O documento discute as emoções humanas e como elas são experienciadas e expressas. Aborda perspectivas evolutivas, fisiológicas e culturais sobre as emoções, e apresenta casos clínicos que ilustram a importância das emoções para o funcionamento cognitivo normal.
2. AS EMOÇÕES
EMOÇÃO: uma reacção
complexa a estímulos
externos (mais
frequentemente) e
também a estímulos
internos, que se traduz
em reacções
fisiológicas, comportam
entais, cognitivas, afecti
vas, sentimentais e em
expressões faciais.
3. AS EMOÇÕES
As emoções são um elemento muito
importante no comportamento humano;
Tente ver quais são as expressões emocionais
em cada uma das imagens que se seguem;
É uma forma de avaliarmos a nossa
capacidade de avaliação das emoções dos
outros.
4. AVALIAR AS EMOÇÕES DOS OUTROS
Que emoção é
exprimida neste
rosto?
ALEGRIA
5. AVALIAR AS EMOÇÕES DOS OUTROS
Que emoção é
exprimida neste
rosto?
SURPRESA
6. AVALIAR AS EMOÇÕES DOS OUTROS
Que emoção é
exprimida neste
rosto?
AVERSÃO
NOJO
7. AVALIAR AS EMOÇÕES DOS OUTROS
Que emoção é
exprimida neste
rosto?
RAIVA
ÓDIO
9. AVALIAR AS EMOÇÕES DOS OUTROS
Que emoção é
exprimida neste
rosto?
TRISTEZA
10. AVALIAR AS EMOÇÕES DOS OUTROS
Que emoção é
exprimida neste
rosto?
DESPREZO
11. PERSPECTIVA EVOLUTIVA
Darwin procurou traços comuns na expressão
de emoções em vários povos, e identificou
seis emoções primárias ou universais: a
alegria, a tristeza, a surpresa, a cólera, o
desgosto e o medo;
12. PERSPECTIVA EVOLUTIVA
Considerou que as
emoções têm um papel
adaptativo fundamental
na história da espécie
humana, sendo
determinantes para a
sua capacidade de
sobrevivência.
13. PERSPECTIVAS SOBRE AS EMOÇÕES
Mais tarde Ekman tentou provar a tese
que defendia que povos diferentes
teriam emoções diferentes;
Confirmou a tese de Darwin: há
emoções que são
universais, independentes do processo
de aprendizagem e da cultura em que se
manifestam.
14. PERSPECTIVA FISIOLÓGICA
Defendida por William James, que
considerava que as emoções
resultariam da consciência das
mudanças orgânicas provocadas por
determinados estímulos;
O estado de consciência de emoções
como a cólera, a alegria, a
raiva, resume-se à consciência de
manifestações fisiológicas.
Exemplo: Posso sentir-me triste se
assumir uma expressão facial de
tristeza. (numa situação que nos
provoca um choro de tristeza, só depois
é que tomamos consciência da
tristeza).
15. PERSPECTIVA COGNITIVISTA
Afirma que os processos
cognitivos, como as
percepções, recordações e
aprendizagens, são
fundamentais para se
perceberem as emoções.
Exemplo: Zango-me com
uma pessoa porque
interpreto o seu
comportamento como
ofensivo.
16. PERSPECTIVA CULTURALISTA
As emoções são processos
aprendidos no processo
de socialização, são uma
construção social.
As diferentes sociedades e
culturas definem o tipo de
emoções que se podem
manifestar e como as
manifestar;
17. PERSPECTIVA CULTURALISTA
Exemplo: Em algumas culturas
não se admite que os homens
chorem, enquanto que noutras
culturas a expressão das
emoções pelo choro é
valorizada.
Um desgosto profundo pode
ser sentido da mesma forma
idêntica por um japonês, um
português, ou um indiano, mas
o modo de o exprimir é
diferente.
18. ANTÓNIO DAMÁSIO
Segundo António Damásio é
absurdo separar cognição e
emoção. O funcionamento
equilibrado da mente só é
possível com o contributo da
emoção.
Damásio ilustra as suas
concepções com os casos de
Phineas Gage e Elliot, pessoas
que, em virtude de lesões no
córtex pré-frontal, perderam a
capacidade de sentir emoções.
19. Phineas Gage sobreviveu a um acidente de trabalho que
sofreu em 1848, em que uma barra de ferro lhe
atravessou a cabeça.
Cento e cinquenta anos depois, Damásio e outros
cientistas analisaram o esqueleto e reconstituíram o
trajecto seguido pela barra no cérebro de Phineas Gage.
Como se pode ver na figura, uma porção do córtex pré-
frontal foi danificado.
De acordo com os relatórios médicos da época, Phineas
Gage perdeu quase tida a capacidade emotiva, bem
como os valores por que se regera até ao acidente.
Tendo sido um trabalhador consciencioso, tornou-se
desleixado relativamente à profissão e aos seus hábitos
pessoais. Com dificuldade de se concentrar em qualquer
actividade, era incapaz de seguir planos a médio e
alongo prazo.
