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M´aximos e m´ınimos (2a
parte) – Multiplicadores de Lagrange
M ´ODULO 1 – AULA 17
Aula 17 – M´aximos e m´ınimos (2a
parte) –
Multiplicadores de Lagrange
Ao pedir um conselho, estamos, na maioria das vezes,
buscando um c´umplice.
Lagrange
Objetivo
• Usar os multiplicadores de Lagrange para calcular m´aximos e m´ınimos.
Introdu¸c˜ao
Na aula anterior, vocˆe aprendeu a localizar os pontos cr´ıticos de uma
fun¸c˜ao f(x, y), al´em de uma maneira de caracteriz´a-los como m´aximos ou
m´ınimos locais, ou eventuais pontos de sela de f.
Portanto, est´avamos interessados em fazer uma an´alise local dos pontos
cr´ıticos. Nesta aula, nosso objetivo ´e encontrar os pontos de m´aximo e de
m´ınimo (absolutos) de uma fun¸c˜ao f num dado conjunto A ⊂ Dom(f). Ou
seja, estaremos considerando um problema de car´ater global.
Por exemplo, suponha que T(x, y) descreve a temperatura de uma
chapa de metal, localizada em A = {(x, y) ∈ lR 2
; 0 ≤ x ≤ a, 0 ≤ y ≤ b}.
Para determinar os pontos da chapa onde ocorrem as temperaturas
extremas, temos de fazer uma an´alise global do comportamento de T em A.
Quando consideramos um problema dessa natureza, a primeira preo-
cupa¸c˜ao ´e saber se o problema tem solu¸c˜ao.
Veja, antes de lan¸carmo-nos na busca de alguma coisa, seria interessante
saber se tal coisa existe. A falta dessa informa¸c˜ao n˜ao impede a busca (como
diria Crist´ov˜ao Colombo) mas, se sabemos que o objeto da busca existe,
poder´ıamos tra¸car estrat´egias de encontr´a-lo, levando isso em conta.
O resultado matem´atico que nos auxilia com essa quest˜ao ´e um
teorema da mais alta estirpe, que vocˆe j´a conhece do C´alculo I, o Teorema
de Weierstrass.
197 CEDERJ
M´aximos e m´ınimos (2a
parte) – Multiplicadores de Lagrange
Teorema de Weierstrass
Seja f : D ⊂ lR n
−→ lR uma fun¸c˜ao cont´ınua, definida no aberto D de
lR n
. Seja A ⊂ D um conjunto compacto. Ent˜ao, f admite ponto de m´aximo
e ponto de m´ınimo em A.
Lembre-se, um conjunto compacto ´e um conjunto fechado e limitado.
Em particular, cont´em todos os pontos de seu bordo.
Nem todos os problemas que consideraremos recaem nas hip´oteses do
Teorema de Weierstrass, pois h´a circunstˆancias nas quais o conjunto em
quest˜ao n˜ao ´e limitado, por exemplo. No entanto, esse resultado ´e t´ıpico da
Teoria das Fun¸c˜oes Cont´ınuas, e sua demonstra¸c˜ao ´e, geralmente, apresen-
tada nos cursos de An´alise Matem´atica.
O Teorema de Weierstrass afirma, por exemplo, que se considerarmos a
fun¸c˜ao que associa, em um determinado instante, a cada ponto da superf´ıcie
terrestre, a sua temperatura, essa fun¸c˜ao admite um m´aximo e um m´ınimo.
Em outras palavras, se admitirmos que a temperatura varia continua-
mente de um ponto para outro, como a superf´ıcie da terra, apesar de extensa,
´e um conjunto compacto, h´a um ponto no globo terrestre no qual, naquele
instante, a temperatura ´e m´axima, e um ponto onde a temperatura ´e m´ınima.
Ap´os essas considera¸c˜oes sobre a quest˜ao da existˆencia de pontos ex-
tremos, vamos considerar a quest˜ao da localiza¸c˜ao de tais pontos. Lembra-se
do detetive da aula anterior? Ele precisa encontrar suspeitos.
Muito bem! H´a dois tipos de suspeitos: os que residem no interior
do conjunto A e os que vivem no bordo de A. Para encontrar os suspeitos
interioranos, usamos a t´ecnica que vocˆe aprendeu na aula anterior: pontos
cr´ıticos e an´alise local. Veja, se um ponto interior n˜ao ´e extremo local, n˜ao
pode ser extremo global.
A busca por suspeitos que se localizam no bordo do conjunto A (pontos
cr´ıticos no bordo) ser´a feita com o aux´ılio de uma t´ecnica chamada Multipli-
cadores de Lagrange.
CEDERJ 198
M´aximos e m´ınimos (2a
parte) – Multiplicadores de Lagrange
M ´ODULO 1 – AULA 17
Multiplicadores de Lagrange
Motiva¸c˜ao
Vamos considerar a seguinte situa¸c˜ao: um lenhador montou seu acam-
pamento nas proximidades de uma lagoa e deparou-se com o problema de
descobrir onde iria buscar ´agua.
Admitindo que o terreno seja plano e que n˜ao haja maiores obst´aculos,
como poder´ıamos ajud´a-lo nessa tarefa?
Figura 17.1: O triˆangulo indica a posi¸c˜ao do acampamento e a
curva fechada ´e a margem da lagoa.
Por sugest˜ao de um aluno do p´olo de P., o lenhador muniu-se de uma
longa corda, fixou uma de suas extremidades no acampamento e dirigiu-se
para o ponto da margem que ele julgava ser o mais pr´oximo.
Usando a corda esticada, e ap´os algumas compara¸c˜oes, ele teve a certeza
de ter encontrado o lugar perfeito.
199 CEDERJ
M´aximos e m´ınimos (2a
parte) – Multiplicadores de Lagrange
Figura 17.2: Os setores de c´ırculos s˜ao as curvas de n´ıvel da fun¸c˜ao
distˆancia at´e o acampamento. No ponto da margem mais pr´oximo do
acampamento, o setor de c´ırculo tangencia a margem.
A sugest˜ao do aluno foi que o lenhador usasse a id´eia b´asica do m´etodo
matem´atico conhecido como Multiplicadores de Lagrange, assunto que vocˆe
estudar´a nesta aula.
Atividade 17.1
Resolva a seguinte variante do problema: o lenhador precisa sair do
acampamento, pegar ´agua na lagoa e lev´a-la at´e o ponto B, onde ele mant´em
um lindo canteiro de hortali¸cas.
Figura 17.3:
B
O ponto B indica o canteiro onde o
lenhador cultiva as hortali¸cas.
