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ÉTICA E BIOÉTICA
Professor: Cleanto Santos Vieira
ÉTICA E BIOÉTICA
•O que é ética?
CÓDIGO DE HAMURABI
Estima-se que o código tenha sido elaborado por volta de 1.700 a.C. Atualmente
exposto no Louvre (Paris), dele fazem parte os seguintes artigos:
1.Se o médico trata de um Senhor, abre-lhe um abscesso e lhe salva um olho, receberá dez moedas de prata.
Se o paciente é um escravo, seu dono pagará por ele duas moedas de prata.
2.Se o médico abre um abscesso com uma faca de bronze e provoca a morte do paciente, ou lhe faz perder
um olho, suas mãos devem ser cortadas. No caso de se tratar, porem, de um escravo, o médico comprará
outro e o dará em seu lugar.
3.Se um médico cura um osso doente ou um órgão doente, receberá cinco moedas de prata. Em se tratando
de um escravo liberto, este pagará três moedas de prata. Se for um escravo, então o dono pagará ao médico
duas moedas de prata.
4.Será nulo o contrato de venda de escravos que estiverem atacados de epilepsia ou lepra.
5.Os leprosos serão banidos do convívio social. Nunca mais conhecerão os caminhos de sua residência.
6.Se o aborto é provocado e a mulher morre, o culpado também será morto.
7.Se um homem casado viola uma jovem, o pai da jovem fará com sua mulher a pena do talião e ela ficará à
sua disposição.
8.Será punida com a ablação dos seios a nutriz que deixar morrer seu filho, alimentando um outro.
ÉTICA E BIOÉTICA
• Ética profissional é o conjunto de
normas éticas que formam a
consciência do profissional e
representam imperativos de sua
conduta.
• Ética é uma palavra de origem grega
(éthos), que significa “propriedade do
caráter”.
• Ser ético é agir dentro dos padrões
convencionais, é proceder bem, é não
prejudicar o próximo. Ser ético é
cumprir os valores estabelecidos pela
sociedade em que se vive.
• O indivíduo que tem ética profissional
cumpre com todas as atividades de
sua profissão, seguindo os princípios
determinados pela sociedade e pelo
seu grupo de trabalho.
ÉTICA E BIOÉTICA
A ética na antiguidade:
A ética nasceu na Grécia, juntamente com a
filosofia, embora seus preceitos fossem
praticados entre outros povos desde os
primórdios da humanidade, mesclados ao
contexto mítico e religioso.
Tentava pautar regras de comportamento
para permitir o convívio entre indivíduos
agrupados no conjunto da sociedade.
Os gregos foram os primeiros a racionalizar
as relações entre as pessoas, repensando
posturas e sistematizando ações.
ÉTICA E BIOÉTICA
A maioria dos autores atribuem a Sócrates um olhar mais
atento sobre problemáticas em torno da ética.
Para Sócrates, o verdadeiro objeto do conhecimento seria
a alma humana, onde reside a verdade e a possibilidade
de alcançar a felicidade.
O problema é que o individuo não está preparado para
encontrar a verdade dentro de seu espírito.
Na tentativa de eliminar os próprios erros, ocultos em
sentimentos confundidos com a felicidade, o sujeito acaba
buscando somente o prazer puramente hedonista
(dedicação ao prazer como estilo de vida).
Por esta razão, seria missão do filósofo conduzir o sujeito
ao conhecimento, direcionando para eudaimonia, a
verdadeira felicidade.
ÉTICA E BIOÉTICA
Para a tradição socrática, a felicidade só pode
ser alcançada pela conduta reta, a verdade só
pode ser contemplada pelo conhecimento
virtuoso do mundo, pelo comportamento
orientado pela bondade.
A virtude é o centro da ética socrática e é
definida como uma disposição para praticar o
bem, suprimir os desejos despertados pelos
sentimentos, racionalizando as ações em
beneficio da coletividade.
O individuo virtuoso, bom, é aquele que se
preocupa em aperfeiçoar a convivência
comunitária, em tornar-se o cidadão perfeito.
A Escola de Atenas – Rafael di Sanzio – 1506 - As figuras nas
paredes abaixo exemplificam a Filosofia, a Poesia (incluindo
a música), a Teologia e o Direito.
