SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 18
Baixar para ler offline
Karl Marx
GRUNDRISSE
 O objeto nesse caso é, primeiramente, a
produção material.
 Indivíduos produzindo em sociedade –
por isso, o ponto de partida é,
naturalmente, a produção dos
indivíduos socialmente determinados.
 Quanto mais fundo voltamos na história, mais o
indivíduo, e por isso também o indivíduo que produz,
aparece como dependente, como membro de um
todo maior: de início, e de maneira totalmente natural,
na família e na família ampliada em tribo [Stamm]; mais
tarde, nas diversas formas de comunidade resultantes
do conflito e da fusão das tribos. Somente no século
XVIII, com a “sociedade burguesa”, as diversas formas
de conexão social confrontam o indivíduo como
simples meio para seus fins privados, como necessidade
exterior. Mas a época que produz esse ponto de vista, o
ponto de vista do indivíduo isolado, é justamente a
época das relações sociais (universais desde esse ponto
de vista) mais desenvolvidas até o presente. (p. 55)
 Por isso, quando se fala de produção, sempre se está falando de
produção em um determinado estágio de desenvolvimento social
– da produção de indivíduos sociais. Desse modo, poderia parecer
que, para poder falar em produção em geral, deveríamos seja
seguir o processo histórico de desenvolvimento em suas distintas
fases, seja declarar por antecipação que consideramos uma
determinada época histórica, por exemplo, a moderna produção
burguesa, que é de fato o nosso verdadeiro tema. No entanto,
todas as épocas da produção têm certas características em
comum, determinações em comum. A produção em geral é uma
abstração, mas uma abstração razoável, na medida em que
efetivamente destaca e fixa o elemento comum, poupando-nos
assim da repetição. Entretanto, esse Universal, ou o comum isolado
por comparação, é ele próprio algo multiplamente articulado,
cindido em diferentes determinações. (P. 56)
 Toda produção é apropriação da natureza pelo
indivíduo no interior de e mediada por uma
determinada forma de sociedade. (P. 60)
 A saber, que toda forma de produção forja suas
próprias relações jurídicas, forma de governo etc. A
insipiência e o desentendimento consistem
precisamente em relacionar casualmente o que é
organicamente conectado, em reduzi-lo a uma mera
conexão da reflexão. Os economistas burgueses têm
em mente apenas que se produz melhor com a polícia
moderna do que, por exemplo, com o direito do mais
forte. Só esquecem que o direito do mais forte também
é um direito, e que o direito do mais forte subsiste sob
outra forma em seu “estado de direito”. (p. 60)
 A produção, por conseguinte, produz não
somente um objeto para o sujeito, mas também
um sujeito para o objeto. Logo, a produção
produz o consumo, na medida em que 1) cria o
material para o consumo; 2) determina o modo
do consumo; 3) gera como necessidade no
consumidor os produtos por ela própria postos
primeiramente como objetos. Produz, assim, o
objeto do consumo, o modo do consumo e o
impulso do consumo. Da mesma forma, o
consumo produz a disposição do produtor, na
medida em que o solicita como necessidade
que determina a finalidade (p66)
● O importante aqui é apenas destacar que, se
produção e consumo são considerados como
atividades de um sujeito ou de muitos
indivíduos, ambos aparecem em todo caso
como momentos de um processo no qual a
produção é o ponto de partida efetivo, e, por
isso, também o momento predominante
[übergreifende Moment]. (p. 68)
7
● Produção, distribuição, troca e consumo ...“são
membros de uma totalidade, diferenças dentro de
uma unidade”. (p.76)
● Há uma interação entre os diferentes momentos.
Esse é o caso em qualquer outro orgânico. (p. 76)
8
 Parece ser correto começarmos pelo real e pelo concreto, pelo
pressuposto efetivo, e, portanto, no caso da economia, por exemplo,
começarmos pela população, que é o 76/1285 fundamento e o sujeito do
ato social de produção como um todo. Considerado de maneira mais
rigorosa, entretanto, isso se mostra falso. A população é uma abstração
quando deixo de fora, por exemplo, as classes das quais é constituída.
Essas classes, por sua vez, são uma palavra vazia se desconheço os
elementos nos quais se baseiam. P. ex., trabalho assalariado, capital etc.
Estes supõem troca, divisão do trabalho, preço etc. O capital, p. ex., não é
