QUESTÃO 4 Os estudos das competências pessoais é de extrema importância, pr...
Antero de Quental, sua vida e sua escrita
1. Antero de Quental
Antero de Quental - (1842-1891) foi um poeta e filósofo do Romantismo, considerado um dos
maiores sonetistas (soneto) portugueses.
Biografia de Antero de Quental - Antero Tarquínio de Quental nasceu em Ponta Delgada, na Ilha
de São Miguel, no Arquipélago dos Açores, Portugal, no dia 18 de abril de 1842.
Descendente de família nobre, Antero era filho de
Fernando de Quental e Ana Guilhermina da Maia. Ele passou sua
infância e frequentou os estudos primários e secundários na sua
cidade natal, na capital da ilha de São Miguel.
Com apenas 16 anos, ingressou em Direito e foi estudar para
Coimbra, onde se destacou com o seu brilhantismo.
Interessado pela política, filosofia e literatura, Antero em 1862,
com 20 anos, publicou os seus primeiros sonetos intitulados
“Sonetos de Antero”.
Viajou pela França, Estados Unidos e Canadá, entretanto, foi no
seu país que passou a maior parte de sua vida dedicando-se à
literatura e às questões políticas.
Ilustração de Antero de Quental na nota de 5 mil Escudos, Portugal (1993)
Durante a sua estadia em Coimbra, as suas ideias socialistas começaram a desabrochar, graduando-se em
1864. Passa a viver em Lisboa, a partir de 1866, onde participou da fundação do Partido Socialista
Português.
Na capital do país, trabalhou como operário e editor da revista “O Pensamento Social”. Em 1869, fundou o
jornal "A República".
Influenciado pelas ideias do filósofo francês Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) e do filósofo alemão
Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), Antero de Quental foi um dos introdutores do socialismo em
Portugal.
Em 1869 vai morar no Porto, já acometido pela tuberculose. Por razões médicas, mais tarde passa a viver
em Vila do Conde. Em 1872, fundou a "Associação Fraternidade Operária", representante em Portugal da
1ª Internacional Operária.
Diagnosticado com depressão e transtorno bipolar, suicidou-se na sua cidade natal, no dia 11 de setembro
de 1891.
Disparou sobre si mesmo dois tiros, sentado num banco de jardim. Numa das paredes perto do banco,
estáva inscrito na parede a palavra “Esperança”. Sobre Antero de Quental, o escritor português Eça de
Queirós (1845-1900) acrescenta: “Um génio que era um santo.”
Poetas da "Geração de 70" e a Questão Coimbrã
Os poetas da geração de 1870 formaram o grupo de literários empenhados em renovar o pensamento
português.
Esse poetas estiveram ligados à Questão Coimbrã, uma polémica literária travada em 1865 entre os jovens
da Universidade de Coimbra e os poetas amigos de António Feliciano de Castilho.
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DA LOUSÃ
Escola Secundária da Lousã – Ano letivo 2023/24
2. Assim, Feliciano critica as ideias dos novos poetas, centradas na liberdade de pensamento, sobretudo de
Antero de Quental.
Antero foi o maior agitador da Questão Coimbrã, consagrado pelos poemas "Odes Modernas" e o ensaio
"Bom Senso e Bom Gosto". Esse último, representa a resposta violenta dada a António Feliciano de
Castilho.
A publicação dos Sonetos Completos, em 1866, com prefácio de Oliveira Martins, foi a obra que levou Antero
a participar e a identificar-se, ainda mais, com as ideias e valores propostos pelos poetas da “Geração de
70”.
Esse grupo esteve relacionado com a Questão Coimbrã (também chamada de “Questão do Bom Senso
e Bom Gosto”) que pretendia renovar a mentalidade em Portugal, rompendo com valores do passado e
sobretudo, do Romantismo.
De um lado, estava António Feliciano de Castilho, escritor romântico português. Do outro, o grupo de
estudantes da Universidade de Coimbra: Antero de Quental, Teófilo Braga e Vieira de Castro.
A Questão Coimbrã foi o marco inicial do movimento realista em Portugal. Ela representou uma nova forma
de fazer literatura, trazendo à tona aspetos de renovação literária aliado às ideias que surgiram na época
em torno de questões científicas.
Por isso, afasta-se dos moldes ultrapassados dos ultrarromânticos, atacando assim, as posturas de atraso
cultural da sociedade portuguesa da época.
Principais Obras de Antero de Quental - Dono de uma obra essencialmente filosófica, social, política,
metafísica e lírica, Antero de Quental é considerado um dos maiores escritores de língua portuguesa.
Algumas de suas obras:
Sonetos de Antero (1861)
Beatrice e Fiat Lux (1863)
Odes Modernas (1865)
Bom Senso e Bom Gosto (1865)
A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais (1865)
Defesa da Carta Encíclica de Sua Santidade Pio IX (1865)
Portugal perante a Revolução de Espanha (1868)
Primaveras Românticas (1872)
Considerações sobre a Filosofia da História Literária Portuguesa (1872)
A Poesia na Atualidade (1881)
A Filosofia da Natureza dos Naturalistas (1884)
Sonetos Completos (1886)
A Filosofia da Natureza dos Naturistas (1886)
Tendências Gerais da filosofia na Segunda Metade do Século XIX (1890)
Raios de extinta luz (1892)
Sonetos de Antero de Quental
Para conhecer melhor sua linguagem, eis dois Sonetos do poeta português:
Transcendentalismo
Já sossega, depois de tanta luta,
Já me descansa em paz o coração.
