Este documento fornece um resumo biográfico de Monteiro Lobato, o famoso escritor brasileiro. Ele descreve os principais acontecimentos de sua vida e carreira, incluindo o lançamento de suas principais obras literárias para adultos e crianças entre 1918-1947. Também aborda sua prisão política em 1941 pelo regime ditatorial de Getúlio Vargas.
1. Monteiro
Lobato
"Tentei arrancar de mim o
carnegão da literatura.
Impossível. Só consegui uma
coisa: adiar para depois dos 30
o meu aparecimento.
Literatura é cachaça. Vicia. A
gente começa com um cálice e
acaba pau d'água na cadeia".
São Paulo, 16/6/1904.
2. Martha, a Edgar
primogênita Guilherme
1910-1942
1909- 1912-1939
Rute
D.Maria da José
Pureza Bento, 1882-
1948
3. Testemunha da história
1882 - Nasce em Taubaté, cidade do Vale do Paraíba, no interior paulista José Renato Marcondes Lobato, que mais tarde mudaria seu
nome para “José Bento” , em homenagem ao pai.
1888- Lei Áurea
1889- Proclamação da República
1897 - Fundação da Academia Brasileira de Letras, presidida por Machado de Assis.
1900 - Sigmund Freud lança A interpretação dos sonhos: nascimento da psicanálise.
1902 – Euclides da Cunha publica Os sertões.
1904 – A população carioca revolta-se contra a obrigatoriedade da vacinação contra varíola, determinada por Osvaldo Cruz, diretor-
geral da Saúde Pública.
1905 – Einstein enuncia a Teoria da Relatividade.
1906 – Santos Dumont voa com o avião 14-Bis no campo de Bagatelle, em Paris.
1907 – Picasso e Braque exibem pinturas cubistas em Paris.
1914 – Começa a Primeira Guerra Mundial.
1917 - Revolução Russa : criação do primeiro estado socialista.
1922 – Mussolini chega ao poder na Itália. É fundado o Partido Comunista do Brasil. (semana de Arte Moderna)
1928 – Exibição do primeiro filme inteiramente falado: Luzes de Nova Iorque, de Brian Foy.
1928 – É publicado Macunaíma, de Mario de Andrade, com tiragem de 800 exemplares.
1930 – O dirigível alemão Graf Zeppelin desce no Rio de Janeiro, perante 15 mil pessoas.
1931 – Inaugurado o Cristo Redentor, no morro do Corcovado, Rio de Janeiro.
1932 – Explode a Revolução Constitucionalista em São Paulo.
1934 – Getúlio Vargas é eleito presidente da República pela Assembléia Constituinte.
1936 - Por unanimidade de votos, Lobato é eleito para a cadeira 39 da Academia Paulista de Letras.
1937 – Getúlio Vargas anuncia o Estado Novo e entra em vigor a Constituição da ditadura.
1939 – Adolf Hitler inicia suas invasões;Tem início a Segunda Guerra Mundial.
1944 – Peron chega ao poder na Argentina.
1945 – Churchill, Roosevelt e Stalin realizam a Conferência de Ialta: começa a Guerra Fria.
1945 – Norte-americanos lançam duas bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.
1946 – Eleito em 2/12/1945, o general Dutra toma posse na presidência da República.
1948- Morre Monteiro Lobato, em São Paulo
4. "Lobato nunca fez literatura
por literatura. Poucos
escritores botaram tanta
intenção, tanto
sofrimento, tanta
preocupação, tão sério
amor, nos seus livros e
nos seus artigos, como o
fez ele, em sua literatura
combativa e tantas vezes
combatida"
Orígenes Lessa
5. Urupês (1918)
1918 – Lançamento de
Urupês, livro de contos
considerado a obra-
prima do escritor e um
clássico da literatura
brasileira.
