O documento discute quatro tipos ideais de protestantismo ascético: 1) Calvinismo enfatizava a predestinação e racionalização da vida moral; 2) Pietismo via a graça como um momento único na vida e induzia à contrição; 3) Metodismo combinava religião emocional com indiferença às bases dogmáticas do ascetismo calvinista; 4) Seitas batistas enfatizavam a conversão repentina e a certeza da salvação.
2. A ÉTICA PROTESTANTE E O
ESPÍRITO DO CAPITALISMO
(...) país e tempo algum experimentaram jamais, no mesmo sentido
que o moderno Ocidente, absoluta e completa dependência de toda a
sua existência, das condições políticas e econômicas de sua vida, de
uma organização de funcionários especialmente treinados,
funcionários técnica, comercial e, acima de tudo, juridicamente
treinados, detentores das mais importantes funções cotidianas na vida
social. (p. 3)
3. ESTADO
O próprio “Estado”, tomado como entidade política, como uma
“Constituição” racionalmente redigida, um direito racionalmente
ordenado, e uma administração orientada por regras racionais, as
leis, administrado por funcionários especializados, é conhecido,
nessa combinação de características, somente no Ocidente...(p. 4)
O mesmo ocorre com a força mais significativa de nossa vida
moderna: o “capitalismo”
4. CAPITALISMO
O Ocidente...veio conhecer, na era moderna, um tipo completamente diverso e nunca
antes encontrado de capitalismo: a organização capitalística racional assentada no trabalho
livre (formalmente pelo menos) (p. 7)
A organização industrial racional, orientada para um mercado real e não para
oportunidades políticas ou especulativas de lucro, não é a única criação peculiar do
capitalismo ocidental. A moderna organização racional da empresa capitalista não teria
sido viável sem a presença de dois importantes fatores de seu desenvolvimento: a
separação da empresa da economia doméstica, que hodiernamente domina por completo
a vida econômica, e, associado de perto a esse, a criação de uma a criação de uma
contabilidade racional. (p. 8)
5. CAPITALISMO E ESTADO
O moderno capitalismo racional baseia-se não só nos meios
técnicos de produção, como num determinado sistema legal e numa
administração orientada por regras formais. (p. 10)
O racionalismo econômico, embora dependa parcialmente da
técnica e do direito racional, é ao mesmo tempo determinado pela
capacidade e disposição dos homens em adaptar certos tipos de
conduta racional (p. 11)
6. RELIGIÃO E
RACIONALIDADE
ECONÔMICA
Trata-se do exemplo das relações entre o moderno ethos econômico
e a ética racional do protestantismo ascético. (p. 12)
Maior quantidade de protestantes nas ocupações comerciais e
industriais.
Os protestantes demonstraram tendência específica para o
racionalismo econômico. (p. 23)
7. PROTESTANTISMO E
RACIONALIDADE
ECONÔMICA
A explicação desses casos está, sem dúvida, nas peculiaridades
mentais e espirituais adquiridas do meio, especialmente do tipo de
educação propiciada pela atmosfera religiosa do lar e da família, que
determinaram a escolha da ocupação, e, através dela da carreira
profissional. (p. 22)
8. PROTESTANTISMO E
RACIONALIDADE
ECONÔMICA
O católico é mais tranquilo, tem menos impulso aquisitivo; prefere
uma vida a mais segura possível, mesmo que isso implique em uma renda
menor, à uma vida arriscada e cheia de excitação, mesmo que esta torne
possível a obtenção de honrarias e riquezas. Isso é comprovado de
maneira irônica pelo provérbio “coma ou durma bem”. No presente caso,
o protestante prefere saciar-se, e o católico dormir sem ser perturbado. (p.
23)
Os católicos são mais indiferentes frente aos bens deste mundo (p. 23)
9. PROTESTANTISMO E
RACIONALIDADE
ECONÔMICA
A razão dessas diferentes atitudes deve, portanto, ser procurada no
caráter intrínseco permanente de suas crenças religiosas, e não apenas
em suas temporárias situações externas na história e na política. (p.
