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O capital portador de juros:
acumulação, internacionalização,
efeitos econômicos e políticos
François Chesnais
O capital portador de juros
 O capital portador de juros está no centro das relações sociais
e econômicas
 Os grupos transnacionais organizam a produção de bens e
serviços, captam o valor e organizam de maneira direta a
dominação política e social do capital em face dos
assalariados.
 Ao lado dessas instituições está o capital bancário, que busca
fazer dinheiro sem sair da esfera financeira, por meio de
lucros gerados da especulação.
O capital portador de juros
A progressão da acumulação financeira
foi estreitamente ligada à liberação dos
movimentos capitais e à interconexão
internacional dos mercados dos ativos
financeiros – obrigações públicas e
privadas, ações e produtos derivados.
(p. 36)
Acumulação financeira - conceito
Entende-se a centralização em instituições
especializadas em lucros industriais não
reinvestidos e de rendas não consumidas,
que tem por encargo valorizá-los sob a
forma de aplicação em ativos financeiros –
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fora da produção de bens e serviços. (p. 37)
Acumulação financeira
 O aumento da acumulação financeira e das medidas de
regulamentação foi seguida de uma evolução notável da
função dos mercados e do poder dos investidores, graças ao
forte crescimento do mercado de títulos de empresas.
 A partir de 80 nos EUA e 90 em países como na França, parte
das propriedades das empresas, as empresas como tais e
grupos industriais inteiros tornam-se ativos financeiros cada
vez mais compráveis e vendáveis na bolsa.
Etapas da Acumulação Financeira
EUA – década de 1950 – recomeço
da centralização do capital sob a
forma financeira
Europa – meados da década de
1960 – subproduto da acumulação
do capital do período da “idade do
ouro”.
Etapas da Acumulação Financeira
 Encorajadas pelas disposições fiscais favoráveis, as famílias com
rendas mais elevadas começaram a investir suas rendas excedentes
líquidas em títulos de seguro de vida (p.37).
 Hoje, as companhias de seguro centralizam os ativos financeiros
mais elevados (p. 37).
 Na década de 1960, os salários se tornam mensais e passam a ser
depositados no banco ou no correio.
 Isso aumentou a escala de suas operações de crédito, bem como de
aplicações a curto prazo com a mais alta remuneração que eles
podiam obter no dia em que um mercado financeiro
desregulamentado foi reconstituído.(p.38)
Etapas da Acumulação Financeira
Essa reconstituição ocorreu graças a condições
institucionais precisas, em um dos centros históricos do
capital portador de juros, o Reino Unido. Enquanto o
controle de câmbio atingia o seu máximo, permitiu-se
em 1958, a criação como offshore na City de Londres –
isto é, com estatuto próprio, próximo a de um paraíso
fiscal – de um mercado interbancário de capitais
líquidos registrados em dólares, chamado “mercado de
eurodólares” (p. 38).
Etapas da Acumulação Financeira
O afluxo dos recursos não investidos se acelera no início
dos anos 70, a medida que o dinamismo da “idade do
ouro” se esgota. Os governos foram obrigados a
prolongar a sua duração por meio de elevada criação de
crédito. Combinada com a primeira reconstituição de
uma acumulação de capitais especulativos, isso explica
por que a crise de 1973-74 foi marcada por uma primeira
forma de crash financeiro da qual os bancos foram o
epicentro(p. 38).
Etapas da Acumulação Financeira
 Após 1976 – “reciclagem” dos petrodólares – elevadas somas
resultantes do aumento temporário do preço do petróleo,
aplicadas em Londres pelos potentados do golfo Pérsico.
 Essa “reciclagem” tomou a forma de empréstimos e de aberturas
de linhas de credito dos bancos internacionais aos governos do
Terceiro Mundo, sobretudo da América Latina. (p. 38)
 Se o nível da taxa de juros for superior ao dos preços e às taxas de
crescimento da produção e do Produto Interno Bruto (PIB), a
dívida pode aumentar rapidamente.
Etapas da Acumulação Financeira
 Bola de neve da dívida
 Crise de 1979 – 81 (ou golpe de 1979) – liberação dos mercados
de títulos da dívida pública, alta do dólar e aumento das taxas de
juros em três a quatros vezes – crise no Terceiro Mundo.
