1. ESCOLA SECUNDÁRIA DE BOCAGE
PSICOLOGIA B
FICHA FORMATIVA: A genética e o cérebro
1. Quais são os agentes responsáveis pela transmissão genética?
Os agentes responsáveis pela transmissão genética são os cromossomas, os genes e o
ADN.
2. Como se caracterizam esses agentes?
Os cromossomas são estruturas constituídas por genes – cada cromossoma tem mais
de 1000 genes – que se encontram no núcleo das células do organismo. Os genes são
as unidades básicas da hereditariedade, compostos por uma substância denominada
ADN que é a abreviatura de Ácido Desoxirribonucleico, uma molécula em forma de
dupla hélice que contém toda a informação necessária ao desenvolvimento e à
existência de um organismo.
3. Que tipo de factores influenciam o comportamento?
O comportamento é influenciado por factores genéticos, sociais e culturais.
4. Como se caracterizam os processos de hereditariedade específica e individual?
A hereditariedade específica é a transmissão dos progenitores à geração seguinte dos
caracteres comuns aos indivíduos de uma espécie e que os distingue dos de espécies
diferentes; a hereditariedade individual é a transmissão de um conjunto único de
características que distingue o que as recebe de todos os outros indivíduos.
5. Como se definem genótipo e fenótipo?
O genótipo designa a constituição genética, ou seja, o conjunto de genes que cada
indivíduo herda dos seus progenitores. O fenótipo denomina as características
“visíveis” que se manifestam no indivíduo, as quais dependem do património genético
e da influência do meio. A cor dos olhos ou da pele são características fenótipicas que
resultam quase exclusivamente do património genético, enquanto o peso e a estatura
são grandemente afectados por factores ambientais.
6. Como se relacionam entre si (genótipo e fenótipo)?
Existe uma interdependência entre genótipo e fenótipo, enquanto o fenótipo de um
indivíduo pode ser observado directamente, mesmo que seja através de instrumentos,
o genótipo tem que ser inferido através da observação do fenótipo, da análise de seus
pais, filhos e de outros parentes ou ainda pela leitura do genoma do indivíduo.
7. Que perspectivas foram abordadas sobre o papel dos factores genéticos no
desenvolvimento humano?
Preformismo e epigénese são teorias relativas ao papel da genética na determinação
dos caracteres fenotípicos. O preformismo pressupõe uma concepção determinista do
desenvolvimento, as características de um ser já estão predefinidas e o meio pouco
participa no cumprimento do programa genético. No momento da concepção, o
organismo adulto já existiria em miniatura e posteriormente processava-se uma
ampliação das estruturas preexistentes.
8. Qual o contributo da selecção natural na evolução dos seres vivos?
A selecção natural é um fenómeno decorrente das alterações no meio e que constitui
o factor da evolução das espécies. A modificação dos ecossistemas conduz à
eliminação dos seres vivos que carecem de qualidades para se adaptar e à
sobrevivência dos mais fortes. Estes reproduzem-se, transmitindo os caracteres
adaptativos à descendência. Os primeiros, os menos aptos, deixam menos
descendência e acabam por desaparecer.
9. O que são processos de desenvolvimento filogenético e ontogenético?
Ontogénese e filogénese são dois conceitos referentes à evolução. A ontogénese
designa o desenvolvimento do ser humano individual desde a fase embrionária até à
2. sua morte. A filogénese refere-se à evolução das espécies, desde o surgimento da vida
na Terra até ao aparecimento do ser humano actual.
10. Como se relacionam entre si esses dois processos?
A história evolutiva da espécie (filogenia) estabelece o universo de possibilidades
biológicas a partir das quais cada um de nós, seres humanos individuais, se desenvolve
(ontogenia). Mas, inversamente, foram as sucessivas acumulações de pequenas
mutações genéticas, fruto do desenvolvimento biológico individual, que transmitidas
de geração em geraão, construíram lentamente a história evolutiva da nossa espécie.
11. Qual a diferença entre um programa genético aberto e um fechado?
O etologista Konrad Lorenz introduziu o termo programa aberto para dar relevo ao
intercâmbio que o homem tem que estabelecer com o meio. De facto, enquanto a
generalidade dos animais se comporta segundo programas fechados, isto é, dispõem
de uma predefinição rígida de condutas, que actualizam de modo inato, a organização
dos comportamentos humanos depende das circunstâncias do meio e das
disponibilidades que as pessoas têm para aprender, factores que à partida
condicionam e dão forma às disposições inscritas nos genes.