“Recordação da infância. Quando em menino
minha mãe me mandava fazer qualquer coisa eu
mostrava corpo mole, ela: "Anda, menino! Parece
urupê de pau podre!" Esse nome “urupê" ficou-me
na cabeça. Afinal, um dia, quando precisei
classificar a classe do Jeca, ou do homem da
roça, o nome que me acudiu foi esse - e acabou
denominando-me também o livro.”
1ª aparição da personagem Jeca Tatu
6. Contos:
1. Os faroleiros
2. O engraçado arrependido
3. A colcha de retalhos
4. A vingança da peroba
5. Um suplício moderno
6. Meu conto de Maupassant
7. Pollice verso
8. Bucólica
9. O mata-pau
10. Boca torta
11. O comprador de fazendas
12. O estigma
13. Velha Praga
14. Urupês
7. Cidades Mortas (1919)
Nesta obra Lobato reuniu escritos do tempo de
estudante a textos que retratam a decadência das
outrora ricas regiões cafeeiras. Mostra o Brasil
onde os políticos não têm a menor preocupação
social. Nos contos transparece a transição na
agricultura brasileira provocada pela grande
crise do café ocorrida em 1929. É um retrato
bem nítido do que era São Paulo nos anos 20.
30 Contos: Cidades mortas - A vida em Oblivion - Os perturbadores do silêncio - Vidinha
ociosa - Cavalinhos - Noite de São João - O pito do reverendo - Pedro Pichorra - Cabelos
compridos - O resto de onça - Porque Lopes se casou - Júri na roça - Gens ennuyeux - O fígado
indiscreto - O plágio - O romance do chopin - O luzeiro agrícola - A cruz de ouro - De como
quebrei a cabeça à mulher do Melo - O espião alemão - Café! Café! - Toque outra - Um homem
de consciência - Anta que berra - O avô do Crispim - Era no Paraíso - Um homem honesto - O
rapto - A nuvem de gafanhotos - Tragédia dum capão de pintos.
8. Idéias de Jeca Tatu (1919)
Em Idéias de Jeca
Tatu, “Monteiro Lobato
aparece em mangas de As Idéias de
camisa, integralmente ele Jeca Tatu estão
próprio no pensamento e no apoiadas numa
modo de expressá-lo - narrativa
oral, numa
vivo, alegre, brincalhão e com técnica de
a ironia às vezes levada até à contador-de-
crueldade". casos .
36 Escritos: A caricatura no Brasil - A criação do estilo - A questão do estilo - Ainda o estilo - Estética oficial
- A paisagem brasileira - Paranóia ou mistificação? - Pedro Américo - Almeida Júnior - A poesia de Ricardo
Gonçalves - A hosteofagia - Como se formam as lendas - A estátua do Patriarca - Sara, a eterna - Curioso caso
de materialização - Rondônia - Amor Imortal - O saci - Arte francesa de exportação - A mata virgem, Mr.
Deibler e Zago - Em nome do silêncio - Royal-street-flush arquitetônico - As quatro asneiras de Brecheret -
Arte brasileira - Antonio Parreiras - Um romancista argentino - Um grande artista - Os sertões de Mato Grosso
- O Vale do Paraíba - diamante a lapidar - O rei do Congo - O rádio-motor - Hermismo - Um novo 'frisson" -
Cartas de Paris - A conquista do azoto.
9. Jeca Tatu
Monteiro Lobato criou a personagem Jeca Tatu para
denunciar, em tom irreverente e caricaturial, a
situação crítica em que vivia o nosso homem do
interior. Em 1918, a figura do Jeca foi utilizada nos
folhetos de propaganda do laboratório
Fontoura, atingido imensa popularidade e
contribuindo para criar uma imagem deformada do
nosso sertanejo.
Em 1947, Lobato retomou essa
personagem, encarando o problema, porém, de
outro ângulo.
Jeca Tatu em charge feita
por Belmonte
10. No cinema
Jeca Tatu é um personagem criado por
Monteiro Lobato em seu livro Urupês.