CEDERJ 200
M´aximos e m´ınimos (2a
parte) – Multiplicadores de Lagrange
M ´ODULO 1 – AULA 17
Multiplicadores de Lagrange
Nesta se¸c˜ao estaremos considerando o problema de localizar os pontos
extremos de uma fun¸c˜ao f sobre um espec´ıfico conjunto de n´ıvel de alguma
outra fun¸c˜ao g.
O problema que consideramos na motiva¸c˜ao se encaixa neste contexto.
Basta que tomemos um sistema de coordenadas com origem no acampa-
mento, por exemplo. A fun¸c˜ao f que queremos minimizar ´e a distˆancia at´e
a origem. Para completar a modelagem precisar´ıamos encontrar uma fun¸c˜ao
g que tivesse a margem da lagoa como uma de suas curvas de n´ıvel.
Nessas circunstˆancias, os pontos cr´ıticos ser˜ao os pontos onde os con-
juntos de n´ıvel de f e o conjunto de n´ıvel espec´ıfico de g s˜ao tangentes um
ao outro.
O resultado que enunciaremos a seguir nos d´a um crit´erio anal´ıtico que
identifica tais pontos, no caso de f e g serem fun¸c˜oes de duas vari´aveis.
Teorema (Multiplicadores de Lagrange)
Sejam f e g fun¸c˜oes de classe C1
, definidas num dom´ınio aberto comum
D de lR 2
. Seja
C = {(x, y) ∈ D ; g(x, y) = c},
um conjunto n˜ao vazio. Se (a, b) ∈ D ´e um ponto extremo de f em C e
∇g(a, b) = 0, ent˜ao existe um n´umero λ, tal que
∇f(a, b) = λ ∇g(a, b).
Esse teorema nos d´a uma condi¸c˜ao necess´aria (mas n˜ao suficiente) para
que um ponto (a, b) ∈ C seja um ponto extremo de f. Essa condi¸c˜ao ´e fazer
com que os vetores gradientes de f e de g sejam m´ultiplos um do outro.
Nesse caso, o escalar λ ´e o multiplicador de Lagrange.
Intuitivamente, em torno de um ponto (x0, y0) da curva C em que os
vetores gradientes de f e de g n˜ao est˜ao alinhados, as curvas de n´ıvel de f
e a curva C encontram-se transversalmente. Portanto, neste trecho da curva
C, a fun¸c˜ao f ´e estritamente crescente (ou decrescente). Logo, o ponto n˜ao
pode ser nem de m´aximo nem de m´ınimo local em C.
201 CEDERJ
M´aximos e m´ınimos (2a
parte) – Multiplicadores de Lagrange
C
x0
y0
Figura 17.4:
∇g(x0, y0)
∇f(x0, y0)
Comportamento de f em torno de um ponto (x0, y0)
onde os gradientes de f e de g s˜ao linearmente independentes.
Mas, antes de vocˆe conhecer a demonstra¸c˜ao do teorema, veja como o
m´etodo funciona num exemplo.
Exemplo 17.1
Vamos determinar o ponto (x, y) pertencente `a reta definida por 3x +
2y = 12, tal que o produto xy de suas coordenadas seja o maior poss´ıvel.
Muito bem! Colocando o problema em termos do m´etodo dos Mul-
tiplicadores de Lagrange, queremos encontrar o ponto m´aximo da fun¸c˜ao
f(x, y) = xy no conjunto
C = {(x, y) ∈ lR 2
; g(x, y) = 12},
onde g(x, y) = 3x + 2y.
O candidato a m´aximo deve satisfazer o sistema de equa¸c˜oes a seguir.



∇f(x, y) = λ ∇g(x, y)
g(x, y) = 12,
para algum λ ∈ lR .
Vejamos, como ∇f(x, y) = (y, x) e ∇g(x, y) = (3, 2), temos



y = 3 λ
x = 2 λ
3x + 2y = 12.
CEDERJ 202
M´aximos e m´ınimos (2a
parte) – Multiplicadores de Lagrange
M ´ODULO 1 – AULA 17
Calculando λ na primeira equa¸c˜ao e substituindo na segunda, obtemos
x =
2
3
y.
Substituindo na terceira equa¸c˜ao, obtemos
2y + 2y = 12 ⇐⇒ y = 3.
Logo, o ponto (2, 3) ´e o ´unico candidato a ponto extremo da fun¸c˜ao
f(x, y) = xy sobre a reta C, definida por 3x + 2y = 12.
Para terminarmos o exerc´ıcio devemos fazer uma an´alise global da si-
tua¸c˜ao. Como as extremidades da reta C pertencem ao segundo e ao quarto
quadrantes, nos quais o produto xy ´e negativo, podemos concluir que o ponto
(2, 3) ´e o ponto de m´aximo procurado.
Note que o Teorema de Weierstrass n˜ao se aplica nessa situa¸c˜ao, uma
vez que o conjunto C n˜ao ´e compacto, pois n˜ao ´e limitado.
Veja um esbo¸co das curvas de n´ıvel de f com o conjunto C, assim como
o gr´afico da fun¸c˜ao f restrita ao conjunto C.
2
3
∇f(2, 3)
∇g(2, 3)
Figura 17.5
C
(2, 3)
z = 6
Figura 17.6
Note que a equa¸c˜ao 3x = 2y determina o lugar geom´etrico dos pontos
onde as curvas de n´ıvel de f e as curvas de n´ıvel de g s˜ao tangentes umas `as
outras. Veja a figura.
203 CEDERJ
M´aximos e m´ınimos (2a
parte) – Multiplicadores de Lagrange
C
Figura 17.7: As hip´erboles s˜ao as curvas de n´ıvel de f.
As retas s˜ao as curvas de n´ıvel de g.
Ao resolver o sistema



3x = 2y
3x + 2y = 12,
estamos calculando a intersec¸c˜ao deste tal conjunto com a curva de n´ıvel
especial de g, o conjunto C, apresentado em destaque na figura anterior,
relativo ao qual queremos maximizar a fun¸c˜ao f.
Sum´ario do m´etodo
Para localizar os pontos de m´aximo e de m´ınimo de uma fun¸c˜ao f sobre
o conjunto
C = {(x, y) ∈ Dom(f) ; g(x, y) = c}
devemos:
1. Resolver



∇f(x, y) = λ ∇g(x, y)
g(x, y) = c;
2. Fazer a an´alise global.
Mas, como diz o ditado, falar ´e f´acil, fazer ´e que s˜ao elas! Do ponto de
vista geom´etrico, ao eliminarmos a vari´avel λ na equa¸c˜ao vetorial estamos
CEDERJ 204
M´aximos e m´ınimos (2a
parte) – Multiplicadores de Lagrange
M ´ODULO 1 – AULA 17
determinando o lugar geom´etrico dos pontos nos quais as curvas de n´ıvel de
f e de g s˜ao tangentes umas `as outras.