ÉTICA E BIOÉTICA
A preocupação ética abrange a comunidade, a
“Pólis”, onde estrangeiros e escravos estão
excluídos em meio à hierarquização da sociedade.
Os sofistas (mestres que viajavam de cidade em
cidade realizando aparições públicas (discursos,
etc) para atrair estudantes), tendo um conceito
relativizado de verdade, duvidaram da possibilidade
da virtude poder ser ensinada, contudo, admitiram
que poderia ser desenvolvida pelo sujeito através do
despertar da consciência.
O conhecimento seria o meio do individuo se
aperfeiçoar, tornando-se virtuoso pelo
amadurecimento intelectual; enquanto a ignorância
representa o vicio.
ÉTICA E BIOÉTICA
Desta concepção decorreu a
fundamentação da ética em volta da
liberdade, virtude e bondade.
Parâmetros que nortearam o pensamento
ético aristotélico, onde a felicidade é
definida como a própria virtude, garantia da
liberdade
Platão e Aristóteles
ÉTICA E BIOÉTICA
Antes de Aristóteles, Platão tratou a ética como
componente indissociável da vida política, da harmonia
entre os habitantes da Pólis.
Sua tarefa seria promover o nivelamento entre os
indivíduos, diluindo as diferenças em prol do bem
comum.
A ética deveria permitir que os indivíduos partilhassem o
poder, impedindo a concentração do governo da Pólis
nas mãos de um segmento da sociedade ou de um
individuo.
Portanto, fornecendo limites à liberdade, equalizando
diferenças sociais e econômicas, a ética deveria fazer o
sujeito se preocupar com o outro, partilhando o poder.
ÉTICA E BIOÉTICA
A questão é que a tentativa de organizar a distribuição do poder desvirtua o
homem, corrompe a busca da felicidade coletiva em favor da ilusão
hedonista individualizada.
Para Platão, todas as formas de governo poderiam ser resumidas em
quatro, todas produtoras de homens não éticos:
1. Timocracia. O regime dos amantes da riqueza, onde o poder é partilhado
apenas entre os membros das oligarquias, palavra que em grego significa
“governo de poucos”, restringindo-se ao controle exercido pelas famílias
mais ricas e proeminentes que formam a nobreza.
O poder é transmitido hereditariamente, sem possibilidade de alternância
ou de compartilhamento.
2. Oligarquia. O regime decidido pela transação de fortunas, governado
pelos ricos, independente de sua origem familiar, sem nenhuma
participação dos pobres.
Onde o que é valorizado é a capacidade econômica e não a virtude.
ÉTICA E BIOÉTICA
3. Democracia. O governo da Pólis ao gosto de cada um,
com representantes eleitos ou cidadãos participando
diretamente, estabelecendo acordos para pautar leis, as
quais os indivíduos devem se adaptar.
O problema deste regime é que tende a anarquia, a
desorganização em meio a discussões intermináveis que
defendem interesses múltiplos, sem alcançar resultados
práticos.
Além do fato que, o crescimento populacional, inviabiliza a
sua efetivação, conduzindo a uma das outras três formas
de governo, disfarçadas em democracia.
ÉTICA E BIOÉTICA
4. Tirania. O sistema em que um
homem, o tirano, assume o poder sob
pretexto de beneficiar o coletivo, mas
que na verdade representa seu desejo
por bajulações, demonstrando total
ausência de virtude e pobreza de
alma.
ÉTICA E BIOÉTICA
Uma vez que todas as formas de governo
conduzem ao vicio, inviabilizando a existência
ética do individuo e da Pólis; Platão propôs a
construção de um Estado Ideal, onde a virtude
pudesse ser cultivada, garantindo a liberdade
efetivada no exercício da justiça, o que ficou
conhecido como República Platônica (Res
Pública = coisa pública).
O Estado deveria ser governado pelos reis
filósofos, sendo a racionalidade o que permitiria
dirigir o destino coletivo com sabedoria e virtude.
Acrópole - Atenas
ÉTICA E BIOÉTICA
Os guardiões deste sistema de governo seriam os
soldados, selecionados entre os mais corajosos e
obedientes.