23)
O calvinismo, mais do que outros ramos do protestantismo,
parece ter promovido o espírito do capitalismo (p. 26)
10. A ÉTICA
O homem é dominado pela produção de dinheiro, pela produção de
dinheiro, pela aquisição encarada como finalidade última da vida. A
aquisição econômica não mais está subordinada ao homem como meio de
satisfazer suas necessidades materiais. Esta inversão do que poderíamos
chamar de relação natural, tão irracional do ponto de vista ingênuo, é
evidentemente um princípio orientador do capitalismo. Mas, ao mesmo
tempo, ela expressa um tipo de sentimento que está inteiramente ligado a
certas ideias religiosas. (p. 33)
11. ESPÍRITO DO CAPITALISMO
O domínio universal da absoluta inescrupulosidade na utilização de interesses
egoístas para a obtenção de dinheiro tem sido uma característica específica
precisamente daqueles países cujo desenvolvimento capitalista-burguês, medido
segundo padrão ocidentais permaneceu “atrasado”. (p. 36)
O espírito do capitalismo teve de lutar contra todo tradicionalismo (p. 37).
O trabalho executado como uma vocação (p. 39)
Trabalho como um valor condizente com o capitalismo (p. 40)
12. O ESPÍRITO DO
CAPITALISMO
A capacidade de concentração mental, tanto quanto o sentimento de obrigação
absolutamente essencial para com o próprio trabalho, estão aqui combinados com
uma economia estrita que calcula a possibilidade de altos vencimentos, um
autocontrole e uma frugalidade frios que enormemente aumentam a capacidade de
produção. Isso fornece uma base das mais favoráveis para a concepção do trabalho
para um fim em si, como um valor que é condizente com o capitalismo: as
oportunidades de superar o tradicionalismo são aqui muito grande devido à
educação religiosa. (p. 40)
13. O ESPÍRITO DO
CAPITALISMO
A questão das forças motivadoras da expansão do capitalismo
moderno não é, em primeira instância, uma questão de origem das
somas de capital disponíveis para o uso capitalístico, mas,
principalmente, do desenvolvimento do espírito do capitalismo. (p.
44)
14. O ESPÍRITO DO
CAPITALISMO
Falar aqui de um reflexo das condições “materiais” sobre a
“superestrutura ideal” seria patentemente insensato. De que rol de
ideias originava-se a concepção de uma atividade dirigida para lucros,
encarada como uma vocação para qual o indivíduo se sentisse com
obrigações? Por que foi esta ideia que determinou o modo de vida do
novo empreendedor, sua fundamentação ética e sua jurisdição? (p. 49)
15. O ESPÍRITO DO
CAPITALISMO
Este processo de racionalização no campo da ciência e da
organização econômica determina indubitavelmente uma parte
importante dos “ideais da vida” da moderna sociedade burguesa. O
trabalho a serviço de uma organização racional para o abastecimento
bens materiais à humanidade, sem dúvida, tem-se apresentado sempre
aos representantes do espirito do capitalismo como uma das mais
importantes finalidades da sua vida profissional. (p. 50)
16. ESPÍRITO DO CAPITALISMO
...é uma das características fundamentais de uma economia
capitalista individualista, racionalizada com base no cálculo rigoroso,
dirigido com previsão e atenção para o sucesso econômico que é
procurado, em chocante contraste, com a precária existência do
camponês e com o tradicionalismo privilegiado, do artesão da guilda e
do “capitalismo aventureiro”, orientado na exploração de
oportunidades políticas e na especulação irracional. (p. 50)
17. O ESPÍRITO DO
CAPITALISMO
O racionalismo é um conceito histórico. (p. 51)
Pensamento racional desenvolve a ideia de uma “vocação” – é um
dos elementos mais característico da nossa cultura capitalista. (p. 51)
Sentido de vocação como cumprimento do dever
18. O ESPÍRITO DO
CAPITALISMO
O efeito da Reforma, como tal, em contraste com a concepção
católica, foi aumentar a ênfase moral e o prêmio religioso para o trabalho
secular e profissional. (p. 55)
Nosso desejo é apenas o de verificar se, e em que medida, participaram
as influencias religiosas da moldagem qualitativa e da expressão
quantitativa desse “espírito” pelo mundo, e, através de aspectos correntes
da cultura baseada no capitalismo se pode chegar de volta a eles. (p. 62)
19. ÉTICA PROTESTANTE E
ESPÍRITO DO CAPITALISMO
Correlações entre o movimento religioso e a ética vocacional. (p.
62)
Em virtude dessas correlações, o movimento religioso agiu sobre o
desenvolvimento da cultura material. (p. 62)
20. A ÉTICA VOCACIONAL DO
PROTE STANTISMO ASCÉ TICO
4 representantes históricos do protestantismo ascético:
1- calvinismo na forma que assumiu na sua principal área de
influência na Europa Central, especialmente no século XVII;
2- o Pietismo;
3- o Metodismo;
4- as seitas que derivaram do movimento Batista.