Em seguida, devemos encontrar os pontos comuns a esse lugar geom´etrico
e `a curva g(x, y) = c.
O problema ´e que, mesmo nos casos mais simples, as contas podem
ser muito dif´ıceis. Na verdade, esses problemas s˜ao pr´oprios para serem
abordados com o aux´ılio de computadores.
Veja mais um exemplo.
Exemplo 17.2
Vamos determinar o ponto da elipse determinada por x2
+ 4y2
= 4 que
se encontra mais pr´oximo do ponto P = (1, 4), assim como o mais distante.
P
Figura 17.8: Elipse definida
por x2
+ 4y2
= 4 e o ponto P.
Queremos determinar os pontos extremos de uma fun¸c˜ao distˆancia,
que ´e equivalente a determinar os pontos extremos da fun¸c˜ao quadrado
da distˆancia. Em termos de equa¸c˜oes, queremos determinar os pontos de
m´aximo e de m´ınimo da fun¸c˜ao
f(x, y) = (x − 1)2
+ (y − 4)2
,
restrita `a condi¸c˜ao
g(x, y) = x2
+ 4y2
= 4.
Nesse exemplo, podemos usar o Teorema de Weierstrass para concluir
que o problema tem solu¸c˜ao, uma vez que a fun¸c˜ao f ´e claramente cont´ınua
(fun¸c˜ao polinomial) e a elipse ´e um conjunto compacto.
205 CEDERJ
M´aximos e m´ınimos (2a
parte) – Multiplicadores de Lagrange
Como ∇f(x, y) = (2x − 2, 2y − 8) e ∇g(x, y) = (2x, 8y), temos que
resolver o sistema de equa¸c˜oes a seguir.



2x − 2 = 2λ x
2y − 8 = 8λ y
x2
+ 4y2
= 4.
Resolvendo as duas primeiras equa¸c˜oes em λ, obtemos
1 −
1
x
= λ =
1
4
−
1
y
.
Ao fazermos essas contas, precisamos ter um pouco de cuidado. Note
que no processo anterior, precisamos assumir que x = 0 e y = 0. Mas, ´e
imposs´ıvel fazer omeletes sem quebrar ovos!
A igualdade anterior, resolvida em y, fica
y =
4x
4 − 3x
que determina uma hip´erbole. Os candidatos a pontos de m´aximo e de
m´ınimo s˜ao os pontos comuns a essa elipse e a essa hip´erbole. Veja o esbo¸co
das curvas.
P
A
B
Figura 17.9: Os pontos A e B s˜ao
os candidatos a m´ınimo e m´aximo.
P
Figura 17.10: Curvas de n´ıvel de
f e de g com seus pontos de tangˆencia.
Do ponto de vista geom´etrico, o problema est´a resolvido, pois quanto
mais longe de P, maior o valor de f. Assim, o ponto A ´e o ponto
da elipse mais pr´oximo de P e B ´e o mais distante.
CEDERJ 206
M´aximos e m´ınimos (2a
parte) – Multiplicadores de Lagrange
M ´ODULO 1 – AULA 17
Muito bem! No entanto, para determinar as coordenadas dos pontos A
e B temos que resolver o sistema



y =
4x
4 − 3x
x2
+ 4y2
= 4.
Essa tarefa n˜ao ´e, exatamente, f´acil. Substituindo a primeira equa¸c˜ao
na segunda, obtemos
x2
+ 4
4x
4 − 3x
2
= 4,
que resulta em resolver a equa¸c˜ao
44x2
− 24x3
+ 9x4
− 64 + 96x
(−4 + 3x)2
= 0.
Como sair desse imbr´oglio sem uma m´aquina? Bem, nem tudo ´e per-
feito. Aqui est˜ao aproxima¸c˜oes para as coordenadas dos pontos, calculados
num computador port´atil, com um programa bastante simples:
A ≈ (0.5582267850, 0.9602581498) e B ≈ (−1.442220237, −0.6928204653).
De qualquer forma, n˜ao podemos deixar de tentar. Aqui est´a uma
oportunidade para vocˆe praticar.
Atividade 17.2
Determine o ponto pertencente ao trecho da par´abola definida por
x = 4y − y2
, pertencente ao primeiro quadrante, tal que o produto de suas
coordenadas seja o maior poss´ıvel.
Veja, nessa situa¸c˜ao vale o Teorema de Weierstrass, pois estamos con-
siderando um trecho limitado da par´abola.
Veja, agora, um exemplo onde h´a pontos cr´ıticos no bordo e no interior
do conjunto.
Exemplo 17.3
Determine os pontos extremos da fun¸c˜ao f(x, y) = 3x2
− 2xy + 3y2
+
2y + 3 no conjunto
A = {(x, y) ∈ lR 2
; x2
+ y≤
1 }.
207 CEDERJ
M´aximos e m´ınimos (2a
parte) – Multiplicadores de Lagrange
Vale recordar a estrat´egia: vamos montar uma lista de suspeitos: pontos
cr´ıticos interiores (isto ´e, pontos (x, y) tais que x2
+ y2
< 1 e ∇f(x, y) = 0)
e pontos cr´ıticos no bordo (pontos (x, y) tais que x2
+ y2
= 1).
Aqui est´a o gradiente da fun¸c˜ao f:
∇f(x, y) = (6x − 2y, −2x + 6y + 2).
O ´unico ponto cr´ıtico (∇f(x, y) = 0) ´e determinado pelo sistema de
equa¸c˜oes



3x − y = 0
x − 3y = 1.
Esse ponto tem coordenadas (−3
8
, −1
8
). Como (−3
8
)2
+ (−1
8
)2
= 10
64
=
5
32
< 1, esse ponto cr´ıtico pertence ao interior de A. Vamos calcular o hessiano
da fun¸c˜ao nesse ponto:
H −
3
8
, −
1
8
=
6 −2
−2 6
= 36 − 4 = 32 > 0.
Como o hessiano ´e positivo e
∂ 2
f
∂x2
(−3
8
, −1
8
) = 6 > 0, o ponto (−3
8
, −1
8
)
´e um m´ınimo local, bom candidato a m´ınimo absoluto de f e, portanto, bom
candidato a m´ınimo de f em A.
