O documento discute os tipos de suicídio de acordo com Durkheim: 1) Suicídio egoísta ocorre quando há falta de integração do indivíduo na sociedade; 2) Suicídio anômico resulta de um estado de desregramento das normas sociais; 3) Suicídio altruísta surge de um intenso altruísmo. Durkheim argumenta que a taxa de suicídio de uma sociedade reflete seu grau de integração ou desintegração.
2. Suicídio
◦ Chama-se suicídio de morte que resulta, direta ou indiretamente, de um ato, positivo ou negativo,
executado pela própria vítima e que ela sabia que deveria produzir esse resultado. (p. 104)
◦ Cada sociedade tem pois, a cada momento da sua história, uma atitude definida em face do suicídio. Mede-
se a intensidade relativa dessa atitude, tomando a relação entre o número global de mortes voluntárias e a
população de todas as idades e dos dois sexos. Chamamos a esse dado de taxa de mortalidade-suicídio
própria da sociedade considerada. (p. 107)
◦ Esses dados estatísticos exprimem a tendência ao suicídio pela qual cada sociedade é afligida. (p. 108)
◦ Cada sociedade esta predisposta a fornecer um contingente determinado de mortes voluntárias. ( p. 8)
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3. Suicídio Egoísta
◦ O suicídio varia na razão inversa do grau de integração da sociedade
religiosa
◦ O suicídio varia na razão inversa do grau de integração da sociedade
moderna
◦ O suicídio varia na razão inversa do grau de integração da sociedade
política
◦ O suicídio varia na razão inversa do grau de integração dos grupos sociais
do que o indivíduo faz parte. (p. 109)
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4. Suicídio Egoísta
◦ Mas a sociedade não pode desintegrar sem que, na mesma medida, o indivíduo seja
desengajado da vida social, sem que seus próprios fins se tornem preponderantes sobre os
fins comuns, sem que sua personalidade, em uma palavra, tenda a se colocar acima da
personalidade coletiva. Quanto mais enfraquecidos sejam os grupos a que pertence,
sejam os grupos a que pertence, menos depende deles e mais, por consequência, depende
apenas de si próprio, por não reconhecer outras regras de conduta que as estabelecidas
ao seu interesse privado. Se se está de acorde em chamar de egoísmo a este estado onde o
ego individual se afirma demasiadamente face ao ego social e à custa deste último, nós
poderemos dar o nome de egoísta para o tipo particular de suicídio que resulta de uma
individualização desmesurada...(p. 109)
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5. Suicídio Egoísta
◦ O homem é um duplo, é que ao homem físico se acrescenta o
homem social. (p 109)
◦ Por mais individualizado que cada um seja, existe sempre qualquer
coisa que permanece coletiva, é a depressão e a melancolia que
resultam dessa individualização exagerada. (p. 111)
◦ O egoísmo não é um fato auxiliar; ele é a causa geradora. Se nesse
caso se afrouxa o laço que o une a vida, é que o laço que liga a
própria sociedade relaxou. (p. 111)
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6. Suicídio Altruísta
◦ Aquele que resulta de um intenso altruísmo (p. 114)
◦ Suicídio altruísta obrigatório, suicídio altruísta facultativo e o suicídio altruísta agudo, do qual o
suicídio místico é o modelo perfeito. (p. 115)
◦ Mais frequente nas sociedade primitivas
◦ Suicídio altruísta em estado crônico: exército
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7. Suicídio anômico
◦ Anomia – estado de desregramento
◦ Ora, esta mesma desorganização que caracteriza nosso estado econômico, abre a porta para
todas as aventuras. Como as imaginações são ávidas de novidades e nada a regula, elas ensaiam
ao acaso. Os fracassos cruzam necessariamente os riscos e, assim, as crises se multiplicam no
momento em que se tornam mais mortais. (p. 121)
◦ O suicídio anômico “decorre do fato de estar desregrada as atividades dos homens, e é disto que
eles sofrem. (p.121-122)
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8. Suicídio anômico
◦ A paixão pelo infinito é diariamente apresentada como uma marca de distinção moral, ainda que
ela só possa produzir-se no seio de consciência desregradas e que erigem em geral o
desregramento de que elas sofrem. (p. 121)
◦ As funções industriais e comerciais estão, com efeito, entre as profissões que conduzem ao
suicídio, (p. 121)
◦ A anomia é, pois, na sociedade moderna, um fator regular e específico de suicídios; é ela uma
das fontes nas quais se alimenta o contingente atual. (p. 121)
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9. Suicídio egoísta e anômico
◦ No suicídio egoísta e no suicídio anômico “a sociedade não está suficientemente presente no indivíduo”.
◦ No suicídio egoísta, é as paixões propriamente coletiva que lhes faz falta, deixando-a assim desprovida de
finalidade e de significação. No suicídio anômico, é às paixões propriamente individuais que ela falta
deixando-as assim sem freio para as regular. (p. 122)
◦ Podemos relacionar à sociedade, tudo que há de social em nós, e não saber controlar nossos desejos; sem
ser egoístas, pode-se viver no estado de anomia, e vice-versa. Também não é no mesmo meio social que
estas duas espécies de suicídio recrutam sua principal clientela; um tem por terreno de eleição as carreiras
intelectuais, o mundo onde se pensa, o outro o mundo industrial ou comercial. (p. 122)
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10. Referência
◦ RODRIGUES, José Albertino (org.) Durkheim. 9º edição. São Paulo, Editora Ática, 2000. (Coleção Grandes
Cientistas Sociais, coord, Florestan Fernandes)
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