21. FUNDAMENTOS RELIGIOSOS
DO ASCETISMO LAICO
(...) os tipos de conduta moral nos quais estamos interessados podem
ser encontrados, de maneira semelhante, entre os adeptos das mais
variadas denominações derivadas de qualquer uma das quatro fontes
acima mencionadas ou de uma combinação de várias delas. (p. 66)
Estamos mais interessados em algo inteiramente diferente: na
influência daquelas sanções psicológicas que, originadas da crença
religiosa e da prática da vida religiosa, orientavam a conduta e a ela
prendiam o indivíduo. (p. 67))
22. TIPOS IDEAIS
A- Calvinismo
O calvinismo foi a fé em torno da qual giraram os países capitalisticamente
desenvolvidos – Países Baixos, Inglaterra e França – as grandes lutas políticas e
culturais dos séculos XVI e XVII.
O mundo existe para a glorificação de Deus, e somente para este fim. O cristão
eleito está no mundo apenas para aumentar essa glória, cumprindo seus
mandamentos ao máximo de suas possibilidades. Mas, Deus, requer obras sociais de
cristãos, porque Ele deseja que a vida social seja organizada segundo seus
mandamentos, de acordo com aquela finalidade. (p. 75)
23. TIPOS IDEAIS
O Deus do calvinista requeria de seus fiéis, não apenas “boas obras” isoladas,
mas uma santificação pelas obras, coordenada em um sistema unificado. .. (p. 81-82)
A conduta moral do homem médio foi assim despojada de seu caráter não
planejado e assistemático, e sujeita como um todo, a um método consistente. (p. 820
Foi a racionalização que deu a fé reformada a sua tendência ascética peculiar, e é
a base, tanto de sua relação quanto de seu conflito com os católicos, pois
naturalmente coisas similares não eram por este desconhecidas. (82)
24. TIPOS IDEAIS
O ascetismo, quanto mais intensamente dominasse o indivíduo,
tanto mais o afastava da vida cotidiana, pois a vida mais santa
consistia justamente na superação de toda moralidade laica. (p. 84)
Baseando sua ética na doutrina da predestinação, substitui a
aristocracia espiritual dos monges, alheia e superior ao mundo, pela
aristocracia espiritual dos predestinados santos de Deus, integrados
no mundo. (p. 85)
25. TIPOS IDEAIS
(...) a doutrina da predestinação como fundamento dogmático da
moralidade puritana no sentido de uma conduta ética metodicamente
racionalizada. (p. 87)
(...) o resultado do protestantismo ascético: uma ordenação racional
sistemática da vida moral global. (p 88)
26. TIPOS IDEIAS
O Pietismo
A doutrina da predestinação é também o ponto de partida do
movimento ascético usualmente conhecido como pietismo.
Doutrina do Terminismo – “Ela supõe que a graça é oferecida a todos
os homens, em um momento determinado ou indeterminado da vida,
mas sempre da última vez. Quem quer que deixe passar este momento,
está além da universalidade da graça, está na mesma situação que os
negligenciados por Deus na doutrina calvinista. (p. 94)
27. TIPOS IDEAIS
Francke - “a graça só poderia se tornar efetiva em certas
circunstâncias únicas e peculiares, isto é, depois de um prévio
“arrependimento” e “rompimento com o passado”. (p. 94)
“criação de um método que induzisse à contrição, até a obtenção da
graça divina tornou-se efetivamente um objeto da atividade humana
racional. (p. 94)
Ênfase na emocionalidade
28. TIPOS IDEAIS
As virtudes favorecidas pelo pietismo foram mais aquelas dos
“fervorosos” funcionários, caixeiros, operários e empregados
domésticos, por um lado, e por outro, do empregador
predominantemente patriarcal com sua piedosa condescendência...(p.