Agora, o estudo no bordo, usando o m´etodo de Lagrange.
Vamos considerar g(x, y) = x2
+y2
. Ent˜ao, o bordo de A ´e determinado
por g(x, y) = 1. Assim, temos que resolver o sistema



∇f(x, y) = λ ∇g(x, y)
g(x, y) = x2
+ y2
= 1.
CEDERJ 208
M´aximos e m´ınimos (2a
parte) – Multiplicadores de Lagrange
M ´ODULO 1 – AULA 17
Como ∇g(x, y) = (2x, 2y), temos:



6x − 2y = 2λ x
−2x + 6y + 2 = 2λ y
x2
+ y2
= 1.
S´o h´a uma coisa que um matem´atico deve temer: dividir por zero!
Realmente, ao fazermos esses c´alculos, precisamos ter um pouco de cuidado.
Queremos eliminar λ, que aparece nas duas primeiras equa¸c˜oes, obtendo uma
rela¸c˜ao envolvendo apenas x e y, para, com a terceira equa¸c˜ao, determinar
os pontos. Essa estrat´egia parece boa, mas h´a um pequeno detalhe. Quando
isolamos λ, na primeira equa¸c˜ao, fazemos:
λ =
3x − y
x
,
que exclui a possibilidade x = 0. Mas, se x = 0, a equa¸c˜ao x2
+ y2
= 1
nos diz que y = 1 ou y = −1. No entanto, em ambos os casos, n˜ao existe
λ que satisfa¸ca as duas primeiras equa¸c˜oes do sistema. Portanto, podemos
prosseguir os c´alculos j´a com a possibilidade x = 0 descartada.
Substituindo λ na segunda equa¸c˜ao, obtemos
−x + 3y + 1 =
(3x − y)y
x
.
Expandindo e simplificando essa equa¸c˜ao, obtemos
y2
− x2
+ x
x
= 0.
Queremos descobrir os pontos comuns `as qu´adricas definidas por



x2
+ y2
= 1 c´ırculo de raio 1
x2
− x − y2
= 0 hip´erbole.
Fazendo y2
= x2
− x e substituindo em x2
+ y2
= 1, obtemos
x(2x − 1) = 0.
209 CEDERJ
M´aximos e m´ınimos (2a
parte) – Multiplicadores de Lagrange
Como a possibilidade x = 0 est´a descartada, nos resta x = 1
2
e, con-
seq¨uentemente, y = ±
√
3
2
.
Al´em disso, x = 1 e y = 0 tamb´em ´e solu¸c˜ao dessas duas equa¸c˜oes,
e, se fizermos λ = 3, a equa¸c˜ao vetorial ∇f(x, y) = λ ∇g(x, y) tamb´em
´e satisfeita.
Portanto, temos aqui a nossa lista de pontos cr´ıticos, com os valores de
f, uma boa aproxima¸c˜ao do valor, as suas localiza¸c˜oes e a conclus˜ao, se o
ponto ´e m´aximo ou m´ınimo.
(x, y) f(x, y) Aproxima¸c˜ao Localiza¸c˜ao Conclus˜ao
(−3/8, −1/8) 25/8 3.125 interior m´ınimo
(1/2,
√
3/2) 6 +
√
3/2 6.866 bordo m´aximo
(1/2, −
√
3/2) 6 −
√
3/2 5.134 bordo
(1, 0) 6 6.0 bordo
Observe que os pontos cr´ıticos (1/2, −
√
3/2) e (1, 0), do bordo de A,
n˜ao s˜ao m´aximo nem m´ınimo. Na verdade, se restringirmo-nos exclusiva-
mente no bordo, o ponto (1/2, −
√
3/2) ser´a o m´ınimo e o ponto (1, 0) uma
esp´ecie de ponto de inflex˜ao. Veja o gr´afico de f restrita ao conjunto A,
apresentado numa posi¸c˜ao reversa, para melhor observa¸c˜ao do seu compor-
tamento no bordo.
Figura 17.11: Gr´afico de f sobre o conjunto A.
Para terminarmos a se¸c˜ao de figuras, veja o gr´afico da condi¸c˜ao x2
+y2
=
1 com a hip´erbole x2
− x − y2
= 0, que determinam os trˆes pontos cr´ıticos
do bordo e com as principais curvas de n´ıveis da fun¸c˜ao f.
CEDERJ 210
M´aximos e m´ınimos (2a
parte) – Multiplicadores de Lagrange
M ´ODULO 1 – AULA 17
Figura 17.12: Curvas x2
+ y2
= 1
x2
− x − y2
= 0 e determinando os
pontos cr´ıticos do bordo de A.
Figura 17.13: Curvas de n´ıvel
de f que tangenciam a curva
x2
+ y2
= 1.
Puxa! A conversa estava animada e a gente nem se deu pelo avan¸cado
da hora! Na pr´oxima aula vocˆe ver´a a demonstra¸c˜ao do Teorema dos Multi-
plicadores de Lagrange, assim como mais exemplos. Ainda falta considerar-
mos situa¸c˜oes que envolvam fun¸c˜oes com mais do que duas vari´aveis. Al´em
disso, nosso detetive est´a com uma d´uvida: por que o m´etodo ´e denominado
Multiplicadores de Lagrange se, at´e agora, s´o usamos λ, um multiplicador?
Muito bem, tudo isso, e muito mais, na pr´oxima aula.
Aqui est´a uma lista de exerc´ıcios para vocˆe praticar.
Exerc´ıcios
Exerc´ıcio 1
Determine os pontos de m´aximo e de m´ınimo da fun¸c˜ao f(x, y) = 4 −
2x + 3y no conjunto
A = {(x, y) ∈ lR 2
; 4x2
+ 9y2
≤ 36}.
Exerc´ıcio 2
Determine os pontos de m´aximo e de m´ınimo da fun¸c˜ao f(x, y) = x2
+
4y2
no conjunto
A = {(x, y) ∈ lR 2
; x + 4y = 8},
caso existam.
Exerc´ıcio 3
Determine os pontos da curva definida por 5x2
− 6xy + 5y2
= 8 que
est˜ao mais pr´oximos e os que est˜ao mais distantes da origem.
211 CEDERJ
M´aximos e m´ınimos (2a
parte) – Multiplicadores de Lagrange
Exerc´ıcio 4
Determine os pontos de m´aximo e de m´ınimo da fun¸c˜ao f(x, y) = xy
no conjunto
A = {(x, y) ∈ lR 2
; x ≥ 0, y ≥ 0, x + 3y ≤ 3}.