12. O que é o processo de neotenia?
A neotenia é a manutenção das características juvenis na idade adulta, um processo
evolutivo do qual resulta, nos seres humanos, uma capacidade de aprendizagem que
se prolonga por toda a vida. Traduz uma falta de acabamento que prolonga o período
de infância e de adolescência e permite o desenvolvimento adequado das estruturas
cerebrais complexas e o desenvolvimento da inteligência. Exprime também uma
enorme plasticidade e flexibilidade do nosso património genético, que o torna aberto
às influências culturais e ambientais.
13. O que significa dizer que o ser humano é inacabado?
O homem é biologicamente inacabado porque carece de respostas instintivas que lhe
permitiriam modos de reagir automáticos e de acordo com um programa determinado
por natureza. Na ausência de instintos, o homem tem que inventar ou aprender com
os outros a melhor forma de actuar. Daí a necessidade que tem do grupo social para,
durante a sua vida, aprender como sobreviver e efectuar a sua realização.
14. Quais são as vantagens da prematuridade biológica do ser humano?
A prematuridade biológica do ser humano retira-o à fixidez instintiva e instiga-o a
desenvolver uma multiplicidade e diversidade de condutas. Por carecer de respostas
definitivas e acabadas como os seres das outras espécies, tem que aprender com os
outros e recorrer à imaginação para desenvolver renovadas formas de actuação. A
plasticidade cerebral que se traduz numa série de condutas diferenciadas tem-lhe
permitido ultrapassar com sucesso os desafios do meio.
15. Quais são as características genéticas diferenciais da espécie humana?
As características genéticas que nos distinguem das outras espécies são: o bipedismo,
que quando aconteceu provocou uma série de mudanças que nos permitem ser
humanos (entre outras alterações na laringe que nos permitiu desenvolver a fala); a
libertação permanente das mãos que se tornaram órgãos de defesa, construção de
diversos objectos; o desenvolvimento cerebral, crescimento e especialização cerebral,
nomeadamente as áreas pré-frontais.
16. Qual a diferença funcional entre o sistema nervoso central e o sistema nervoso
periférico?
O sistema nervoso central é especializado na coordenação das informações. O sistema
nervoso periférico é especialista na condução da informação.
17. Como é constituído o neurónio?
3. O neurónio é constituído por um corpo celular com citoplasma e núcleo. Do corpo
celular partem prolongamentos denominados dendrites e também por um
prolongamento mais longo designado axónio, também ele com ramificações, as
telodendrites. No interior do núcleo situam-se os cromossomas, que são constituídos
por genes.
18. O que é a sinapse?
Sinapse é a ligação funcional que se estabelece entre dois neurónios.
19. Como se processa a comunicação no sistema nervoso?
Na extremidade do neurónio existem pequenas bolsas contendo substâncias químicas
especializadas no transporte da informação nervosa através das fissuras sinápticas. As
bolsas têm o nome de vesículas sinápticas. As substâncias químicas chamam-se
neurotransmissores. Quando o impulso nervoso atinge a extremidade do axónio,
provoca a libertação na fenda sináptica do conteúdo das vesículas. Os
neurotransmissores difundem-se para o próximo neurónio, onde encontram
receptores específicos. Da ligação entre neurotransmissores e receptores resulta uma
alteração no neurónio referido que converte o sinal químico em impulso eléctrico.
Deste modo, assegura-se a continuidade de transmissão nervosa entre os vários
neurónios.
20. Quais as funções da espinal medula e do cérebro?
A espinal-medula é o centro coordenador da actividade reflexa, o que significa que
comanda as respostas directas e mecânicas que damos involuntariamente a estímulos
do meio. Tem ainda a função de condução, tendo que passar por ela grande parte das
impressões que, provenientes dos órgãos sensoriais, são enviadas ao cérebro, bem
como as mensagens que o cérebro envia aos órgãos periféricos. O cérebro é o
coordenador da actividade voluntária, isto é, dos actos conscientes, intencionais e que
exigem planificações e deliberação. É a estrutura nervosa que processa as informações
que lhe chegam dos órgãos internos e organiza as respostas adequadas.
21. O que diferencia o hemisfério esquerdo do direito no que respeita o processamento
da informação?
O hemisfério esquerdo comanda as actividades que exigem lógica e simbolização;
permite o pensamento crítico, linear e verbal. O hemisfério direito organiza a
percepção do espaço e dirige o pensamento sintético, holístico (compreensão global) e
imaginativo. É a parte do cérebro relativa à criatividade.
22. Quais as funções das áreas primárias e secundárias?
As áreas primárias têm por função receber os estímulos e as secundárias permitem
interpretar esses estímulos.
23. Qual a função geral de cada um dos lobos?
O lobo frontal é o que preside aos movimentos, o parietal às sensações do corpo, o
temporal à audição e o occipital à visão.
24. Indique as áreas cuja lesão provoca os seguintes distúrbios: alexia, agnosia visual,
cegueira cortical, surdez cortical, agnosia auditiva, surdez verbal, anestesia cortical,
assomatognosia, paralisia cortical, apraxia, agrafia, afasia.