98)
29. TIPOS IDEAIS
METODISMO
A combinação de um tipo emocional, mas ainda ascético, na religião
com uma crescente indiferença pelas bases dogmáticas do ascetismo
calvinista, ou um repúdio a elas, é característica também do
movimento anglo-americano correspondente ao pietismo continental:
o metodismo. (p. 98)
30. TIPOS IDEAIS
A ênfase sobre o sentimento – despertada em John Wesley ...- levou o
metodismo, que desde o início viu a sua missão entre a massa, tomar um
caráter fortemente emocional, especialmente na América. (p. 98)
(...) diferentemente do calvinismo, que afirmava serem ilusórias todas as
coisas emocionais, manteve o princípio que a única base segura para a
certitudo salutis, era um puro sentimento de absoluta certeza do perdão,
derivado imediatamente do testemunho do Espírito, cujo advento podia
ser estabelecido com precisão de dia e hora. (p. 99)
31. AS SEITAS BATISTAS
O pietismo da Europa continental e o metodismo dos povos
anglo-saxões são considerados movimentos secundários, tanto em seu
conteúdo de idéias , como em sua importância histórica. Por outro
lado, encontramos do lado do calvinismo, uma segunda fonte
independente do ascetismo protestante do movimento batista e nas
seitas que, no decorrer dos séculos XVI e XVII dele se derivam, os
Batistas, os menotistas e os quakers (p. 102)
32. AS SEITAS BATISTAS
A comunidade religiosa já não era mais já não era mais considerada um
tipo de fundação fideicomissória para fins extraterrenos, mas uma
comunidade de pessoas crentes e redimidas.
Em outras palavras: não uma igreja, mas uma seita.
A fé na posse espiritual de Seu dom da salvação, que ocorria através da
revelação individual: pela ação do espírito Divino do indivíduo. Ela era
oferecida a todos, e bastava esperar pelo Espírito e não resistir à sua vinda
por um pecaminoso apego ao mundo. (p. 103)
33. AS SEITAS BATISTAS
As seitas batistas, junto com os predestinaciosnistas –
especialmente os calvinistas estritos – desenvolveram a mais radical
desvalorização de todos os sacramentos como meios de salvação e
realizaram assim, até as últimas conseqüências, a “desmistificação”
religiosa do mundo. Somente a “luz interior” da contínua revelação
podia habilitar alguém a entender verdadeiramente até mesmo asv
revelações bíblicas de Deus (p. 104).
34. AS SEITAS BATISTAS
Um repúdio sincero do mundo e dos seus interesses e uma submissão
incondicional a Deus, que nos fala através da consciência, eram os únicos
sinais infalíveis da verdadeira redenção, e um tipo de conduta
correspondente à salvação. E, deste modo, o presente da graça de Deus
não podia ser merecido, mas apenas aquele, que seguisse os ditames de
sua consciência, poderia ser justificado por considerado redimido. (p. 105)
A eliminação da magia do mundo não permitiu nenhum outro curso
psicológico, que não a prática do ascetismo laico. (p. 106)
35. FUNDAMENTOS RELIGIOSOS
DO ASCETISMO LAICO
O ascetismo cristão, que incialmente fugia do mundo para a
solidão, já o tinha dominado a partir do mosteiro através da Igreja.
Com isto, todavia, não alterara o caráter natural, espontâneo da vida
cotidiana do século. Agora, ele adentrou-se no mercado da vida,
fechou atrás de si a porta do mosteiro, tentou penetrar exatamente
naquela rotina diária com a sua meticulosidade, e moldá-la a uma vida
racional, mas não deste mundo, nem para ele. (p.109)
36. A ASCESE E O ESPÍRITO DO
CAPITALISMO
Pois o “eterno descanso da santidade” encontra-se no outro
mundo; na Terra, o Homem deve, para estar seguro de seu estado de
graça, “trabalhar o dia todo em favor do que lhe foi destinado”. Não
é, pois, o ódio e o prazer, mas apenas atividade que serve para
aumentar a glória de Deus, de acordo com a inequívoca manifestação
da Sua vontade. (p. 112)
37. A ASCESE E O ESPÍRITO DO
CAPITALISMO
A perda de tempo, portanto, é o primeiro e o principal de todos os
pecados. (p. 112)
(...) de toda hora perdida no trabalho redunda uma perda de trabalho
para Glorificação de Deus. (p. 112)
(...) o trabalho é o velho e experimentado instrumento ascético,
apreciado mais do que qualquer outro na Igreja do Ocidente; em
acentuada contradição, não só com o Oriente, mas também com quase
todas as ordens monásticas do mundo. (p. 113)
38. A ASCESE E O ESPÍRITO DO
CAPITALISMO
(...) o trabalho constitui, antes de mais nada, a própria finalidade da
vida. ..A falta de vontade de trabalhar é um sintoma da ausência do
estado de graça. (p. 113)
Isto porque todos, sem exceção, recebem uma vocação da
Providência Divina, vocação não é, como no luteranismo, um destino
ao qual cada um se deva submeter, mas um mandamento de Deus a
todos, para que trabalhem na sua glorificação. (p. 114)
39. A ASCESE E O ESPÍRITO DO
CAPITALISMO
A sociedade monárquica-feudal defendia os que queriam divertir-
se contra a moral da burguesia ascendente e as convenções ascéticas
insubmissas à autoridade, da mesma forma que a atual sociedade
capitalista tende a proteger os que querem trabalhar contra a
moralidade de classe do proletariado e do anti-autoritário sindicato. (p.