Exerc´ıcio 5
Determine os pontos de m´aximo e de m´ınimo da fun¸c˜ao f(x, y) = x2
+y2
no conjunto
A = {(x, y) ∈ lR 2
; x2
− xy + y2
= 3}.
CEDERJ 212

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Cederj máximos e minimos multiplicadores de lagrange

  • 1. M´aximos e m´ınimos (2a parte) – Multiplicadores de Lagrange M ´ODULO 1 – AULA 17 Aula 17 – M´aximos e m´ınimos (2a parte) – Multiplicadores de Lagrange Ao pedir um conselho, estamos, na maioria das vezes, buscando um c´umplice. Lagrange Objetivo • Usar os multiplicadores de Lagrange para calcular m´aximos e m´ınimos. Introdu¸c˜ao Na aula anterior, vocˆe aprendeu a localizar os pontos cr´ıticos de uma fun¸c˜ao f(x, y), al´em de uma maneira de caracteriz´a-los como m´aximos ou m´ınimos locais, ou eventuais pontos de sela de f. Portanto, est´avamos interessados em fazer uma an´alise local dos pontos cr´ıticos. Nesta aula, nosso objetivo ´e encontrar os pontos de m´aximo e de m´ınimo (absolutos) de uma fun¸c˜ao f num dado conjunto A ⊂ Dom(f). Ou seja, estaremos considerando um problema de car´ater global. Por exemplo, suponha que T(x, y) descreve a temperatura de uma chapa de metal, localizada em A = {(x, y) ∈ lR 2 ; 0 ≤ x ≤ a, 0 ≤ y ≤ b}. Para determinar os pontos da chapa onde ocorrem as temperaturas extremas, temos de fazer uma an´alise global do comportamento de T em A. Quando consideramos um problema dessa natureza, a primeira preo- cupa¸c˜ao ´e saber se o problema tem solu¸c˜ao. Veja, antes de lan¸carmo-nos na busca de alguma coisa, seria interessante saber se tal coisa existe. A falta dessa informa¸c˜ao n˜ao impede a busca (como diria Crist´ov˜ao Colombo) mas, se sabemos que o objeto da busca existe, poder´ıamos tra¸car estrat´egias de encontr´a-lo, levando isso em conta. O resultado matem´atico que nos auxilia com essa quest˜ao ´e um teorema da mais alta estirpe, que vocˆe j´a conhece do C´alculo I, o Teorema de Weierstrass. 197 CEDERJ
  • 2. M´aximos e m´ınimos (2a parte) – Multiplicadores de Lagrange Teorema de Weierstrass Seja f : D ⊂ lR n −→ lR uma fun¸c˜ao cont´ınua, definida no aberto D de lR n . Seja A ⊂ D um conjunto compacto. Ent˜ao, f admite ponto de m´aximo e ponto de m´ınimo em A. Lembre-se, um conjunto compacto ´e um conjunto fechado e limitado. Em particular, cont´em todos os pontos de seu bordo. Nem todos os problemas que consideraremos recaem nas hip´oteses do Teorema de Weierstrass, pois h´a circunstˆancias nas quais o conjunto em quest˜ao n˜ao ´e limitado, por exemplo. No entanto, esse resultado ´e t´ıpico da Teoria das Fun¸c˜oes Cont´ınuas, e sua demonstra¸c˜ao ´e, geralmente, apresen- tada nos cursos de An´alise Matem´atica. O Teorema de Weierstrass afirma, por exemplo, que se considerarmos a fun¸c˜ao que associa, em um determinado instante, a cada ponto da superf´ıcie terrestre, a sua temperatura, essa fun¸c˜ao admite um m´aximo e um m´ınimo. Em outras palavras, se admitirmos que a temperatura varia continua- mente de um ponto para outro, como a superf´ıcie da terra, apesar de extensa, ´e um conjunto compacto, h´a um ponto no globo terrestre no qual, naquele instante, a temperatura ´e m´axima, e um ponto onde a temperatura ´e m´ınima. Ap´os essas considera¸c˜oes sobre a quest˜ao da existˆencia de pontos ex- tremos, vamos considerar a quest˜ao da localiza¸c˜ao de tais pontos. Lembra-se do detetive da aula anterior? Ele precisa encontrar suspeitos. Muito bem! H´a dois tipos de suspeitos: os que residem no interior do conjunto A e os que vivem no bordo de A. Para encontrar os suspeitos interioranos, usamos a t´ecnica que vocˆe aprendeu na aula anterior: pontos cr´ıticos e an´alise local. Veja, se um ponto interior n˜ao ´e extremo local, n˜ao pode ser extremo global. A busca por suspeitos que se localizam no bordo do conjunto A (pontos cr´ıticos no bordo) ser´a feita com o aux´ılio de uma t´ecnica chamada Multipli- cadores de Lagrange. CEDERJ 198
  • 3. M´aximos e m´ınimos (2a parte) – Multiplicadores de Lagrange M ´ODULO 1 – AULA 17 Multiplicadores de Lagrange Motiva¸c˜ao Vamos considerar a seguinte situa¸c˜ao: um lenhador montou seu acam- pamento nas proximidades de uma lagoa e deparou-se com o problema de descobrir onde iria buscar ´agua. Admitindo que o terreno seja plano e que n˜ao haja maiores obst´aculos, como poder´ıamos ajud´a-lo nessa tarefa? Figura 17.1: O triˆangulo indica a posi¸c˜ao do acampamento e a curva fechada ´e a margem da lagoa. Por sugest˜ao de um aluno do p´olo de P., o lenhador muniu-se de uma longa corda, fixou uma de suas extremidades no acampamento e dirigiu-se para o ponto da margem que ele julgava ser o mais pr´oximo. Usando a corda esticada, e ap´os algumas compara¸c˜oes, ele teve a certeza de ter encontrado o lugar perfeito. 199 CEDERJ
