O documento discute a origem e desenvolvimento da psicologia como disciplina científica. Começa explicando a etimologia da palavra psicologia e como ao longo dos séculos foi estudada como parte da filosofia. No final do século XIX, a psicologia se emancipou da filosofia e passou a ter o comportamento e processos mentais como objetos de estudo, utilizando métodos experimentais.
2. Psicologia deriva de
psiquê +
logos, significando
etimologicamente o
estudo da alma ou
mente.
3. O método socrático
de investigação dos
conceitos universais
(ironia/
maiêutica), tinha por
base a máxima
“conhece-te a ti
mesmo”, que alguns
consideram a raiz do
método introspectivo.
4. Durante séculos a Psicologia
foi entendida como o estudo
da alma e fazia parte, como
outras disciplinas, do tronco
comum da Filosofia.
A alma foi objecto de estudo
por parte de diversos
investigadores da
Antiguidade, nomeadamente
Platão e Aristóteles. O De
Anima aristotélico ainda hoje
é considerado um autêntico
tratado de psicologia
filosófica.
5. Só nos finais do
século XIX a
psicologia se
emancipa da tutela da
Filosofia, quando
elege outro objecto de
estudo e recorre à
observação e ao
controlo experimental.
6. Atualmente a psicologia define-se como a ciência que
estuda os comportamentos e os processos mentais.
Tudo o que o organismo faz e que é observável.
Comportamento Ex.:
comer, andar, dormir, falar, andar, escrever, rir,
chorar, etc.
As experiências internas, não diretamente
observáveis, que são inferidas a partir do
comportamento.
Processos
Podem ser conscientes ou inconscientes.
mentais
Ocorrem durante toda a vida.
Dependem de factores hereditários e
socioculturais.
8. É através dos cromossomas que a
informação biológica passa dos
progenitores para os filhos. A transmissão
genética dá-se através de uma célula da
mãe -o óvulo -e uma célula do pai -o
espermatozoide -cada uma com 23
cromossomas. Juntas asseguram os 46
cromossomas característicos da espécie
humana.
Os pares de cromossomas com informação
para o mesmo grupo de características são
os cromossomas homólogos.
9. O cariótipo é a carta
cromossómica de uma
célula, considerada como
característica de um
indivíduo ou de uma espécie.
Ela indica o número de
cromossomas, a sua
dimensão, forma e
disposição. O exame do
cariótipo permite descobrir
anomalias cromossómicas
(cariótipo masculino normal:
46, XY; cariótipo feminino
normal: 46, XX).
10. Os cromossomas são
constituídos por genes que
contêm a informação biológica
que vai permitir o
desenvolvimento de
determinadas características
do indivíduo. Os cromossomas
possuem milhares de genes, o
que explica a diversidade
humana. Os genes são
constituídos por moléculas de
ADN (ácido
desoxirribonucleico).
11. Os genes existentes, em cada
cromossoma, que informam para
a mesma característica são
designados por genes alelos.
Estes estão situados no mesmo
local relativo dos cromossomas
homólogos.
Cada gene possui uma
informação específica, que ocupa
um lugar exato e determinará a
expressão do traço que lhe
corresponde. O facto de termos
esta ou outra maneira de ser ou
o cabelo louro ou castanho
depende das ordens precisas de
um determinado gene, pois eles
elaboram as proteínas, que são
os elementos constitutivos dos
seres vivos.
12. A cor dos olhos ou da pele
dependerá da ação de uma ou
várias proteínas. Os
especialistas nesta disciplina
dizem que o gene codifica uma
proteína, daí o termo «código
genético». O código genético é
a sequência de genes existentes
nos cromossomas e que
caracterizam uma determinada
espécie.
13. Os genes não estão codificados da
mesma forma: uns são mais fortes -
chamados dominantes –e outros mais
débeis recessivos. Estes
últimos, segundo os especialistas, são
subjugados pelos dominantes
e, portanto, não conseguem transmitir a
sua essência genética.
14. Alguns caracteres dominantes são as pestanas longas, o
cabelo e os olhos escuros, as orelhas grandes, o nariz largo e
as sardas, entre muitas outras possibilidades. Exemplos de
genes recessivos são os olhos oblíquos, os cabelos louros e a
miopia.
16. O genoma humano constitui o resumo
codificado da informação necessária à
criação de um ser. A sua descodificação tem
vindo a descobrir características
hereditárias, bem como a reconhecer
doenças, de modo a poder--se, no futuro,
preveni-las.
Os genes de desenvolvimento ou genes
arquitetos constroem o indivíduo; são
decisivos na construção do cérebro e
responsáveis pelas mutações evolutivas.
Controlam a divisão e a morte de células e
intervêm na prevenção de certas
doenças, como por exemplo, o cancro.
