O documento discute a importância da criatividade no ambiente corporativo e como estimular seu desenvolvimento. Ele destaca que 60% dos CEOs consideram a criatividade uma qualidade importante para liderança e que é necessário criar um ambiente que valorize e cultive a geração de ideias, mesmo que arriscadas. Também ressalta que conversas informais e pausas no trabalho podem estimular o pensamento criativo.
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Criatividade priorizada
1. Saindo do lugar comum
para ter ideias geniais
Pesquisa elencou as qualidades de liderança consideradas importantes
para 1,5 mil CEOs, e a criatividade foi priorizada por 60% deles
PATPITCHAYA - FOTOLIA
Celeiro de criação. É num ambiente livre e acolhedor que a habilidade de criar encontra mais espaço para prosperar
C
riatividade. A palavra soa como
um mantra no ambiente de tra-
balho nos dias de hoje e é uma
ferramenta de peso para o desenvolvi-
mento da carreira. Num mercado com-
petitivo (e retraído), ser criativo signifi-
ca acender uma lâmpada para novas
oportunidades de emprego, aumento
de salário, promoções e abertura de no-
vos negócios. Mas criar um estoque de
boas ideias não é fácil: além de suar a
‘cachola’, é preciso contar com o apoio
dos líderes e com uma atmosfera cor-
porativa propícia para a inovação.
Na maioria das empresas, essa carac-
terística tornou-se fundamental para
superar dificuldades e enfrentar a con-
corrência. Uma pesquisa feita pela
IBM, intitulada ‘Qual a importância da
criatividade para a sobrevivência e su-
cesso das organizações?’, elencou as
qualidades de liderança mais impor-
tantes no ambiente corporativo na opi-
nião de 1,5 mil CEOs. O resultado mos-
trou que a criatividade é priorizada por
60% dos chefes, seguida da integridade
(52%), pensamento global (35%) e in-
fluência (30%).
Especialistas dizem que o desafio das
empresas não está em reconhecer a im-
portância dessa competência, mas sim
em criar um ambiente em que a criati-
vidade realmente seja cultivada, valori-
zada e aplicada pelas equipes. Para o
especialista no tema e diretor da Ynner
Treinamentos, Tadeu Brettas, muitas
empresas brasileiras trabalham a ques-
tão da criatividade somente no discur-
so teórico. Mas, na prática, não a esti-
mulam entre os colaboradores.
— A criatividade tem a ver com ris-
co, o que muitas companhias, princi-
palmente as mais conservadoras, não
desejam correr. Não adianta querer
ter pessoas criativas na equipe se a
companhia não tem essa cultura e os
líderes não compram as ideias inova-
doras. Mas em tempos difíceis da
economia não há muita saída, ou vo-
cê se abre para novos pensamentos
ou coloca em xeque o faturamento de
sua empresa.
AMBIENTE LIVRE
Criatividade casa perfeitamente com li-
berdade. É num ambiente livre e aco-
lhedor (leia-se sem censura à geração
de ideias) que a habilidade de criar o
novo encontra mais espaço para pros-
perar. Numa organização que leva isso
a sério, as pessoas discutem aberta-
mente problemas e soluções e, dentro
de suas atribuições e responsabilida-
des, têm autonomia para planejar ativi-
dades e tomar decisões. O clima oposto
gera pessoas passivas, presas a normas
e que se mantêm dentro das regras e li-
mites estabelecidos.
Na avaliação do CEO da Agência
Azul, Tito Santos, a criatividade está
mais relacionada com a dinâmica entre
as pessoas e com a cultura da empresa
do que com o fato de se ter ou não pes-
soas criativas na equipe. Para ele, pro-
fissionais de criatividade mediana, que
encontram um ambiente colaborativo,
horizontal e aberto à inovação, conse-
guem produzir mais ideias inovadoras
e implantar projetos originais do que
pessoas extremamente criativas que es-
tejam trabalhando num ambiente bu-
rocrático, hierárquico e conservador.
— Isso pode parecer óbvio para star-
tups e empresas digitais, mas é uma
grande quebra de paradigma para a
maioria das corporações, que têm es-
truturas verticalizadas, em que o ques-
tionamento de certas premissas pode
ser malvisto pelos superiores.
Para o publicitário Gustavo Bastos,
sócio e diretor da agência 11:21, o mais
importante é escolher as pessoas cer-
tas, de preferência diferentes umas das
outras, mas complementares entre si,
ou seja, profissionais com formação e
referências distintas.
— Coloque essas pessoas num ambi-
ente aberto, estimulante e feliz e está
pronta a receita. Deixe que eles admi-
nistrem seus horários, mostre que você
confia neles, conte piadas no meio do
salão, surpreenda-as e deixe claro que
você quer ser surpreendido com ideias
boas ou ruins. Se as pessoas tiverem
medo de falar sobre ideias ruins, tam-
bém não falarão sobre as boas.
PONTO DE FUGA
A criatividade geralmente precisa de um
‘ponto de fuga’ para acontecer. Conver-
sas no corredor ou em frente à máquina
de café, uma pausa para um bate-papo
no jardim de inverno ou em qualquer
outro espaço aberto são momentos óti-
mos para incentivar o cérebro a ter boas
ideias. Pesquisadores da Universidade
de Stanford, na Califórnia (EUA), suge-
rem que a capacidade de pensar criati-
vamente aumenta em quase 60% quan-
do as pessoas saem do escritório e vão
dar uma volta no quarteirão.
— Estar afastado do ambiente de tra-
balho não significa que o cérebro não
esteja trabalhando alguma ideia, mes-
mo que de forma inconsciente. Por isso
que, em geral, as melhores sacadas
acontecem quando estamos em situa-
ções mais improváveis — ressalta o dire-
tor da Escola de Criatividade, Jean Sigel.
O pensamento criativo depende de
técnicas e atitudes rotineiras do profis-
sional, segundo avalia o diretor da Pe-
restroika, Jean Rosier. Buscar novas re-
ferências, conhecer pessoas novas e vi-
sitar lugares diferentes estimulam a cri-
atividade e ampliam o repertório e as
ferramentas que a pessoa tem para en-
contrar novas soluções. As ideias mais
criativas normalmente nascem quando
há conexão entre dois pontos distantes
do repertório de nosso cérebro. Quanto
mais distante esses pontos, mais criati-
va a ideia será.
— Para muitos profissionais, a saída é
estimular o próprio potencial criativo
independentemente do segmento em
que atuam. Com o desenvolvimento da
tecnologia, muitas tarefas tornaram-se
operacionais. A criatividade é o que vai
nos diferenciar no mercado futuro.
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Aprendendo a abrir a mente e ir além do óbvio
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DOMINGO 4.10.2015
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“Estar afastado do
ambiente de trabalho não
significa que o cérebro
não esteja trabalhando
alguma ideia, mesmo que
de forma inconsciente. As
melhores sacadas
acontecem quando
estamos em situações
mais improváveis”
Jean Sigel
Diretor da Escola de Criatividade
User: aoliveira Time: 10-01-2015 15:51 Product: OGloboBoaChance PubDate: 04-10-2015 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_A Color: CMYK