nada sem o trabalho assalariado, sem o valor, sem o dinheiro, sem o preço
etc. Por isso, se eu começasse pela população, esta seria uma
representação caótica do todo e, por meio de uma determinação mais
precisa, chegaria analiticamente a conceitos cada vez mais simples; do
concreto representado [chegaria] a conceitos abstratos [Abstrakta] cada
vez mais finos, até que tivesse chegado às determinações mais simples.
Daí teria de dar início à viagem de retorno até que finalmente chegasse
de novo à população, mas desta vez não como a representação caótica
de um todo, mas como uma rica totalidade de muitas determinações e
relações. (p. 77)
 Tão logo esses momentos singulares
foram mais ou menos fixados e
abstraídos, começaram os sistemas
econômicos, que se elevaram do
simples, como trabalho, divisão do
trabalho, necessidade, valor de troca,
até o Estado, a troca entre as nações e
o mercado mundial. O último é
manifestamente o método
cientificamente correto. (p. 77)
 (..,)as determinações abstratas levam à reprodução do
concreto por meio do pensamento. (p. 78)
 (...)enquanto o método de ascender do abstrato ao concreto
é somente o modo do pensamento de apropriar-se do
concreto, de reproduzi-lo como um concreto mental. Mas
de forma alguma é o processo de gênese do próprio
concreto. P. ex., a categoria econômica mais simples,
digamos, o valor de troca, supõe a população, população
produzindo em relações determinadas; [supõe] também
um certo tipo de família – ou comunidade – ou de Estado
etc. (p. 78)
 A partir desse ponto de vista, portanto, pode ser dito que a
categoria mais simples pode expressar relações
dominantes de um todo ainda não desenvolvido, ou
relações subordinadas de um todo desenvolvido que já
tinham existência histórica antes que o todo se
desenvolvesse no sentido que é expresso em uma
categoria mais concreta. Nesse caso, o curso do
pensamento abstrato, que se eleva do mais simples ao
combinado, corresponderia ao processo histórico
efetivo.(p. 80) Ex. dinheiro, trabalho.
● O concreto é concreto porque é síntese de
múltiplas determinações, portanto, unidade na
diversidade. Por essa razão, o concreto
aparece no pensamento como processo da
síntese, como resultado, não como ponto de
partida efetivo, e em consequência, também o
ponto de partida da intuição e da
representação. (p. 80)
●
13
● ...permanece sempre o fato de que as
categorias simples são expressões das relações
nas quais o concreto ainda não desenvolvido
pode ter se realizado sem ainda ter posto, a
conexão ou a relação mais multilateral que é
mentalmente expressa nas categorias mais
concretas, enquanto o concreto mais
desenvolvido conserva esta mesma categoria
como uma relação subordinada. (p. 80)
14
● O dinheiro pode existir historicamente, antes que exista o
capital, antes que exista os bancos, antes que exista o trabalho
assalariado. A partir desse ponto de vista, portanto, pode ser
dito que a categoria mais simples pode expressar relações
dominantes de um todo ainda não desenvolvido, ou relações
subordinadas de um todo desenvolvido que já tinham
existência histórica antes que o todo se desenvolvesse no
sentido que é expresso em uma categoria mais concreta. (p.
80)
15
 Seria impraticável e falso, portanto, deixar as categorias econômicas
sucederem-se umas às outras na sequência em que foram
determinantes historicamente. A sua ordem é determinada, ao
contrário, pela relação que têm entre si na moderna sociedade
burguesa, e que é exatamente o inverso do que aparece como sua
ordem natural ou da ordem que corresponde ao desenvolvimento
histórico. Não se trata da relação que as relações econômicas
assumem historicamente na sucessão de diferentes formas de
sociedade. Muito menos de sua ordem “na ideia” ([como em]
Proudhon (uma representação obscura do movimento histórico).
Trata-se, ao contrário, de sua estruturação no interior da moderna
sociedade burguesa. (p. 87)
● Nesse caso, o curso do pensamento abstrato,
que se eleva do mais simples ao combinado,
corresponderia ao processo histórico efetivo.
(p. 80)
● A anatomia do ser humano é uma chave para
a anatomia do macaco. (p.84)
● Do mesmo modo, a economia burguesa
fornece a chave da economia antiga. (p. 84)
17
 Marx. MARX, Karl. Grundrisse, São
Paulo, Boitempo, 2011