Aos artesãos caberia viabilizar economicamente o
Estado, constituindo a base da sociedade, composta por
indivíduos governados pelas coisas sensíveis.
Os filósofos possuiriam alma de ouro, cultivando a virtude
da sabedoria; os soldados teriam alma de prata,
possuindo a virtude da coragem; e os artesãos seriam
dotados de alma de bronze, devendo cultivar a virtude da
moderação para conter seus desejos pelos bens
materiais.
Esta concepção leva em consideração que haveria
escravos para cultivar alimentos para suprir a população.
Estes não estão incluídos nas preocupações da ética
platônica, pois não passam de animais vocais, capazes
de falar, mas não de interiorizar virtudes e a razão.
ÉTICA E BIOÉTICA
Assim como também, neste mundo perfeito, não
havia espaço para as mulheres, consideradas
inferiores por se entregarem aos sentimentos.
Um segmento indesejado seria composto pelos
poetas, que deveriam ser expulsos da Pólis, já
que despertam sentimentos, fazendo o sujeito
deixar a racionalidade de lado.
Modernamente, poderíamos traçar uma analogia
dos poetas com os meios de comunicação, que
constroem verdades e desviam a atenção das
massas das questões realmente importantes,
iludindo os indivíduos e manipulando suas ações.
Mulher sendo preparada para ser apedrejada
ÉTICA E BIOÉTICA
Aristóteles também considerava a ética como
possibilidade de eliminar a desigualdade,
harmonizando o convívio coletivo; mas envolve,
antes, o equilíbrio interno do individuo,
externalizado pela eudaimonia (verdadeira
felicidade) coletiva.
Ao inverso de Platão, para ele não é o sistema
político que corrompe o homem, este é que
desvirtua o regime.
É por isto que Aristóteles foi um grande defensor da
democracia, relacionando a liberdade com a
responsabilidade para compartilhar o poder de
forma igualitária, através do conceito de
representatividade.
ÉTICA E BIOÉTICA
Segundo Aristóteles é necessário preparar o individuo para
o exercício virtuoso da política, cultivando virtudes como
prudência, sabedoria e justiça.
Não sendo possível determinar a essência destes
conceitos, sendo relativos no tempo e espaço; é difícil
definir parâmetros para um comportamento virtuoso.
Problema contornado pela repetição de ações
consideradas boas para a coletividade, garantindo a ordem
das coisas para atingir a felicidade.
O papel da ética é justamente convencionar o que deve
ser repetido, racionalizando comportamentos benéficos ao
individuo e à Pólis.
Francesco Hayez,1811 - Retrato de Aristóteles
ÉTICA E BIOÉTICA
Para racionalizar o convívio entre as pessoas, seria
preciso assimilar três tipos de conhecimentos que
compõem o que Aristóteles chamou de sabedoria
voltada para o bem, o belo e o honesto:
1. Conhecimentos Teóricos. A averiguação do que
ocorre no mundo, transformado em conhecimento
sistematizado, em Ciência e, portanto, naquilo que hoje
chamamos de ética.
2. Conhecimentos Produzidos. Normas de orientação
técnica, necessárias à efetivação da prática,
correspondentes às leis e ao Direito.
3. Conhecimentos Práticos. Orientações obtidas pela
vivência diária, conduzindo a maneira justa e saudável
de viver em harmonia com a natureza e o outro,
condizente com a moral.
ÉTICA E BIOÉTICA
a ética aristotélica propõe observar as necessidades do
homem como individuo e membro da coletividade, o que
é possível estabelecer como norma em dado contexto,
teorizar e refletir para padronizar como correto.
A ética se constitui como Ciência normativa da conduta
individual e coletiva em sentido amplo.
Diferente da concepção platônica, onde a ética é
inerente a um grupo e padronizada de forma
segmentada, origem do que hoje chamamos ética
profissional.
REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. A ética; textos selecionados. São Paulo: Edipro, 2003.
BENTHAM, Jeremy. Uma introdução aos princípios da moral e da legislação. São Paulo: Abril
Cultural, 1974.
HUME, David. Ensaios morais, políticos e literários. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1974.
MACIEL JR, A. Pré-socráticos: a invenção da razão. São Paulo: Odysseus, 2007.