  • 4. M´aximos e m´ınimos (2a parte) – Multiplicadores de Lagrange Figura 17.2: Os setores de c´ırculos s˜ao as curvas de n´ıvel da fun¸c˜ao distˆancia at´e o acampamento. No ponto da margem mais pr´oximo do acampamento, o setor de c´ırculo tangencia a margem. A sugest˜ao do aluno foi que o lenhador usasse a id´eia b´asica do m´etodo matem´atico conhecido como Multiplicadores de Lagrange, assunto que vocˆe estudar´a nesta aula. Atividade 17.1 Resolva a seguinte variante do problema: o lenhador precisa sair do acampamento, pegar ´agua na lagoa e lev´a-la at´e o ponto B, onde ele mant´em um lindo canteiro de hortali¸cas. Figura 17.3: B O ponto B indica o canteiro onde o lenhador cultiva as hortali¸cas. CEDERJ 200
  • 5. M´aximos e m´ınimos (2a parte) – Multiplicadores de Lagrange M ´ODULO 1 – AULA 17 Multiplicadores de Lagrange Nesta se¸c˜ao estaremos considerando o problema de localizar os pontos extremos de uma fun¸c˜ao f sobre um espec´ıfico conjunto de n´ıvel de alguma outra fun¸c˜ao g. O problema que consideramos na motiva¸c˜ao se encaixa neste contexto. Basta que tomemos um sistema de coordenadas com origem no acampa- mento, por exemplo. A fun¸c˜ao f que queremos minimizar ´e a distˆancia at´e a origem. Para completar a modelagem precisar´ıamos encontrar uma fun¸c˜ao g que tivesse a margem da lagoa como uma de suas curvas de n´ıvel. Nessas circunstˆancias, os pontos cr´ıticos ser˜ao os pontos onde os con- juntos de n´ıvel de f e o conjunto de n´ıvel espec´ıfico de g s˜ao tangentes um ao outro. O resultado que enunciaremos a seguir nos d´a um crit´erio anal´ıtico que identifica tais pontos, no caso de f e g serem fun¸c˜oes de duas vari´aveis. Teorema (Multiplicadores de Lagrange) Sejam f e g fun¸c˜oes de classe C1 , definidas num dom´ınio aberto comum D de lR 2 . Seja C = {(x, y) ∈ D ; g(x, y) = c}, um conjunto n˜ao vazio. Se (a, b) ∈ D ´e um ponto extremo de f em C e ∇g(a, b) = 0, ent˜ao existe um n´umero λ, tal que ∇f(a, b) = λ ∇g(a, b). Esse teorema nos d´a uma condi¸c˜ao necess´aria (mas n˜ao suficiente) para que um ponto (a, b) ∈ C seja um ponto extremo de f. Essa condi¸c˜ao ´e fazer com que os vetores gradientes de f e de g sejam m´ultiplos um do outro. Nesse caso, o escalar λ ´e o multiplicador de Lagrange. Intuitivamente, em torno de um ponto (x0, y0) da curva C em que os vetores gradientes de f e de g n˜ao est˜ao alinhados, as curvas de n´ıvel de f e a curva C encontram-se transversalmente. Portanto, neste trecho da curva C, a fun¸c˜ao f ´e estritamente crescente (ou decrescente). Logo, o ponto n˜ao pode ser nem de m´aximo nem de m´ınimo local em C. 201 CEDERJ
  • 6. M´aximos e m´ınimos (2a parte) – Multiplicadores de Lagrange C x0 y0 Figura 17.4: ∇g(x0, y0) ∇f(x0, y0) Comportamento de f em torno de um ponto (x0, y0) onde os gradientes de f e de g s˜ao linearmente independentes. Mas, antes de vocˆe conhecer a demonstra¸c˜ao do teorema, veja como o m´etodo funciona num exemplo. Exemplo 17.1 Vamos determinar o ponto (x, y) pertencente `a reta definida por 3x + 2y = 12, tal que o produto xy de suas coordenadas seja o maior poss´ıvel. Muito bem! Colocando o problema em termos do m´etodo dos Mul- tiplicadores de Lagrange, queremos encontrar o ponto m´aximo da fun¸c˜ao f(x, y) = xy no conjunto C = {(x, y) ∈ lR 2 ; g(x, y) = 12}, onde g(x, y) = 3x + 2y. O candidato a m´aximo deve satisfazer o sistema de equa¸c˜oes a seguir.    ∇f(x, y) = λ ∇g(x, y) g(x, y) = 12, para algum λ ∈ lR . Vejamos, como ∇f(x, y) = (y, x) e ∇g(x, y) = (3, 2), temos    y = 3 λ x = 2 λ 3x + 2y = 12. CEDERJ 202
  • 7. M´aximos e m´ınimos (2a parte) – Multiplicadores de Lagrange M ´ODULO 1 – AULA 17 Calculando λ na primeira equa¸c˜ao e substituindo na segunda, obtemos x = 2 3 y. Substituindo na terceira equa¸c˜ao, obtemos 2y + 2y = 12 ⇐⇒ y = 3. Logo, o ponto (2, 3) ´e o ´unico candidato a ponto extremo da fun¸c˜ao f(x, y) = xy sobre a reta C, definida por 3x + 2y = 12. Para terminarmos o exerc´ıcio devemos fazer uma an´alise global da si- tua¸c˜ao. Como as extremidades da reta C pertencem ao segundo e ao quarto quadrantes, nos quais o produto xy ´e negativo, podemos concluir que o ponto (2, 3) ´e o ponto de m´aximo procurado. Note que o Teorema de Weierstrass n˜ao se aplica nessa situa¸c˜ao, uma vez que o conjunto C n˜ao ´e compacto, pois n˜ao ´e limitado. Veja um esbo¸co das curvas de n´ıvel de f com o conjunto C, assim como o gr´afico da fun¸c˜ao f restrita ao conjunto C. 2 3 ∇f(2, 3) ∇g(2, 3) Figura 17.5 C (2, 3) z = 6 Figura 17.6 Note que a equa¸c˜ao 3x = 2y determina o lugar geom´etrico dos pontos onde as curvas de n´ıvel de f e as curvas de n´ıvel de g s˜ao tangentes umas `as outras. Veja a figura. 203 CEDERJ