A alexia e agnosia visual devem-se alesões em áreas visuais secundárias no lobo
occipital; a cegueira cortical deve-se a uma lesão na área visual primária do mesmo
lobo; a surdez cortical surge como uma lesão na área primária do lobo temporal, e a
agnosia auditiva e a surdez verbal (Wernicke) com lesões em áreas secundárias do
mesmo lobo; a anestesia cortical é provocada por uma lesão na área sensorial primária
do lobo parietal, e a assomatognosia por uma lesão na área sensorial secundária do
mesmo lobo; a paralisia cortical é da responsabilidade de uma lesão na área primária
do lobo frontal, a afasia(Broca) e a agrafia em lesões nas áreas secundárias do mesmo
lobo.
4. 25. Em que consiste a função vicariante do cérebro?
A função vicariante ou de suplência é a capacidade de activar zonas cerebrais próximas
de uma área que foi lesionada para que a substituam na função que exercia antes de
ter sofrido danos.
26. Em que consiste a unidade funcional do cérebro?
A unidade funcional é um conceito central da teoria que admite a existência de áreas
cerebrais como suporte fisiológico de determinadas funções orgânicas ou psíquicas.
Contudo, estas áreas funcionam de modo interdependente e não de forma isolada.
27. Em que consiste a especialização e a integração?
Segundo António Damásio o funcionamento do cérebro obedece aos princípios de
especialização e integração. A especialização refere-se à competência que cada área
tem em executar adequadamente a sua função, dando seu contributo específico para
o bom funcionamento cerebral. A integração relaciona-se com a necessidade de várias
áreas concorrerem para desempenhar funções mais complexas. A unidade conjunta do
cérebro resulta das várias tarefas especializadas, mas em íntima relação com as outras.
28. Porque se pode afirmar que o cérebro tem um funcionamento sistémico?
Diz-se que o cérebro tem um funcionamento sistémico porque as diversas áreas
funcionais, independentes e especializadas, colaboram de forma integrada para que
exista uma unidade funcional do sistema.
29. Qual a especificidade das áreas pré-frontais?
As áreas pré-frontais são a base das funções tipicamente humanas, como o
pensamento e a linguagem. Assim, desempenham um papel notável na atenção,
imaginação, reflexão, planificação, deliberação, previsão, decisão e facultam a
vontade, o pensamento abstracto e a integração da personalidade. É a sede dos
processos mentais superiores, facilitam a execução de tarefas que impliquem a
elaboração de projectos, memorização e tomada de decisões.
30. O que se entende por complexidade cerebral?
A expressão complexidade cerebral aplica-se a propósito da estruturação do córtex
cerebral em dois hemisférios, cada um deles dividido em 4 lobos e nestes, ainda, a
existência de áreas primárias e secundárias. A esta complexidade anatómica
corresponde uma complexidade funcional, só possível em virtude de um requintado
sistema de comunicação. Toda esta complexidade anatómica e funcional vai permitir
uma complexa gama de respostas diversificadas que o cérebro humano é capaz de
gerir. Os comportamentos humanos não apresentam a simplicidade das condutas
instintivas, dadas as capacidades de aprendizagem e de inovação que o cérebro
humano possibilita.
31. Qual a relação entre a lentificação e a individuação?
O homem é o ser vivo em que o desenvolvimento e a maturidade se processam de
forma mais demorada. Tal lentidão torna possível o processo de complexificação, sem
a qual a plasticidade nas formas de comportamento seria inexistente. Paralelamente,
as competências para a aprendizagem e inovação pessoal tornam-se mais refinadas.
Da conjugação da plasticidade, possibilidade de aprender e capacidade de inovar
resulta a individuação, ou seja, a singularidade de cada indivíduo, capaz de se
comportar autonomamente, sem ter que obedecer ao instinto.
32. O que se entende por plasticidade cerebral?
A plasticidade é o termo que se aplica para designar duas características do cérebro: o
cérebro é plástico no sentido das aprendizagens efectuadas deixarem marcas físicas
nos neurónios e no sentido em que as áreas especializadas em determinadas tarefas
são capazes de desempenhar tarefas diferentes, em substituição de outras áreas que
deixaram de as desempenhar por terem sido lesionadas.
5. 33. De que modo o estudo das crianças selvagens se enquadra na temática da genética e
do cérebro?
O estudo das crianças selvagens enquadram-se na temática da genética e do cérebro
porque são o exemplo de que o nosso cérebro tem de ser estimulado para que se
desenvolva e que se essa estimulação não for realizada no período adequado pode
prejudicar o seu desenvolvimento.
BOM TRABALHO!
Prof.ª Liliana Ribeiro