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Marx analisa produção social em Grundrisse

Movimentos sociais e luta de classe
Movimentos sociais e luta de classeMovimentos sociais e luta de classe
Movimentos sociais e luta de classeRosane Domingues
 
Teoria das ciências humanas i 2010
Teoria das ciências humanas i  2010Teoria das ciências humanas i  2010
Teoria das ciências humanas i 2010Fábio Deus
 
A Economia Política da Forma Jurídica - PACHUKANIS
A Economia Política da Forma Jurídica - PACHUKANISA Economia Política da Forma Jurídica - PACHUKANIS
A Economia Política da Forma Jurídica - PACHUKANISvania morales sierra
 
Pilulas democraticas 11 Opiniao publica
Pilulas democraticas 11  Opiniao publicaPilulas democraticas 11  Opiniao publica
Pilulas democraticas 11 Opiniao publicaaugustodefranco .
 
A ideologia alemã pps
A ideologia alemã ppsA ideologia alemã pps
A ideologia alemã ppsguestf32d669
 
Mídia poder e controle social
Mídia poder e controle socialMídia poder e controle social
Mídia poder e controle socialLuci Bonini
 
01 - SLIDES ANIMADOS - 12-karl-marx - 24 SLIDES.pptx
01 - SLIDES ANIMADOS - 12-karl-marx - 24 SLIDES.pptx01 - SLIDES ANIMADOS - 12-karl-marx - 24 SLIDES.pptx
01 - SLIDES ANIMADOS - 12-karl-marx - 24 SLIDES.pptxEdsonYouTube
 
O ESTADO LIBERAL E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA DA DÉCADA DE 1990
O ESTADO LIBERAL E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA DA DÉCADA DE 1990O ESTADO LIBERAL E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA DA DÉCADA DE 1990
O ESTADO LIBERAL E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA DA DÉCADA DE 1990amiltonp
 
Pedagogia da Mudança: revisitando a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire par...
Pedagogia da Mudança: revisitando a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire par...Pedagogia da Mudança: revisitando a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire par...
Pedagogia da Mudança: revisitando a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire par...MAURILIO LUIELE
 

Semelhante a Marx analisa produção social em Grundrisse (20)

Karl marx1
Karl marx1Karl marx1
Karl marx1
 
cultura, estratégia e poder
cultura, estratégia e podercultura, estratégia e poder
cultura, estratégia e poder
 
Revisão Conceitual de SOCIOLOGIA
Revisão Conceitual de SOCIOLOGIARevisão Conceitual de SOCIOLOGIA
Revisão Conceitual de SOCIOLOGIA
 
Movimentos sociais e luta de classe
Movimentos sociais e luta de classeMovimentos sociais e luta de classe
Movimentos sociais e luta de classe
 
Sociologia 2
Sociologia 2Sociologia 2
Sociologia 2
 
Teoria das ciências humanas i 2010
Teoria das ciências humanas i  2010Teoria das ciências humanas i  2010
Teoria das ciências humanas i 2010
 
Damatta voce tem_cultura
Damatta voce tem_culturaDamatta voce tem_cultura
Damatta voce tem_cultura
 
Fluzz pilulas 57
Fluzz pilulas 57Fluzz pilulas 57
Fluzz pilulas 57
 
Fluzz & Estado
Fluzz & EstadoFluzz & Estado
Fluzz & Estado
 
A Economia Política da Forma Jurídica - PACHUKANIS
A Economia Política da Forma Jurídica - PACHUKANISA Economia Política da Forma Jurídica - PACHUKANIS
A Economia Política da Forma Jurídica - PACHUKANIS
 