Cai na conta, enfim, de quanto é vão
O bem que ao Mundo e á Sorte se disputa.
Penetrando, com fronte não enxuta,
No sacrário do templo da Ilusão,
Só encontrei, com dor e confusão,
Trevas e pó, uma matéria bruta...
3. Não é no vasto mundo — por imenso
Que ele pareça á nossa mocidade —
Que a alma sacia o seu desejo intenso...
Na esfera do invisível, do intangível,
Sobre desertos, vácuo, soledade,
Voa e paira o espirito impassível!
A um poeta
Tu que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno.
Acorda! É tempo! O sol, já alto e pleno
Afugentou as larvas tumulares...
Para surgir do seio desses mares
Um mundo novo espera só um aceno...
Escuta! É a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! São canções...
Mas de guerra... e são vozes de rebate!
Ergue-te, pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!
Resumo sobre a Questão Coimbrã:
O primeiro grupo envolvido na Questão Coimbrã, liderado por Castilho, era formado por intelectuais que
defendiam sobretudo o status quo literário. Tinham uma visão tradicional, academicista e formal.
O segundo grupo, formados pelos jovens estudantes de Coimbra, propunha denunciar a sociedade e
mostrar a vida do homem de maneira mais realista. Por isso, se posicionaram contra a postura formal,
conservadora e acadêmica da Escola Romântica.
Os estudantes alegavam a falsidade contida na literatura romântica e propunham uma transformação
artística, cultural, política e económica.
A Questão Coimbrã, começa, dessa forma, com uma ácida crítica de Castilho sobre os estudantes de
Coimbra, os novos literatos.
Incumbido de escrever o posfácio para o “Poema da Mocidade” do escritor romântico Pinheiro Chagas,
Castilho defende os ideais românticos.
Além disso, menciona sobre a postura dos escritores que pertenciam à Universidade de Coimbra, inspirados
nos modelos franceses, mais libertários, críticos e vanguardistas.
Na Carta, escrita dia 27 de setembro de 1865, Castilho alegava que esses aspirantes literários destruíam a
beleza da literatura. Segundo ele, possuíam falta de bom senso e de bom gosto.
Ele fez os comentários após ler as obras publicadas naquele ano dos escritores Antero de Quental (Odes
Modernas) e Teófilo Braga (Tempestades Sonoras).
Além disso, após ser atacado por Castilho, Antero de Quental escreve uma das obras mais emblemáticas
do Realismo Português intitulada “Bom Senso e Bom Gosto”.
Por conseguinte, Ramalho Ortigão escreve o texto “Literatura de Hoje”. Esse facto deixou os estudantes
descontentes e levou a luta de espadas travada entre Antero e Ortigão no Jardim da Arca D’Água no Porto.
Por fim, Ramalho Ortigão sai ferido, pondo fim à Questão Coimbrã e dando início ao Realismo em Portugal.
4. Realismo em Portugal
O Realismo em Portugal tem início em meados do século XIX que pôs de dois lados os que defendiam
Romantismo e outros, que defendiam o Realismo e o Naturalismo. Esse confronto ficou conhecido como
“Questão Coimbrã”.
Os principais representantes do Realismo em Portugal foram Eça de Queirós, Antero de Quental e Teófilo
Braga. Eles pertenciam à chamada “Geração de 70” ou “Geração de Coimbra”.
Eles preocupavam-se mais com as questões sociais e propunham novas maneiras de fazer literatura.
Apresentavam novas ideias e modelos que chegavam de diversos países europeus, sobretudo da França e
da Inglaterra.
Assim, a literatura realista portuguesa veio mostrar que Portugal estava alicerçado em ideias retrógradas as
quais atrapalhavam o desenvolvimento cultural do país.
Por esse motivo, essa nova fase literária focou na exposição do realismo, demostrando a vida como ela é,
em detrimento da visão idealista romântica.
As ideias da “Geração de 70” foram essenciais para o avanço da literatura portuguesa. Foram capazes de
modificar as posturas e as atitudes, trazendo à tona temas de caráter social.
Vale lembrar que a Questão Coimbrã durou meses e finalmente terminou com um duelo de espadas entre
Antero de Quental e Ramalho Urtigão.
O Realismo em Portugal
Em Portugal, o realismo começa em 1865, com a Questão Coimbrã, travada entre dois grupos de literatos:
os ultrarromânticos e os defensores do Realismo.
As principais características do realismo literário estão relacionadas com a capacidade de demostrar a
realidade da maneira mais verossímil possível. São elas:
Oposição aos ideais românticos
Retrato fidedigno da realidade
Busca do objetivismo
Cientificismo e materialismo
Veracidade e contemporaneidade
Linguagem descritiva e detalhada
Temas urbanos, sociais e cotidianos
Crítica aos valores burgueses e instituições sociais
Denúncia social
Personagens comuns e não idealizados
Aprofundamento psicológico das personagens
Romances de caráter documental