Simboliza a situação do caboclo
brasileiro, abandonado pelos poderes
públicos às doenças, principalmente a
Ancilostomose (ou Amarelão), seu atraso e à
indigência. Jeca Tatu era um pobre caboclo
Amâncio Mazzaropi que morava no mato, numa casinha de sapé.
Vivia na maior pobreza, em companhia da
mulher, muito magra e feia e de vários filhos
pálidos e tristes. Passava os dias de
cócoras, pitando enormes cigarrões de
palha, sem ânimo de fazer coisa nenhuma.
11. Negrinha (1920)
Muitos consideram que neste livro estão os melhores
contos escritos por Lobato. Sem dúvida são os mais
emotivos e que mais agradaram ao público.
O livro contém verdadeiras preciosidades no
tratamento do idioma e os personagens são mais
urbanos e mais mundanos que os dos livros anteriores.
Contos: A primeira edição de Negrinha continha 6 contos: Negrinha - Fitas da vida - O drama da
geada - O bugio moqueado - O jardineiro Timóteo - O colocador de pronomes. Edições posteriores
trazem 22: O fisco - Os negros - Barba Azul - Uma história de mil anos - Os pequeninos - A facada
imortal - A policitemia de Dona Lindoca - Duas cavalgaduras - O bom marido - Marabá - Fatia de
vida - A morte do Camicego - Quero ajudar o Brasil - Sete grande - Dona Expedita - Herdeiro de si
mesmo.
12. Lobato, sobre o lançamento
de Negrinha:
"filhote de livro (...) para fazer
uma experiência: verificar
se vale mais a pena lançar
„livros inteiros‟ a 4 mil réis
ou „meios livros‟ a 2$500".
"Um país se faz com homens e livros"
“Livro é sobremesa: tem que ser posto debaixo do nariz do freguês".
Com isso em mente, passou a tratar os livros como produtos de consumo, com capas
coloridas e atraentes, e uma produção gráfica impecável. Criou também uma política de
distribuição, novidade na época: vendedores autônomos e distribuidores espalhados por
todo o país.
13. A menina do narizinho arrebitado(1920)
Dezembro de
1920
Primeira obra de
Monteiro
Lobato para as
crianças: nela
surge a boneca
Emília.
Em janeiro de 1921, os
anúncios na imprensa
noticiaram a distribuição de
exemplares gratuitos de A
Menina do Narizinho
Arrebitado nas escolas, num
total de 500
doações, tornando-se um
fato inédito na indústria
editorial.
14. Paradidáticos
•História do Mundo para Crianças
A obra infantil •Emília no País da Gramática
•Aritmética da Emília
•Geografia de Dona Benta
Ficção •Serões de Dona Benta
•História das Invenções
•Reinações de Narizinho
•Viagem ao Céu
•O Saci Adaptações
•As Caçadas de Pedrinho •Hans Staden
•Memórias de Emília •Peter Pan
•Don Quixote das Crianças
•O Poço do Visconde
•Histórias de Tia Nastácia
•O Picapau Amarelo •Fábulas
•A Reforma da Natureza
•O Minotauro
•A Chave do Tamanho
•Os 12 Trabalhos de Hércules
De 1920 a 1947 lançou 22 títulos infantis que até hoje continuam a ser editados
15. 1921
Lobato recusa-se a editar Paulicéia
Desvairada, livro em que Mario de
Andrade lança as diretrizes estéticas do
modernismo.
“uma obra mítica e irregular do
Modernismo brasileiro, muito citada
e pouco lida: Paulicéia desvairada, de
Mário de Andrade.”
16. 1926
O presidente negro
Único romance.
Com a incrível capacidade de desvendar o
futuro, e com a ajuda do “porviroscópio” – um
aparelho desenvolvido pelo cientista da
narrativa, Benson, que nos permite viajar pelo
tempo – Lobato mostra o choque provocado pela
vitória de um candidato negro que apenas metade
da população estadunidense irá absorver. Além
disso, ele aborda temas polêmicos como racismo e
segregação.
