O documento discute os progressos feitos no combate à AIDS nos últimos anos, como a queda de 24% no número de mortes entre 2005-2011 e as metas da ONU de universalizar o tratamento até 2015. Também destaca o papel pioneiro do Brasil na política de distribuição gratuita de remédios anti-retrovirais e na defesa dos direitos de patentes mais acessíveis. Apesar dos avanços, mais de 34 milhões de pessoas ainda vivem com HIV no mundo.
Coluna do Senador Aécio Neves da Folha - Emenda 29
Coluna do Senador Aécio Neves da Folha - Guerra contra a Aids
1. Guerra contra a Aids
Coluna do senador Aécio Neves na Folha de São Paulo, em 23 de julho de 2012
Passadas três décadas da eclosão da Aids, com sua marcha trágica de milhões de vítimas fatais
pelo planeta afora e uma mudança de comportamento sem precedentes, a Organização das
Nações Unidas (ONU) divulgou um balanço que permite enxergar o cenário com mais
otimismo. O lema atual lançado é “Juntos vamos eliminar a Aids”, um apelo impensável nos
anos 80, quando o tempo de vida dos soropositivos era de apenas cinco meses, em média.
De acordo com o relatório do Unaids, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o
HIV/Aids, houve uma queda de 24% no número de mortes causadas pela doença entre 2005 e
2011, quando se registraram, respectivamente, 2,2 milhões e 1,7 milhão de óbitos. No
horizonte até 2015, a meta agora consiste em atingir 15 milhões de pessoas com o tratamento
antirretroviral no mundo, o que representaria a sua universalização em apenas três anos.
Pretende-se também zerar a transmissão do vírus entre mães e bebês.
A história internacional de bons resultados obtidos no combate à Aids deve muito à
experiência brasileira. Não se trata de uma afirmação meramente ufanista. Os fatos estão
reconhecidos internacionalmente na comunidade científica e nos governos.
Nos anos 90, no governo do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, firmou-
se uma política de distribuição gratuita de antirretrovirais pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Registre-se também, nesse período em que José Serra era ministro da Saúde, a atuação firme
do Brasil no confronto com os grandes laboratórios farmacêuticos privados internacionais, no
episódio da ameaça de quebra das patentes e em defesa do direito de obtenção dos remédios
do coquetel anti-Aids a um preço mais barato.
De uma maneira geral, o país soube manter-se no bom caminho, aliando inovação com
determinação na dura batalha contra a doença e o preconceito gerado em torno dela. A saúde
é a área da administração pública que talvez mais se preste à união de esforços acima de
diferenças políticas, ideológicas ou partidárias. O engajamento brasileiro na luta contra a Aids
deveria ser elevado a motivo de orgulho nacional.
Vejam o que disse Michel Sidibé, diretor executivo do Unaids, ao divulgar o relatório do órgão
e abordar os desafios atuais: “Esta é uma era de solidariedade global e responsabilidade
mútua”. Infelizmente, trata-se de uma afirmação aplicável a poucos temas nas sempre
conturbadas relações entre os países.
Entretanto, se há luz no fim do túnel, o tamanho do inimigo continua a assustar. Em 2011,
nada menos que 34,2 milhões de pessoas viviam com Aids no mundo todo, entre elas 4,9
milhões de jovens. O alerta continua bem aceso.