O documento discute as transformações no mundo do trabalho desde a década de 1980, com a crise do fordismo e a ascensão de novos modelos como o toyotismo e a acumulação flexível. Analisa como esses novos modelos enfraqueceram os direitos dos trabalhadores e intensificaram a exploração do trabalho através da terceirização, precarização e controle mais rígido da produção. Argumenta que os sindicatos aderiram a um sindicalismo menos combativo e mais alinhado aos interesses do capital em vez de lutar por
3. Biografia
Nasceu em São Paulo em 1953
É graduado em Administração Pública pela Fundação
Getúlio Vargas
Mestre em Ciência Política pela UNICAMP (1980)
Doutor em Sociologia pela USP (1986) - tese "As formas de
greve: o confronto operário no abc paulista - 1978/80".
Professor titular da Universidade Estadual de Campinas
É uma das principais referências do marxismo na América
Latina
4. Fordismo, Toyotismo e Acumulação
Flexível
Década de 1980 – a classe que vive-do-trabalho sofreu a mais aguda
crise do século XX, que atingiu não só a sua materialidade, mas teve
profundas repercussões na sua subjetividade e, no íntimo inter-
relacionamento destes níveis, afetou a sua forma de ser.
Significado destas mudanças e as suas consequências
Uma década de grande salto tecnológico – automação, robótica e a
microeletrônica invadiram as fábricas
Junto ao forsdimo e ao toyotismo mesclam-se outros processos
produtivos (neofordismo, neotaylorismo, pós-fordismo)
5. Fordismo, Toyotismo e Acumulação
Flexível
“Novos processos de trabalho emergem , onde o
cronômetro e a produção em série e de massa são
“substituídos” pela flexibilização da produção,
pela “especialização flexível”, por novos padrões
de busca de produtividade, por novas formas de
adequação da produção a lógica do mercado”.
(p.16)
6. Fordismo
“Entendemos o fordismo fundamentalmente como a forma pela qual a
história e o processo de trabalho consolidaram-se ao longo deste
século, cujos os elementos constitutivos básicos eram dados pela
produção em massa, através da linha de montagem e de produtos
mais homogêneos; através dos controles dos tempos e movimentos
pelo cronômetro fordista e produção em série taylorista; pela
experiência do trabalho parcelar e pela fragmentação das funções;
pela separação entre elaboração e execução no processo de trabalho,
pela existência de unidades fabris concentradas e verticalizadas e
pela constituição/consolidação do operário-massa, do trabalhador
coletivo fabril, entre outras dimensões.” (p. 17)
7. Acumulação Flexível
Harvey desenvolve sua tese de que acumulação flexível,
na medida em que é uma forma própria do capitalismo,
mantém três características essenciais desse modo de
produção: Primeira: é voltado para crescimento;
segunda: este crescimento em valores reais se apoia na
exploração do trabalho vivo universo da produção e,
terceira: o capitalismo tem uma intrínseca dinâmica
tecnológica e organizacional. (p. 22)
8. Toyotismo
Ao contrário do fordismos, a produção sob o toyotismo é voltada e
conduzida diretamente pela demanda. A produção é variada,
diversificada e pronta para suprir o consumo. É este quem determina o
que será produzido, e não o contrário, como se procede na produção em
série e de massa do fordismo. Desse modo, a produção sustenta-se na
existência do estoque mínimo. O melhor aproveitamento possível do
tempo de produção (incluindo-se também o transporte, o controle de
qualidade e estoque), é garantido pelo just in time. O Kanban, placas
que são utilizadas para reposição de peças, é fundamental a medida que
se inverte o processo: é do final, após a venda, que se inicia a reposição
de estoques, e o Kanban é a senha utilizada que alude a necessidade de
reposição das peças/produtos (p.26)
9. Toyotismo
Desespecialização e polivalência dos operários profissionais e
qualificados – trabalhadores multifuncionais
Trabalho em equipe
Horizontalização – flexibilização, terceirização e subcontratação
Controle de qualidade total
Eliminação do desperdício
Gerência participativa
Sindicalismo de empresa
Intensificação da exploração do trabalho
Flexibilização dos trabalhadores, direitos flexíveis
10. Toyotismo
O toyotismo estrutura-se a partir de um número mínimo
de trabalhadores, ampliando-os através de horas extras,
trabalhadores temporários ou subcontratação,
dependendo das condições de mercado. (p. 28)
A introdução e expansão do toyotismo na “velha Europa”
tenderá a enfraquecer ainda mais o que se conseguiu
preservar do welfare state, uma vez que o modelo
japonês está muito mais sintonizado com a lógica
neoliberal do que com uma concepção verdadeiramente
social-democrática. (p. 31)
11. Toyotismo
A ocidentalização do toyotismo (eliminados os traços
singulares da história, cultura, tradições que caracterizam
o Oriente japonês) conformaria em verdade uma decisiva
aquisição do capital contra o trabalho. (p. 33)
A referida diminuição entre elaboração e execução, entre
concepção e produção, que constantemente se atribui ao
toyotismo, só é possível porque se realiza no universo
estrito e rigorosamente concebido do sistema produtor de
mercadorias, do processo de criação e valorização do
capital. (p. 33)
12. Toyotismo
O estranhamento próprio do toyotismo é aquele dado pelo
“envolvimento cooptado”, que possibilita ao capital
apropriar-se do saber e do fazer do trabalho. Este na
lógica da integração toyotista, deve pensar e agir para o
capital, para a produtividade, sob a aparência da
eliminação efetiva do fosso existente entre elaboração e
execução no processo de trabalho. Aparência porque a
concepção efetiva do produto a decisão do que e de como
produzir não pertence aos trabalhadores. O resultado do
processo de trabalho corporificado no produto permanece
alheio e estranho ao produtor, preservando, sob todos os
aspectos, o fetichismo da mercadoria. (p. 34)
13. Sindicatos
Distanciam-se crescentemente do sindicalismo dos anos
60/70, que propugnavam pelo controle social da
produção, aderindo ao acrítico sindicalismo de
participação e de negociação, que em geral aceita a
ordem do capital e do mercado, só questionando aspectos
fenomênicos desta mesma ordem. (p. 35)
O mundo do trabalho não encontra, em suas tendências
dominantes, especialmente nos seus órgãos de
representação sindicais, disposição de lutas com traços
anticapitalistas. As diversas formas de resistência da
classe encontram barreiras na ausência de direções
dotadas de uma consciência para além do capital. (p. 36)
14. Bibliografia
ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio Sobre as Metamorfoses e a
Centralidade do Mundo do Trabalho. 4 ed. São Paulo: Cortez, 1997.