120)
40. A ASCESE E O ESPÍRITO DO
CAPITALISMO
A idéia do dever do homem para com os bens que lhe foram confiados, aos quais se
subordina como administrador, ou até como “máquina de ganhar dinheiro”, estende-se
com seu peso paralisante sobre toda a vida. Quanto maiores as posses, mais pesado será o
sentimento de responsabilidade, se prevalecer a mentalidade ascética em conservá-los
integralmente para a glória de Deus, ou em aumentá-los através de infatigável trabalho. A
gênese desse tipo de vida remonta também, como tantos outros traços do moderno
espírito do capitalismo, à Idade Média, mas foi só na ética do protestantismo ascético que
ele encontrou seus fundamentos morais mais consistentes. Seu significado no
desenvolvimento do capitalismo é obvio. (p. 122)
41. A ASCESE E O ESPÍRITO DO
CAPITALISMO
A avaliação religiosa do infatigável, constante e sistemático labor
vocacional secular, como o mais alto instrumento de ascese, e, ao
mesmo tempo, como o mais seguro meio de preservação da redenção
da fé e do homem, deve ser sido presumivelmente a mais poderosa,
alavanca da expressão dessa concepção de vida, que aqui apontamos
como “espírito” do capitalismo (p. 123).
42. A ASCESE E O ESPÍRITO DO
CAPITALISMO
Combinando essa restrição do consumo com essa liberalização da procura da riqueza,
é obvio o resultado que daí decorre: a acumulação capitalista através da compulsão
ascética à poupança. As restrições impostas ao uso da riqueza só poderiam levar a seu uso
produtivo como investimento de capital (p. 124)
À medida que se foi estendendo a influência da concepção da vida puritana – e isto,
naturalmente, é muito mais importante do que o simples fomento da acumulação de
capital – ela favoreceu o desenvolvimento de uma vida econômica racional e burguesa.
Era a sua mais importante, e antes de mais nada, a sua única orientação consistente, nisto
tendo sido o berço do moderno “homem econômico” (p. 125).
43. A ASCESE E O ESPÍRITO DO
CAPITALISMO
Um dos componentes fundamentais do espírito do moderno
capitalismo, e não apenas deste, mas de toda a cultura moderna: a
conduta racional baseada na ideia da vocação, nasceu – segundo se
tentou demonstrar nessa discussão do espírito da ascese cristã. (p.
130).
44. A ASCESE E O ESPÍRITO DO
CAPITALISMO
O puritano queria tornar-se um profissional, e todos tiveram que segui-lo. Pois quando o
ascetismo foi levado para fora dos mosteiros e transferido para a vida profissional, passando a
influenciar a moralidade secular, fê-lo contribuindo poderosamente para a formação da moderna
ordem econômica e técnica ligada à produção em série através da máquina, que atualmente
determina de maneira violenta o estilo de vida de todo indivíduo nascido sob esse sistema, e não
apenas daqueles diretamente atingidos pela aquisição econômica, e, quem sabe, o determinará até
que a última tonelada de combustível tiver sido gasta. De acordo com a opinião de Baxter,
preocupações pelos bens materiais somente poderiam vestir os ombros do santo “como um
tênue manto, do qual a toda a hora se pudesse despir. O destino iria fazer com que o manto se
transformação numa prisão de ferro. (p. 130)
45. A ASCESE E O ESPÍRITO DO
CAPITALISMO
Desde que o ascetismo começou a remodelar o mundo e a nele se
desenvolver, os bens materiais foram assumindo uma crescente, e,
finalmente, uma inexorável força sobre os homens, como nunca antes
na história. (p. 131)
46. REFERÊNCIA:
Weber, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. 6ª ed. São
Paulo: livraria Pioneira, 1989.