PLATÃO. A república. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.

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Ética e bioética na antiguidade: da Grécia ao Código de Hamurabi (39

  • 1. ÉTICA E BIOÉTICA Professor: Cleanto Santos Vieira
  • 2. ÉTICA E BIOÉTICA •O que é ética? CÓDIGO DE HAMURABI Estima-se que o código tenha sido elaborado por volta de 1.700 a.C. Atualmente exposto no Louvre (Paris), dele fazem parte os seguintes artigos: 1.Se o médico trata de um Senhor, abre-lhe um abscesso e lhe salva um olho, receberá dez moedas de prata. Se o paciente é um escravo, seu dono pagará por ele duas moedas de prata. 2.Se o médico abre um abscesso com uma faca de bronze e provoca a morte do paciente, ou lhe faz perder um olho, suas mãos devem ser cortadas. No caso de se tratar, porem, de um escravo, o médico comprará outro e o dará em seu lugar. 3.Se um médico cura um osso doente ou um órgão doente, receberá cinco moedas de prata. Em se tratando de um escravo liberto, este pagará três moedas de prata. Se for um escravo, então o dono pagará ao médico duas moedas de prata. 4.Será nulo o contrato de venda de escravos que estiverem atacados de epilepsia ou lepra. 5.Os leprosos serão banidos do convívio social. Nunca mais conhecerão os caminhos de sua residência. 6.Se o aborto é provocado e a mulher morre, o culpado também será morto. 7.Se um homem casado viola uma jovem, o pai da jovem fará com sua mulher a pena do talião e ela ficará à sua disposição. 8.Será punida com a ablação dos seios a nutriz que deixar morrer seu filho, alimentando um outro.
  • 3. ÉTICA E BIOÉTICA • Ética profissional é o conjunto de normas éticas que formam a consciência do profissional e representam imperativos de sua conduta. • Ética é uma palavra de origem grega (éthos), que significa “propriedade do caráter”. • Ser ético é agir dentro dos padrões convencionais, é proceder bem, é não prejudicar o próximo. Ser ético é cumprir os valores estabelecidos pela sociedade em que se vive. • O indivíduo que tem ética profissional cumpre com todas as atividades de sua profissão, seguindo os princípios determinados pela sociedade e pelo seu grupo de trabalho.
  • 4. ÉTICA E BIOÉTICA A ética na antiguidade: A ética nasceu na Grécia, juntamente com a filosofia, embora seus preceitos fossem praticados entre outros povos desde os primórdios da humanidade, mesclados ao contexto mítico e religioso. Tentava pautar regras de comportamento para permitir o convívio entre indivíduos agrupados no conjunto da sociedade. Os gregos foram os primeiros a racionalizar as relações entre as pessoas, repensando posturas e sistematizando ações.
  • 5. ÉTICA E BIOÉTICA A maioria dos autores atribuem a Sócrates um olhar mais atento sobre problemáticas em torno da ética. Para Sócrates, o verdadeiro objeto do conhecimento seria a alma humana, onde reside a verdade e a possibilidade de alcançar a felicidade. O problema é que o individuo não está preparado para encontrar a verdade dentro de seu espírito. Na tentativa de eliminar os próprios erros, ocultos em sentimentos confundidos com a felicidade, o sujeito acaba buscando somente o prazer puramente hedonista (dedicação ao prazer como estilo de vida). Por esta razão, seria missão do filósofo conduzir o sujeito ao conhecimento, direcionando para eudaimonia, a verdadeira felicidade.
  • 6. ÉTICA E BIOÉTICA Para a tradição socrática, a felicidade só pode ser alcançada pela conduta reta, a verdade só pode ser contemplada pelo conhecimento virtuoso do mundo, pelo comportamento orientado pela bondade. A virtude é o centro da ética socrática e é definida como uma disposição para praticar o bem, suprimir os desejos despertados pelos sentimentos, racionalizando as ações em beneficio da coletividade. O individuo virtuoso, bom, é aquele que se preocupa em aperfeiçoar a convivência comunitária, em tornar-se o cidadão perfeito. A Escola de Atenas – Rafael di Sanzio – 1506 - As figuras nas paredes abaixo exemplificam a Filosofia, a Poesia (incluindo a música), a Teologia e o Direito.