Desafios do mundo no século xxi 2
Desafios do mundo no século xxi   2Desafios do mundo no século xxi   2
Desafios do mundo no século xxi 2
 
Aula 7 - Karl Polanyi
Aula 7 - Karl PolanyiAula 7 - Karl Polanyi
Aula 7 - Karl Polanyi
 
Aula 7 - karl polanyi
Aula 7 - karl polanyiAula 7 - karl polanyi
Aula 7 - karl polanyi
 
Pilulas democraticas 11 Opiniao publica
Pilulas democraticas 11  Opiniao publicaPilulas democraticas 11  Opiniao publica
Pilulas democraticas 11 Opiniao publica
 
A ideologia alemã pps
A ideologia alemã ppsA ideologia alemã pps
A ideologia alemã pps
 
Mídia poder e controle social
Mídia poder e controle socialMídia poder e controle social
Mídia poder e controle social
 
O que é ideologia
O que é ideologiaO que é ideologia
O que é ideologia
 
01 - SLIDES ANIMADOS - 12-karl-marx - 24 SLIDES.pptx
01 - SLIDES ANIMADOS - 12-karl-marx - 24 SLIDES.pptx01 - SLIDES ANIMADOS - 12-karl-marx - 24 SLIDES.pptx
01 - SLIDES ANIMADOS - 12-karl-marx - 24 SLIDES.pptx
 
O ESTADO LIBERAL E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA DA DÉCADA DE 1990
O ESTADO LIBERAL E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA DA DÉCADA DE 1990O ESTADO LIBERAL E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA DA DÉCADA DE 1990
O ESTADO LIBERAL E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA DA DÉCADA DE 1990
 
Pedagogia da Mudança: revisitando a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire par...
Pedagogia da Mudança: revisitando a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire par...Pedagogia da Mudança: revisitando a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire par...
Pedagogia da Mudança: revisitando a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire par...
 

Mais de vania morales sierra

A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.pptx
A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.pptxA Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.pptx
A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.pptxvania morales sierra
 
DURKHEIM- As Formas Elementares da Vida Religiosa
DURKHEIM- As Formas Elementares da Vida ReligiosaDURKHEIM- As Formas Elementares da Vida Religiosa
DURKHEIM- As Formas Elementares da Vida Religiosavania morales sierra
 
Durkheim - Algumas Formas Primitivas de Classificação
Durkheim - Algumas Formas Primitivas de Classificação Durkheim - Algumas Formas Primitivas de Classificação
Durkheim - Algumas Formas Primitivas de Classificação vania morales sierra
 
Durkheim divisao social do trabalho
Durkheim divisao social do trabalhoDurkheim divisao social do trabalho
Durkheim divisao social do trabalhovania morales sierra
 
Durkheim As regras do método sociológico
Durkheim As regras do método sociológicoDurkheim As regras do método sociológico
Durkheim As regras do método sociológicovania morales sierra
 
O Capital Portador de Juros - Chesnais
O Capital Portador de Juros - ChesnaisO Capital Portador de Juros - Chesnais
O Capital Portador de Juros - Chesnaisvania morales sierra
 
A Lei Geral da Acumulação Capitalista
A Lei Geral da Acumulação CapitalistaA Lei Geral da Acumulação Capitalista
A Lei Geral da Acumulação Capitalistavania morales sierra
 
O estado na fase do capitalismo tardia
O estado na fase do capitalismo tardiaO estado na fase do capitalismo tardia
O estado na fase do capitalismo tardiavania morales sierra
 
Estado-Nação e a Violência- Giddens,,
Estado-Nação e a Violência- Giddens,,Estado-Nação e a Violência- Giddens,,
Estado-Nação e a Violência- Giddens,,vania morales sierra
 
Neoconservadorismo, neoliberalismo e hegemonia do capital financeiro
Neoconservadorismo, neoliberalismo e hegemonia do capital financeiroNeoconservadorismo, neoliberalismo e hegemonia do capital financeiro
Neoconservadorismo, neoliberalismo e hegemonia do capital financeirovania morales sierra
 
