O documento descreve os principais aspectos do Iluminismo: 1) Foi um movimento cultural e filosófico do século XVIII que defendia a razão e o conhecimento como forma de progredir a sociedade; 2) Criticou a ordem política, social e religiosa da época defendendo ideias como liberdade, igualdade e tolerância; 3) Filósofos como Montesquieu e Voltaire influenciaram o pensamento político defendendo a separação de poderes e a tolerância religiosa.
2. O Iluminismo
Movimento cultural e filosófico que se desenvolveu na
Europa, no século XVIII (Século das Luzes), e que se
caracterizou pela afirmação do valor da Razão e do
conhecimento para atingir o progresso; pela crítica da
ordem política, social e religiosa existente e pela defesa
dos ideais de liberdade, igualdade, tolerância e justiça.
Frontispício da Enciclopédia (1772)
3. A crítica à ordem estabelecida
Os principais filósofos iluministas, criticaram o
absolutismo, a monarquia, a ordem social e
religiosa existente e propuseram uma nova
organização da sociedade e do poder político,
assente nos ideais de liberdade, igualdade,
tolerância e justiça.
4. Charles-Louis de Secondatt,
ou barão de Montesquieu,
1689-1755
Quais são os grandes pensadores políticos do século XVIII?
Jean-Jacques Rousseau,
1712-1778
François Marie Arouet, conhecido
como Voltaire,
1694-1778
Tolerância
Deísmo
Separação dos
poderes políticos
Igualdade e liberdade
Voto / maioria
Quais as ideias fundamentais de cada um?
5. Existem, no Estado, três poderes: o poder legislativo, o
poder executivo e o poder judicial (…). Quando na mesma
pessoa ou no mesmo órgão político o poder legislativo
está reunido ao poder executivo não há liberdade (…).
Também não há liberdade se o poder judicial não estiver
separado dos poderes legislativo e executivo.
Montesquieu, O Espírito das Leis (1748)
defendia, a separação de poderes
(teoria segundo a qual os poderes
legislativo, executivo e judicial têm
de ser exercidos por órgãos políticos
diferentes e independentes).
Teoria da separação de poderes
PODERES INSTITUIÇÕES
Legislativo
Assembleia de deputados
eleitos pelo povo
Executivo Rei e Ministros
Judicial Tribunais
Montesquieu
6. Possam todos os homens lembrar-se de que são
irmãos, que devem ter terror à tirania exercida sobre
os espíritos. (…) Se as guerras, são inevitáveis, não
nos odiemos uns aos outros no seio da paz.
Voltaire, Contrato sobre a Tolerância (1763).
defendia a justiça social, a tolerância e a liberdade e criticava
a política, a Igreja, a moral e os costumes da época.
Voltaire
7. Como se exprime a vontade geral?
O que garante a lei?
O cidadão aprova todas as leis, aquelas que
não obtiveram o seu acordo e até as que o punem se
não as respeitar. A vontade constante de todos os
membros do Estado é a vontade geral; é devido a ela
que são cidadãos e livres. Quando se propõe uma lei, o
que se pede de cada um não é que a aprove ou rejeite,
mas se está ou não conforme com a vontade geral, que
é também a sua: cada cidadão ao entregar o seu voto,
dá assim a sua opinião e, pela contagem dos votos, se
exprime a vontade geral.
Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social, 1762
Rousseau defendia a soberania popular
(teoria segundo a qual o poder pertence ao
povo que, através do voto, o delega nos
seus representantes), o voto universal e a
igualdade de todos os homens perante a lei.
8. Quais são os fundamentos da ideia de tolerância?
John Locke,
1632 -1704
Qual é a influência de Locke no pensamento político iluminista?
Quais são os perigos da intolerância?
Como encara Locke a relação entre o poder temporal e o poder espiritual?
O que é o bem comum? Quem o defende?
A tolerância daqueles que diferem uns dos outros em matéria de religião é (…) agradável ao
Evangelho de Jesus Cristo e à genuína razão da Humanidade. (…)
Que não possam cobrir alguns o seu espírito de perseguição e de crueldade anticristã, fingindo
cuidado com a segurança da República e a observação das leis e que outros sob a capa da religião,
não possam procurar a impunidade do seu libertinismo (…).
É necessário distinguir exactamente o problema do governo civil e da religião e estabelecer os justos
limites que existem entre um e outro (…) entre a preocupação com as almas (…) e o bem comum.