Curioso é constatar que as alterações decorrentes do
acidente não se verificaram a nível fisiológico nem
intelectual.
20. APÓS O ACIDENTE DE PHINEAS GAGE
O QUE PERMANECEU O QUE SE ALTEROU
Estrutura e funcionamento corporal: robustez e Novos traços de personalidade.
capacidades físicas intactas.
Impossibilidade de antecipar o futuro.
Funcionamento da sensibilidade: normalidade das
sensações corporais, excepto a perda de visão do Impossibilidade de elaborar planos.
olho esquerdo.
Incapacidade de fazer escolhas acertadas.
Destreza manual: habilidade no que respeita ao uso
e manuseamento de objectos. Perda do sentido de responsabilidade perante si e
perante os outros.
Domínio da linguagem: conservação das
capacidades de comunicação e expressão. Alteração dos valores éticos (incapacidade de seguir
princípios éticos.
Funcionamento das capacidades intelectuais:
atenção, percepção e memória em situação de
normalidade.
21. O CASO ELLIOT
Submetido a uma cirurgia para remoção de um tumor
cerebral, Elliot tinha sofrido danos no córtex pré-frontal. Daí ter
ficado diminuído na sua capacidade emocional: deixou de reagir à
frustração e de sentir prazer com a música e com a arte em geral;
raramente se mostrava irritado, relatando friamente o que lhe
aconteceu, desde a cirurgia até às mudanças da sua vida. Tal como
Gage, tem problemas em seguir planos previamente delineados. É
capaz de discutir lógica e prever teoricamente as consequências
da adopção de determinadas estratégias, mas dificilmente
delibera acerca da melhor decisão a tomar na prática. Se
eventualmente anuncia uma decisão, rapidamente a abandona.
Não consegue fixar-se num emprego, nem é capaz de saber
aplicar as suas economias. O relacionamento com familiares e
amigos deteriorou-se, atingindo o ponto de ruptura.
22. APÓS A INTERVENÇÃO CIRÚRGICA DE ELLIOT
O QUE PERMANECEU O QUE SE ALTEROU
Capacidades físicas intactas: saúde e Novos traços de personalidade: frieza,
robustez. distanciamento, impassibilidade.
Sentidos e sensações do corpo perfeitos. Incapacidade de agir sem incentivos.
Simpatia e bom humor. Incapacidade de tomar decisões e de fazer
escolhas acertadas.
Capacidade de linguagem.
Perda de vista do objectivo principal,
Eloquência e capacidades argumentativas. valorizando aspectos secundários.
Conhecimento do mundo e da atualidade. Uso do livre-arbítrio comprometido.
Capacidades mentais intactas: atenção, Incapacidade de se comportar como ser social.
perceção, inteligência, memória, coerência
de pensamento. Impossibilidade de elaborar planos a médio e
longo prazo.
23. O ERRO DE DESCARTES
Os casos clínicos (Cage e Elliot) mostraram
que a perda de capacidade de sentir emoções
prejudicou profundamente a vida destas
pessoas.
Damásio mostrou que um reduzido nível de
emoção e de paixão é tão prejudicial como
um excesso de emoção. A emoção é tão
importante como a razão na tomada de
decisões e subjaz a todos os processos
cognitivos.
24. O ERRO DE DESCARTES
Esta nova concepção fez ruir a tese
bissubstancialista de Descartes que separava
a mente do corpo (res cogitans e res extensa)
e que dava total independência à mente.
Damásio, na sua obra O Erro de
Descartes, argumenta que não é possível
separar os processos cognitivos dos
emocionais, o corpo e a mente não são
entidades separadas e independentes.
25. O MARCADOR SOMÁTICO
A hipótese dos marcadores somáticos,
enunciada por António Damásio, deve-se a
casos da natureza dos de Gage e Elliot.
No passado aprendemos a associar a certas
situações sensações agradáveis ou
desagradáveis, ou seja, determinadas
emoções, e essas associações aprendidas
modificam os padrões neuronais ficando,
portanto, marcadas.
Quando, mais tarde, somos confrontados
com situações semelhantes, o marcador-
somático rapidamente avalia as situações a
fim de escolher uma opção.
26. O MARCADOR SOMÁTICO
Se vemos um cão com ar feroz a
aproximar-se, esta imagem vai
activar o sistema nervoso simpático:
O ritmo cardíaco acelera;
A respiração fica mais rápida;
A tensão muscular aumenta.
Estas modificações corporais
correspondem a uma emoção a que
chamamos medo. Quando vimos o
cão, o estado corporal de medo ficou
registado, marcado. A informação
guardada será utilizada numa
situação semelhante.
27. O MARCADOR SOMÁTICO
O marcador somático permite-
nos decidir eficientemente num
curto intervalo de tempo. Actua
como um sinal de alarme
automático que diz: atenção ao
perigo decorrente da escolha de
determinada acção.
De acordo com
Damásio, pessoas com lesões
no lobo frontal têm muita
dificuldade ou são mesmo
incapazes de activar estes
marcadores somáticos.
