, Julierme Gomes Tosta, Lorena Zardo Trindade, Luciana Ghidetti de Oliveira, Luis Antônio de Souza F. Lima, Lyncoln Wchoa S. Silva, Mariana S. Borges, Marinilda Knaak Buss, Martinho de Freitas Salomão, Panmella da Silva Manfré, Rodrigo Delpupo Monfardini, Rodrigo Straessli Franklin, Ronaud Souza Gomes, Silvia Buzzone de Souza Varejão, Vinícius Barcelos de Oliveira.