  • 8. M´aximos e m´ınimos (2a parte) – Multiplicadores de Lagrange C Figura 17.7: As hip´erboles s˜ao as curvas de n´ıvel de f. As retas s˜ao as curvas de n´ıvel de g. Ao resolver o sistema    3x = 2y 3x + 2y = 12, estamos calculando a intersec¸c˜ao deste tal conjunto com a curva de n´ıvel especial de g, o conjunto C, apresentado em destaque na figura anterior, relativo ao qual queremos maximizar a fun¸c˜ao f. Sum´ario do m´etodo Para localizar os pontos de m´aximo e de m´ınimo de uma fun¸c˜ao f sobre o conjunto C = {(x, y) ∈ Dom(f) ; g(x, y) = c} devemos: 1. Resolver    ∇f(x, y) = λ ∇g(x, y) g(x, y) = c; 2. Fazer a an´alise global. Mas, como diz o ditado, falar ´e f´acil, fazer ´e que s˜ao elas! Do ponto de vista geom´etrico, ao eliminarmos a vari´avel λ na equa¸c˜ao vetorial estamos CEDERJ 204
  • 9. M´aximos e m´ınimos (2a parte) – Multiplicadores de Lagrange M ´ODULO 1 – AULA 17 determinando o lugar geom´etrico dos pontos nos quais as curvas de n´ıvel de f e de g s˜ao tangentes umas `as outras. Em seguida, devemos encontrar os pontos comuns a esse lugar geom´etrico e `a curva g(x, y) = c. O problema ´e que, mesmo nos casos mais simples, as contas podem ser muito dif´ıceis. Na verdade, esses problemas s˜ao pr´oprios para serem abordados com o aux´ılio de computadores. Veja mais um exemplo. Exemplo 17.2 Vamos determinar o ponto da elipse determinada por x2 + 4y2 = 4 que se encontra mais pr´oximo do ponto P = (1, 4), assim como o mais distante. P Figura 17.8: Elipse definida por x2 + 4y2 = 4 e o ponto P. Queremos determinar os pontos extremos de uma fun¸c˜ao distˆancia, que ´e equivalente a determinar os pontos extremos da fun¸c˜ao quadrado da distˆancia. Em termos de equa¸c˜oes, queremos determinar os pontos de m´aximo e de m´ınimo da fun¸c˜ao f(x, y) = (x − 1)2 + (y − 4)2 , restrita `a condi¸c˜ao g(x, y) = x2 + 4y2 = 4. Nesse exemplo, podemos usar o Teorema de Weierstrass para concluir que o problema tem solu¸c˜ao, uma vez que a fun¸c˜ao f ´e claramente cont´ınua (fun¸c˜ao polinomial) e a elipse ´e um conjunto compacto. 205 CEDERJ
  • 10. M´aximos e m´ınimos (2a parte) – Multiplicadores de Lagrange Como ∇f(x, y) = (2x − 2, 2y − 8) e ∇g(x, y) = (2x, 8y), temos que resolver o sistema de equa¸c˜oes a seguir.    2x − 2 = 2λ x 2y − 8 = 8λ y x2 + 4y2 = 4. Resolvendo as duas primeiras equa¸c˜oes em λ, obtemos 1 − 1 x = λ = 1 4 − 1 y . Ao fazermos essas contas, precisamos ter um pouco de cuidado. Note que no processo anterior, precisamos assumir que x = 0 e y = 0. Mas, ´e imposs´ıvel fazer omeletes sem quebrar ovos! A igualdade anterior, resolvida em y, fica y = 4x 4 − 3x que determina uma hip´erbole. Os candidatos a pontos de m´aximo e de m´ınimo s˜ao os pontos comuns a essa elipse e a essa hip´erbole. Veja o esbo¸co das curvas. P A B Figura 17.9: Os pontos A e B s˜ao os candidatos a m´ınimo e m´aximo. P Figura 17.10: Curvas de n´ıvel de f e de g com seus pontos de tangˆencia. Do ponto de vista geom´etrico, o problema est´a resolvido, pois quanto mais longe de P, maior o valor de f. Assim, o ponto A ´e o ponto da elipse mais pr´oximo de P e B ´e o mais distante. CEDERJ 206
  • 11. M´aximos e m´ınimos (2a parte) – Multiplicadores de Lagrange M ´ODULO 1 – AULA 17 Muito bem! No entanto, para determinar as coordenadas dos pontos A e B temos que resolver o sistema    y = 4x 4 − 3x x2 + 4y2 = 4. Essa tarefa n˜ao ´e, exatamente, f´acil. Substituindo a primeira equa¸c˜ao na segunda, obtemos x2 + 4 4x 4 − 3x 2 = 4, que resulta em resolver a equa¸c˜ao 44x2 − 24x3 + 9x4 − 64 + 96x (−4 + 3x)2 = 0. Como sair desse imbr´oglio sem uma m´aquina? Bem, nem tudo ´e per- feito. Aqui est˜ao aproxima¸c˜oes para as coordenadas dos pontos, calculados num computador port´atil, com um programa bastante simples: A ≈ (0.5582267850, 0.9602581498) e B ≈ (−1.442220237, −0.6928204653). De qualquer forma, n˜ao podemos deixar de tentar. Aqui est´a uma oportunidade para vocˆe praticar. Atividade 17.2 Determine o ponto pertencente ao trecho da par´abola definida por x = 4y − y2 , pertencente ao primeiro quadrante, tal que o produto de suas coordenadas seja o maior poss´ıvel. Veja, nessa situa¸c˜ao vale o Teorema de Weierstrass, pois estamos con- siderando um trecho limitado da par´abola. Veja, agora, um exemplo onde h´a pontos cr´ıticos no bordo e no interior do conjunto. Exemplo 17.3 Determine os pontos extremos da fun¸c˜ao f(x, y) = 3x2 − 2xy + 3y2 + 2y + 3 no conjunto A = {(x, y) ∈ lR 2 ; x2 + y≤ 1 }. 207 CEDERJ
  • 12. M´aximos e m´ınimos (2a parte) – Multiplicadores de Lagrange Vale recordar a estrat´egia: vamos montar uma lista de suspeitos: pontos cr´ıticos interiores (isto ´e, pontos (x, y) tais que x2 + y2 < 1 e ∇f(x, y) = 0) e pontos cr´ıticos no bordo (pontos (x, y) tais que x2 + y2 = 1). Aqui est´a o gradiente da fun¸c˜ao f: ∇f(x, y) = (6x − 2y, −2x + 6y + 2). O ´unico ponto cr´ıtico (∇f(x, y) = 0) ´e determinado pelo sistema de equa¸c˜oes    3x − y = 0 x − 3y = 1. Esse ponto tem coordenadas (−3 8 , −1 8 ). Como (−3 8 )2 + (−1 8 )2 = 10 64 = 5 32 < 1, esse ponto cr´ıtico pertence ao interior de A. Vamos calcular o hessiano da fun¸c˜ao nesse ponto: H − 3 8 , − 1 8 = 6 −2 −2 6 = 36 − 4 = 32 > 0. Como o hessiano ´e positivo e ∂ 2 f ∂x2 (−3 8 , −1 8 ) = 6 > 0, o ponto (−3 8 , −1 8 ) ´e um m´ınimo local, bom candidato a m´ınimo absoluto de f e, portanto, bom candidato a m´ınimo de f em A. Agora, o estudo no bordo, usando o m´etodo de Lagrange. Vamos considerar g(x, y) = x2 +y2 . Ent˜ao, o bordo de A ´e determinado por g(x, y) = 1. Assim, temos que resolver o sistema    ∇f(x, y) = λ ∇g(x, y) g(x, y) = x2 + y2 = 1. CEDERJ 208