17. HEREDITARIEDADE
A Hereditariedade é um
processo biológico que se
caracteriza pela transmissão de
informações genéticas de
geração em geração.
18. HEREDITARIEDADE
Informação genética responsável pelas características
comuns a todos os indivíduos da mesma espécie,
Hereditariedade determinando a constituição física e alguns
específica comportamentos.
É a hereditariedade específica que permite que haja
distinção entre as diferentes espécies animais.
Informação genética responsável pelas características
Hereditariedade fisiológicas individuais.
É a hereditariedade individual que distingue o
Individual indivíduo de todos os outros membros da sua espécie
e que o torna único.
19. A influência da hereditariedade
e do meio
O papel da hereditariedade e do meio na determinação de
características físicas e psicológicas é uma das questões
que mais debate e polémica têm suscitado. Efetivamente, o
indivíduo é dotado de um património genético aquando da
sua concepção (genótipo), que vai sofrer a influência do
meio em que vive, desenvolvendo um conjunto de
características físicas e psicológicas observáveis de um
indivíduo que resultam da componente genética e ambiental
(fenótipo).
20. GENÓTIPO E FENÓTIPO
Conjunto de características que uma pessoa recebe
por transmissão genética.
Genótipo
Informação genética de cada indivíduo presente no
ovo.
Conjunto de características físicas e psicológicas que
uma pessoa apresenta.
Fenótipo
Resulta da combinação da herança genética
(genótipo) e da influência do meio (ambiente).
21. Embora sejam estas as leis genéticas
que determinam, categoricamente, os
traços físicos e psicológicos do bebé,
existem outros factores, que intervêm
de forma igualmente decisiva, na
formação da personalidade da criança,
como a influência do meio ambiente.
Embora a ação do meio ambiente seja
muito limitada, é certo que se produz
alguma interação.
22. O facto de o bebé ser mais gordo do
que o normal pode ser uma questão
puramente hereditária. Mas o seu peso
dependerá, também, da sua
alimentação, nos primeiros anos de
vida. Do mesmo modo, estudos
realizados nos Estados Unidos
demonstraram que os descendentes
de japoneses que ali vivem possuem
uma estatura muito superior à dos seus
avós, devido, fundamentalmente, ao
seu novo modo de vida e à
alimentação.
23. É inegável a influência da hereditariedade concretamente
nas características físicas dos indivíduos: a cor dos olhos, do
cabelo, da pele... Até a altura e o peso têm uma importante
componente hereditária. Já não se poderá estabelecer uma
relação tão próxima entre herança genética e competências
de índole cognitiva ou características da personalidade.
Contudo, a hereditariedade tem uma grande influência ao
nível da constituição do sistema nervoso e endócrino, bem
como de outras estruturas orgânicas. Estes sistemas
assumem um papel decisivo no comportamento humano.
Daí podermos afirmar que a hereditariedade é um factor a
ter em conta quando se pretende explicar o modo de atuar
dos seres humanos.
24. PREFORMISMO E EPIGÉNESE
O preformismo (Charles
Bonnet, séc. XVIII) apresenta-se
como uma perspectiva determinista
em que o desenvolvimento do
indivíduo é igual à amplificação de
estruturas preexistentes.
O desenvolvimento indivíduo limita-se
ao aumento do tamanho do ser em
miniatura (homúnculo), á amplificação
das estruturas preexistentes.
25. PREFORMISMO E EPIGÉNESE
No final do séc. XVII chegaram-se a formar 2 grupos de
cientistas que defendiam 2 orientações distintas: uns
consideravam que o futuro ser já se encontrava em miniatura
no espermatozoide; outros, que o novo ser existia
preformado no óvulo.
26. EPIGÉNESE
Em 1759, o preformismo é negado por Caspar Friedrich
Wolff, que apresenta uma nova concepção: o ovo é uma
estrutura desorganizada, e a diferenciação do embrião dá-se
pelo efeito de forças exteriores. Esta concepção – teoria da
epigénese ou epigenetismo – nega a existência de estruturas
preformadas no ovo e que se desenvolvem mais tarde. O
desenvolvimento é o resultado de um processo gradual de
crescimento, diferenciação e modificação.
A epigénese supõe uma visão construtivista em que o
desenvolvimento é igual a um processo de construção do
organismo, a partir da informação genética presente no ovo por
interação com a informação ambiental.
27. VARIAÇÃO GENÉTICA
As pessoas que adquirem surdez por viverem em ambientes
barulhentos não transmitem esta anomalia aos seus
descendentes. Todas as doenças contraídas por contágio ou
todas as malformações provocadas por acidente, e todos os
benefícios que os indivíduos retiram da prática de educação
física, ou de fazerem uma dieta equilibrada, respeitam
apenas aos indivíduos, não sendo transmissíveis à
descendência.