Os direitos humanos como tema global
Os  direitos humanos  como tema  globalOs  direitos humanos  como tema  global
Os direitos humanos como tema globalvania morales sierra
 
O estado de direito e os não privilegiados
O estado de direito e os não privilegiadosO estado de direito e os não privilegiados
O estado de direito e os não privilegiadosvania morales sierra
 

Mais de vania morales sierra (20)

Weber.pptx
Weber.pptxWeber.pptx
Weber.pptx
 
A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.pptx
A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.pptxA Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.pptx
A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.pptx
 
DURKHEIM- As Formas Elementares da Vida Religiosa
DURKHEIM- As Formas Elementares da Vida ReligiosaDURKHEIM- As Formas Elementares da Vida Religiosa
DURKHEIM- As Formas Elementares da Vida Religiosa
 
Durkheim - Algumas Formas Primitivas de Classificação
Durkheim - Algumas Formas Primitivas de Classificação Durkheim - Algumas Formas Primitivas de Classificação
Durkheim - Algumas Formas Primitivas de Classificação
 
Suicidio
SuicidioSuicidio
Suicidio
 
Durkheim divisao social do trabalho
Durkheim divisao social do trabalhoDurkheim divisao social do trabalho
Durkheim divisao social do trabalho
 
Durkheim As regras do método sociológico
Durkheim As regras do método sociológicoDurkheim As regras do método sociológico
Durkheim As regras do método sociológico
 
Noção de Técnica do Corpo
Noção de Técnica do CorpoNoção de Técnica do Corpo
Noção de Técnica do Corpo
 
Marcel mauss
Marcel maussMarcel mauss
Marcel mauss
 
Donzelot
DonzelotDonzelot
Donzelot
 
O Capital Portador de Juros - Chesnais
O Capital Portador de Juros - ChesnaisO Capital Portador de Juros - Chesnais
O Capital Portador de Juros - Chesnais
 
Antunes
AntunesAntunes
Antunes
 
A Lei Geral da Acumulação Capitalista
A Lei Geral da Acumulação CapitalistaA Lei Geral da Acumulação Capitalista
A Lei Geral da Acumulação Capitalista
 
O estado na fase do capitalismo tardia
O estado na fase do capitalismo tardiaO estado na fase do capitalismo tardia
O estado na fase do capitalismo tardia
 
Estado-Nação e a Violência- Giddens,,
Estado-Nação e a Violência- Giddens,,Estado-Nação e a Violência- Giddens,,
Estado-Nação e a Violência- Giddens,,
 
Neoconservadorismo, neoliberalismo e hegemonia do capital financeiro
Neoconservadorismo, neoliberalismo e hegemonia do capital financeiroNeoconservadorismo, neoliberalismo e hegemonia do capital financeiro
Neoconservadorismo, neoliberalismo e hegemonia do capital financeiro
 
Cidadania e classe social
Cidadania e classe socialCidadania e classe social
Cidadania e classe social
 
Os direitos humanos como tema global
Os  direitos humanos  como tema  globalOs  direitos humanos  como tema  global
Os direitos humanos como tema global
 
O estado de direito e os não privilegiados
O estado de direito e os não privilegiadosO estado de direito e os não privilegiados
O estado de direito e os não privilegiados
 
Imagens da democracia
Imagens da democraciaImagens da democracia
Imagens da democracia
 

Último

Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Centro Jacques Delors
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfCD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfManuais Formação
 
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila RibeiroMarcele Ravasio
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfAdrianaCunha84
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024Jeanoliveira597523
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduraAdryan Luiz
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOColégio Santa Teresinha
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniCassio Meira Jr.
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxOsnilReis1
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 

Último (20)

Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfCD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
 
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditadura
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 

