Este documento discute conceitos básicos de epistemologia e métodos de pesquisa. Apresenta noções sobre a natureza do conhecimento, como a ciência avança segundo diferentes perspectivas como o positivismo lógico, Popper e Kuhn. Também aborda lógica, argumentos válidos e inválidos, e métodos para desenvolver pesquisas.
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Epistemologia, Filosofia da Ciência
Desenvolvimento do conhecimento
Natureza do conhecimento
Métodos de aquisição do conhecimento
Como a ciência avança
Lógica, Filosofia, História, Sociologia
Métodos de Pesquisa
Desenvolvimento da pesquisa
Como elaborar uma pesquisa específica
Delineamentos, técnicas e procedimentos
4. Lógica
Trata das propriedades e das relações
Permite realizar inferências
Ser racional: pensar de acordo com princípios da lógica
Proposições afirmam algo sobre a realidade
Argumento/Silogismo: conjunto de proposições (premissas e
conclusão) que pode ser válido (conclusão decorre das premissas)
ou inválido (conclusão não decorre das premissas)
Há, portanto, possibilidades de argumentos válidos e inválidos
Validade do argumento: depende da forma, não do conteúdo
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Lógica
Argumentos válidos:
Toda cloroquina é remédio
É falso que alguma cloroquina não é remédio
Pedro é pai de José
José é pai Mário
Pedro é avô de Mário
Algumas pesquisadoras são paulistas
Algumas paulistas são pesquisadoras
Este objeto é um cabo de aço
Todo aço conduz eletricidade
Então este objeto conduz eletricidade
Argumentos inválidos (falácias/sofismas):
Algum atleta é técnico
Portanto, todo atleta é técnico
Algum vírus é corona
Nenhum zika é corona
Algum vírus não é zika
Toda campeã é atleta
Laura é atleta
Laura é campeã
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Positivismo Lógico (Círculo de Viena)
Representantes principais: Schlick, Carnap, Neurath, Hempel
Influências: iluminismo, empirismo, utilitarismo, livre comércio
(liberalismo)
Teste de teorias/hipóteses, processo de invenção
Método de análise lógica
Método científico: essência da racionalidade
Não há enigmas insolúveis
Baseado na experiência humana
Só o pensamento não conduz ao conhecimento
Conteúdo da ciência: observações, leis e teorias
8. Positivismo Lógico (Círculo de Viena)
Recusa em aceitar fracasso de uma teoria com base em
evidências empíricas (apelo a falhas metodológicas)
Exemplo de Semmelweis (texto para resenha):
Com um só golpe, lavar mãos com cal clorada, conseguiu
comprovar sua teoria e criou um método preventivo da doença
Não aperfeiçoou nem comprovou teoria com experimentos
(microscópio, p.e.)
Contra a metafísica e teologia
Unidade da ciência
Critério de significado verificacionista
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Popper
Conjeturas e Refutações
Critério de demarcação: ciência x pseudociência (teoria deve ser
testável)
Qualquer conjetura/teoria deve ser testada, deve permitir o teste,
que pode ter refutação ou corroboração
Evidências empíricas são cruciais
Indução (inferência baseada em grande número de observações) é
mito, cuja solução é a probabilidade (acumulação de evidência
empírica)
Ciência emprega conjeturas e gera conclusões genéricas (mesmo
depois de apenas uma observação)
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Popper
Observações e experimentações para testes de
conjeturas/hipóteses são finitas, então uma conclusão
experimental sempre transcende a experiência
Preferimos afirmativas que não foram refutadas a outras que
foram porque estamos sempre à busca da verdade, embora nunca
tenhamos certeza de tê-la encontrado
Apenas a falsidade (não a veracidade) das teorias é conhecida
Boas teorias: resistência à refutação (resolvem problemas)
Teoria refutada pode ser salva por suposições auxiliares
(estratagema convencionalista)
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Kuhn
Thomas Kuhn
Pré-ciência: pseudoteorias rivais
Ciência normal: paradigma 1, apenas conjeturas compatíveis com
o paradigma 1 podem ser testadas, caso contrário sofrerá forte
oposição da comunidade científica
Paradigma 1: regido por valores (não regras) de exatidão,
consistência, alcance, simplicidade e fecundidade
Personalidade e cultura determinam os pesos de cada valor
Quebra-cabeças: se resolvidos aperfeiçoam o paradigma 1;
se não resolvidos geram anomalias que culminam em crise
Crise: convivência com anomalias
Revolução: resolução das anomalias culminam em nova ciência
normal (Paradigma 2, incompatível c/ paradigma 1)
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6
5
4
7
1 2 3
Legenda 1
1/2: tradição positivista-lógica
3/4: fase positivista-popperiana
5/6/7: fase pós-positivista ou kuhniana
Legenda 2
1 – Tradição Positivista (séc. XVIII e XIX): Saint-Simon, Condorcet, Comte
2 – Lógicos Modernos (fim do séc. XIX/início do séc. XX): Frege, Russel, Wittgenstein
3 – Positivistas Lógicos (1920/1930): Círculo de Viena
4 – Popper (1950/1960)
5 – Kuhn (1960/1970)
6 – Relativismo: a) irracionalista/anarquista – Feyerabend – (1970)
b) sociológico/pós-moderno – Escola de Edimburgo – (1980....)