  • 7. ÉTICA E BIOÉTICA A preocupação ética abrange a comunidade, a “Pólis”, onde estrangeiros e escravos estão excluídos em meio à hierarquização da sociedade. Os sofistas (mestres que viajavam de cidade em cidade realizando aparições públicas (discursos, etc) para atrair estudantes), tendo um conceito relativizado de verdade, duvidaram da possibilidade da virtude poder ser ensinada, contudo, admitiram que poderia ser desenvolvida pelo sujeito através do despertar da consciência. O conhecimento seria o meio do individuo se aperfeiçoar, tornando-se virtuoso pelo amadurecimento intelectual; enquanto a ignorância representa o vicio.
  • 8. ÉTICA E BIOÉTICA Desta concepção decorreu a fundamentação da ética em volta da liberdade, virtude e bondade. Parâmetros que nortearam o pensamento ético aristotélico, onde a felicidade é definida como a própria virtude, garantia da liberdade Platão e Aristóteles
  • 9. ÉTICA E BIOÉTICA Antes de Aristóteles, Platão tratou a ética como componente indissociável da vida política, da harmonia entre os habitantes da Pólis. Sua tarefa seria promover o nivelamento entre os indivíduos, diluindo as diferenças em prol do bem comum. A ética deveria permitir que os indivíduos partilhassem o poder, impedindo a concentração do governo da Pólis nas mãos de um segmento da sociedade ou de um individuo. Portanto, fornecendo limites à liberdade, equalizando diferenças sociais e econômicas, a ética deveria fazer o sujeito se preocupar com o outro, partilhando o poder.
  • 10. ÉTICA E BIOÉTICA A questão é que a tentativa de organizar a distribuição do poder desvirtua o homem, corrompe a busca da felicidade coletiva em favor da ilusão hedonista individualizada. Para Platão, todas as formas de governo poderiam ser resumidas em quatro, todas produtoras de homens não éticos: 1. Timocracia. O regime dos amantes da riqueza, onde o poder é partilhado apenas entre os membros das oligarquias, palavra que em grego significa “governo de poucos”, restringindo-se ao controle exercido pelas famílias mais ricas e proeminentes que formam a nobreza. O poder é transmitido hereditariamente, sem possibilidade de alternância ou de compartilhamento. 2. Oligarquia. O regime decidido pela transação de fortunas, governado pelos ricos, independente de sua origem familiar, sem nenhuma participação dos pobres. Onde o que é valorizado é a capacidade econômica e não a virtude.
  • 11. ÉTICA E BIOÉTICA 3. Democracia. O governo da Pólis ao gosto de cada um, com representantes eleitos ou cidadãos participando diretamente, estabelecendo acordos para pautar leis, as quais os indivíduos devem se adaptar. O problema deste regime é que tende a anarquia, a desorganização em meio a discussões intermináveis que defendem interesses múltiplos, sem alcançar resultados práticos. Além do fato que, o crescimento populacional, inviabiliza a sua efetivação, conduzindo a uma das outras três formas de governo, disfarçadas em democracia.
  • 12. ÉTICA E BIOÉTICA 4. Tirania. O sistema em que um homem, o tirano, assume o poder sob pretexto de beneficiar o coletivo, mas que na verdade representa seu desejo por bajulações, demonstrando total ausência de virtude e pobreza de alma.
  • 13. ÉTICA E BIOÉTICA Uma vez que todas as formas de governo conduzem ao vicio, inviabilizando a existência ética do individuo e da Pólis; Platão propôs a construção de um Estado Ideal, onde a virtude pudesse ser cultivada, garantindo a liberdade efetivada no exercício da justiça, o que ficou conhecido como República Platônica (Res Pública = coisa pública). O Estado deveria ser governado pelos reis filósofos, sendo a racionalidade o que permitiria dirigir o destino coletivo com sabedoria e virtude. Acrópole - Atenas
  • 14. ÉTICA E BIOÉTICA Os guardiões deste sistema de governo seriam os soldados, selecionados entre os mais corajosos e obedientes. Aos artesãos caberia viabilizar economicamente o Estado, constituindo a base da sociedade, composta por indivíduos governados pelas coisas sensíveis. Os filósofos possuiriam alma de ouro, cultivando a virtude da sabedoria; os soldados teriam alma de prata, possuindo a virtude da coragem; e os artesãos seriam dotados de alma de bronze, devendo cultivar a virtude da moderação para conter seus desejos pelos bens materiais. Esta concepção leva em consideração que haveria escravos para cultivar alimentos para suprir a população. Estes não estão incluídos nas preocupações da ética platônica, pois não passam de animais vocais, capazes de falar, mas não de interiorizar virtudes e a razão.