  • 13. M´aximos e m´ınimos (2a parte) – Multiplicadores de Lagrange M ´ODULO 1 – AULA 17 Como ∇g(x, y) = (2x, 2y), temos:    6x − 2y = 2λ x −2x + 6y + 2 = 2λ y x2 + y2 = 1. S´o h´a uma coisa que um matem´atico deve temer: dividir por zero! Realmente, ao fazermos esses c´alculos, precisamos ter um pouco de cuidado. Queremos eliminar λ, que aparece nas duas primeiras equa¸c˜oes, obtendo uma rela¸c˜ao envolvendo apenas x e y, para, com a terceira equa¸c˜ao, determinar os pontos. Essa estrat´egia parece boa, mas h´a um pequeno detalhe. Quando isolamos λ, na primeira equa¸c˜ao, fazemos: λ = 3x − y x , que exclui a possibilidade x = 0. Mas, se x = 0, a equa¸c˜ao x2 + y2 = 1 nos diz que y = 1 ou y = −1. No entanto, em ambos os casos, n˜ao existe λ que satisfa¸ca as duas primeiras equa¸c˜oes do sistema. Portanto, podemos prosseguir os c´alculos j´a com a possibilidade x = 0 descartada. Substituindo λ na segunda equa¸c˜ao, obtemos −x + 3y + 1 = (3x − y)y x . Expandindo e simplificando essa equa¸c˜ao, obtemos y2 − x2 + x x = 0. Queremos descobrir os pontos comuns `as qu´adricas definidas por    x2 + y2 = 1 c´ırculo de raio 1 x2 − x − y2 = 0 hip´erbole. Fazendo y2 = x2 − x e substituindo em x2 + y2 = 1, obtemos x(2x − 1) = 0. 209 CEDERJ
  • 14. M´aximos e m´ınimos (2a parte) – Multiplicadores de Lagrange Como a possibilidade x = 0 est´a descartada, nos resta x = 1 2 e, con- seq¨uentemente, y = ± √ 3 2 . Al´em disso, x = 1 e y = 0 tamb´em ´e solu¸c˜ao dessas duas equa¸c˜oes, e, se fizermos λ = 3, a equa¸c˜ao vetorial ∇f(x, y) = λ ∇g(x, y) tamb´em ´e satisfeita. Portanto, temos aqui a nossa lista de pontos cr´ıticos, com os valores de f, uma boa aproxima¸c˜ao do valor, as suas localiza¸c˜oes e a conclus˜ao, se o ponto ´e m´aximo ou m´ınimo. (x, y) f(x, y) Aproxima¸c˜ao Localiza¸c˜ao Conclus˜ao (−3/8, −1/8) 25/8 3.125 interior m´ınimo (1/2, √ 3/2) 6 + √ 3/2 6.866 bordo m´aximo (1/2, − √ 3/2) 6 − √ 3/2 5.134 bordo (1, 0) 6 6.0 bordo Observe que os pontos cr´ıticos (1/2, − √ 3/2) e (1, 0), do bordo de A, n˜ao s˜ao m´aximo nem m´ınimo. Na verdade, se restringirmo-nos exclusiva- mente no bordo, o ponto (1/2, − √ 3/2) ser´a o m´ınimo e o ponto (1, 0) uma esp´ecie de ponto de inflex˜ao. Veja o gr´afico de f restrita ao conjunto A, apresentado numa posi¸c˜ao reversa, para melhor observa¸c˜ao do seu compor- tamento no bordo. Figura 17.11: Gr´afico de f sobre o conjunto A. Para terminarmos a se¸c˜ao de figuras, veja o gr´afico da condi¸c˜ao x2 +y2 = 1 com a hip´erbole x2 − x − y2 = 0, que determinam os trˆes pontos cr´ıticos do bordo e com as principais curvas de n´ıveis da fun¸c˜ao f. CEDERJ 210
  • 15. M´aximos e m´ınimos (2a parte) – Multiplicadores de Lagrange M ´ODULO 1 – AULA 17 Figura 17.12: Curvas x2 + y2 = 1 x2 − x − y2 = 0 e determinando os pontos cr´ıticos do bordo de A. Figura 17.13: Curvas de n´ıvel de f que tangenciam a curva x2 + y2 = 1. Puxa! A conversa estava animada e a gente nem se deu pelo avan¸cado da hora! Na pr´oxima aula vocˆe ver´a a demonstra¸c˜ao do Teorema dos Multi- plicadores de Lagrange, assim como mais exemplos. Ainda falta considerar- mos situa¸c˜oes que envolvam fun¸c˜oes com mais do que duas vari´aveis. Al´em disso, nosso detetive est´a com uma d´uvida: por que o m´etodo ´e denominado Multiplicadores de Lagrange se, at´e agora, s´o usamos λ, um multiplicador? Muito bem, tudo isso, e muito mais, na pr´oxima aula. Aqui est´a uma lista de exerc´ıcios para vocˆe praticar. Exerc´ıcios Exerc´ıcio 1 Determine os pontos de m´aximo e de m´ınimo da fun¸c˜ao f(x, y) = 4 − 2x + 3y no conjunto A = {(x, y) ∈ lR 2 ; 4x2 + 9y2 ≤ 36}. Exerc´ıcio 2 Determine os pontos de m´aximo e de m´ınimo da fun¸c˜ao f(x, y) = x2 + 4y2 no conjunto A = {(x, y) ∈ lR 2 ; x + 4y = 8}, caso existam. Exerc´ıcio 3 Determine os pontos da curva definida por 5x2 − 6xy + 5y2 = 8 que est˜ao mais pr´oximos e os que est˜ao mais distantes da origem. 211 CEDERJ
  • 16. M´aximos e m´ınimos (2a parte) – Multiplicadores de Lagrange Exerc´ıcio 4 Determine os pontos de m´aximo e de m´ınimo da fun¸c˜ao f(x, y) = xy no conjunto A = {(x, y) ∈ lR 2 ; x ≥ 0, y ≥ 0, x + 3y ≤ 3}. Exerc´ıcio 5 Determine os pontos de m´aximo e de m´ınimo da fun¸c˜ao f(x, y) = x2 +y2 no conjunto A = {(x, y) ∈ lR 2 ; x2 − xy + y2 = 3}. CEDERJ 212