7 – Racionalismo: a) de Lakatos (1970)
b) crítico – Watkins, Andersson – (1980....)
c) engajado – Lacey (1980....)
Diagrama do
Pensamento
Epistemológico
Clássico
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Teses do pensamento epistemológico
Círculo
De
Viena
Popper Kuhn Relativismo Racionalismo
Racionalismo X X X X
Empirismo X X X X
Cientificismo X X X X
Naturalismo X X X X
Tecnicismo X X X
Formalismo X X
Engajamento X X X (Lacey)
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Kuhn
Pré-ciência
(pseudoteorias
rivais)
Ciência normal
(Paradigma 1)
valores 1
generalizações
simbólicas 1
axiomas 1
exemplares 1
Quebra-cabeças
Aperfeiçoamento
do Paradigma 1
Anomalias
significativas 1
Crise
Convivência
Com
Anomalias
Revolução
(resolução das
anomalias 1)
Ciência normal
(Paradigma 2
incompatível com
Paradigma 1)
valores 2
generalizações
simbólicas 2
axiomas 2
exemplares 2
Resolução Não Resolução
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Lakatos
(Racionalismo)
Aperfeiçoamento Novas previsões
Avanço Corroboração de previsões
novas
Núcleo Rígido
(Sofisticado)
Hipóteses auxiliares
Estagnação Não geram novas previsões
Corroboração de
previsões antigas
Núcleo Rígido
(Intacto)
Hipóteses auxiliares
Proteção contra
refutações
Programa de Pesquisa
Progressivo
Programa de Pesquisa
Degenerativo
Poder
de
Predição
Heurística Positiva Heurística Positiva
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Racionalismo Crítico
Teoria 3 e Teoria 4
(Aceitas por Teoria 1 e
Teoria 2)
Teste não
problemático
Teoria 1 Teoria 2
Problema
Hipótese Hipótese
Problema
Aperfeiçoamento
Nova
hipótese
Corroboração da
Teoria 2
E
Refutação da
Teoria 1
Poder
de
Predição
Complementação
Corroboração da
Teoria 1
E
Refutação da
Teoria 2
Refutação
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Racionalismo Engajado (Lacey)
Estratégia 1
Valores Sociais
(Não Universais)
(Subjetividade
Na Escolha)
Estratégia 2
Teorias
Teorias
Valores Cognitivos
(Universais)
(Objetividade
Na Avaliação)
Determinam o que e como estudar
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Valores cognitivos para avaliação de teorias (Adaptado de Lacey, 1998)
VALORES ABRANGENTES VALORES DEDUZIDOS
Adequação Empírica
Ajustamento da teoria aos dados disponíveis, poder preditivo
da teoria, verificabilidade ou refutabilidade da teoria, relação
com outras teorias, riqueza em teor de informação sobre uma
série significativa de fenômenos empíricos, aceitação
intersubjetiva dos dados, primazia dos dados experimentais e
quantitativos, coleta de dados representativa e com os
contornos claramente delimitados, exatidão/precisão
Consistência Interna e externa (consonância com outras teorias e meta-
teorias aceitas)
Simplicidade
Clareza conceitual, capacidade de formalização, inteligibilidade
para o leigo, coerência, ausência de aspectos ad hoc,
harmonia, elegância, parcimônia, economia e eficiência no uso
Fecundidade
Fertilidade, origina novas questões e novos programas de
pesquisa, ocasiona a descoberta de novos fenômenos,
predição, solução de quebra-cabeças
Poder Explicativo
Profundidade, fornece acesso às leis, processos e estruturas
subjacentes aos fenômenos, possibilidade de avaliar o que é
infundado ou não nas teorias predecessoras
Verdade/Certeza (Verdade) acerca dos princípios fundamentais,
indiscutibilidade, verissimilitude
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Feyerabend
Relativismo
Anarquismo epistemológico
Vale tudo!
Ciência: desprovida de racionalidade e realizada mediante
vários métodos.
Violação das regras é necessária para o progresso da ciência,
que é maior quanto mais teorias rivais e incomensuráveis se
proliferarem para explicar os mesmos fenômenos.
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Escola de Edimburgo
Relativismo
Explica o conteúdo das teorias científicas do ponto de vista sociológico, não
importando as evidências empíricas ou argumentos teóricos em favor delas.
Empreendimento científico: determinado por interesses sociais de certos grupos,
geralmente atrelados a interesses profissionais dos pesquisadores, tais como status,
poder, prestígio, fama, reputação e obtenção de verbas de agências de fomento.
Competição entre duas teorias: disputa ou negociação entre (grupos de)
pesquisadores.
Hipóteses: tomadas como fatos com o propósito de preservar o prestígio do
pesquisador ou da editora/periódico que publicou a pesquisa.