  • 15. ÉTICA E BIOÉTICA Assim como também, neste mundo perfeito, não havia espaço para as mulheres, consideradas inferiores por se entregarem aos sentimentos. Um segmento indesejado seria composto pelos poetas, que deveriam ser expulsos da Pólis, já que despertam sentimentos, fazendo o sujeito deixar a racionalidade de lado. Modernamente, poderíamos traçar uma analogia dos poetas com os meios de comunicação, que constroem verdades e desviam a atenção das massas das questões realmente importantes, iludindo os indivíduos e manipulando suas ações. Mulher sendo preparada para ser apedrejada
  • 16. ÉTICA E BIOÉTICA Aristóteles também considerava a ética como possibilidade de eliminar a desigualdade, harmonizando o convívio coletivo; mas envolve, antes, o equilíbrio interno do individuo, externalizado pela eudaimonia (verdadeira felicidade) coletiva. Ao inverso de Platão, para ele não é o sistema político que corrompe o homem, este é que desvirtua o regime. É por isto que Aristóteles foi um grande defensor da democracia, relacionando a liberdade com a responsabilidade para compartilhar o poder de forma igualitária, através do conceito de representatividade.
  • 17. ÉTICA E BIOÉTICA Segundo Aristóteles é necessário preparar o individuo para o exercício virtuoso da política, cultivando virtudes como prudência, sabedoria e justiça. Não sendo possível determinar a essência destes conceitos, sendo relativos no tempo e espaço; é difícil definir parâmetros para um comportamento virtuoso. Problema contornado pela repetição de ações consideradas boas para a coletividade, garantindo a ordem das coisas para atingir a felicidade. O papel da ética é justamente convencionar o que deve ser repetido, racionalizando comportamentos benéficos ao individuo e à Pólis. Francesco Hayez,1811 - Retrato de Aristóteles
  • 18. ÉTICA E BIOÉTICA Para racionalizar o convívio entre as pessoas, seria preciso assimilar três tipos de conhecimentos que compõem o que Aristóteles chamou de sabedoria voltada para o bem, o belo e o honesto: 1. Conhecimentos Teóricos. A averiguação do que ocorre no mundo, transformado em conhecimento sistematizado, em Ciência e, portanto, naquilo que hoje chamamos de ética. 2. Conhecimentos Produzidos. Normas de orientação técnica, necessárias à efetivação da prática, correspondentes às leis e ao Direito. 3. Conhecimentos Práticos. Orientações obtidas pela vivência diária, conduzindo a maneira justa e saudável de viver em harmonia com a natureza e o outro, condizente com a moral.
  • 19. ÉTICA E BIOÉTICA a ética aristotélica propõe observar as necessidades do homem como individuo e membro da coletividade, o que é possível estabelecer como norma em dado contexto, teorizar e refletir para padronizar como correto. A ética se constitui como Ciência normativa da conduta individual e coletiva em sentido amplo. Diferente da concepção platônica, onde a ética é inerente a um grupo e padronizada de forma segmentada, origem do que hoje chamamos ética profissional.
  • 20. REFERÊNCIAS ARISTÓTELES. A ética; textos selecionados. São Paulo: Edipro, 2003. BENTHAM, Jeremy. Uma introdução aos princípios da moral e da legislação. São Paulo: Abril Cultural, 1974. HUME, David. Ensaios morais, políticos e literários. São Paulo: Abril Cultural, 1973. KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1974. MACIEL JR, A. Pré-socráticos: a invenção da razão. São Paulo: Odysseus, 2007. PLATÃO. A república. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.