 Aumento da dominação econômica e política dos países centrais
sobre a periferia.
 Desde 1984-85, os outros países do G7 adotaram a nova
tendência do financiamento dos déficits orçamentários pelo apelo
ao mercado de obrigações liberalizado e da oferta de taxa de
juros reais positivas.
Etapas da Acumulação Financeira
 As sociedades dos seguros são os investidores institucionais mais
poderosos.
 Nos países da OCDE, como nos países periféricos, a dívida pública
alimenta continuamente a acumulação financeira por intermédio
das finanças públicas. A necessidade de recorrer ao financiamento
mediante empréstimos torna-se permanente por causa da
desoneração do capital e das rendas elevadas, a qual foi ainda
facilitada pela mundialização financeira, pela impunidade da
evasão e pela multiplicação dos paraísos fiscais. Deu-se um duplo
presente às rendas elevadas: beneficiam-se da redução de
impostos e emprestam a taxas elevadas (p. 41)
Etapas da Acumulação Financeira
 Nos anos 80 a dívida pública permitiu a expansão dos mercados
financeiros ou a sua ressurreição em outros países, como no caso da
França. Ela e o pilar do poder das instituições que centralizam o capital
portador de juros. (p. 42)
 No curso dos últimos dez anos, foi ela que facilitou a implantação de
políticas de privatização nos países chamados em desenvolvimento. p. 42)
 Nos anos 80, viram a reconstrução dos mercados capazes de garantir aos
investidores financeiros a possibilidade, em tempo normal, de revender
seus ativos a qualquer momento. Uma nova etapa da acumulação
financeira então é aberta, na qual os dividendos se tornam um mecanismo
importante de transferência e de acumulação, e o mercado de ações o
pivô mais ativo. (p. 42)
Etapas da Acumulação Financeira
 Impõe-se novas normas de rentabilidade, que geram pressões
bastante acentuadas sobre os salários, tanto em termos de
produtividade e de flexibilidade do trabalho, como de mudanças
nas formas de determinação dos salários. (p. 42)
 No fim dos anos 90, o volume de ativos em posse dos investidores
ultrapassava 36 trilhões. Esses haveres representavam em torno de
140% do PIB dos países da zona da OCDE. (p. 43)
 Nos países, como Reino Unido, EUA e Países Baixos, a relação
ultrapassa 200%.
A Mundialização Financeira
 Foram as medidas de liberalização e desregulamentação de 1979-81,
que deram nascimento ao sistema de finança mundializada tal como
conhecemos. Elas puseram fim ao controle de movimento de capitas
com o estrangeiro (saídas e entradas), abrindo assim os sistemas
financeiros nacionais para o exterior. (p. 44)
 A abertura externa e interna dos sistemas nacionais, antes fechados e
compartimentados, conduziu a emergência de um espaço financeiro
mundial (p. 44)
Três dimensões do crescimento das
finanças
 1- Autonomia relativa da esfera financeira da produção, mas
sobretudo em face da capacidade de intervenção das
autoridades monetárias.
 2-Caráter fetiche perfeitamente mistificador, dos “valores”
criados pelos mercados financeiros.
 3- os contornos da mundialização financeira são delimitados
pelos operadores que decidem quais agentes econômicos,
pertencentes a quais países e em quais tipos de transação
participarão.
Um regime especifico de propriedade do
Capital
 Detentores das ações e de volumes importantes de títulos da
dívida devem ser definidos como proprietários situados em
posição de exterioridade a produção, e não como “credores”.
(p. 48)
 A propriedade patrimonial cria direitos a rendas sob a forma
de alugueis, de renda de solo (urbano ou rural) e de fluxo de
rendas relacionadas às aplicações em Bolsas. A finalidade dela
não é nem o consumo e nem a criação de riquezas que
aumentem a capacidade da produção, mas o “rendimento”.
(p. 50)
Exterioridade em relação a produção
 Os assalariados foram as verdadeira vítimas da chegada do proprietário acionista. É
contra eles que se exerce o novo poder administrativo. Foram eles que sofreram e
vão continuar a sofrer, desconsiderando acontecimentos políticos e sociais
maiores, os efeitos das normas de rentabilidade impostadas pelos financistas. (p.