Lançado pela primeira vez no jornal carioca A
Manhã e, posteriormente, em forma de livro pela
Companhia Editora Nacional.
Brasil já teve presidente negro Nilo Peçanha
governou o país por um ano e meio – de 14 de
junho de 1909 até 15 de novembro de 1910.
Assumiu a presidência da República após o
falecimento de Afonso Pena. Durante seu
mandato, seus retratos eram retocados para que
não transparecessem suas feições marcadamente
negras. Faleceu em 1924 no Rio de Janeiro.
18. 1941
Na mira da
ditadura
artigo 3o, inciso 25 do
Decreto-lei 431/1938 –
conhecido como Lei de
Segurança Nacional –
punia com penas de 6
meses a 2 anos de prisão
quem injuriasse "os Sua prisão foi decretada em março de 1941, pelo
poderes públicos, ou os Tribunal de Segurança Nacional (TSN). Mas nem
agentes que o assim Lobato se emendou. Prosseguiu a cruzada
exercem, por meio de
pelo petróleo e ainda denunciou as torturas e maus-
tratos praticados pela polícia do Estado Novo. Do
palavras (...)". lado de fora, uma campanha de intelectuais e
amigos conseguiu que Getúlio Vargas o
libertasse, por indulto, após três meses em cárcere.
19. A perseguição no entanto
continuou. Se não podiam
deixá-lo na cadeia, cerceariam
suas idéias. Em junho de
1941, um ofício do TSN pediu
ao chefe de polícia de São
Paulo a imediata apreensão e
destruição de todos os
exemplares de Peter
Pan, adaptado por Lobato, à
venda no Estado. Centenas de
volumes foram recolhidos em
diversas livrarias, e muitos
deles chegaram a ser
queimados.
20. Lobato pôde rever seus conceitos para
ingressar posteriormente para o quadro
de autores modernistas.
Hoje, após tantos anos, percebe-se que Lobato criticava, na verdade, os
"ismos" que vinham da Europa: futurismo, cubismo, dadaísmo, surrealismo, que ele
achava que eram "colonialismos", "europeizações", assim como ocorrera com os
acadêmicos das gerações anteriores.
Lobato era a favor de uma arte devidamente brasileira, autóctone, criada aqui.
Por isso criticou Malfatti, embora admitisse que ela fosse talentosa. Isso tudo gerou o
estranhamento entre ele e os modernistas mas, no fundo, todos eles tinham razão, apenas
viam as coisas de ângulos diferentes
21. A voz de Lobato
Entrevista dois dias
antes de morrer.
2/7/1948 –
Lobato concede a
Murilo Antunes
Alves, da Rádio
Record, sua última
entrevista.
http://www.youtube.com/watch?v=KD9LdEbvp1I
22. 1948, o adeus
Monteiro Lobato sofreu dois
espasmos cerebrais e, no dia
4 de julho de 1948, virou
“gás inteligente” - o modo
como costumava definir a
morte. Foi-se aos 66 anos de
idade, deixando imensa obra
para crianças, jovens e
adultos, e o exemplo de quem
passou a existência sob a
marca do inconformismo.
23. 2018
ano em que o legado do autor deverá
entrar em domínio público, pois se
passarão 70 anos de sua morte.
São várias as ações movidas pelos herdeiros
contra a Brasiliense, como contrato de
cessão a terceiros (no caso à Editora
Saraiva) e a publicação de um livro
falsamente atribuído a Monteiro
Lobato, que a editora intitulou Contos
Escolhidos, sem autorização da família. Por
outro lado, a Brasiliense alega ter um
contrato ad infinitum assinado por Monteiro
Lobato quando vivo.
Em setembro de 2007, por meio de acordo
com os herdeiros, o STJ estabeleceu a
rescisão contratual definitiva e concedeu à
Editora Globo os direitos exclusivos sobre a
obra de Monteiro Lobato.