São alterações provocadas pelo meio – modificações
processadas a nível do fenótipo, não afectando o código
genético.
28. MUTAÇÃO GENÉTICA
Os resíduos radioativos são exemplos de factores
mutagenéticos. A sua existência próxima dos seres vivos é
capaz de lhes alterar o código genético, determinando
malformações consideráveis nos descendentes.
São alterações do património hereditário que se transmitem
às gerações futuras – mutações processas a nível do
genótipo.
29. FILOGÉNESE E ONTOGÉNESE
A Filogénese corresponde à origem e evolução das espécies, desde
as formas mais elementares da vida até ao aparecimento dos seres
mais complexos.
Representa o conjunto de transformações biológicas que, ao longo do
tempo, tornam possível que uma espécie surja e se diferencie das
outras
30. FILOGÉNESE E ONTOGÉNESE
A Ontogénese desenvolvimento do indivíduo ao longo da
vida, com início na formação do embrião até à morte.
31. LEI DA RECAPITULAÇÃO
Segundo a lei da recapitulação (Ernst Haeckel – 1866) a
ontogénese é uma espécie de reprodução da filogénese. A
história da evolução dos peixes até ao homem, ocorrida ao
longo de milénios, era recapitulada na ontogénese de cada
ser humano.
32. LEI DA REAPITULAÇÃO
As fases do desenvolvimento do embrião humano
assemelhavam-se às fases percorridas pelos organismos
inferiores na escala filogenética. Considera, entre outros
aspectos, que as guelras existentes nos fetos
humanos, corresponderiam às guelras dos peixes, nossos
antepassados de espécie.
34. LEI DA RECAPITULAÇÃO
Um dos investigadores que mais contribuiu para alterar esta
teoria foi Stephan Jay Gold, que propôs a inversão da lei da
recapitulação: não é a filogénese que que determina a
ontogénese, mas, antes, a ontogénese que determina a
filogénese. Esta é o resultado de diversas adaptações que
cada ser humano tem de fazer para garantir a sobrevivência.
Apesar de ter sido rejeitada, a lei da recapitulação teve o
mérito de ter posto em evidência alguns paralelismos entre
filogénese e desenvolvimento embrionário.
35. PREMATURIDADE E NEOTENIA
Todos os animais nascem quando a sua maturação
morfológica e fisiológica está praticamente concluída. Por
outras palavras, nascem assim que estão suficientemente
desenvolvidos para se adaptarem ao meio com alguma
facilidade e para se tornarem independentes da progenitora.
Os patrimónios genéticos dos animais proporcionam os
elementos necessários para que os comportamentos destes
seres vivos sejam orientados, de forma eficaz, em direção à
sobrevivência e à adaptação ao meio ambiente dos mesmos.
36. PREMATURIDADE E NEOTENIA
Ao contrário dos animais, o ser
humano nasce prematuro,
visto que não apresenta
capacidades desenvolvidas
que permitam assegurar a sua
sobrevivência, necessitando
por isso de proteção por parte
de adultos.
37. PREMATURIDADE E NEOTENIA
O Homem, ao nascer,
apresenta um inacabamento
biológico que se denomina
por neotenia. Esta consiste
num atraso no
desenvolvimento que leva a
que o indivíduo se desenvolva
mais lentamente, ficando deste
modo dependente dos adultos
durante mais tempo.
38. PREMATURIADE E NEOTENIA
O processo de desenvolvimento do cérebro, que se designa
por cerebralização, está relacionado com o retardamento
ontogenético, ou seja, com o prolongamento do período da
infância e da adolescência. Os genes de desenvolvimento
são os responsáveis pelo ser humano constituir um ser
neoténico.
39. PREMATORIDADE E NEOTENIA
O prolongamento da infância e da adolescência, provocado
pelo inacabamento biológico do ser humano e pela sua
prematuridade, constitui a condição necessária para o seu
processo de adaptação ao meio e desenvolvimento.
O inacabamento do ser humano tem que ser encarado de
forma positiva, já que o disponibiliza para múltiplas e
infindáveis aprendizagens que leva a cabo ao longo da vida.
40. PREMATURIDADE E NEOTENIA
O carácter inacabado do homem subtrai-o, assim, à fixidez
instintiva e torna - o capaz de desenvolver uma
multiplicidade e diversidade de comportamentos,
possibilitando-lhe a adaptação a um amplo espectro de
situações.
Foi esta plasticidade comportamental que possibilitou a
sobrevivência da espécie, tendo sabido ultrapassar com
sucesso uma gama de vicissitudes ao longo da filogénese.
O carácter inacabado do homem é a razão da sua força.