28. TIPOS DE EMOÇÕES
Emoções primárias ou universais – surgem na
infância com o intuito de reagir rapidamente a
diferentes estímulos –
alegria, tristeza, medo, surpresa,...
Emoções secundárias ou sociais – constituem-se
por cima das primárias, experimentando-se mais
tarde. Implicam uma avaliação cognitiva das
situações e o recurso a aprendizagens feitas (córtex
pré-frontal) - vergonha, ciúme, culpa, orgulho,...
Emoções de fundo – bem ou mal-estar, calma ou
tensão,...
29. COMPONENTE FISIOLÓGICA
A emoção faz-se acompanhar de uma série
de reacções corporais ou fisológicas –
alterações orgânicas.
30. COMPONENTE FISIOLÓGICA
Respiração ofegante (ritmo respiratório intesificado).
Tremuras musculares.
Modificação da cor do rosto (rubor; palidez).
Acelaração do ritmo cardíaco.
Aumento da pressão arterial.
Decréscimo da secreção salivar, provocando secura
na boca e garganta.
Alterações ou mesmo paragem da digestão.
Reações pilomotoras (“pele de galinha”).
Estimulação das glandulas endócrinas, designadamente
das supra-renais, que segregam adrenalina (hormonas
excitantes).
31. COMPONENTE FISIOLÓGICA
Algumas reacções são óbvias e facilmente observáveis;
outras são mais subtis e dificeis e só mediante um polígrafo
conseguem ser detectadas.
O polígrafo é usado para avaliar a excitação nervosa
mediante alterações respiratórias e pressão arterial.
32. COMPONENTE COMPORTAMENTAL
O estado emocional pode desencadear um
conjunto de comportamentos como, por
exemplo, a agressão, a crítica verbal, a elevada
gesticulação, os saltos de alegria, os gritos.
33. COMPONENTE EXPRESSÍVA
Sendo a mais comunicativa das
componentes, refere-se às alterações físicas que
se verificam no indivíduo e que são visíveis aos
outros: aumento do tom de voz, expressão facial
mais aberta ou fechada, sorriso, choro, etc. É a
mais importante a nível social pois demonstra
claramente o estado de espírito.
34. COMPONENTE COGNITIVA
Refere-se ao
conhecimento do
facto que desencadeia
a emoção: se não
houver conhecimento
o facto, não se
experimenta qualquer
emoção.
35. COMPONENTE AVALIATIVA
Fazemos uma
avaliação, agradáve
l ou
desagradável, da
situação;
Refere-se à
influência que os
nossos
interesses, valores,
objectivos e
necessidades têm
na formação da
emoção.
36. COMPONENTE SUBJECTIVA
Relaciona-se com o que o
indivíduo sente a nível
emocional e interior a que
só ele tem acesso, ou
seja, é o estado afectivo
associado à emoção -
refere-se ao estado
afectivo associado à
emoção.
37. AFECTOS, EMOÇÕES E SENTIMENTOS
Os afectos têm a ver com aquilo
que nos afecta, são algo de que
somos dotados. São tendências
para responder positiva ou
negativamente a experiências
emocionais relacionadas com
objectos ou pessoas.
Ter afectos é ser dotado da
capacidade de dar e de
receber, de amar e de ser
amado, de perturbar e de ser
perturbado, por exemplo.
38. AFECTOS, EMOÇÕES E SENTIMENTOS
Os afectos exprimem-se
através das emoções e têm
uma ligação especial com o
passado, com experiências e
vivências (as emoções estão
ligadas sobretudo com
situações presentes).
39. AFECTOS, EMOÇÕES E SENTIMENTOS
Normalmente, emoção e sentimento
surgem como sinónimos, mas segundo
António Damásio, a relação entre
ambos é muito estreita.
A emoção é um conjunto de reacções
corporais, automáticas e inconscientes,
face a determinados estímulos
provenientes do meio onde estamos
inseridos.
“A partir do momento em que sentimos
medo, o ritmo cardíaco acelera-se, a boca
seca, a pele empalidece, os músculos
contraem-se. Tais reacções são
automáticas e inconscientes.” (Damásio)
40. AFECTOS, EMOÇÕES E SENTIMENTOS
O sentimento surge quando
tomamos consciência das
nossas emoções, isto é, o
sentimento dá-se quando as
nossas emoções são
transferidas para
determinadas zonas do nosso
cérebro, onde são codificadas
sob a forma de actividade
neuronal.
41. EMOÇÕES SENTIMENTOS
Tem origem numa causa, num objecto; Não são observáveis, são privados e
relacionam-se com o interior;
São reacções corporais específicas,
observáveis; Prolongam-se no tempo e são de menor
intensidade de expressão que as emoções;
São publicas e voltadas para o exterior;
Não se associam a nenhuma causa
São automáticas e inconscientes; imediata;
Polaridade: podem ser negativas ou Surgem quando tomamos consciência das
positivas; nossas emoções.
São versáteis: variam em intensidade e
são de breve duração;
Relacionam-se com o tempo: as emoções
têm princípio e fim.