55)
 É sobre o dinheiro dos contribuintes e sobre o empréstimo publico que o capital
de risco, tão vangloriado, se apoia. (p. 56)
 A propensão do capital portador de juros para demandar da economia “mais do
que ela pode dar” é uma consequência de sua exterioridade à produção. É uma das
forças motrizes da desregulamentação do trabalho, assim como das privatizações.
(p. 61)
Neoliberalismo
 Entendido dessa maneira, o neoliberalismo, é forçoso constatar, atingiu
plenamente seus objetivos, pois ocorreu um grande salto na concentração
da riqueza. A questão, então, é saber se esse sucesso não obtido em
condições que, no longo prazo, poderiam tornar pouco viável a
dominação reencontrada das classes superiores e dos países que lhes
servem de baluarte porque fundada em bases econômicas estreitas e
instáveis. Se esse é o caso, então estaríamos diante de uma situação
propícia a acentuação do militarismo, assim como ao reforço dos métodos
militares e de segurança para o controle político e social, tanto no plano
internacional quanto no doméstico. (p. 57)
Crises Financeiras na América Latina
 Os investidores institucionais parecem ter visto a incorporação desses países
na Mundialização Financeira, mas também sua submissão completa aos outros
planos da política neoliberal, como indispensáveis à captação dos fluxos de
renda, que lhes são necessários. A violência das crises financeiras e a
velocidade de sua propagação em direção à produção e ao emprego em cada
país, e entre países vizinhos, por meio da contração comercial e da queda dos
preços, não se explicam unicamente pelos fatores ligados a fraqueza das
autoridades financeiras, nem mesmo pelo comportamentos dos investidores
considerados fora do contexto mais amplo da liberalização, que eles
contribuíram para criar. (p. 64)
Referências
 CHESNAIS, François (Org). O capital portador de juros: acumulação,
internacionalização, efeitos econômicos e políticos. In: CHESNAIS, F. (Org). A
finança mundializada. São Paulo: Boitempo, 2005.

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O Capital Portador de Juros - Chesnais

  • 1. O capital portador de juros: acumulação, internacionalização, efeitos econômicos e políticos François Chesnais
  • 2. O capital portador de juros  O capital portador de juros está no centro das relações sociais e econômicas  Os grupos transnacionais organizam a produção de bens e serviços, captam o valor e organizam de maneira direta a dominação política e social do capital em face dos assalariados.  Ao lado dessas instituições está o capital bancário, que busca fazer dinheiro sem sair da esfera financeira, por meio de lucros gerados da especulação.
  • 3. O capital portador de juros A progressão da acumulação financeira foi estreitamente ligada à liberação dos movimentos capitais e à interconexão internacional dos mercados dos ativos financeiros – obrigações públicas e privadas, ações e produtos derivados. (p. 36)
  • 4. Acumulação financeira - conceito Entende-se a centralização em instituições especializadas em lucros industriais não reinvestidos e de rendas não consumidas, que tem por encargo valorizá-los sob a forma de aplicação em ativos financeiros – divisas, obrigações e ações mantendo-os fora da produção de bens e serviços. (p. 37)
  • 5. Acumulação financeira  O aumento da acumulação financeira e das medidas de regulamentação foi seguida de uma evolução notável da função dos mercados e do poder dos investidores, graças ao forte crescimento do mercado de títulos de empresas.  A partir de 80 nos EUA e 90 em países como na França, parte das propriedades das empresas, as empresas como tais e grupos industriais inteiros tornam-se ativos financeiros cada vez mais compráveis e vendáveis na bolsa.
  • 6. Etapas da Acumulação Financeira EUA – década de 1950 – recomeço da centralização do capital sob a forma financeira Europa – meados da década de 1960 – subproduto da acumulação do capital do período da “idade do ouro”.