Marx analisa produção social em Grundrisse

  • 2.  O objeto nesse caso é, primeiramente, a produção material.  Indivíduos produzindo em sociedade – por isso, o ponto de partida é, naturalmente, a produção dos indivíduos socialmente determinados.
  • 3.  Quanto mais fundo voltamos na história, mais o indivíduo, e por isso também o indivíduo que produz, aparece como dependente, como membro de um todo maior: de início, e de maneira totalmente natural, na família e na família ampliada em tribo [Stamm]; mais tarde, nas diversas formas de comunidade resultantes do conflito e da fusão das tribos. Somente no século XVIII, com a “sociedade burguesa”, as diversas formas de conexão social confrontam o indivíduo como simples meio para seus fins privados, como necessidade exterior. Mas a época que produz esse ponto de vista, o ponto de vista do indivíduo isolado, é justamente a época das relações sociais (universais desde esse ponto de vista) mais desenvolvidas até o presente. (p. 55)
  • 4.  Por isso, quando se fala de produção, sempre se está falando de produção em um determinado estágio de desenvolvimento social – da produção de indivíduos sociais. Desse modo, poderia parecer que, para poder falar em produção em geral, deveríamos seja seguir o processo histórico de desenvolvimento em suas distintas fases, seja declarar por antecipação que consideramos uma determinada época histórica, por exemplo, a moderna produção burguesa, que é de fato o nosso verdadeiro tema. No entanto, todas as épocas da produção têm certas características em comum, determinações em comum. A produção em geral é uma abstração, mas uma abstração razoável, na medida em que efetivamente destaca e fixa o elemento comum, poupando-nos assim da repetição. Entretanto, esse Universal, ou o comum isolado por comparação, é ele próprio algo multiplamente articulado, cindido em diferentes determinações. (P. 56)
  • 5.  Toda produção é apropriação da natureza pelo indivíduo no interior de e mediada por uma determinada forma de sociedade. (P. 60)  A saber, que toda forma de produção forja suas próprias relações jurídicas, forma de governo etc. A insipiência e o desentendimento consistem precisamente em relacionar casualmente o que é organicamente conectado, em reduzi-lo a uma mera conexão da reflexão. Os economistas burgueses têm em mente apenas que se produz melhor com a polícia moderna do que, por exemplo, com o direito do mais forte. Só esquecem que o direito do mais forte também é um direito, e que o direito do mais forte subsiste sob outra forma em seu “estado de direito”. (p. 60)
  • 6.  A produção, por conseguinte, produz não somente um objeto para o sujeito, mas também um sujeito para o objeto. Logo, a produção produz o consumo, na medida em que 1) cria o material para o consumo; 2) determina o modo do consumo; 3) gera como necessidade no consumidor os produtos por ela própria postos primeiramente como objetos. Produz, assim, o objeto do consumo, o modo do consumo e o impulso do consumo. Da mesma forma, o consumo produz a disposição do produtor, na medida em que o solicita como necessidade que determina a finalidade (p66)
  • 7. ● O importante aqui é apenas destacar que, se produção e consumo são considerados como atividades de um sujeito ou de muitos indivíduos, ambos aparecem em todo caso como momentos de um processo no qual a produção é o ponto de partida efetivo, e, por isso, também o momento predominante [übergreifende Moment]. (p. 68) 7
  • 8. ● Produção, distribuição, troca e consumo ...“são membros de uma totalidade, diferenças dentro de uma unidade”. (p.76) ● Há uma interação entre os diferentes momentos. Esse é o caso em qualquer outro orgânico. (p. 76) 8