O bem comum parece-me ser uma sociedade de homens constituída para a procura, conservação e
progresso dos seus próprios interesses civis (…): a vida, liberdade, saúde e segurança corporal e a
posse de coisas exteriores como moeda, terra, casa, mobiliário e semelhantes. É dever do magistrado
civil (…) assegurar para todo o povo em geral para cada um em particular, a justa posse das coisas que
[lhe] pertencem.
Locke, Carta sobre a tolerância, 1689
9. O que defendia John Locke?
John Locke,
1632-1704
Filósofo
Montesquieu,
1689-1755
Que influências de Locke se verificam em Montesquieu?
[Escrevi para] fortalecer o trono do nosso libertador, nosso actual rei
Guilherme, estabelecer o seu título sobre o consentimento do povo… e
justificar à face do mundo o povo inglês, cujo amor dos seus direitos justos e
naturais, junto à sua determinação de conservá-los, salvou a nação.
Locke, Ensaio sobre o poder civil, 1689
Quando na mesma pessoa, ou no mesmo corpo de magistratura, o poder
legislativo está unido ao poder executivo, não existe liberdade (…). E também
não existe liberdade se o poder de julgar não estiver separado do poder
legislativo e do poder executivo (…). Deveria caber ao povo em corpo o poder
legislativo. Mas isso é impossível nos grandes Estados e sujeito a muitos
inconvenientes nos pequenos, pelo que é preciso que o povo faça por meio de
representantes seus tudo aquilo que não poder fazer por si próprio.
Montesquieu, O Espírito das Leis, 1748
10. Enciclopédia (dirigida por Diderot e D`Alembert, foi
publicada entre 1751 e 1772; Tinha 28 volumes, 11 dos
quais com gravuras, e contou com a colaboração de
muitos sábios da época);
Principais meios de difusão do Iluminismo
Jornais e outras publicações periódicas (Gazetas,
Correios, Magazines e Mercúrios);
Academias;
Salões, cafés e clubes;
Maçonaria (sociedade secreta cujos membros, os
maçons, se organizavam em pequenas células, as
lojas maçónicas, e obedeciam a normas e rituais
próprios).
11. Anicet Lemonnier, Leitura de um texto de Voltaire por d’Alembert no
salão de madame de Geoffrin, 1812, óleo sobre tela, 130x196 cm, Museu
Nacional dos castelos de Malmaison e de Bois-Préau
Montesquieu
Diderot
Voltaire
Rousseau
D’Alembert
Cafés
Londres, gravura de 1750
Salões
Madame
Geoffrin
13. Denis Diderot, 1713-84
Jean d’Alembert,
1717-83
Qual é o objetivo da Enciclopédia?
A Enciclopédia
De que forma a Enciclopédia responde às necessidades de
quem quer “aprender sem dificuldade e em pouco tempo”?
As pessoas gostam de saber, mas querem aprender sem
dificuldade e em pouco tempo; é essa sem dúvida a causa pela
qual nos aparecem todos os dias tantos métodos diferentes, e a
razão pela qual se nos deparam tantos resumos.
Jornal dos Sábios, novembro de 1749
Considera este texto atual?
14. No século XVIII, os princípios iluministas também chegaram a
Portugal através dos estrangeirados que convenceram o
Marquês de Pombal a iniciar uma série de reformas.
Portugal e o movimento iluminista
Luís António Verney (1713-1792).
Os estrangeirados:
Eram intelectuais portugueses que, tendo viajado, estudado e
trabalhado no estrangeiro, trouxeram para Portugal as novas
ideias iluministas.
Exemplo: Luís António Verney (padre e professor), António
Ribeiro Sanches (médico), Francisco Xavier de Oliveira
(diplomata) e Avelar Brotero (botânico).
15. A reforma pombalina do ensino:
A partir de 1759, após a expulsão dos Jesuítas de
Portugal, o Marquês de Pombal iniciou a laicização e a
reforma do ensino:
Marquês de Pombal (1699-1782).
fundou as escolas menores (escolas régias de “ler,
escrever e contar”);
criou escolas régias (base do ensino secundário) para
o ensino das Humanidades;
fundou o Real Colégio dos Nobres;
fundou a Aula do Comércio (para burgueses);
encerrou a Universidade de Évora, dominada pelos
Jesuítas;
reformou a Universidade de Coimbra, através da
criação das faculdades de Matemática e de Filosofia,
do Jardim Botânico, do Gabinete de Física e do Museu
de História Natural.