  • 7. Etapas da Acumulação Financeira  Encorajadas pelas disposições fiscais favoráveis, as famílias com rendas mais elevadas começaram a investir suas rendas excedentes líquidas em títulos de seguro de vida (p.37).  Hoje, as companhias de seguro centralizam os ativos financeiros mais elevados (p. 37).  Na década de 1960, os salários se tornam mensais e passam a ser depositados no banco ou no correio.  Isso aumentou a escala de suas operações de crédito, bem como de aplicações a curto prazo com a mais alta remuneração que eles podiam obter no dia em que um mercado financeiro desregulamentado foi reconstituído.(p.38)
  • 8. Etapas da Acumulação Financeira Essa reconstituição ocorreu graças a condições institucionais precisas, em um dos centros históricos do capital portador de juros, o Reino Unido. Enquanto o controle de câmbio atingia o seu máximo, permitiu-se em 1958, a criação como offshore na City de Londres – isto é, com estatuto próprio, próximo a de um paraíso fiscal – de um mercado interbancário de capitais líquidos registrados em dólares, chamado “mercado de eurodólares” (p. 38).
  • 9. Etapas da Acumulação Financeira O afluxo dos recursos não investidos se acelera no início dos anos 70, a medida que o dinamismo da “idade do ouro” se esgota. Os governos foram obrigados a prolongar a sua duração por meio de elevada criação de crédito. Combinada com a primeira reconstituição de uma acumulação de capitais especulativos, isso explica por que a crise de 1973-74 foi marcada por uma primeira forma de crash financeiro da qual os bancos foram o epicentro(p. 38).
  • 10. Etapas da Acumulação Financeira  Após 1976 – “reciclagem” dos petrodólares – elevadas somas resultantes do aumento temporário do preço do petróleo, aplicadas em Londres pelos potentados do golfo Pérsico.  Essa “reciclagem” tomou a forma de empréstimos e de aberturas de linhas de credito dos bancos internacionais aos governos do Terceiro Mundo, sobretudo da América Latina. (p. 38)  Se o nível da taxa de juros for superior ao dos preços e às taxas de crescimento da produção e do Produto Interno Bruto (PIB), a dívida pode aumentar rapidamente.
  • 11. Etapas da Acumulação Financeira  Bola de neve da dívida  Crise de 1979 – 81 (ou golpe de 1979) – liberação dos mercados de títulos da dívida pública, alta do dólar e aumento das taxas de juros em três a quatros vezes – crise no Terceiro Mundo.  Aumento da dominação econômica e política dos países centrais sobre a periferia.  Desde 1984-85, os outros países do G7 adotaram a nova tendência do financiamento dos déficits orçamentários pelo apelo ao mercado de obrigações liberalizado e da oferta de taxa de juros reais positivas.
  • 12. Etapas da Acumulação Financeira  As sociedades dos seguros são os investidores institucionais mais poderosos.  Nos países da OCDE, como nos países periféricos, a dívida pública alimenta continuamente a acumulação financeira por intermédio das finanças públicas. A necessidade de recorrer ao financiamento mediante empréstimos torna-se permanente por causa da desoneração do capital e das rendas elevadas, a qual foi ainda facilitada pela mundialização financeira, pela impunidade da evasão e pela multiplicação dos paraísos fiscais. Deu-se um duplo presente às rendas elevadas: beneficiam-se da redução de impostos e emprestam a taxas elevadas (p. 41)
  • 13. Etapas da Acumulação Financeira  Nos anos 80 a dívida pública permitiu a expansão dos mercados financeiros ou a sua ressurreição em outros países, como no caso da França. Ela e o pilar do poder das instituições que centralizam o capital portador de juros. (p. 42)  No curso dos últimos dez anos, foi ela que facilitou a implantação de políticas de privatização nos países chamados em desenvolvimento. p. 42)  Nos anos 80, viram a reconstrução dos mercados capazes de garantir aos investidores financeiros a possibilidade, em tempo normal, de revender seus ativos a qualquer momento. Uma nova etapa da acumulação financeira então é aberta, na qual os dividendos se tornam um mecanismo importante de transferência e de acumulação, e o mercado de ações o pivô mais ativo. (p. 42)
  • 14. Etapas da Acumulação Financeira  Impõe-se novas normas de rentabilidade, que geram pressões bastante acentuadas sobre os salários, tanto em termos de produtividade e de flexibilidade do trabalho, como de mudanças nas formas de determinação dos salários. (p. 42)  No fim dos anos 90, o volume de ativos em posse dos investidores ultrapassava 36 trilhões. Esses haveres representavam em torno de 140% do PIB dos países da zona da OCDE. (p. 43)  Nos países, como Reino Unido, EUA e Países Baixos, a relação ultrapassa 200%.