  • 9.  Parece ser correto começarmos pelo real e pelo concreto, pelo pressuposto efetivo, e, portanto, no caso da economia, por exemplo, começarmos pela população, que é o 76/1285 fundamento e o sujeito do ato social de produção como um todo. Considerado de maneira mais rigorosa, entretanto, isso se mostra falso. A população é uma abstração quando deixo de fora, por exemplo, as classes das quais é constituída. Essas classes, por sua vez, são uma palavra vazia se desconheço os elementos nos quais se baseiam. P. ex., trabalho assalariado, capital etc. Estes supõem troca, divisão do trabalho, preço etc. O capital, p. ex., não é nada sem o trabalho assalariado, sem o valor, sem o dinheiro, sem o preço etc. Por isso, se eu começasse pela população, esta seria uma representação caótica do todo e, por meio de uma determinação mais precisa, chegaria analiticamente a conceitos cada vez mais simples; do concreto representado [chegaria] a conceitos abstratos [Abstrakta] cada vez mais finos, até que tivesse chegado às determinações mais simples. Daí teria de dar início à viagem de retorno até que finalmente chegasse de novo à população, mas desta vez não como a representação caótica de um todo, mas como uma rica totalidade de muitas determinações e relações. (p. 77)
  • 10.  Tão logo esses momentos singulares foram mais ou menos fixados e abstraídos, começaram os sistemas econômicos, que se elevaram do simples, como trabalho, divisão do trabalho, necessidade, valor de troca, até o Estado, a troca entre as nações e o mercado mundial. O último é manifestamente o método cientificamente correto. (p. 77)
  • 11.  (..,)as determinações abstratas levam à reprodução do concreto por meio do pensamento. (p. 78)  (...)enquanto o método de ascender do abstrato ao concreto é somente o modo do pensamento de apropriar-se do concreto, de reproduzi-lo como um concreto mental. Mas de forma alguma é o processo de gênese do próprio concreto. P. ex., a categoria econômica mais simples, digamos, o valor de troca, supõe a população, população produzindo em relações determinadas; [supõe] também um certo tipo de família – ou comunidade – ou de Estado etc. (p. 78)
  • 12.  A partir desse ponto de vista, portanto, pode ser dito que a categoria mais simples pode expressar relações dominantes de um todo ainda não desenvolvido, ou relações subordinadas de um todo desenvolvido que já tinham existência histórica antes que o todo se desenvolvesse no sentido que é expresso em uma categoria mais concreta. Nesse caso, o curso do pensamento abstrato, que se eleva do mais simples ao combinado, corresponderia ao processo histórico efetivo.(p. 80) Ex. dinheiro, trabalho.
  • 13. ● O concreto é concreto porque é síntese de múltiplas determinações, portanto, unidade na diversidade. Por essa razão, o concreto aparece no pensamento como processo da síntese, como resultado, não como ponto de partida efetivo, e em consequência, também o ponto de partida da intuição e da representação. (p. 80) ● 13
  • 14. ● ...permanece sempre o fato de que as categorias simples são expressões das relações nas quais o concreto ainda não desenvolvido pode ter se realizado sem ainda ter posto, a conexão ou a relação mais multilateral que é mentalmente expressa nas categorias mais concretas, enquanto o concreto mais desenvolvido conserva esta mesma categoria como uma relação subordinada. (p. 80) 14
  • 15. ● O dinheiro pode existir historicamente, antes que exista o capital, antes que exista os bancos, antes que exista o trabalho assalariado. A partir desse ponto de vista, portanto, pode ser dito que a categoria mais simples pode expressar relações dominantes de um todo ainda não desenvolvido, ou relações subordinadas de um todo desenvolvido que já tinham existência histórica antes que o todo se desenvolvesse no sentido que é expresso em uma categoria mais concreta. (p. 80) 15
  • 16.  Seria impraticável e falso, portanto, deixar as categorias econômicas sucederem-se umas às outras na sequência em que foram determinantes historicamente. A sua ordem é determinada, ao contrário, pela relação que têm entre si na moderna sociedade burguesa, e que é exatamente o inverso do que aparece como sua ordem natural ou da ordem que corresponde ao desenvolvimento histórico. Não se trata da relação que as relações econômicas assumem historicamente na sucessão de diferentes formas de sociedade. Muito menos de sua ordem “na ideia” ([como em] Proudhon (uma representação obscura do movimento histórico). Trata-se, ao contrário, de sua estruturação no interior da moderna sociedade burguesa. (p. 87)
  • 17. ● Nesse caso, o curso do pensamento abstrato, que se eleva do mais simples ao combinado, corresponderia ao processo histórico efetivo. (p. 80) ● A anatomia do ser humano é uma chave para a anatomia do macaco. (p.84) ● Do mesmo modo, a economia burguesa fornece a chave da economia antiga. (p. 84) 17
  • 18.  Marx. MARX, Karl. Grundrisse, São Paulo, Boitempo, 2011