  • 15. A Mundialização Financeira  Foram as medidas de liberalização e desregulamentação de 1979-81, que deram nascimento ao sistema de finança mundializada tal como conhecemos. Elas puseram fim ao controle de movimento de capitas com o estrangeiro (saídas e entradas), abrindo assim os sistemas financeiros nacionais para o exterior. (p. 44)  A abertura externa e interna dos sistemas nacionais, antes fechados e compartimentados, conduziu a emergência de um espaço financeiro mundial (p. 44)
  • 16. Três dimensões do crescimento das finanças  1- Autonomia relativa da esfera financeira da produção, mas sobretudo em face da capacidade de intervenção das autoridades monetárias.  2-Caráter fetiche perfeitamente mistificador, dos “valores” criados pelos mercados financeiros.  3- os contornos da mundialização financeira são delimitados pelos operadores que decidem quais agentes econômicos, pertencentes a quais países e em quais tipos de transação participarão.
  • 17. Um regime especifico de propriedade do Capital  Detentores das ações e de volumes importantes de títulos da dívida devem ser definidos como proprietários situados em posição de exterioridade a produção, e não como “credores”. (p. 48)  A propriedade patrimonial cria direitos a rendas sob a forma de alugueis, de renda de solo (urbano ou rural) e de fluxo de rendas relacionadas às aplicações em Bolsas. A finalidade dela não é nem o consumo e nem a criação de riquezas que aumentem a capacidade da produção, mas o “rendimento”. (p. 50)
  • 18. Exterioridade em relação a produção  Os assalariados foram as verdadeira vítimas da chegada do proprietário acionista. É contra eles que se exerce o novo poder administrativo. Foram eles que sofreram e vão continuar a sofrer, desconsiderando acontecimentos políticos e sociais maiores, os efeitos das normas de rentabilidade impostadas pelos financistas. (p. 55)  É sobre o dinheiro dos contribuintes e sobre o empréstimo publico que o capital de risco, tão vangloriado, se apoia. (p. 56)  A propensão do capital portador de juros para demandar da economia “mais do que ela pode dar” é uma consequência de sua exterioridade à produção. É uma das forças motrizes da desregulamentação do trabalho, assim como das privatizações. (p. 61)
  • 19. Neoliberalismo  Entendido dessa maneira, o neoliberalismo, é forçoso constatar, atingiu plenamente seus objetivos, pois ocorreu um grande salto na concentração da riqueza. A questão, então, é saber se esse sucesso não obtido em condições que, no longo prazo, poderiam tornar pouco viável a dominação reencontrada das classes superiores e dos países que lhes servem de baluarte porque fundada em bases econômicas estreitas e instáveis. Se esse é o caso, então estaríamos diante de uma situação propícia a acentuação do militarismo, assim como ao reforço dos métodos militares e de segurança para o controle político e social, tanto no plano internacional quanto no doméstico. (p. 57)
  • 20. Crises Financeiras na América Latina  Os investidores institucionais parecem ter visto a incorporação desses países na Mundialização Financeira, mas também sua submissão completa aos outros planos da política neoliberal, como indispensáveis à captação dos fluxos de renda, que lhes são necessários. A violência das crises financeiras e a velocidade de sua propagação em direção à produção e ao emprego em cada país, e entre países vizinhos, por meio da contração comercial e da queda dos preços, não se explicam unicamente pelos fatores ligados a fraqueza das autoridades financeiras, nem mesmo pelo comportamentos dos investidores considerados fora do contexto mais amplo da liberalização, que eles contribuíram para criar. (p. 64)
  • 21. Referências  CHESNAIS, François (Org). O capital portador de juros: acumulação, internacionalização, efeitos econômicos e políticos. In: CHESNAIS, F. (Org). A finança mundializada. São Paulo: Boitempo, 2005.